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Interpretações do Brasil

Da Matta diz que o Brasil é híbrido, pois é um sistema social equilibrado e dividido entre o indivíduo e a pessoa. O que ele quer dizer com isso?. Interpretações do Brasil. O que DaMatta chama de individualismo? É igual ao do senso comum? Por que?. Interpretações do Brasil. Indivíduo e Pessoa

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Interpretações do Brasil

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Presentation Transcript


  1. Da Matta diz que o Brasil é híbrido, pois é um sistema social equilibrado e dividido entre o indivíduo e a pessoa. O que ele quer dizer com isso? Interpretações do Brasil

  2. O que DaMatta chama de individualismo? É igual ao do senso comum? Por que? Interpretações do Brasil

  3. Indivíduo e Pessoa • “ O universalismo é demandado em público pelo Estado Moderno, individualista e impessoal, mas o particularismo continua a imperar no plano pessoal e doméstico” • Conta de Mentiroso, pág160 Interpretações do Brasil

  4. Indivíduo e Pessoa • “É como tivéssemos duas bases através das quais pensássemos o nosso sistema. No caso das leis gerais e da repressão, seguimos sempre o código burocrático ou a vertente impessoal e universalizante, igualitária do sistema. No caso das situações concretas, daquelas que a vida nos apresenta, seguimos sempre o código da relações e da moralidade pessoal, tomando a vertente do “jeitinho”, da “malandragem” e da “solidariedade” como eixo de ação. Na 1ª escolha, nossa unidade é o indivíduo; na 2ª é a pessoa. A pessoa merece solidariedade e um tratamento diferencial. O indivíduo, ao contrário, é o sujeito da lei, foco abstrato para quem as regras e a repressão foram feitos” • CMH, pág 169 Interpretações do Brasil

  5. Quais são os modos de navegação social descritos por DaMatta? Como e quando eles são acionados? Interpretações do Brasil

  6. “Malandragem”, “Jeitinho” e “você sabe com quem está falando?” são modos de navegação social Interpretações do Brasil

  7. O que é o Jeitinho? Qual a diferença do jeitinho para o “você sabe com quem está falando?” Interpretações do Brasil

  8. Jeitinho : cantada, harmonização • “´jeitinho´ e ´você sabe com quem está falando?´ são, pois, dois modos de enfrentar uma mesma situação. O primeiro vai pelo caminho da paciência e conciliação; já o segundo apela para o conflito, fazendo com que a relação englobe a lei” (O que é o Brasil? Pág 50) Interpretações do Brasil

  9. E o que é malandragem? O que difere do Jeitinho? Interpretações do Brasil

  10. Malandragem : profissionalização do “jeitinho” • “O malandro, portanto, seria um agente profissional do jeitinho e na arte de sobreviver nas situações mais difíceis:naquelas que ele está claramente fora ou longe das leis” (O que é o Brasil? Pág 51) • “O malandro, diferentemente do bandido, rouba com jeito, invocando simpatia, empatia e laços humanos” (pág 52) Interpretações do Brasil

  11. Qual é a questão da cidadania em um universo relacional? Interpretações do Brasil

  12. O que é a cidadania? E como ela é vivenciada no Brasil? É possível pensá-la como nos Estados Unidos? Interpretações do Brasil

  13. “Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta • Questão do autor • “Neste trabalho, pretendo discutir a seguinte questão: se o conceito de cidadania implica, de um lado, a idéia fundamental de indivíduo (e a ideologia do individualismo), e, de outro, regras universais (um sistema de leis que vale para todos em todo e qualquer espaço social), como essa noção é percebida e vivida em sociedade onde a relação desempenha um papel crítico na concepção e na dinâmica da ordem social?” (pág 65) Interpretações do Brasil

  14. “Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta • Cidadania:historicamente localizada e socialmente construída • Premissas iluministas (igualdade e liberdade) e ideais da Rev. Francesa e da independência norte-americana (contestação aos privilégios da nobreza e do clero) • Concepção de cidadania: o foco é o indivíduo, o caráter é universal e nivelador (todos são iguais em direitos e deveres) Interpretações do Brasil

  15. “Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta • Estados Unidos: tipo ideal de sociedade igualitária • Ideologia do mérito, do “homem que se faz por si mesmo” • Alto grau de associativismo • referência ao clássico A Democracia na América (1835, 1º vol. e 1840, 2º vol.) de Tocqueville • Para driblar a ética igualitária => “sociologia do convite” (que permite a discriminação e recria o privilégio) Interpretações do Brasil

  16. Alexis de Tocqueville (1805-1859): • A democracia na América • “ Parece-me indubitável que, mais cedo ou mais tarde, chegaremos como americanos à igualdade quase completa das condições. Não concluo daí que sejamos chamados necessariamente um dia a tirar, de semelhante estado social, as conseqüências políticas que os americanos tiraram. Estou longe de acreditar que eles encontraram a única forma de governo que a democracia possa dar (...) • Confesso que vi na América mais que a América; procurei nela uma imagem da própria democracia, de suas propensões, de seu caráter, de seus preconceitos, de suas paixões (....)” • Tocqueville vive na América recém-independente por cerca de 1 ano e a compara com a França • A Igualdade na América é considerada extrema porque eles não assistem a própria revolução, já nascem dela. Interpretações do Brasil

  17. “Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta • Cidadania no Brasil: ambigüidade como marca • Dual: conjuga os ideais igualitários e liberais com outra hierárquica, relacional e paternalista. • Idéia de um Estado-Pai (provedor) • “No Brasil, o individualismo é criado com esforço, como algo negativo e contra as leis que definem e emanam da totalidade. Nos Estados Unidos, o individualismo é positivo e o esforço tem sido para criar a unidade ou Union: a totalidade” (pág 76) Interpretações do Brasil

  18. “Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta • “Nos Estados Unidos a idéia de comunidade está fundada na igualdade e homogeneidade de todos os seus membros, aqui concebidos como cidadãos (...) No Brasil, por contraste, a comunidade é necessariamente heterogênea, complementar e hierarquizada. Sua unidade básica não está baseada em indivíduos (ou cidadãos), mas em relações e pessoas, famílias e grupos de parentes e amigos. Sendo assim, nos Estados Unidos, o indivíduo isolado conta como uma unidade positiva do ponto de vista moral e político; mas no Brasil o indivíduo isolado e sem relações (...) é algo considerado altamente negativo (...)” (pág 77) Interpretações do Brasil

  19. A visão do indivíduo e pessoa no Brasil é homogênea? Interpretações do Brasil

  20. A sociedade brasileira não é homogênea em relação à interpretação da categoria indivíduo • “Enquanto as classes dominantes nutrem uma perspectiva individualista, sendo responsáveis pelo arcabouço jurídico, político e institucional da sociedade, na prática elas viveriam como pessoas, na medida em que, pela mobilização dos seus respectivos capitais de relações sociais, o sistema de leis impessoais e universalizantes não se lhes aplicaria em sua totalidade. Por outro lado, as ´classespopulares´, que não dispõem de instrumentos para participar da produção do aparato jurídico, político e institucional, entretêm uma visão mais hierárquica e complementar do mundo e vivem, na prática, como indivíduos, pois sobre elas incidem toda força da lei, quando (...) não podem articular nenhum capital social” (pág 55) • Lívia Barbosa, “O Brasil pelo avesso: Carnavais, malandros e heróis e as interpretações da sociedade brasileira”. In: O Brasil não é para principiantes. Carnavais, malandros e heróis 20 anos depois. Interpretações do Brasil

  21. E as camadas populares podem subverter as regras da lei? Interpretações do Brasil

  22. “É bom frisar que a geografia descrita (...) está longe de ser considerada pelo autor como determinística, ilustrando apenas uma das suas possíveis facetas. Ela muda quando, (...), membros das ´camadaspopulares´ agem como pessoas, utilizando-se do capital de relações pessoais de indivíduos das ´camadasdominantes´ com os quais mantém relações ” (pág 55) • Lívia Barbosa, “O Brasil pelo avesso: Carnavais, malandros e heróis e as interpretações da sociedade brasileira”. In: O Brasil não é para principiantes. Carnavais, malandros e heróis 20 anos depois. Interpretações do Brasil

  23. Notícia extraída do jornal O Século Publicada em 1º de julho de 1908 “ Automóveis fatidicos O ´chauffeur atira fora a policia e dispara “Mais uma para se debitar aos automoveis o tirar o sonno à policia (...) que terá mais uma vez opportunidade para mais uma homenagem do silencio e da impunidade em favor dos chauffeurs privilegiados e de costas quentes (...) Vinha o automovel do Marechal Camara, chefe do estado-maior, hoje, cerca de meio dia, na corrida vertiginosa e cega do costume pela Praça da República , quando um desalmado, chamado Alvaro Martins de Souza Pereira, teve a lembrança de metter-se com toda imprudencia e grande falta de patriotismo entre as rodas (...) do fatidico veiculo . O automovel (...) limitou-se a atirar no chão o importuno cidadão e passar-lhe por cima das pernas. (...) Mas o bonito não está ahi. (...) Surge o mantenedor da ordem na praça de policia (....) que naturalmente desconhecendo o automovel e seu ´chauffeur´ (...) entendeu obstar-lhe a marcha e applicar-lhe a lei. (...) Mas o chauffeur deitou valentia, sentindo as costas quentes. Fomos à ultima hora informados que o praça effectuou a prisão do ´chauffeur´(...) o que não impediu que lhe dessem fuga por uma saída dos fundos do mesmo quartel” Interpretações do Brasil

  24. DaMatta diz que, no Brasil, a “casa” e a “rua” são universos compensatórios e complementares. O que ele quer dizer com isso? Interpretações do Brasil

  25. “Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta • Brasil: “casa” e “rua” complementares e compensatórias • “Se no universo da casa sou um supercidadão, pois ali tenho direitos e nenhum dever, no mundo da rua sou um subcidadão, já que as regras universais da cidadania sempre me definem por minhas determinações negativas: pelos meus deveres e obrigações, pela lógica do ‘não pode’ e do ‘não deve’” (pág 93) Interpretações do Brasil

  26. E qual é o Dilema Brasileiro, para Roberto DaMatta? Interpretações do Brasil

  27. “Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta • Dilema Brasileiro • “Nãohábrasileiroquenãoconheça o valor das relaçõessociais e quenão as tenhautilizadocomoinstrumentos de solução de problemasaolongodasuavida. Nãohábrasileiroquenuncatenhausado o “vocêsabe com quemestáfalando?” dianteda lei universal e do risco de umauniversalizaçãoqueacabariatransformandosuafigura moral num meronúmeroouentidadeanômica (…)” • (pág 94) Interpretações do Brasil

  28. Americanos – Caetano Veloso In: Circuladô - 1992 “Americanos são muito estatísticos Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos Olhos de brilho penetrante que vão fundo (...) Para os americanos branco é branco, preto é preto (e a mulata não é a tal) Bicha é bicha, macho é macho Mulher é mulher, dinheiro é dinheiro E assim ganham-se, barganham-se, perdem-seConcedem-se, conquistam-se direitosEnquanto aqui embaixo a indefinição é o regimeE dançamos com uma graça cujo segredoNem eu mesmo seiEntre a delícia e a desgraçaEntre o monstruoso e o sublime” Interpretações do Brasil

  29. Qual é a diferença entre os conceitos de Roberto DaMatta (jeitinho e você sabe com que está falando) e de Sérgio Buarque de Holanda (o homem cordial)? Interpretações do Brasil

  30. Entre a República e a democracia • Qual a diferença entre República e Democracia? • Como foi a República, na Primeira República no Brasil? • Quando ela começa a se democratizar? • Atualmente, a maior parte da população já está incluída no sistema eleitoral. Na opinião do autor, tal fato é suficiente para garantir uma democracia plena ou não? Por que? • No entanto o autor afirma que a democracia avançou mais no Brasil que a República. O que ele quis dizer? José Murilo de Carvalho – O Estado de São Paulo 27 de dezembro de 2009 Interpretações do Brasil

  31. Paradoxos da democracia “Democracia é algo que nunca se completa. É um caminho que vamos trilhando com idas e vindas, processos e retrocessos. Se entendermos democracia como um sistema comandado pela lei com ampla participação popular, mesmo fora dos períodos eleitorais, liberdade de imprensa, é uma coisa... Se analisarmos a democracia de um ponto de vista mais amplo, é outra. Significa não apenas participação política das pessoas, mas o que chamaria de cidadania e igualdade civil, passando por uma melhor distribuição de renda e acesso à justiça. Ora isso não temos no Brasil. Pessoas com recursos escapam facilmente das malhas da justiça(....). A desigualdade econômica é terrível. Temos distâncias quilométricas entre o topo e a base da pirâmide. Então, a democracia no Brasil ainda é algo precário ” José Murilo de Carvalho - entrevista Interpretações do Brasil

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