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Educação em Direitos Humanos: Os desafios da pesquisa em Comunicação

Educação em Direitos Humanos: Os desafios da pesquisa em Comunicação. Magali do Nascimento Cunha. Comunicação:. O processo social de “tornar comum” idéias, sentimentos, experiências e informações por meio de palavras faladas ou escritas, dos gestos ou das imagens, de forma direta ou mediada.

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Educação em Direitos Humanos: Os desafios da pesquisa em Comunicação

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Presentation Transcript


  1. Educação em Direitos Humanos: Os desafios da pesquisa em Comunicação Magali do Nascimento Cunha

  2. Comunicação: O processo social de “tornar comum” idéias, sentimentos, experiências e informações por meio de palavras faladas ou escritas, dos gestos ou das imagens, de forma direta ou mediada. Isto é inerente (é parte) da condição humana.

  3. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948: • Artigo 19: “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão”.

  4. Conceito de “liberdade de expressão”... ... passa a ser desafiado a partir dos anos 70 - não ficar preso numa compreensão de comunicação de direção única, em que o que se conta é o que se emite, e quem conta é quem emite, num modelo de comunicação baseado no processo de difusão de mensagens.

  5. Conceito de “liberdade de expressão”... ... passa a reconstruído como chave na construção de um processo coordenado pela UNESCO nos anos 80: a Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação (NOMIC)

  6. Relatório McBride (1980): “Um mundo, muitas vozes” “Hoje em dia se considera que a comunicação é um aspecto dos direitos humanos. Mas esse direito é cada vez mais concebido como o direito de comunicar, passando-se por cima do direito de receber comunicação ou de ser informado. ...

  7. Relatório McBride (1980): “Um mundo, muitas vozes” ... Acredita-se que a comunicação seja um processo bidirecional, cujos participantes – individuais ou coletivos – mantêm um diálogo democrático e equilibrado. Essa idéia de diálogo, contraposta à de monólogo, é a própria base de muitas das idéias atuais que levam ao reconhecimento de novos direitos humanos”.

  8. Noção do Direito à Comunicação: • Comunicação como um processo dialógico e recíproco, no qual o acesso e a participação tornam-se fatores essenciais. • Recusa de uma comunicação da elite para as massas, do centro para a periferia, dos ricos para os pobres.

  9. Noção do Direito à Comunicação: • Ênfase no princípio da diferença/diversidade: sem distinção de qualquer origem nacional, étnica, lingüística ou religiosa. • Surgimento dos conceitos de comunicação popular e de comunicação alternativa.

  10. O recuo... • Anos 1980 e 90: sociedades se ajustam às leis do mercado e às lógicas de privatização, de globalização financeira e de concentração vertical e horizontal que culminaram na formação de conglomerados.

  11. O recuo... • Anos 1980 e 90: relatório McBride e a noção de direito à comunicação foram desarticulados e a hegemonia do pensamento neoconservador ajustado estendia sua influência inclusive na Academia.

  12. Consequências para a pesquisa em Comunicação • Ausência de questionamentos sobre a evolução das relações entre cultura, comunicação e democracia no contexto do capitalismo globalizado. • A defesa da liberdade de expressão comercial passa a superar a defesa da liberdade de expressão dos cidadãos expressa na Carta fundamental dos direitos humanos.

  13. Consequências para a pesquisa em Comunicação • A defesa de que o mercado crie a sua própria regulamentação, oculta a diversidade da oferta e neutraliza qualquer discussão de regulação por meio de políticas democráticas de comunicação.

  14. Consequências para a pesquisa em Comunicação • O recuo da consciência crítica, somado à aversão às “teorias da conspiração”, promoveu a diluição do sentido político e o esquecimento da memória da construção dos instrumentos de emancipação do cidadão, entre eles a NOMIC.

  15. Consequências para a pesquisa em Comunicação • As divergências em torno da questão do poder e dos contrapoderes promoveram uma quase inexistência de estudos sobre o processo que envolve a concentração dos meios de comunicação e das indústrias culturais.

  16. Consequências para a pesquisa em Comunicação • Isso contrasta com a intensa expansão dos estudos etnográficos de recepção de produtos midiáticos e culturais. • O que também se relaciona à falta de questionamento sobre a função reguladora do Estado como defensor do interesse público, bem como a relação entre Estado, mercado e sociedade.

  17. Consequências para a pesquisa em Comunicação • O olhar culturalista centrado na liberdade do receptor acabou por dar força à ideia da soberania dos consumidores em um mercado entregue ao livre comércio, do mercado, como um espaço independente dos condicionantes sociopolíticos.

  18. Consequências para a pesquisa em Comunicação • E a questão cultural é chave aqui porque “não pode haver diversidade cultural sem uma verdadeira diversidade midiática. Como não pode haver políticas culturais sem políticas de Comunicação” (Armand Mattelart).

  19. Um quadro complexo • A questão da concentração que impede a diversidade continua chave. • Em todos os países há a dificuldade de legislar com o objetivo de impedir que a predominância de um grupo midiático se torne um obstáculo à pluralidade da comunicação.

  20. Anos 2000: retomada • Crescem as reivindicações e as iniciativas por parte de cidadãos que visam democratizar a comunicação. • No início dos anos 2000, foi criada a Rede Communications Rights in the Information Society (CRIS) que elegeu o direito à comunicação como programa

  21. Anos 2000: retomada • Manual de Avaliação dos Direitos da Comunicação da Rede CRIS: “Direitos da comunicação é um termo útil que remete de imediato a um conjunto de direitos humanos já existentes e que são negados a muitos povos, que não podem apropriar-se de seu significado pleno, a não ser quando tratados como um grupo fechado. O todo é superior à soma de suas partes”.

  22. Quer dizer... • Os direitos da Comunicação não incluem apenas a comunicação na esfera pública (liberdade de expressão, de imprensa, o acesso à informação pública e governamental, a diversidade e a pluralidade dos meios de comunicação e dos conteúdos).

  23. Quer dizer... • Eles abrangem a produção e o compartilhamento de conhecimentos; os direitos civis, como a privacidade; os direitos culturais, como a diversidade lingüística. • Significa um “não” à concepção de diversidade como sinônimo da segmentação do mercado.

  24. Quer dizer... • “Não pode haver diversidade sem a diversidade de atores, fontes da criação e conteúdos de conhecimento, assim como de expressões culturais e midiáticas” (Armand Mattelart) • O Direito à Comunicação é uma parte inseparável dos direitos civis e sociais.

  25. Anos 2000: retomada • Discussão presente no Fórum Social Mundial • 2003: Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (ONU) • Fenômeno de multiplicação de observatórios/monitoramentos sobre a informação, a Comunicação e a cultura.

  26. Anos 2000: retomada No Brasil surgem • o Observatório do Direito à Comunicação (http://www.direitoacomunicacao.org.br) • oIntervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social (http://www.intervozes.org.br) - o Observatório da Imprensa (http://www.observatoriodaimprensa.com.br) Outros...

  27. Anos 2000: retomada • Observatórios reúnem: jornalistas, acadêmicos e usuários de mídia. • Observar: decifrar o conteúdo das informações, analisar as causas estruturais do silêncio, por causa das censuras, das distorções.

  28. Anos 2000: retomada • Observar: pesquisar, interrogar, alertar, propor. • Observar: estar atento ao tipo de formação oferecida pelas universidades para aqueles que vão atuar nos meios de comunicação.

  29. Atuais desafios • Resultado: as empresas de mídia divulgam duras críticas sobre estas iniciativas e as criminalizam como “censura” • Caso da divulgação do PNDH-3: item d da diretriz 22 do objetivo estratégico 1

  30. Atuais desafios • “[Elaboração de] critérios de acompanhamento editorial a fim de criar um ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os princípios de Direitos Humanos, assim como os que cometem violações”. Sugere “aos estados, Distrito Federal e municípios fomentar a criação e acessibilidade de Observatórios Sociais destinados a acompanhar a cobertura da mídia em Direitos Humanos”.

  31. Atuais desafios • Censura nada tem a ver com monitoramento de programação e criação de critérios de avaliação das concessões, que favoreçam o compromisso com o interesse público que veículos de comunicação devem ter com a população • Concessão não é propriedade. • Volta-se ao tema da concentração!

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