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Adam Smith e o Crescimento Econômico. Prof. Giácomo Balbinotto Neto Notas de Aula. Adam Smith. 1723-1790. Bibliografia Recomendada. Adam Smith (1776) – A Riqueza das Nações Irma Adelman (1972) – Teorias do Desenvolvimento Econômico [cap. 3]
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Adam Smith e o Crescimento Econômico Prof. Giácomo Balbinotto Neto Notas de Aula
Adam Smith 1723-1790
Bibliografia Recomendada Adam Smith (1776) – A Riqueza das Nações Irma Adelman (1972) – Teorias do Desenvolvimento Econômico [cap. 3] Thorvaldur Gylfason (1999) – Principles of Economic Growth [cap.2]
Os economistas clássicos e o crescimento econômico Economic growth was at the hearth of classical economics. Gylfason (1999, p.18) Smith was a growth theorist, more than he has commonly been given credit for until quite recently. His main mensage in the Wealth of Nations was, in short, that division of labor enchances efficiency (that is, the amount of output that is produced by given inputs) but is limited by extend of the market. Gylfason (1999, p.2)
O principal problema na obra de Adam Smith (1776) E. Helpman, “The mystery of economic growth”, p. 1What makes some countries rich and other poor? Economists have asked this question since the days of Adam Smith. Yet after more than two hundred years, the mystery of economic growth has not been solved.
Os economistas clássicos e o crescimento econômico Segundo Jacob Viner (1926, p.116-117) a principal contribuição de Adam Smith constituía-se em ter mostrado que as forças subjacentes da economia levavam a um resultado harmonioso em termos econômicos e sociais. Isto possibilitou, pela primeira vez, a existência de uma síntese consistente das relações econômicas. Contudo, ele salientou que tal ordem requeria para o seu funcionamento um sistema na qual houvesse necessariamente liberdade e a não intervenção governamental por meio de regulamentações públicas e monopólios privados sancionados e protegidos pelo Estado.
O principal problema na obra de Adam Smith (1776) O problema principal de que se ocupou Smith (1776) está claro no título de seu livro – Investigação sobre a Natureza e a causa da Riqueza das Nações. Sua preocupação principal foi com a questão dinâmica do crescimento e desenvolvimento, buscando determinar os fatores responsáveis pelo progresso econômico e as medidas de política a serem tomadas para criar um ambiente propício ao rápido crescimento econômico.
Os principais elementos do modelo de crescimento econômico de Smith (1776) Os principais elementos de seu modelo de crescimento econômico foram: (i) investigação da acumulação do capital; (ii) crescimento populacional e, (iii) produtividade da mão-de-obra.
A Função de Produção Smith (1776) reconheceu a existência de três fatores de produção: (i) trabalho; (ii) capital (estoque); (iii) terra.
A Função de Produção Sua função de produção pode ser expressa na seguinte forma: Y = f (K, L, N) (1) Sua função de produção não está sujeita á restrição da produtividade marginal decrescente, na medida em que ele parece não ter feito este postulado. Está, no entanto, sujeita a rendimentos crescentes de escala, pois ele considerava que o custo real da produção tende a decrescer com o tempo em conseqüência da existência de economias internas e externas decorrentes de aumentos no tamanho do mercado. As economias de escala se realizarão na produção e na distribuição devido à intensificação da divisão do trabalho e a melhorias gerais na maquinaria. O processo de desenvolvimento, uma vez desencadeado, tenderá a se autoreforçar.
A Função de Produção Adam Smith (1776) introduziu também uma suposição explicita com respeito aos determinantes da produtividade do trabalho e da terra, atribuindo as variações internacionais e intertemporais na produtividade a diferenças no grau de divisão do trabalho.
A Função de Produção Esse grande aumento da quantidade de trabalho que o mesmo número de pessoas é capaz de realizar e, em conseqüência, da divisão de trabalho, deve-se a três circunstâncias diferentes: primeiro, ao aumento da destreza de cada trabalhador em particular; segundo, à economia do tempo geralmente perdido quando se passa de um tipo de trabalho a outro; e por último, à invenção de grande número de máquinas que facilita, e abreviam o trabalho, permitindo que um homem faça o trabalho de muitos. Adam Smith (1776)
A Função de Produção O grau de divisão do trabalho que pode ocorrer num ponto do tempo depende do tamanho do mercado. Em conseqüência, a utilidade econômica da divisão do trabalho é limitada pela extensão do mercado, apesar de ser tecnicamente viável. E o tamanho do mercado é, por outro lado, função do montante de capital existente e das restrições institucionais impostas ao comércio.
A Função de Produção Quando o mercado é muito pequeno, ninguém se anima a dedicar-se inteiramente a uma ocupação, por falta de capacidade para trocar todo o excedente produzido pelo seu trabalho, bem maior que seu próprio consumo, pela parte que necessita dos resultados do trabalho de outro homem. Adam Smith (1776)
A Função de Produção Smith (1776) assume que a acumulação de capital deve, anteceder a divisão do trabalho e, portanto, o trabalho somente pode se subdividir cada vez mais na medida em que o estoque for sendo cada vez mais acumulado. Um maior grau de divisão do trabalho só pode ser atingido se a mesma força de trabalho contar com mais ferramentas e máquinas para realizar a produção. O capital precisa, pois, aumentar, antes que ocorra uma maior especialização.
A Função de Produção A regulamentação do comércio interno e externo também influencia o tamanho do mercado e a produtividade do trabalho. Qualquer restrição ao comércio internacional livre limitará necessariamente o tamanho do mercado e, ao impedir a especialização internacional do trabalho, também fará a produtividade doméstica diminuir.
A Função de Produção Tendo em vista os argumentos acima, podemos adicionar mais duas restrições as especificações da função de produção do modelo de Smith (1776): /L = g(K, U) (2) /N = h(K, U) (3) Estas restrições significam que a produtividade marginal do trabalho e da terra estão relacionadas funcionalmente às quantidades empregadas de capital e ao marco institucional da economia.
A Função de Produção Smith (1776) supôs que existisse um fluxo automático de inovações que permitisse à divisão do trabalho adaptar-se ao tamanho do estoque de capital. As mudanças na produtividade não são, pois, nunca impedidas por falta de conhecimento tecnológico apropriado. Pelo contrário, as melhorias tecnológicas só podem ser introduzidas na medida em que existir suficiente capital disponível.
A Função de Produção A pessoa que emprega seu estoque de capital proporcionando trabalho deseja, pois, dividir as tarefas entre seus trabalhadores da maneira mais adequada e prove-los das melhores máquinas, que ela pode inventar ou adquirir. Sua capacidade nessas questões é geralmente proporcional à magnitude de seu capital ou número de pessoas que este pode empregar. Adam Smith (1776)
A taxa de crescimento do produto A taxa de crescimento econômico pode ser obtida derivando-se com relação ao tempo, que resulta em: dY/dt = /L (dL/dt) + /K (dK/dt)+ /N (dN/dt) (4)
A taxa de crescimento do produto Substituindo as restrições (2) e (3) em (4) obtemos (5): dY/dt = g(K, U) (dL/dt) + /K (dK/dt)+ h (K, U) (dN/dt) (5)
As Mudanças Institucionais [dU/dt] Smith (1776) considerava que (dU/dt) era determinado exogenamente, isto é, achava que seu percurso no tempo poderia ser arbitrariamente fixado, sem relação com outras variáveis do sistema. A variável institucional em Smith (1776) é importante em termos de política econômica. Assim, podemos supor que: U = U (t) (6)
Fatores de Produção: Terra No que diz respeito à terra, Smith (1776), nunca afirmou explicitamente que sua oferta fosse limitada. Contudo, ele admitiu esta hipóteses ao escrever: a renda da terra, considerada como o preço pago pelo uso da terra é, naturalmente, um preço de monopólio. Poderíamos, assim, interpretar Smith (1976) considerando fixa a quantidade de terra, isto é: dN/dt = 0 (7)
A Equação de Crescimento Utilizando as equações (7) e (3) para simplificar a equação (5), obtemos (8): dY/dt = /K (dK/dt)+ g [(K, U (t)] (dL/dt) (8)
Fatores de Produção: Mão-de-Obra De acordo com Smith (1776), o crescimento populacional a longo prazo é regulado pelos fundos existentes para o sustento humano. Consequentemente, a taxa de salários desempenha um papel essencial na determinação do tamanho da população.
Fatores de Produção: Mão-de-Obra Salários altos encorajam os casamentos jovens e as taxas de natalidade tendem a subir. Além disso, altos salários permitem que o número de crianças que chegam a idade adulta seja maior. O declínio resultante da mortalidade infantil, somado ao aumento das taxas de natalidade acarreta uma taxa de crescimento populacional mais rápida. Por outro lado, quando as taxas de salário são baixas ocorre o contrário, uma alta taxa de mortalidade, adiamento do casamento e há uma redução do ritmo populacional.
Fatores de Produção: Mão-de-Obra A taxa de salário limite [ws] é aquela que não é nem muito baixa e nem muito alta para ocasionar um aumento numérico nem suficientemente baixa para causar um decréscimo populacional. Smith (1776) denominou de taxa de subsistência a taxa de salário que mantém a população constante.
Fatores de Produção: Mão-de-Obra A teoria da população de Smith (1776) pode ser resumida na afirmação de que a taxa de crescimento populacional [e da oferta de mão-de-obra – [(dLs/dt)] varia em proporção à diferença entre a taxa real de salário e a taxa de subsistência [ws].
Fatores de Produção: Mão-de-Obra Formalmente a teoria da população de Smith (1776) pode ser resumida na seguinte expressão matemática: dLs/dt = q (w - ws) (9) onde q’ > 0. Em média, a oferta de mão-de-obra é proporcional à demanda de mão-de-obra. Isto implica que, no longo prazo: dLs/dt = dLd/dt (10)
A Demanda por Mão-de-Obra A demanda de assalariados só pode crescer, evidentemente, proporcionalmente ao aumento de fundos designados ao pagamento de salários. Há dois tipos desses fundos: primeiro, o rendimento que está muito acima do necessário à subsistência; e segundo, o capital que supera o necessário à ocupação de seus donos. Adam Smith (1776)
A Demanda por Mão-de-Obra A demanda de assalariados cresce, portanto, necessariamente, à medida em que a renda e o capital de um país crescem, e não pode crescer de outra forma. O aumento na renda e do capital é o aumento da riqueza nacional. A demanda de mão-de-obra assalariada, portanto, aumenta naturalmente com o crescimento da renda nacional, e não pode crescer sem este. Adam Smith (1776)
Fatores de Produção: Mão-de-Obra dLd/dt = a(dK/dt) + b(dY/dt) (11) Onde: a > 0 e b > 0.
Fatores de Produção: Mão-de-Obra Juntando (9), (10) e (11), podemos resumir a teoria do mercado de trabalho de Smith (1776) nas duas seguintes proposições: dLd/dt = a(dK/dt) + b (dY/dt) (12) (w-ws) = (a/q)(dK/dt) + (b/q)(dY/dt) (13)
Fatores de Produção: Mão-de-Obra A equação (12) mostra que o crescimento da força de trabalho está relacionado com o crescimento da renda [(dY/dt)] e do capital [(dK/dt)]. A equação (13) nos diz que existem altas taxas de salários em economias em crescimento e baixas taxas de salário em economias em declínio.
Rumo à equação de crescimento econômico de Smith (1776) Substituindo a equação (12) na equação (8) obtemos a equação (14): dY/dt = /K(dk/dt) + g[K, U(t)] [a(dK/dt) + b (dY/dt)] (14) Agora isolando dY/dt, obtemos (15): dY/dt = dK/dt {[/K(dk/dt) + ag[K, U(t)]/ 1- bg [K, U(t)]} ( 15)
Rumo a equação de crescimento econômico de Smith (1776) Assim, na análise de Smith (1776), a taxa de expansão do produto acompanha a taxa de investimento. A produção só se expande quando o investimento é positivo. O tamanho do estoque de capital também determina a magnitude do fator de proporcionalidade entre (dY/dt) e (dK/dt). Quanto maior for K, maior o numerador de (15) e menor seu denominador. Portanto, numa economia em crescimento (o que implica que K está crescendo) um acréscimo determinado no capital leva a um aumento ainda maior no nível de produção à medida em que o tempo passa.
Rumo a equação de crescimento econômico de Smith (1776) Um estoque de capital maior acarreta uma maior divisão do trabalho, que por sua vez aumenta a produtividade do trabalho. Em conseqüência, a relação marginal capital-produto cai. O desenvolvimento será cumulativo, assim, enquanto a acumulação de capital mantiver a sua taxa, a menos que se verifiquem transformações adversas em U(t) (isto implica que, forças políticas e sócio culturais podem servir para reforçar o efeito promotor do crescimento do investimento).
A Acumulação de Capital Para Smith (1776), o desejo de poupar e investir na busca de lucros é normal – “pois todo indivíduo está sempre se esforçando para encontrar o emprego mais vantajoso para o capital de que pode dispor”. Assim, temos que, a acumulação de capital prosseguirá enquanto o investimento der lucros maiores que a recompensa do risco, portanto: dK/dt = k (r – rm, Y) (16) k/Y > 0 r – taxa de lucro no período t; rm – taxa de lucro.
A queda da taxa de lucro durante o processo de crescimento econômico Durante o processo de desenvolvimento econômico, a taxa de lucro cairá à medida em que o estoque de capital da economia cresce. O argumento de Smith (1776) baseia-se no processo de competição capitalista. Em conseqüência do crescimento do estoque de capital, a taxa de salário crescerá enquanto os empresários concorrem entre si pela força de trabalho escassa. As oportunidades de investimento mais rentáveis também tendem a ser aproveitadas primeiro. Portanto, um estoque de capital maior somente poderá ser aproveitado e empregado a uma taxa (marginal) de lucro menor.
O marco institucional e a sua influência na taxa de lucro O marco institucional é outra influência importante sobre a taxa de lucro – o grau de regulamentação do comércio, o grau de monopólio e competição e o controle do comércio internacional.
O Marco Institucional All systems either of preference or of restraint, therefore, being thus completely taken away, the obvious and simple system of natural liberty establishes itself of its own accord. Every man, as long as he does not violate the laws of justice, is left perfectly free to pursue his own interest his own way, and to bring both his industry and capital into competition with those of any other man, or order of men. The sovereign is completely discharged from a duty, in the attempting to perform which he must always be exposed to innumerable delusions, and for the proper performance of which no human wisdom or knowledge could ever be sufficient; the duty of superintending the industry of private people, and of directing it towards the employments most suitable to the interest of the society. Wealth of Nations Book IV Chapter ix
O marco institucional e a sua influência na taxa de lucro A taxa mínima de lucro [rs] é aquela que recompensa o fator de risco da atividade econômica empreendida. O montante de risco é também influenciado pela estrutura institucional, principalmente no que diz respeito a segurança da propriedade e da legalidade das operações de empréstimo.
A Taxa de Lucro Assim, a teoria de lucro de Smith pode ser formalizada pela equação (17): r-rs = m [K, U(t)] (17) onde: m/K <0.
O Estado Estacionário O estado estacionário da economia é atingido quando o máximo de capital que é capaz de empregar lucrativamente estiver ricamente provido de fundos, em proporção às suas possíveis aplicações, e a taxa de juros cairá até rs. Nesta situação, os investimentos adicionais não poderão mais obter lucros além do risco e a acumulação de capital cessará, permanecendo a população constante e a economia terá atingido o estado estacionário.
O Estado Estacionário O estado estacionário implica numa situação em que o produto per capita estaciona – os salários ficam num nível de subsistência, os lucros caem ao nível mínimo compatível com a recompensa pelo risco, não há investimento líquido, a população permanece constante e a renda total não se modifica.
A Acumulação de Capital Substituindo (16) por (17) obtemos (18), que nos mostra o processo de acumulação de capital ao longo do tempo: dK/dt = k{m[K, U(t)], Y} (18)
O crescimento econômico em Adam Smith (1776) A taxa de formação de capital depende essencialmente da relação entre a taxa de lucro líquido do mercado [r] e a taxa mínima para compensar o risco de assumir o investimento[rm]. Mas ambas variáveis dependem do marco institucional subjacente: a liberdade no comércio internacional, a regulamentação da concorrência, a segurança da vida e da propriedade e das instituições políticas.
O crescimento econômico em Adam Smith (1776) Uma legislação adversa pode evitar toda a formação de capital. Contudo, um ambiente político e legislativo favorável pode, por outro lado, contribuir de maneira significativa para o aumento do fluxo de investimento.
O papel das instituições em Adam Smith (1776) O processo dinâmico da economia depende das condições iniciais e dos parâmetros estruturais do modelo de crescimento econômico, mas também da transformação histórica que é determinada exogenamente do ambiente institucional [U(t)]. Como Smith (1776) considerou as condições iniciais e as propensões comportamentais como dadas no problema, ele defendeu a tese de que a razão do crescimento ou da estagnação seria encontrada na natureza do marco institucional da economia.
O papel das instituições em Adam Smith (1776) A China parece estar estagnada há muito tempo, e já conseguiu há muito tempo atrás, provavelmente, todo o acumulo de riquezas compatível com a natureza de suas leis e instituições. Mas este acúmulo pode ser muito inferior ao que seria admissível pela natureza de seu solo, clima e situação, se tivesse outras leis e instituições.