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Projeto desenvolvido pela produtora Coevos Filmes para o Canal Curta!
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COEVOS FILMES APRESENTA S O L d A d O E S T R A N g E I R O u m s o n h o b r a s i l e i r o L O N G A D O C D I R E Ç Ã O J O S É J O F F I LY P E D R O R O S S I
A P R E S E N T A ç ã O “Em dezembro de 2007, ao embarcar rumo à minha primeira missão, não conseguia acreditar que o sonho de ser soldado se tornava realidade. Isso só foi possível nos Estados Unidos.” – Rafael Vieira, 31 anos. Nosso país não entra oficialmente em guerras desde 1965, quando auxiliou os Estados Unidos numa subalterna invasão à República Dominicana. Desde então, o exército brasileiro vem exclusivamente mantendo suas funções de controle de fronteiras e de pacificação de áreas em conflito, tanto internamente quanto além de nosso território. No entanto, apesar da condição de neutralidade do nosso país, milhares de brasileiros encontram-se lutando ativamente em guerras, defendendo as bandeiras de outras nações. Estados Unidos, Canadá e Israel são destinos frequentes. O alistamento é fácil e o acesso ao treinamento, imediato. A exigência é que os voluntários tenham residência fixa nesses países. Algumas exceções de forças mercenárias, do controverso grupo Estado Islâmico passando pela Legião Estrangeira, completam esse quadro intrigante. São jovens que nasceram e cresceram no Brasil e cujo ofício é combater na frente de batalha, nas mais variadas funções, pelos mais variados motivos. Com este número expressivo de voluntários, uma questão se impõe: O que leva o cidadão de um país sem envolvimento em guerras a fazer essas escolhas profissionais? Para responder, talvez sejam necessárias algumas considerações preliminares.
No Território Nacional são cometidos 45.000 assassinatos por ano. Estes índices de homicídios variam de estado para estado. Para termos uma referência do tamanho da tragédia é suficiente saber que na Guerra Civil da Síria, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, morrem anualmente 31.000 mil civis e militares, 14.000 a menos que no Brasil. Frequentemente nossas estatísticas superam os números de regiões críticas do planeta. Certamente que a convivência com esses números de alguma forma influencia na formação dos jovens brasileiros. Mas, além de todas as motivações provocadas pelas estatísticas acima, pesam igualmente as vocações e as ambições alimentadas pela fantasia de “corrigir o mundo”. Mesmo que o instrumento para “correção do mundo”, longe de passar pelas instituições democráticas, seja a fantasia hollywoodiana, o fato é que não faltam voluntários para a missão. “Toda vez que assistia ao filme Rambo, dizia à minha mãe que queria ir para a uma guerra e ajudar os inocentes que sofriam com os horrores do conflito”. Palavras de Rafael Vieira, brasileiro que combateu ao lado dos Estados Unidos, no Afeganistão, em 2010 e 2012. Trata-se de engajamento voluntário no exército regular de um outro país. No quesito vontade de aventura, certamente que o voluntariado do Rafael tem semelhança com o daquele que se apresenta às empresas de segurança candidatando-se às fileiras dos exércitos irregulares. É o caso de JP, paulistano que trabalha há 4 anos na britânica Aegis. Antes de tornar-se parte da equipe, foi combatente no Exército dos Estados Unidos e teve uma breve passagem por uma empresa de segurança norte-americana.
Complementando as ações empreendidas pelos exércitos ditos regulares, essas companhias são necessárias sobretudo em operações militares que não podem levar em consideração tratados multilaterais ou bilaterais. São empresas privadas que, além disso, oferecem serviços de logística e segurança em regiões de alto risco, sobretudo em situações de guerra. São verdadeiros exércitos mercenários, com mão de obra superespecializada constituída em sua maioria por paramilitares com larga experiência em conflitos. No Brasil, associações paramilitares são proibidas, segundo a Constituição Federal de 1988. Já países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá são territórios livres para a atuação de empresas como Aegis, Olive Group, Control Risks, Garda, Triple Canopy e Academi, esta última anteriormente conhecida como Blackwater Security e envolvida em graves acusações por suas relações pouco institucionais com políticos americanos de alto escalão. Seus negócios ganharam considerável impulso após os atentados de 11 de setembro (2001), com a chamada “Guerra ao Terror”, e grande notoriedade em 2007, quando funcionários assassinaram 17 civis iraquianos e feriram outros 20, em uma praça movimentada de Bagdá. Tais empresas são como uma atualização no século XXI das tradicionais Legiões Estrangeiras, que povoam o imaginário dos mais aventureiros desde os tempos de D. Pedro, quando os brasileiros mais belicosos que desejavam ação, aventura e sangue tinham como caminho preferencial viajar para a França.
A mítica Legião Estrangeira Francesa, que “pessoa não-civil”, alguém que não existe existe até hoje e ainda atrai, junto com a juridicamente para o mundo. Engajados congênere espanhola, muitos voluntários, por um período compulsório de cinco anos, foi fundada no século XIX, para defender sem direito à desistência antes do prazo, os respectivamente os interesses da França legionários estão sujeitos a uma disciplina e da Espanha junto às suas colônias. A severa dentro e fora da caserna. Essas são unidade de elite do exército francês, a mais só algumas das condições aceitas sem tradicional, é composta por cerca de 7 mil pestanejar por estrangeiros que salvaguardam estrangeiros de mais de 130 nacionalidades os interesses franceses e que cumprem sem diferentes. Desses, estima-se que pelo menos titubear as regras do contrato, assinado na 100 brasileiros são contratados a cada ano primeira semana, mesmo por aqueles que pelo legendário exército, sobretudo em áreas não falam uma só palavra da língua francesa. conflituosas. O número exato não é divulgado. “Assinamos um papel atrás do outro, sem Porém, de uns cinco anos para cá, a procura tradutor nem nada”, relata Araújo, baiano de tem aumentado, mesmo sabendo que ao Itabuna que está na Legião desde 2008 e que vender seus serviços para a França estão se já participou de combates no norte da África expondo a riscos de morte. Nenhum candidato e no Oriente Médio. Além dos benefícios é obrigado a fornecer a verdadeira identidade. trabalhistas, sociais (férias, seguro-saúde e Incorporado, o legionário passa a ser uma conta em banco, por exemplo) e financeiros,
eles ainda podem requerer a cidadania francesa ao cabo dos cinco anos de serviço. O direito é assegurado por lei, bastando para isso apresentar um atestado de boa conduta expedido por um comandante da Legião Estrangeira às autoridades competentes. Viajar sem conhecer o país de destino, os problemas lá vividos ou os interesses da França no local não é problema. “Somos mercenários”, afirma o legionário brasileiro. Entender as contradições inerentes a esse voluntariado de jovens brasileiros sem julgamento de valor não é tarefa simples mas é, sem dúvida, uma forma de sentir o Brasil contemporâneo. Para além das análises conjunturais, sociológicas e políticas, pode-se intuir no movimento desses voluntários o desejo legítimo de participar de algum modo daquilo que o mundo considera importante e a imprensa reverbera estampando nas manchetes das primeiras páginas de todos os jornais. Como um espelho, aos nossos filmes cabe, generosamente, refletir a evidente relevância desses fatos.
P R O P O S T A d E d I R E ç ã O Hoje, jornalistas e cinegrafistas que cobrem guerras e guerrilhas pelo mundo afora mudaram de posição; de observadores atentos cultivados por ambas as partes do conflito com interesse de difundir suas ideias, passaram a ser alvos preferenciais pelo poder de barganha pessoal que representam. Com essa ameaça pairando sobre os profissionais de notícias, os conflitos passaram a ser cobertos por membros de uma facção ou de outra. Este material será uma das peças-chave na realização de Soldado Estrangeiro. Quando, em 2014, as decapitações dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff foram exibidas como troféus pelos jihadistas do Estado Islâmico, ficou evidente para o mundo o risco maior que os profissionais enfrentam hoje na Síria e no Iraque. Mas, muitos soldados atuando na linha de frente, munidos de câmeras GoPro presas ao capacete, não precisam sequer soltar o fuzil para assumir a função de cinegrafista. São imagens semelhantes aos jogos de videogame em primeira pessoa, muito populares nos consoles de qualquer residência onde moram aficionados, principalmente adolescentes.
Esse mesmo equipamento que fez o registro das ações funciona também como uma espécie de confessionário de caserna. Em frente à sua câmera pessoal, no silêncio da noite no quartel ou nos acampamentos, os duros e anônimos guerreiros da Legião Estrangeira transformam-se em saudosos filhos, pais e maridos. Da mesma forma, as comunicações com a família no Brasil, feitas via Skype, também tem o vídeo como interface e o registro das mesmas é precioso ao projeto. As imagens captadas em forma de cinema direto pela equipe do filme editadas às imagens produzidas pelas câmeras dos próprios soldados e aos álbuns de família serão o material bruto do filme. A edição desse material bruto, realizada sem julgamento de valor mas articulada de tal forma que reflita a relevância do assunto e nos permita lançar um olhar sobre o Brasil contemporâneo, é a ambição de Soldado Estrangeiro.
C E N Á R I O S Através das câmeras pessoais dos soldados/personagens, o filme chega a locais inóspitos nas frentes de batalha, nos acampamentos militares, nos quartéis generais e centros de treinamento. São locações do filme países tão distintos quanto Afeganistão, Síria, Iraque, Israel, Cisjordânia, Mali, Costa do Marfim, Camarões, Estados Unidos, Inglaterra, França e Brasil. Com o personagem JP, que trabalha em uma empresa privada de segurança da Inglaterra, teremos como locações sua residência e bairro onde vive em Londres. Este personagem não terá familiares identificados no filme. Com o personagem Ilan, que serve ao exército de Israel, teremos como locações seu apartamento em Tel Aviv, seu bairro e a casa de seus familiares na praia da Joatinga, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Com o personagem Araújo, que é cabo da Legião Estrangeira da França e Com o personagem Rafael, que serve ao Exército Americano, serve no Primeiro Regimento Estrangeiro em Aubagne, registraremos sua visitaremos sua casa em Cleaveland, Estados Unidos, e a casa de sua residência em Marseille e a casa de sua família em Itabuna, Bahia, Brasil. família em Brasília, Distrito Federal, Brasil. Além das residências citadas acima, serão também locações de Soldado Estrangeiro os lugares que os mesmos frequentam nas respectivas cidades onde habitam.
A R g U M E N T O A proposta deste filme é documentar a participação de voluntários brasileiros em exércitos regulares de países estrangeiros, na Legião Estrangeira Francesa e em empresas de segurança que prestam serviços em regiões de conflito armado. Com as pesquisas que antecedem as filmagens identificaremos também dois outros jovens em pleno processo de alistamento e engajamento. Além disso, buscaremos o histórico familiar e as razões deste voluntariado. Em comum, além de serem soldados, todos são imigrantes e, por isso, passam pelas provações características desta condição: a distância dos pais, irmãos, amigos e, eventualmente, filhos e cônjuges. A comunicação via internet, por vídeo, apesar de ajudar a lidar com a saudade, não compensa a falta física. Isso se torna claro quando analisamos estes registros.
O filme avança com as histórias destes personagens. Todos chegarão ao ponto onde terão de partir para uma operação em uma região de conflito. Nossa equipe registrará a ausência deles em suas casas, como a vida continua sem a sua presença. No front, os documentaristas serão os próprios personagens, que hoje registram em profusão a vida em regiões de guerra em pequenas câmeras portáteis de alta-definição. Iremos nos utilizar desta prática que os soldados já possuem para construir parte das imagens desse documentário. Nossa produção disponibilizará uma câmera para cada um deles, onde manterão um diário. No regresso dos personagens para suas residências, meses depois, nos reuniremos novamente a eles para, juntos, revisar os diários. A partir desta revisão, continuaremos no processo de registrá-los em seu cotidiano, procurando perceber como as últimas experiências impactaram em suas vidas.
S O L d A d O E S T R A N g E I R O Formato: Longa-metragem, documentário Duração: 90 minutos Cor, 4K Ficha Técnica: Produção Executiva: Isabel Joffily Direção: José Joffily, Pedro Rossi Produção: © Coevos Filmes, Rio de Janeiro, 2015 - Todos os direitos reservados