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Nióbio. Recife, 28 de janeiro de 2011. Tópicos. 1- Química e geologia 2- Aplicações 3- Reservas 4- Produção Total Brasileira 5- Comércio Exterior 6- Mercado Interno 7- Preços Médios da Liga Fe-NB 8- Contextualização Macroeconômica 9- Nióbio e Ciência
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Nióbio Recife, 28 de janeiro de 2011
Tópicos 1- Química e geologia 2- Aplicações 3- Reservas 4- Produção Total Brasileira 5- Comércio Exterior 6- Mercado Interno 7- Preços Médios da Liga Fe-NB 8- Contextualização Macroeconômica 9- Nióbio e Ciência 10- Sugestão de políticas de Longo Prazo 11- Um exemplo de Pesquisa e Desenvolvimento bem sucedido envolvendo o nióbio
1 – Química e Geologia • Descoberto no começo do século XIX pelo britânico Charles Hatchett. Número 41 na tabela períodica dos elementos. Encontra-se na crosta terrestre, na proporção de 24 partes por milhão. Ponto de fusão 2468 °C e ponto de ebulição 4744 °C. • Na natureza há mais de 90 espécies mineralógicas de nióbio e tântalo conhecidas, com destaque para a columbita-tantalita (Fe, Mn) (Nb, Ta2), com teor máximo de 76% de Nb2O5 e o pirocloro (Na3, Ca)2 (Nb, Ti) (O,F)7, com teor máximo de 71% de Nb2O5. O Nb2O5 é também conhecido como pentóxido de dinióbio. • A columbita-tantalita normalmente encontra-se associada aos pegmatitos. Nos pegmatitos encontram-se também uma gama de minerais como terras raras, gemas e estanho. • O pirocloro encontra-se em carbonatitos. Nos carbonatitos podemos encontrar também níquel, vermiculita, fosfato, além de tório e urânio.
2 – Aplicações • Possui muitas utilidades e aplicações em diversos ramos econômicos: da siderurgia a setores intensivos em tecnologia. • Utilizado em aços de alta resistência e baixa liga, que permite, por exemplo, a construção de estruturas de menor peso e custo reduzido. • Usado em aços microligados de alta resistência e leveza, podendo ser utilizados principalmente em oleodutos e gasodutos, plataformas para a exploração de petróleo em águas profundas, construção naval, indústria automobilística e em reatores nucleares. • O nióbio metálico é um dos metais que mais resistem à corrosão, principalmente em meios ácidos e alcalinos fundidos. Utilizado na indústria aero-espacial, em lâminas de barbear a até por mineradoras, principalmente na extração de ouro. • No estado metálico também é um supercondutor.
3 – Reservas • O Brasil detêm as maiores reservas mundiais de nióbio (98%), seguido pelo Canadá e Austrália. As reservas de nióbio lavráveis estão em Minas Gerais, Amazonas e Goiás. • Minas Gerais: Araxá 194.149.376 toneladas de pirocloro com teor médio de 1,31% de Nb2O5 . • Amazonas: Presidente Figueiredo 135.101.790 toneladas de columbita-tantalita com teor médio de 0,21% de Nb2O5 .São Gabriel da Cachoeira 38.376.000 toneladas de com teor médio de 2,85% de de Nb2O5 . • Goiás: Ouvidor 99.998.335 toneladas de pirocloro com teor médio de 0,4% de Nb2O5. Catalão 4.735.921 toneladas de pirocloro com teor médio de 1,25 % de Nb2O5.
3 –Reservas Lavráveis Fonte: DNPM /AMB; USGS. Obs: Os dados são relativos ao Nióbio Contido no minério
3 – Reservas Lavráveis Brasil Fonte: DNPM/AMB
4 – Produção Total Brasileira • O Brasil também é o maior produtor mundial, com 97% do total mundial. O estado de Minas Gerais é o maior produtor no país com 83,6%, seguido por Goiás e Amazonas. • Produção em 2009: • Contido no concentrado: 88.920 toneladas • Liga Ferro-Nióbio: 34.746 toneladas • Óxido de nióbio: 2.333 toneladas.
4 – Produção Brasileira Fonte:EMB-DNPM
4 – Produção Brasileira • A produção brasileira teve um aumento significativo a partir de 2004, em virtude do vertiginoso crescimento econômico dos países asiáticos China e Índia. Este crescimento foi mais acentuado entre 2006 e 2007, atingindo 19% da produção de concentrado e de 26,17% na liga Fe-Nb. • Em 2009, ocorreu uma queda de 35% na produção da Liga Fe-Nb, em função da crise econômica no hemisfério norte
5- Comércio Exterior • O Brasil não realiza importações de nióbio desde 1993, sendo auto-suficiente para atender as demandas do mercado interno, além de suprir a quase totalidade da demanda mundial pelo produto. • Desde 1981, o Brasil não exporta mais minério beneficiado, apenas a liga Ferro-Nióbio e o Óxido de Nióbio. • Em 2009, a China foi o maior importador da liga Ferro-Nióbio brasileira, ultrapassando os EUA e os países da União Européia. A queda na exportação foi conseqüência da crise econômica na Europa e na América do Norte.
5- Comércio Exterior Fonte:MDIC/SECEX
6- Mercado Interno • Toda a demanda de Ferro-Nióbio destinada ao mercado nacional é atendida pela CBMM, de Araxá-MG. Os estados que mais consomem a liga estão concentrados no eixo sul-sudeste, com destaque para Minas Gerais (56%), Espírito Santo (16%), Rio de Janeiro (12%) e São Paulo (5%). • As principais empresas atendidas foram: Usiminas/Cosipa (31%), Acesita (20%), CST (16%), Grupo Gerdau (9%), CSN (8%), Açominas (5%), dentre outras.
7- Preços Médios • 2006- US$ 13.512,15 Ton-FOB (Fe-Nb) • 2007- US$ 22.764,11 Ton-FOB (Fe-Nb) • 2008- US$ 32.986,74 Ton-FOB (Fe-Nb) • 2009- US$ 43.320,78 Ton-FOB (Fe-Nb) • Num contexto histórico, os preços médios da Liga Ferro-Nióbio apresentaram relativa estabilidade no pós-guerra. Somente os dois choques do petróleo provocaram uma inflexão dos preços do produto. Em 1973 subiu de US$ 6.830 a tonelada para US$ 9.080 a tonelada um aumento de 33% e em 1978 de US$ 11.290 a tonelada para 13.870 a tonelada, um aumento de 23%. • Entre 2006 e 2009, observa-se um forte aumento nos preços dos insumos a base de nióbio. O aumento aproximado foi de 220 % na liga Ferro-Nióbio e 133 % no óxido de nióbio.
7- Preços Médios • O Forte aumento foi reflexo, principalmente, devido à elevada demanda da indústria siderúrgica chinesa, maior demanda por aços de qualidade superior; além disso, os repasses na defasagem cambial (o real se valorizou perante o dólar nos últimos 8 anos), realização de novos investimentos, além da renovação dos contratos contribuíram para a elevação dos preços do metal.
8- Contextualização Macroeconômica • Alguns fatores podem ser relevantes no cenário macroeconômico internacional e afetar os rumos de um setor ou ramo da atividade econômica. Os cenários que tem definido e podem influenciar a demanda mundial pelo nióbio nos próximos anos são: • A persistente crise econômica no hemisfério norte desde 2007, afetando negativamente a demanda de nióbio destes países. • O forte crescimento econômico chinês nos últimos 17 anos, afetou positivamente a demanda, especialmente após 2003. • A forte valorização do preço do petróleo entre 2003 e 2008. Em julho de 2008, o preço do barril do petróleo atingiu a US$ 147,00 o barril e no começo de 2011 está oscilando na faixa de US$ 90,00 o barril. A construção de oleodutos e gasodutos, principalmente na Ásia Central, Sibéria e entre o Irã e a Índia são feitos com aços especiais a base de nióbio.
8- Contextualização Macroeconômica • O comportamento na demanda por petróleo dependerá das políticas energéticas de diversos países que procuram fontes alternativas, tais como energia solar, nuclear, biomassa, biocombustíveis; e/ou maneiras de consumir com menor intensidade o insumo petrolífero, como os carros que fazem um melhor desempenho kilômetro/litro. • Outro fator relevante a ser destacado é a forte interdependência entre os EUA e a China. A renda dos habitantes dos EUA não aumentou, mas seu poder de compra aumentou em função da queda do preço dos produtos, em sua maioria fabricados na China. Isto impulsionou o crescimento econômico chinês e suas exportações, além do câmbio artificialmente desvalorizado, tem gerado superávits na balança comercial da China. Esta por sua vez aplica em títulos da dívida pública dos EUA. A China também já tem investido pesadamente também em títulos da dívida pública européia.
9- Nióbio e Ciência • O Brasil possui um grande e relevante fator de produção, ainda desconhecido pela maioria da população. Há um grande potencial para que o país se desenvolva no longo prazo, fazendo investimentos em pesquisa e desenvolvimento, não apenas com nióbio, bem como utilizando outros fatores abundantes de produção existentes em nosso território. A partir deste insumo abundante, o país poderia desenvolver tecnologias próprias mais baratas, minimizando a dependência tecnológica do exterior, melhorando a logística, a infra-estrutura e a qualidade de vida da população e principalmente visando a manutenção da soberania nacional.
10- Sugestão de políticas de longo prazo • Aumentar a relação investimento em P&D e PIB • Maior interação entre universidades, empresas e governo, no âmbito geral, incluindo o setor de pesquisa com o nióbio. • O Brasil representa 60 % dos investimentos em P&D na América Latina, mas os valores totais para a região são insuficientes, segundo a UNESCO. Argentina, México e Chile contribuem com praticamente o restante do montante. • Os valores investidos são baixos e há pouca participação da iniciativa privada. • Os investimentos em P&D na região representam 0,67% do PIB total da região. Valores tão ínfimos quanto os da Ásia Central e África. • Dois terços dos investimentos em P&D são financiados com fundos estatais, dos quais 40% são canalizados para universidades e o restante para fundos públicos de pesquisa.
10- Sugestão de políticas de longo prazo • O Brasil gastou R$ 32,7 bilhões em P&D, entre 2002 e 2008, tanto como a Espanha e a Itália, número bem significativo entre os países em desenvolvimento, mas o investimento realizado tem gerado poucos resultados palpáveis, em virtude da baixa interação entre universidades e empresas. 75% dos cientistas brasileiros estão nas universidades, enquanto 80% dos cientistas nos EUA estão nas empresas. • Segundo um levantamento da CIESP o setor privado brasileiro investiu R$ 19 bilhões, ou seja, 0,58% do PIB, portanto abaixo da meta de 0,65% do PIB. • As empresas alegam alta carga tributária e elevados gastos com juros, da ordem de 6,8 vezes o volume investido em P&D.
10 – Sugestão de políticas de longo prazo • Afirmar que os recursos minerais que um país possui sempre será uma “maldição” a priori não é verdadeira. Tudo depende de como um país consegue manejar suas políticas no setor para o longo prazo, o que envolve P&D. A Noruega e o Chile souberam manejar de maneira correta a sua vasta jazida de petróleo e Cobre, respectivamente; investindo corretamente o dinheiro obtido na exploração destes insumos. Já países como Nigéria e Venezuela não souberam tomar medidas corretas, no manejo destes insumos, dado o elevado nível de corrupção destes países.
11- Exemplo de P&D a partir do nióbio • LUMINOL BRASILEIRO ou ALFA LUMINIOX • Um produto usado para descobrir manchas de sangue em qualquer superfície, mesmo as que forem lavadas. A reação acontece quando as moléculas do luminol entram em contato com o sangue. • As partículas de ferro existentes na hemoglobina, uma proteína do sangue, se acendem como se fossem vagalumes. • O luminol brasileiro é feito de maneira diferente do luminol dos EUA. Desenvolvido pela UFRJ e FAPERJ em 2004, ele custa 90% menos que o luminol tradicional e é desenvolvido de forma artesanal. • A grande diferença em relação ao luminol importado é que este produto necessita da radiação ultra-violeta para localizar os vestígios de sangue, já o luminol nacional pode ser aplicado em ambientes escuros.
11- Exemplo de P&D a partir do nióbio • O luminol brasileiro já é distribuído em kits com dois borrifadores. A reação do produto não impede que o DNA possa ser analisado posteriormente, o produto funciona em ambientes escuros e, diferentemente do congênere importado não precisa de eletricidade e raios ultravioleta para reagir. Em contato com a hemoglobina, libera nitrogênio e pontos azuis reveladores da presença de sangue, mesmo quando a evidência é lavada. • Muitos homicídios no Brasil ocorrem em morros e matagais, impossibilitando a aplicação do luminol importado. • A sensibilidade do luminol brasileiro é 1000 vezes maior, não é tóxico e libera por 30 minutos intensa luminosidade, oferecendo mais tempo e melhor condição para o perito analisar o local e os objetos suspeitos.
11 – Exemplo de P&D a partir do nióbio • O luminol brasileiro já é utilizado pelas polícias científicas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Norte. O luminol é uma ferramenta muito eficaz na elucidação dos crimes e na obtenção de provas materiais contra o suspeito. Certamente aumentará os índices de apuração de homicídios no país. • O luminol brasileiro também está sendo utilizado, ainda em caráter experimental em hospitais do Rio para combater a infecção hospitalar. O objetivo é detectar sangue oculto em materiais e equipamentos cirúrgicos, roupas esterilizados e salas de emergência. O sangue pode ser removido, mas as bacterias resistentes não. • O produto pode ser utilizado também no diagnóstico do câncer do aparelho digestivo e na avaliação do teor de álcool e vitamina C em bebidas.
Obrigado ! Rui Fernandes Pereira Junior Especialista em Recursos Minerais E-mail: rui.pereira@dnpm.gov.br