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A MEU AMIGO RACIONALISTA

A MEU AMIGO RACIONALISTA. Arthur da Távola. Não exija muito de mim. Nem me creia melhor do que sou. Conhecer “é desilusionar”. Embora possa ser, também, perdoar. Por enquanto (e talvez para sempre), sou apenas um garimpeiro do Absoluto.

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A MEU AMIGO RACIONALISTA

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Presentation Transcript


  1. A MEU AMIGO RACIONALISTA Arthur da Távola

  2. Não exija muito de mim. Nem me creia melhor do que sou. Conhecer “é desilusionar”. Embora possa ser, também, perdoar. Por enquanto (e talvez para sempre), sou apenas um garimpeiro do Absoluto. Não me peça para definir. Nem pergunte por que o escrevo com letra maiúscula. Quer a verdade? É por medo. Já senti medo e esperança ao mesmo tempo. A gente tem mais medo (e mais esperança) do que não conhece. Porque mais teme a própria fantasia do que a realidade. Esta, a gente enfrenta. Aquela, enquanto perdura, assusta muito mais.

  3. Não, não desdenho as verdades do mundo: “Primo vivere deinde philosophari”. O pão repartido. Mas posso buscá-las ao mesmo tempo em que garimpo. Rio acima ou rio abaixo, garimpeiros do Absoluto somos, na busca do ouro-Verdade que ele esconde. A verdade está para o homem como o ouro está para o garimpeiro. Ele acha pedras de ouro. Não acha o ouro. Há ouros, pedaços da verdade una do ouro. Garimpeiros do Absoluto temos casuais encontros com a Verdade, com fragmentárias moléculas da nossa participação no uno-ouro-Verdade do cosmos.

  4. E garimpando seguimos, uns rio acima, outros rio abaixo. Garimpam os astronautas, garimpam os anacoretas. Garimpam os filósofos, os físicos, os químicos e alquimistas, garimpam os antropólogos. E como garimpam os poetas que sempre acham mais ouro, só que em pedaços menores. Garimpa quem pensa e garimpa quem apenas vive (os mais felizes). A vida é um grande garimpo feito de brincadeira pelo homem sério. É misturar acaso e sorte com ciência e trabalho e mesmo assim ficar na mesma. É busca, é procura, seleção, esperança e só, “às vezes”. Se há ouro quer-se mais. Se não há, resta o sonho. Mas a realidade da procura só surge quando a esperança cessa.

  5. Garimpamos a terra em busca da verdade do homem. A da Justiça. Garimpamos o Absoluto em busca do ouro da Verdade. De que só nos foi dado ter intuições, percepções, lampejos. A Verdade é a infinitude. Porque a Infinitude é a Perfeição. Nossa mente é finita como a vida, logo imperfeita.

  6. A vida não é como a Verdade. É mero espaço de tempo inserido entre Ela. Que está antes e depois. É “flash” que espocou no meio da Verdade e fulgura por breve tempo em nossa mente. A Verdade está no antes e no depois da vida. Durante esta, a Verdade aparece, existe, pode até salvar os homens: mas como o ouro do garimpo, sempre em pedaços. O jeito é garimpar. E saber esperar, garimpando. No tempo dos tempos, as pedras que você joga fora porque ouro não são, podem ser as que vão formar o ouro do futuro. Que faz você com as idéias que abandona por tolas e malucas como este artigo? Não conterão elas a possibilidade do ouro futuro da sua Verdade? Não serão elas partes ínfimas desta mesma Verdade? Quem pode lhe garantir que a Verdade não nasce da trama íntima de seus erros?

  7. Não exija muito de mim. Não cobre do garimpeiro o ouro. Cobre-lhe a procura. A honesta procura. Não jogue na minha cara as verdades do mundo. Destas eu sei. E o que doem embora continuem encantando a minha esperança. O homem, por mais que saiba e melhor que seja, é apenas um garimpeiro. Aceitar-se como tal, na busca da verdade humana, da igualdade e da justiça e na busca da Verdade, do Absoluto. Paralelas. Como correm as pedras no fundo do rio. Garimpeiro apenas. O resto seria pretensão, delírio e onipotência. ( Cópia literal de texto recebido da Dra. Délcia Enricone, na Aula Magna da PUCRS- ano 1977)

  8. CRÉDITOS A Meu Amigo Racionalista Autor- Arthur da Távola Texto arquivo pessoal- Joyce L.Krischke Art & PPS by Lu@zul Imagens- Google Música – Song_for_peace.wave Direitos autorais reservados aos titulares

  9. FIM SAIR

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