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Normalizar o cabo-verdiano para redimensionar o ensino e o uso do português em Cabo Verde

Normalizar o cabo-verdiano para redimensionar o ensino e o uso do português em Cabo Verde Qual é o papel da sociedade civil?. Universidade de Cabo Verde Professor: Emanuel de Pina Brasília,27/03 / 2010. Objectivos I – Propor uma reflexão:

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Normalizar o cabo-verdiano para redimensionar o ensino e o uso do português em Cabo Verde

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Presentation Transcript


  1. Normalizar o cabo-verdiano para redimensionar o ensino e o uso do português em Cabo Verde Qual é o papel da sociedade civil? Universidade de Cabo Verde Professor: Emanuel de Pina Brasília,27/03/2010

  2. Objectivos I – Propor uma reflexão: (i) sobre o contacto e o ensino das línguas cabo-verdiana e portuguesa em Cabo Verde (ii) sobre o futuro e a projecção da língua portuguesa em Cabo Verde II – Propor estratégias de participação da sociedade civil cabo-verdiana na projecção da língua portuguesa em Cabo Verde

  3. Nota prévia • Partimos das nossas próprias experiências de falantes das duas línguas, o crioulo de Cabo Verde, doravante (CCV) e o português para tentarmos, por um lado, compreender: (i) os efeitos recíprocos do contacto dessas línguas no processo do ensino-aprendizagem e (ii) os efeitos da utilização de cada uma delas na comunidade linguística cabo-verdiana e, por outro lado, com base nesse objectivo, delinear as consequências para o futuro e a projecção da língua portuguesa em Cabo Verde.

  4. Situação de contacto e do ensino do crioulo de Cabo Verde e do português • Em Cabo Verde, o CCV é a língua vernacular e veicular. Porém, não goza ainda de estatuto de língua oficial. O seu uso ao lado do português é generalizado principalmente nas situações informais. A língua portuguesa é usada, essencialmente, nas situações consideradas formais, como na administração, nas intervenções públicas, na comunicação social e no contacto com o exterior. • Porém, actualmente, note-se que o uso do CCV no atendimento público burocrático tende a generalizar-se de forma espontânea e tudo indica que esta prática se instituirá no futuro, sobretudo com a adopção do CCV como língua oficial - uma decisão política controversa e alvo de grande inquietação neste momento entre os cabo-verdianos.

  5. No que concerne ao ensino, salvo raras excepções, pode verificar-se que as crianças cabo-verdianas, quando iniciam a sua escolarização feita na língua portuguesa (língua oficial), entram para as escolas a falar o CCV. Também em casa, falam o CCV e falam-no com os seus pares em todas as circunstâncias. • A única situação em que falam o português é quando se dirigem aos professores. Porém, hoje, não se pode afirmar isso de forma generalizada, pois muitos professores em Cabo Verde(sobretudo com a Resolução nº 48/2005 que dá ao cidadão o direito de uso da língua nacional em todas as situações administrativas e formais) parecem aceitar que os alunos se dirijam a eles em crioulo, mesmo no âmbito de exposição das matérias curriculares.

  6. Estas considerações parecem-se necessárias para situar a questão do contacto entre o CCV e o português e a complexidade do problema das interferências recíprocas com consequências negativas para o reconhecimento das estruturas linguísticas do português, bem como para o seu emprego e uso. • Quanto a nós, uma das causas das dificuldades do ensino do português a alunos cuja língua materna é o CCV reside no facto de, em Cabo Verde, se ensinar o português às crianças cabo-verdianas utilizando a mesma metodologia e estratégia que se utilizam para falantes do português que têm esta língua como língua materna.

  7. Se analisarmos a estrutura gramatical do CCV em confronto com as estruturas correspondentes no português, observamos profundas diferenças, no que diz respeito às construções morfossintácticas, semânticas e lexicais. Veja-se, abaixo, entre muitos outros exemplos, a inexistência do artigo definido antes do nome na estrutura gramatical do CCV em comparação com estruturas correspondentes em português. Confrontem-se os dois grupos de frases: 1 – “ A casa da Cláudia” 2 – “ O livro do António” Correspondem em CCV respectivamente: 1’ – “ Kaza di Klaudia” 2’ – “ Livru di Ntoni”

  8. Analisando esta pequena situação linguística, verificamos a coincidência do tipo de erros cometido por um falante do cabo-verdiano, com essas diferenças nas respectivas estruturas gramaticais, quando faz a passagem da sua língua materna para a língua portuguesa. • A tendência será para omitir o artigo onde em português este é usado normalmente, i. e., o emprego que um falante que tem o português como língua materna faria mecanicamente, sem pensar nas regras gramaticais. O falante cabo-verdiano, ao falar e ao escrever o português, comete frequentemente este tipo de erros e outros por razões idênticas, já que na sua matriz linguística as categorias gramaticais funcionam de modo diverso em relação ao que acontece nas estruturas gramaticais do português.

  9. E isso só pode ser delimitado e reconhecido se se normalizar o CCV para melhorar o seu ensino (no ensino superior), com o fito de levar o aprendente a conhecer melhor as estruturas gramaticais da sua língua materna no sentido de adquirir uma maior consciencialização e automatização no uso desta para estruturar e redimensionar o português cujo emprego e o uso se estão a empobrecer. • Deste modo, não só o Ministério da Educação, mas também as Organizações Não Governamentais-representaçoes da sociedade civil, como a organização das mulheres cabo-verdianas, as Igrejas, as Empresas Privadas, etc devem desencadear acções que corroboram para o ensino das duas línguas e tornarem-se intermediários na construção de um bilinguismo de qualidade em Cabo Verde.

  10. Como normalizar a língua cabo-verdiana para melhorar o uso e o ensino do português? • A resposta a esta pergunta remete-nos para uma análise e reflexão a partir do quadro subsequente proposto por Muljačič (1988), no artigo"Italiano. Norma e standard", in Lexikon der Romanistiche Linguistik (LRL), IV Italienisch, Korsisch, Sardisch, Art. 256, Tübingen, Niemeyer: 286-305,para a normalização de uma língua numa sociedade onde se fala uma série de variantes menores aparentados:

  11. Numa primeira etapa, é preciso escolher uma dessas variantes concorrentes para a base da língua standard; • A variante escolhida deverá então ser codificada, no sentido de se decidir quais as estruturas que devem ser consideradas correctas e as que não o serão. • Também é imperativo que a variante escolhida seja paulatinamente aceite por aqueles que inicialmente não a usavam. É a propagação da variante escolhida. • A variante escolhida deve ser elaborada. Nela, devem ser criados novos instrumentos lexicais e gramaticais para se referir ao que já foi dito ou que fica por dizer, para organizar frases complexas e considerar também a transferência ou influência em relação às estruturas de outras línguas com as quais está permanentemente em contacto.

  12. Se se normalizar O CCV, pelo menos a nível da escrita, estaríamos em cabo verde a promover não só um melhor convívio e ensino das duas línguas, como também a contribuir para a construção de um real bilinguismo com consequências imediatas para o enriquecimento a projecção da língua portuguesa em Cabo Verde.

  13. 5. Conclusão • Aprender o CCV (gramática, sintaxe e semântica) facilitaria a aprendizagem do português; • Há muitas vantagens sociais que levam as pessoas a querer aprender e falar o português. Aliás, cremos que ninguém em Cabo Verde está a pensar em substituir o ensino do português pelo ensino do crioulo. Mas, também é preciso ter cuidado: se se ensinar apenas o português corre-se o risco de ver o CCV desaparecer. Pode não ser daqui a 100 ou 200 anos, mas um dia isto pode acontecer. Uma língua que não se ensina está condenada no mundo de hoje. Os cabo-verdianos devem aproveitar as duas línguas que fazem parte do seu património cultural;

  14. Não há nenhum impedimento de se optar pela aprendizagem paralela das duas línguas. Um ensino bem programado do CCV ajudaria a tornar as crianças e toda a sociedade civil conscientes de que estão a lidar com duas línguas diferentes e capazes de definir fronteiras entre as estruturas morfossintácticas e semânticas das mesmas. Isto facilitaria um melhor uso e emprego do português, pois teriam uma base sólida para depois se abrirem para outras línguas. (Cf. Também Nicolas Quint (07/12/2008), em ASEMANA); • Deste modo, para que contribuamos para a funcionalidade e a internacionalidade da língua portuguesa enquanto língua de trabalho é preciso pragmatismo e persistência na concertação das acções político-educativas necessárias que equacionem e apresentem soluções viáveis para a sua coexistência em harmonia com a língua cabo-verdiana.

  15. Algumas referências bibliográficas Almada, Dulce – Bilinguismo e Diglossia. IBNL, Praia, 1998. Almada, Dulce – Cabo Verde. Contribuição para o estudo do dialecto falado no seu arquipélago, Estudos de Ciências Politicas e Sociais, vol. 55, 1961. Baptista, Marlyse – The Morpho-Syntax of Nominal and Verbal Categories in Capeverdean Creole, Ph. D. Dissertation, Harvard University, Cambridge, Mass., 1997. Carreira, António – O Crioulo de Cabo Verde. Surto e Expansão, Europam, Mem Martins 1982. Barros, Viriato – “Interfer_crioulo_no_PL2”_ :INTERFERÊNCIAS DO CRIOULO NA APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS, in Crioulo cabo-verdiano - Wikipédia, a enciclopédia livre_ficheiros. Lopes da Silva, Baltazar – O Dialecto Crioulo de Cabo Verde, 1957. Pereira, Dulce – O principio de parcimónia em crioulo de Cabo Verde. Actas do 1º Colóquio sobre Crioulos de Base Portuguesa, Colibri, Lisboa, 1992. Pratas, Fernanda – O Sistema Pronominal do Caboverdiano (variante de Santiago), Edições Colibri, Lisboa, 2004 Quint, Nicolas – Dicionário Caboverdiano (variante de Santiago)-Português, Verbalis, Lisboa, 1998. Veiga, Manuel – O Crioulo e Cabo Verde, Introdução à Gramática, Instituto Caboverdiano do Livro, Praia, 1995. Veiga, Manuel. – Diskrison Strutural di Língua Kabuverdianu, 1982.

  16. Obrigado pela atenção!

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