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A ILHA. Um velho avião cortava os céus e, lá em baixo, o rio Araguaia, seco, aparecia salpicado de ilhotas. De repente a pressão do óleo começou a baixar. E o piloto resolveu pousar no primeiro lugar que aparecesse.
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Um velho avião cortava os céus e, lá em baixo, o rio Araguaia, seco, aparecia salpicado de ilhotas. De repente a pressão do óleo começou a baixar..... E o piloto resolveu pousar no primeiro lugar que aparecesse.
Ele avistou uma ilha de tamanho considerável, imponente, que sobrepujava todas as outras. Era o lugar ideal para um pouso. O piloto conseguiu aterrar e logo consertou o avião, mas antes de reiniciar a viagem resolveu examinar aquele belo lugar, visível apenas na época de seca do rio.
Finalmente ele decolou, levando consigo dez pedrinhas, escolhidas a dedo entre as milhares que cobriam a ilha. Elas seriam uma recordação daquele lugar fabuloso e, também, um excelente presente para sua filhinha.
O tempo passou e a ilha ficou esquecida, até que um famoso joalheiro, em visita ao piloto, teve sua atenção despertada pelas pedras que serviam de jogo para a menina. Ao saber da origem delas, informou: - Pois saiba que estas pedras são preciosas! E, separando uma menor, preta e brilhante, disse: - Isto é satélite de diamante; sua filha brinca com uma autêntica fortuna!!!
Não é preciso dizer que a partir de então o piloto foi o mais constante naquela rota; tudo que ele mais queria era reencontrar sua ilha. Que ironia!O destino havia lhe colocado nas mãos uma fortuna imensa; talvez tenha sido o homem mais rico da terra naquele quarto de hora em que permaneceu na ilha! Mas aquele tesouro imenso, e a sua ilha, existiam agora apenas na imaginação. O Araguaia sepultara para sempre aquele lugar e nunca mais foi possível localizá-lo.
Todos nós, como aquele piloto, encontraremos, se já não encontramos, uma ilha no vôo de nossas vidas. Ela conterá também um rico garimpo, o garimpo do amor, e talvez seja mais preciosa do que a ilha encontrada no Araguaia. Como aquele piloto, pousaremos despreocupados, conheceremos a ilha, que poderá ter o nome doce de uma mulher ou poderá denominar-se juventude, ou talvez seja mesmo uma ilha perdida nas praias do noroeste.
Mas, se a ilusão e a ânsia por sensações novas nos fizerem decolar, sem ao menos procurarmos guardar o local onde estivemos ou deixar nele uma placa com os dizeres: "Esta ilha é minha", então levaremos somente algumas pedras preciosas, sob a forma de recordações de um beijo, de um carinho, de um mar verde e do vento apagando na areia os nomes escritos num coração.
E, quando um joalheiro famoso, conhecido como o senhor Tempo, nos disser que perdemos um tesouro... Voltaremos atrás como aquele piloto mas será tarde, porque como o Araguaia, o passado terá sepultado a nossa ilha.
Ficarão apenas, como lembranças, algumas pedras: a saudade de um nome, de um carinho, de um dia... (baseado em texto do site mesquita.futsal.pro.br)