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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO.
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO “A avaliação não é uma tortura medieval. É uma invenção mais tardia, nascida com os colégios por volta do século XVII e tornado indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX, com a escolaridade obrigatória” (PERRENOUD, 1999)
Evolução Histórica da avaliação da aprendizagem: breve relato • Os exames: Universidade a partir do século XIII Os jesuítas – ratio stodiorum • João Amós Comenius – Didática Magna. Embora não se falasse em avaliação da aprendizagem são os exames orais que iniciam os processos de verificação da aprendizagem dos alunos e instituem o processo de classificação, promoção e atribuição de graus e títulos.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Século XIX nos Estados Unidos – sistema de testagem • Finalidade – melhorar os padrões educativos • Três propostas: • 1 – substituir os exames orais pelos escritos; • 2 – substituir as questões gerais pelas específicas e aumentar o seu número; • 3 – buscar padrões mais objetivos
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • França e Portugal – docimologia – ciência do estudo sistemático dos exames, em particular do sistema de atribuição de notas e dos comportamentos dos examinadores e examinados • Discussão do papel do exame como fator eliminatório, decisivo para a classificação do aluno
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Início do século XX – Thorndike nos Estados Unidos – testes educacionais • Objetivo – mensurar as mudanças de comportamento dos alunos • Início da avaliação da aprendizagem, conhecida como medida ou avaliação do rendimento escolar, o que deu origem aos testes padronizados
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • 1935-1938 – conferências sobre a avaliação e criação de uma comissão permanente de estudos sobre o assunto • Características – aplicação de testes. Caráter instrumental • Anos 30 do século passado – Tyler e Smith defendem os testes, as escalas de atitude, os inventários, os questionários e as fichas de registro de comportamento dos alunos
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Tyler atribuiu à avaliação um novo enfoque - avaliação por objetivos • Mager amplia essas idéias, apresentando três características: • 1 – conter, explicitamente, o comportamento observável dos alunos; • 2 – especificar as condições nas quais o comportamento deve ocorrer; • 3 – definir o padrão de rendimento aceitável (critério), segundo o qual o nível de desempenho do aluno é considerado satisfatório
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Cronbach (1963) – quatro pontos sobre avaliação: • 1 – a associação entre avaliação e o processo de tomada de decisão; • 2 – os diferentes papéis da avaliação educacional; • 3 – o desempenho do estudante como critério de avaliação de cursos; • 4 – a análise de algumas técnicas de medida à disposição do avaliador educacional.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Noll – (1965) publica no Brasil Introdução às medidas educacionais • Idéia principal – mensuração das mudanças desejadas no comportamento do aluno • Contribuição de Stake (1977) – amplia as discussões sobre as diferentes epistemologias entre pesquisa e avaliação quantitativa e qualitativa e definiu as características do estudo de caso como forma de pesquisa
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Popham (1969) - publica manuais que tratam do planejamento de ensino e avaliação. • Contribuição – definição de objetivos (comportamentais) • Essas teorias exacerbam a tecnologia da avaliação, considerando a necessidade de construir itens de testes apropriados e de testá-los de forma altamente valorizada
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Stufflbeam e Guba – década de 70 • Criam um modelo de facilitação em avaliação educacional, dando ênfase ao processo de julgamento e tomada de decisões
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Scriven e Bloom • Scriven (1978) – a avaliação desempenha vários papéis, embora com um único objetivo: determinar o valor ou o mérito do que está sendo avaliado • Concebe a avaliação como um levantamento sistemático de informações e sua posterior análise para fins de determinar o valor de um fenômeno educacional. Foi quem primeiro utilizou o termo Avaliação Formativa
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Para ele, a avaliação tem papéis diferenciados, ou seja, papéis formativos e somativos, cujos conceitos influenciaram em definitivo, a prática e o futuro da avaliação • Essas idéias influenciaram o pensamento dos autores brasileiros até a década de 80
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • A avaliação formativa caracteriza-se por um caráter processual, isto é, ocorre ao longo do desenvolvimento dos programas, dos projetos e dos produtos educacionais, permitindo as modificações que se fizer necessárias durante o processo
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • A avaliação somativaé a que se realiza ao final de um programa ou de uma atividade, possibilitando a reorientação necessária e tomada de novas decisões • A avaliação diagnóstica surge mais tarde e tem o sentido de se partir dos conhecimentos prévios dos alunos • Diferencia avaliação de medida
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Funções da avaliação: Diagnóstica, Formativa e Somativa • Diagnóstica – permite detectar a existência ou não de pré-requisitos necessários para que a aprendizagem se efetue. No início de um assunto, bimestre, etc • Formativa – consiste no fornecimento de informações que orientarão o professor para a busca de melhoria do desempenho dos estudantes durante todo o processo ensino/aprendizagem, de modo a evitar o acúmulo de problemas • Somativa – implica no fornecimento de informações a respeito do valor final do desempenho do aluno, tendo em vista a decisão de aprová-lo ou reprová-lo
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Benjamim Bloom publica o Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar • 1971 nos Estados Unidos • 1983 no Brasil • Influenciou os meios acadêmicos da época e influencia até os nossos dias
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • As concepções de Bloom (1972) foram importantes para a geração de um sistema de ensino e avaliação mais coerentes entre si. • Ao destacar a relevância do domínio de taxonomias*, despertou os professores para o perigo da incoerência entre o que se ensina e o que se avalia * Taxonomia – ciência ou técnica de classificar
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Bloom define avaliação como “coleta sistemática de evidências por meio das quais determinam-se mudanças que ocorrem nos alunos e como ocorrem” • Inclui uma grande variedade de evidências que vão além do tradicional exame final de caneta e papel.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Funções da avaliação – diagnosticar, retroinformar e favorecer o desenvolvimento individual, ou seja, a avaliação diagnóstica • Pressupostos que devem nortear a avaliação diagnóstica – deve ocorrer no início de uma unidade DE ENSINO, semestre ou ano letivo
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Mezzaroba & Alvarenga (1999) • A avaliação apresenta dois modelos: o tradicional e o progressivista • Tradicional – enfatiza as quantificações dos resultados e a classificação do aluno; • Progressivista – focaliza o processo e a avaliação diagnóstica do aluno
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Final da década de 80 e início de 90 – surgem visões mais progressistas, dentre as quais, a abordagem da avaliação emancipatória de Saul (1988) • Característica – avaliação de cursos e programas educacionais • Hoffmann (1998) – avaliação mediadora
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Lüdke e Mediano (1994) – enfoque sociológico para a avaliação • Luckesi (1999) – enfoca a avaliação enquanto processo. Diferencia medida de avaliação • Prado (1997) – enfatiza a avaliação como processo e não como produto • Vianna (1989) – contribui para criar a cultura da avaliação
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO • Esses autores contribuíram para que desencadeasse no Brasil um processo de sensibilização e preocupação com a avaliação, como também, a desvinculação com as obras norte-americanas, embora elas continuem sendo valiosas para aprofundamento de estudos, uma vez que sustentaram e sustentam as pesquisas na área
Atualmente, o conceito de avaliação ganhou nova dimensão no campo educacional, quando é nítida sua utilidade prática aplicada a tudo, a toda ação, fato ou objeto. • No campo da Educação, podem ser avaliados: um indivíduo, um segmento humano, ações, processos (programas, planos, projetos, propostas), a "performance" de um curso, uma fração de uma corporação ou uma instituição na sua totalidade. • Segundo Vianna (2000), a avaliação educacional não tem servido apenas à função reducionista de verificação de desempenho, mas também à qualidade de programas, projetos, cursos e instituições.
Para Penna Firme (1994), o conceito de avaliação vem evoluindo desde o início do século XX e expõe explicações dos seus marcos conceituais definidos em quatro gerações, associadas à mensuração, à descrição dos objetivos, ao julgamento de mérito de informações obtidas para tomada de decisões e à negociação ou consenso entre pessoas sobre as questões avaliativas.
A característica da primeira geração avaliativa (1920 - 1930) estava no uso da avaliação para medir o rendimento escolar. Para tanto, o avaliador necessitava criar instrumentos, como os testes e exames e elaborar a classificação dos alunos para determinar o progresso dos mesmos.
A segunda geração (1930 - 1940) surgiu pela inquietação dos estudiosos da época que desejavam entender melhor o objeto da avaliação. • Importava considerar, não somente o desempenho do aluno, mas também, o currículo e os objetivos dos programas escolares. • O papel do avaliador, neste caso, era descrever os padrões e critérios da avaliação. Nevo (1981 apud House, 1989) e Vianna (2000) fazem referência a Ralph Tyler, chamado pai da avaliação, que adotou o conceito de avaliação como processo para se determinar até que ponto os objetivos educacionais são realmente alcançados. Portanto, nesta geração, para se concretizar a avaliação ocorriam comparações entre desempenhos e concretização de objetivos educacionais pré-definidos, de forma descritiva, um trabalho ainda bastante técnico.
Estas fases anteriores ou gerações contaram com limitações, como os excessivos objetivos, que não eram definidos antecipadamente, nem se apresentavam claros e visíveis, sendo que, em várias situações, emperravam o processo avaliativo, tornando-o inútil e irrelevante.
A terceira geração (1950 - 1980) concebeu a avaliação preservando mensuração e descrição, incorporando o julgamento de mérito ou de valor. Segundo Nevo (1989) e Vianna (2000), são marcantes as contribuições recebidas na década de 1960 por Cronbach, Scriven e Stake, que elucidaram a necessidade do juízo de valor nas avaliações, ou seja, o avaliador deveria assumir o papel de juiz para medir, descrever e julgar todas as dimensões do objeto avaliado.
Na década de 1970, surge nova vertente, como a de StuffiebeametaI. (1971 apud Vianna, 2000), que define avaliação como o processo de identificar e coletar informações para permitir, entre várias alternativas, a tomada de decisões após a realização do julgamento de valor. • Na década seguinte, House (1989), coloca a avaliação associada à descrição de objetivos educacionais, a julgamento de mérito ou valor e dados provedores de informações para a tomada de decisões. Assim, a avaliação é entendida como um processo de levantamento de dados para análise e posterior determinação do seu valor, cujos resultados têm relevância, por seu impacto, influência e valor contextuaI (PENNA FIRNIE, 1994).
Caracterizando as idéias de Hadji (1994), ligadas à terceira geração conceituaI dessa prática, avaliação consiste em verificar a presença de um conhecimento ou competência, situar um indivíduo ou produção em relação a um nível ou um alvo e julgar o seu valor, de forma quantitativa (medida) e qualitativa (norma ideal), considerando-se o ideal e o real para seu mérito. • Para este autor, avaliação implica a relação entre o que existe e o que é esperado, o desempenho - alvo e o desempenho real, isto é, uma leitura da realidade observável, pois observar e julgar objetos propicia um planejamento para mudanças em prol do desempenho almejado. • É preciso a manifestação do sujeito avaliador e produtor do julgamento das coisas ou de um sujeito exterior às coisas avaliadas.
A quarta geração de avaliação (década de 1990) tem como característica principal a negociação ou o consenso buscado entre pessoas de valores diferentes, em um processo de ampla participação, fundamentado no paradigma construtivista de interação entre observador e observado, cujo papel do avaliador é o de comunicador e sua abordagem, imbuída de aspectos humanos, políticos, sociais, culturais e éticos, envolvidos no processo
Após o conhecimento dessa trajetória das gerações da avaliação após decênios de levantamento de dados para a compreensão do fenômeno educacional da avaliação, esta não constitui uma teoria geral, • mas um conjunto de abordagens teóricas sistematizadas que têm fornecido subsídios para os julgamentos de valor. • A avaliação nunca é um todo acabado, mas uma das diferentes possibilidades de analisar e explicar fenômenos, estabelecer prováveis consequências, discutir elementos e tomar decisões.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO REFERÊNCIAS BLOOM, B. Taxonomia de objetivos educacionais: domínio cognitivo. Porto Alegre: Globo, 1972. DEPRESBITERIS, L. O desafio da avaliação da aprendizagem: dos fundamentos a uma proposta inovadora. São Paulo: E.P.U., 1989. HOFFMANN, J. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 14. ed. Porto Alegre: Mediação, 1998. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 9. ed. São Paulo: Cortez, 1999. LÜDKE, M. & MEDIANO, Z. (Coords.). Avaliação na escola de 1o. Grau. 2. ed. Campinas: Papirus, 1994. MEDIANO, Z. D. Módulos instrucionais para medidas e avaliação em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO: BREVE RELATO MEZZAROBA, L. & ALVARENGA, G. M. A trajetória da avaliação educacional no Brasil. In: ALVARENGA, G. M. (Org.). Avaliar: um compromisso com o ensino e a aprendizagem. Londrina: Núcleo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional, 1999. PERRENOUD. P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999. PRADO, C. Avaliação da aprendizagem. Campinas: Papirus, 1997. SAUL, A. M. Avaliação emancipatória: desafio à teoria e à prática da avaliação e reformulação de currículos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1988. VIANNA, H. M. Avaliação educacional: teoria, planejamento, modelos. São Paulo: IBRASA, 2000. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed. 1998.