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MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS. ou de Santa Maria de Belém. Produção: Fernando Patronilo d’Araújo f.patronilo@netcabo.pt. Formatação: RE. Clique para avançar. APRESENTAÇÃO
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MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS ou de Santa Maria de Belém Produção: Fernando Patronilo d’Araújo f.patronilo@netcabo.pt Formatação:RE Clique para avançar
APRESENTAÇÃO O signatário, após aposentado, tem vindo a produzir documentos, sem qualquer fim material, tentando dar a conhecer, através da Internet, o Património e factos históricos de Portugal. Nesta conformidade, com a colaboração de amigos brasileiros, na formatação e pesquisa,nos últimos meses produziu os seguintes PPS: Nossa Senhora do Cabo Espichel; Inês de Castro e D. Pedro I; O Mosteiro de Alcobaça; O Palácio de Queluz; A Cidade de Queluz. O presente trabalho, O MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS, pretende dar uma panorâmica geral desse tão importante Monumento Nacional e até Internacional. Agradecendo, penhoradamente, a colaboração ao Músico Pedro Caldeira Cabral, bem como a todos que, tão amavelmente, prestaram esclarecimentos ou observações, o caso do IPPAR, formulamos votos para que outros elaborem trabalhos que melhor dignifiquem o nosso valioso Património e exaltem os gloriosos feitos dos nossos antepassados. Fernando Patronilo d’Araújo
Dentre os monumentos históricos de Portugal, o Mosteiro dos Jerónimos é, sem dúvida, um dos mais importantes e significativos. Símbolo da epopéia marítima portuguesa, celebra o descobrimento de novas terras e caminhos, nomeadamente o Caminho Marítimo para a Índia.
Situa-se no local onde existia a ermida da Ordem de Cristo de Nossa Senhora de Belém, em que foi rezada a missa, assistida por Vasco da Gama e seus companheiros, no dia da partida da armada para a Índia. Em função de sua beleza e importância, foi considerado Monumento Nacional e inscrito no Património Mundial da UNESCO.
Sua construção, iniciada por D.Manuel I (1501 ou 1502), prolongou-se também pelos reinados de D. João III, D. Sebastião e os Filipes de Espanha (que reinaram em Portugal, de 1580 a 1640), sendo outras alterações e ou reconstruções realizadas posteriormente. O financiamento do projeto foi garantido pela concessão aos frades Jerônimos, em 1503, da vintena das mercadorias vindas da Índia.
Apesar de todas as vicissitudes ocorridas na construção e das profundas transformações que sofreu a área evolvente, Portugal deu ao mundo um património dos mais importantes e bonitos de toda arquitectura europeia, no que respeita à articulação harmoniosa do Gótico, Manuelino, Renascentista e Maneirismo.
Com uma fachada de cerca de 300 metros, o Mosteiro dos Jerónimos situa-se junto ao Rio Tejo, tendo a separá-los, actualmente, um grande e belo jardim. É constituído por vários corpos de tamanho desigual, obedecendo, contudo, a um princípio de horizontalidade, com zonas praticamente nuas e outras de maior concentração decorativa, parecendo autêntica renda de pedra.
A FACHADA SUL DO MOSTEIRO Na fachada Sul do Mosteiro, quase paralela ao Rio Tejo, sobressaem, da esquerda para a direita, quatro zonas ou corpos dominantes. O primeiro é constituído pelo Mosteiro dos Frades, antigo dormitório dos frades Jerónimos, com as suas 28 arcadas térreas, onde hoje se encontram instalados o Museu da Marinha e o Museu Nacional de Arqueologia.
O segundo corpo dominante da Fachada Sul corresponde à Igreja com as suas naves, janelões e o lindíssimo Portal Sul.
O terceiro, qual fortaleza, corresponde ao corpo da Capela-Mor maneirista, contrastando com o restante pela quase ausência de ornamentação e de aberturas para o exterior.
Finalmente, destaca-se a cúpula da torre da igreja, construída no século XIX.
A IGREJA DO MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS
O PORTAL SUL (porta de entrada lateral da igreja) É uma das peças arquitectónicas mais ricas da arquitectura portuguesa, relativamente ao gótico tardio. A sua autoria deve-se ao mestre João de Castilho (embora o traço inicial, segundo se julga, seja ainda de Boytac) os trabalhos de execução devem ter-se iniciado em 1516.
Este majestoso pórtico é ladeado por dois janelões; eleva-se a cerca de 32 metros de altura com um cume triangular, encimado por um nicho com o Arcanjo São Miguel.
Mais abaixo, na vertical, pode observar-se Nossa Senhora dos Reis com o Menino, ostentando na mão o vaso de oferendas dos Reis Magos. No mesmo plano e um pouco mais acima, uma multidão de estátuas povoa a floresta de colunelos, mísulas baldaquinos e agulhas que, ao longe, dão um aspecto de um rendilhado de pedra. No plano inferior, encontra-se um conjunto de Apóstolos, de ambos os lados do Infante D. Henrique, armado cavaleiro, que se encontra entre as duas portas, ao cimo do mainel que tem leões na base.
O PORTAL OCIDENTAL (porta principal da igreja) Este portal, que é a verdadeira entrada da igreja, é da autoria de Nicolau Chanterêne (1517), que o decorou com cenas do nascimento de Jesus.
No cimo do arco encontram-se três nichos: no centro e cimeiro, a cena do Presépio de Belém; a Anunciação à esquerda, e A Virgem com os Reis,Magos, à direita Mais a baixo, à esquerda, o rei D.Manuel I, com S.Jerónimo e, do lado contrário, a sua segunda mulher D.Maria, com S.João Baptista. Quatro evangelistas são representados mais abaixo e, já na parte do espaldar, a meia altura, o Infante Santo D.Fernando, S.Vicente e outras figuras
O INTERIOR DA IGREJA Ao entrar-se na igreja pela porta ocidental, caminhando na direcção da Capela-Mor, é uma experiência, inolvidável e única. De facto, à obscuridade da entrada, à medida que nos vamos aproximando, a pouco e pouco, de espaços mais amplos, somos confrontados com um aumento progressivo da luminosidade, que é acentuada pelo contraste axial entre a nave e o transepto e, ainda, pela diferente textura das abóbadas…
A Igreja possui seis colunas, três por cada nave, e outras duas mais recuadas, no suporte do Coro-Alto. Os pilares esguios parecem pender do tecto, sendo esteticamente de singular concepção. A cobertura das naves têm um complexo articulado de nervuras, cuja execução deve-se a João Castilho.
Quando entramos pela porta Ocidental deparamos com duas Capelas quadradas. A da esquerda, do Senhor dos Passos (inicialmente dedicada a Santo António de Lisboa), revestida de talha dourada seiscentista, com imagens barrocas colocadas em nichos; e do lado contrário, o Baptistério, com a sua pia baptismal neomanuelina.
Continuando, deparamos com duas magníficas arcas tumulares, à esquerda de Vasco da Gama (o Herói das descobertas) e à direita de Luís de Camões (Cantor desses feitos) - da autoria do escultor Costa Mota Tio (1894), que foram ali colocadas em 1940.
Se perseguirmos andando lentamente, verificamos uma suave ambiência, uma harmoniosa proporção, uma luz suave entrada pelos actuais vitrais que já são do século XX, que nos leva à transcendente reflexão. Então, se nos sentarmos, podemos olhar para a harmonia das abóbadas, a beleza das colunas, dos diversos nichos e do Altar-Mor, constatamos que estamos em presença dum monumento dos mais significativos da arquitectura portuguesa, senão mundial, do século XVI.
ALTAR-MOR A actual Capela-Mor deve-se a D. Catarina de Áustria, regente do reino entre 1557 a 1562 (tia de Filipe II) para onde foram transladados os restos mortais de D. Manuel e de outros membros da Família Real.
O traçado é de Jerónimo Ruão e, embora contraste com o corpo manuelino, não deixa de ser uma obra-prima do classicismo maneirista peninsular, tendo sido inaugurada em 12 de Outubro de 1572. Nos nichos entre três pares de colunas jónicas e coríntias, repousam os reis D. Manuel I e D. Maria, do lado do Evangelho (esquerdo), e D. João III e D. Catarina no lado da Epístola (direito). Nas Capelas do Transepto, reservadas aos infantes, estão os filhos de D. Manuel na Capela do lado do Evangelho e os de D. João III do lado dos pais (Epístola).
Também aqui se nota uma disposição ambígua, típica do Maneirismo própria daquele arquitecto, no final do século XVI, alternando os nichos para as sepulturas com outros destinados a altares. É ladeado por um arco demasiado alto que abriga um túmulo régio, na capela norte do cardeal-rei D. Henrique e na capela do sul, o cenotáfio com os restos recolhidos no campo de Alcácer-Quibir, que se julga serem do malogrado D. Sebastião.
Todo este conjunto teria sido iniciado em 1587 e concluído já no século XVII. Finalmente, salienta-se a ausência de alusões fúnebres, porquanto o próprio edifício, que ao fim e ao cabo, constitui o mausoléu, foi concebido para simbolizar a superação e anulação da morte diante os valores da vida.
CORO ALTO A parte do mosteiro, mais atingida pelo terramoto de 1755, foi precisamente o coro-alto, caindo a balaustrada e dois altares que a ela se apoiavam. Foi reconstruído em 1883, conservando ainda o pavimento primitivo, em ladrilho azul e roxo.
É no Coro Alto que se guardam duas das peças mais valiosas do mosteiro: O Cristo da Cruz oferecido pelo infante D. Luís, da autoria do entalhador flamengo Filipe de Brias ou Phelippe de Vries (1551), de um expressionismo impressionante, quase barroco.
O Cadeiral, um conjunto de 60 cadeiras (originalmente eram 84), cujo desenho se deve ao arquitecto Diogo Torralta e execução, por volta de 1550, pelo mestre de marcenaria Diogo de Çarça, que também teria feito a estante de canto para livros. No seu conjunto, é uma grande obra de talha que nos ficou do Alto Renascimento Português.
CLAUSTRO É considerado uma obra de valor universal, pela sua concepção arquitectónica, pela profusão de decorações esculpidas, pela evocação histórica, pela sua originalidade, entre outros factores. Foi sob a direcção de João Castilho que grande parte do claustro se acabou.Todavia, há uma combinação harmoniosa entre o naturalismo de Boytac, com as novidades introduzidas por João Castilho, não havendo, por conseguinte, um contraste gritante entre as duas linguagens artísticas, uma do século XV e outra, já do século XVI.
No Claustro dispõem-se, ao longo das paredes, um conjunto de medalhões figurando a Paixão de Cristo, bem como a heráldica portuguesa, relativa a D. Manuel I, distinguindo-se a leitura do religioso e do profano. Da mistura às alusões régias, que se repetem constantemente, encontram-se grandes retábulos da parede fronteira, com três capelas: Anunciação, Assunção e São Jerónimo. Esta última é ocupada, desde 1985, pelo túmulo do poeta Fernando Pessoa, falecido em 1935.
SALA DO CAPÍTULO A Sala do Capítulo permaneceu inacabada por três séculos e meio, servindo de capela. Foi completada em 1886, para albergar o túmulo de Alexandre Herculano. As estátuas são de Simões de Almeida e a abóbada, do Engenheiro R.Valadas.
REFEITÓRIO DOS MONGES Executado em 1517, por Leonardo Vaz, o Refeitório tem as paredes revestidas por um silhar de azulejos que datam do século XVIII (1780-1785), representando o milagre da Multiplicação dos Pães e cenas da vida de José do Egipto.
SACRISTIA Ampla sala, quase quadrada, com uma original abóbada irradiando de uma única coluna central, revestida de temas nenascentistas. Sobre o espaldar do armário seiscentista para guardar as alfaias da igreja, uma fieira de 14 ilustrações da vida e a obra de São Jerónimo, do pintor maneirista (1600 -1610), possivelmente de Simão Rodrigues. E outras telas atribuídas a António Capelo e a Josefa de Óbidos.
PLANTA BAIXA DO MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS REFEITÓRIO CLAUSTRO SALA DO CAPÍTULO SACRISTIA CONFESSIONÁRIOS ALTAR-MOR MOSTEIRO DOS FRADES IGREJA PORTAL PRINCIPAL PORTAL SUL CAPELA-MOR E COLATERAIS CORO ALTO, SEGUNDO PISO
FONTES TEXTO MOREIRA. Rafael, “Jerónimos”, Departamento de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa, Verbo, 1987; PEREIRA, Paulo, “Mosteiro dos Jerónimos”, IPPAR e Scala Publishers, Ldt., 2002; PEREIRA, Paulo et al. “História da Arte Portuguesa”, Volume II, Círculo dos Leitores, 1995. “Grande Dicionário Enciclopédico – Volume X, pp.3490-3491, Ediclube – Edição e Promoção do Livro. Lda. “Mosteiro dos Jerónimos – Um lugar no tempo”, Exposição Documental, inaugurada em Dezembro de 2004. www.ippar.pt/monumentos/conjunto_jeronimos.html http://www.mosteirojeronimos.pt MÚSICA Pedro Caldeira Cabral - Memórias da Guitarra Portuguesa "PAVANA E GALHARDA DE ALEXANDRE" - de Alexandre de Aguiar (c.1520-1578) IMAGENS 1 Vista geral do mosteiro: www.altmuehlnet.de/ ~meier-s/portugal/lisboa.htm2 Pintura antiga do mosteiro: pág.8, do livro "Jerónimos - Monumentos de Portugal", de Rafael Moreira. 3 Vasco da Gama: www.nmm.ac.uk/.../explore/ object.cfm?ID=BHC27024 Caravelas portuguesas: www.loc.gov/rr/ hispanic/portam/5 D.Manuel I: worldroots.com/brigitte/ royal/royal5a.htm6 Pintura antiga do mosteiro: www.mosteirojeronimos.pt/. ../hist_geral01.html7 Igreja e jardins: http://web.tiscali.it/Moran/portogallo/portogallo.htm8 Vista geral, com marina: easydomus-smi.com/ 9, 12, 13, 14 Vista geral do mosteiro: Getty Images dv422084
10 Mosteiro dos Frades: http://www.chm-markisen.de/reiseberichte/azoren/lissa/hiero1.jpg11 Mosteiro dosFfrades, fachada sul: Fernando Patronilo d’Araújo15 Iigreja e jardins: http://web.tiscali.it/Moran/portogallo/portogallo.htm16 Portal Sul: Fernando Patronilo d’Araújo17 Portal Sul, Arcanjo São Miguel: www.mosteirojeronimos.pt/. ../visi_geral01.html 18 Portal Sul, Virgem e menino: www.mosteirojeronimos.pt/. ../visi_geral01.html 19 Portal Sul, Infante D. Henrique: Fernando Patronilo d’Araújo20 Portal Ocidental: www.molon.de/.../Portugal/ Lisboa/img.php?pic=33 21 Presépio: http://www.mosteirojeronimos.pt/english/web_mosteiro_jeronimos/html 22 Igreja interior, geral: http://www.molon.de/galleries/Portugal/Lisboa/img.php?pic=3723Iigreja, teto: http://www.molon.de/galleries/Portugal/Lisboa/img.php?pic=3624 Igreja, interior: blogs.ya.com/bikerin/25 Capela Senhor dos Passos: Fernando Patronilo d’Araújo26 Batistério: Fernando Patronilo d’Araújo29 Túmulo de Vasco da Gama: Fernando Patronilo d’Araújo30 Túmulo de Luís de Camões: Fernando Patronilo d’Araújo31 Vitrais: www.vivien-und-erhard.de/. ../lissabon-99.htm32 e 35 Altar-mor: www.atwalter.de/ lissabon.htm33 Altar-mor: community.webshots.com/. ../161584456LeaZOC 34 Túmulo régio: www.atwalter.de/ lissabon.htm 36 Coro Alto: http: //www.etonweb.de/lissabon/lissabon.html37 Coro Alto, Jesus na Cruz: Fernando Patronilo d’Araújo38 Coro Alto, Cadeiral: Fernando Patronilo d’Araújo39 Claustro: www.cse.cuhk.edu.hk/. ../portugal02.html 40 Jardins do Claustro: http://individual.utoronto.ca/camillawong/lisboa/photos/monastery2.JPG 41 Claustro, Túmulo de Fernando Pessoa: Fernando Patronilo d’Araújo42 Sala do Capítulo, entrada: Fernando Patronilo d’Araújo 43 Túmulo de Alexandre Herculano: http://www.mosteirojeronimos.pt/english/web_mosteiro_jeronimos/html44 Refeitório, geral: www.mosteirojeronimos.pt/ english/web_mosteiro... 45 Refeitório, azulejos: Fernando Patronilo d’Araújo 46 e 47 Sacristia: http://www.mosteirojeronimos.pt/web_mosteiro_jeronimos/html/visi_geral08_sacristia.html 48 Planta baixa do mosteiro: pág.14, do livro "Mosteiro dos Jerónimos", de Paulo Pereira
Anexo I Em resumo, o estilo ou Arquitectura Manuelina, assim definida por Francisco Adolfo Varnhagen, escritor brasileiro que, em 1842, enumerou os 10 caracteres definidores: - o prodomínio do arco de volta inteira e do arco sarapanel sobre o arco apontado; - a tolerância por outros tipos de arcos ; - a existência de pilares polistilos, enfeixados, com pedestais; - a extravagância na forma destes últimos; - a ausência de molduras rectas; - a existência de corpos verticais interceptados por nichos, estátuas e baldaquinos; - vãos com ombreiras compósitas, às vezes dotadas de repetições angulares; - o "ódio" às repetições simples e falta de simetria; - a adopção de formas oitavadas: e - o uso de florões e ornatos e das divisas do rei fundador.
Anexo II A CONSTRUÇÃO E SUAS ETAPAS A administração da construção cabia a uma junta, a mesa dos contos, presidida pelo próprio rei, composta pelo provedor, almoxarife e escrivão, sendo assistida pelo recebedor e pelo chefe do estaleiro ou o encarregado das obras. Podemos distinguir os seguintes e principais obreiros da construção do Mosteiro dos Jerónimos:
1º - Diogo Boitaca (c.1460-1528) Também conhecido por Diogo Boytac, Putacha, Putaca, supondo-se ser originário de França, segundo outros, de Itália ou da Alemanha. Estaria ligado à construção do Mosteiro de Jesus em Setúbal e seria genro de Mateus Fernandes, mestre das obras da Batalha. Em 1490 já estaria radicado em Portugal. Boytac como arquitecto favorito de D. Manuel I, teria estudado com o próprio rei, os planos para Belém entre 1498-1500, cuja área do risco, que elaborou com o apoio do rei, seria muito maior do que se acabou por construir. O estilo praticado por este arquitecto é a versão portuguesa do Gótico Final, conhecido por Manuelino, tendo em conta o gosto magnificente e naturalista da época de D. Manuel I e também, claro, por razões cronológicas, ficando este estilo bem vincado no monumento, com a esfera armilar, cordame, motivos naturais, etc. Esteve à frente da construção entre 1501 a 1516.
2º - João de Castilho (c.1475-1552) Seria natural de Santander, sabe-se que em 1509 já se encontrava em Portugal, altura em que concluía a Capela-Mor da Sé de Braga e a Sé de Viseu; trabalhou também na Catedral de Sevilha, aí conheceu Pêro de Trillo que o acompanhou para Portugal. De estilo flamejante, interessado no estilo renascentista, pode-se mesmo dizer que foi um dos seus percursores. Nos Jerónimos, em 1516, trabalhou sob as ordens de Boytac, vindo depois a substitui-lo (1517), dado que com o novo regimento régio, em que se inaugurava o sistema de empreitadas, para cada fase da construção, para se dar maior impulso aos trabalhos. Tendo à frente de cada empreitada um responsável com os respectivos operários-artistas de diversas origens e nacionalidades: francesa, flamenga, espanhola, portuguesa Efectivamente, sobre as bases deixadas por Boytac, este genial arquitecto encontrou soluções inovadoras, que se podem observar, nomeadamente: no Portal Sul, nas abóbadas e pilares da igreja, no varandim do claustro e na sacristia. Porém, D. João III, convertido à estética do Renascimento, em cerca de 1530, acabou por desviá-lo para outras obras, inclusivamente para o Convento de Cristo em Tomar. Esteve à frente da construção do Mosteiro dos Jerónimos, permanentemente, ente entre, 1517 a 1525.
3º - Diogo de Torralva (c.1500-1566) Considerado o maior arquitecto do Alto Renascimento português, foi mestre-de-obras em Belém de 1540 a 1551, encarregado de concluir o mosteiro e alterar a capela-mor para receber o túmulo, na primeira transladação dos ossos de D. Manuel e de outros membros da Família Real, já no reinado de D. João III. De técnica ainda mais apurada, utilizando, quase exclusivamente, motivos renascentistas, nomeadamente o desenho do cadeiral do coro, as galerias N e NO do andar alto do claustro (abóbada do piso superior), onde se pode ler as datas 1543 e 1544 e toda a platibanda superior do claustro, decorado com medalhões à romana., além de outras partes do mosteiro, que foram substituídas, mais tarde, já no século XVII.
4º - Jerónimo de Ruão (1531-1601) Filho do famoso escultor francês João de Ruão, fixou residência em Belém, por volta de 1563, como mestre-de-obras do mosteiro. Classicista do fim do Renascimento, trabalhou no mosteiro até morrer, tendo sido sepultado no próprio claustro! Deve-se a este artista, por ordem de D. Catarina, mulher de D. João III, entre outras coisas, a actual Capela-Mor e o arranjo interno do transepto, que foi concluído depois da sua morte, mas segundo o seu plano. Os recursos começam a ser escassos e D. Sebastião suspende, em 1569, as obras na Capela-Mor, para poder suportar os custos com as campanhas do Norte de África, restringindo as despesas da fazenda régia à construção de fortalezas. Porém, em 1571 reiniciam-se as obras da Capela-Mor, custeadas por D. Catarina, que terminam em 1572, sendo, então, feita a segunda transladação dos ossos de D. Manuel para o túmulo definitivo (onde se encontra actualmente). Mais tarde, isto é, em 1584, Filipe II desviou (já estávamos sob domínio espanhol) a vintena da pimenta para financiar o Mosteiro do Escorial em Espanha. Todavia, de 1587 a 1591, ainda se construíram as capelas do Transepto, segundo proposta de Jerónimo de Ruão, que também, entre 1590 a 1600 desenhou e projectou o Arcaz da Sacristia. Muitos outros grandes artistas contribuíram para o lindo monumento que hoje nos orgulhamos e podemos apreciar. Levou cerca de um centenário a concluir, sofrendo nesses anos, algumas modificações, por influências de estilos e reis que reinaram durante a sua construção., Texto revisto por especial referência, do Senhor Dr. Henrique Pereira Martins, do IPPAR.