170 likes | 281 Views
O Capitalismo e a Década de 1920: o Pós-Guerra na Europa e nos EUA. UNICURITIBA Curso de Relações Internacionais História Econômica Professor Renato Carneiro. Retorno ao Padrão-Ouro.
E N D
O Capitalismo e a Década de 1920: o Pós-Guerra na Europa e nos EUA UNICURITIBA Curso de Relações Internacionais História Econômica Professor Renato Carneiro
Retorno ao Padrão-Ouro Abandono na época da guerra levou os preços a variarem de acordo com as condições internas de cada país e a inflação a depender da balança de pagamentos. Em 1913 representava 10% da circulação monetária total, contra 83% de títulos e depósitos bancários, mas era referência para o câmbio. Significava a normalização das transações internacionais, pelo controle das taxas de redesconto pelos governos, mas isso poderia levar à deflação e ao desemprego.
Retorno ao Padrão-Ouro Aconteceu nas Conferências de Bruxelas, 1920, e Gênova, em 1922, permitindo aos países emitir moedas com base em depósitos e títulos no exterior. Usado num ritmo acelerado, abalou a credibilidade do ouro e gerou instabilidade no setor financeiro. Em 1915, foi criado o Sistema Federal de Reserva nos EUA, sinal de seu fortalecimento no mercado internacional. Junto com a Bolsa de Valores de Nova Iorque atraíram títulos do mundo inteiro, competindo com Londres, por ser menos sujeita às flutuações do mercado.
Pagamento das Reparações de Guerra Alemanha terminou a guerra em ruína financeira, que só piorou pelo fato de que tinha que gerar excedentes econômicos para a instabilidade financeira de seus concorrentes. Se em 1918, 1 dólar equivalia a 18 marcos alemães, em 1923, com uma inflação galopante, o mesmo dólar equivalia 14 trilhões de marcos. Alemanha suspendeu o pagamento das reparações em 1922 e a França invadiu a região do Rhur, para que o fornecimento de carvão garantisse o pagamento das dívidas de guerra, gerando mais um trauma na população européia.
Pagamento das Reparações de Guerra Uma comissão internacional propôs o plano Dawes, em 1924, re-escalonando a dívida da Alemanha, com endosso de suas empresas, fazendo uma reforma monetária com a criação do Deutschmark, sustentado pelo padrão-ouro e proibido de se desvalorizar. A partir daí economia alemã se estabilizou, em parte pelos grandes aportes norte-americanos (47% do saldo da balança de pagamentos, cerca de US$70 milhões, de 1924 a 1929). Mas economia alemã não conseguia gerar excedentes, junto à Bélgica e à França, para pagar sua dívida. Keynes afirmava que só ampliando a demanda pelos produtos alemães é que o país poderia arcar com as reparações.
Crescimento Industrial Insuficiente A Europa tentava recuperar sua posição na economia-mundo, cuja economia cresceu 66% entre 1913 e 1929. A taxa de crescimento industrial era de menos de 1,4%/ano nos seis principais países europeus, abaixo do crescimento demográfico, o que gerou enormes taxas de desemprego. País Cresc. Comercial 1929/1913 Inglaterra 15% Bélgica 22% Alemanha 33% França 50% EUA 200% Japão 300% Canadá 350%
Ajuda Americana Os EUA ajudavam os novos países da Europa Central, com o American Relief Administration (1919), que despendeu 1,415 bi, dos quais 29% em divisas ou ouro, 8% em bens e 63% em créditos, permitindo o emprego de massas de soldados desmobilizados. França manteve sua política inflacionária, confiando no pagamento das reparações alemães. Por toda a Europa, porém, os lucros eram baixos, existindo um processo de proletarização e desemprego nas classes médias, pondo em risco a sociedade de massa e largo consumo.
Apoio Precário das Colônias França tinha dificuldades com a Indochina, Síria e Líbano, tendo que aumentar a presença militar. Chineses revoltam-se pelos termos de Versalhes, que mantinham Japão em seu território. Índia iniciava os movimentos de aberta rebeldia e da resistência não-violenta de Gandhi. Canadá, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul ganham sua independência, mantendo-se ligadas à Inglaterra e à Coroa. Mesmo na América do Sul presença européia diminuiu: Argentina e Brasil, em 1913: 80 e 60% de importações da Europa; nos anos de 1920: 64 e 50%. Apenas os capitais americanos permitiram a Europa sustentar, ainda que insuficientemente, suas exportações e importações.
Os EUA na Década de 1920 Prosperidade, com exceção do período entre 1920 e 22, pela reconversão do pós-guerra, até 1929: Golden 20th. EUA passam a maiores produtores e exportadores mundiais de industrializados, carvão, aço e ferro, eletricidade, petróleo, metais não-ferrosos, fibras têxteis artificiais. Renascimento do liberalismo e concentração de capitais (50% estavam nas mãos de 200 grandes SAs). Setores dominados por grandes trustes: aço, automóveis, indústria química e bancos. Responsável pela consolidação do american way of life (carro, bens de consumo duráveis e semiduráveis para largas camadas da população: vendas à crédito). Crescimento do PNB em 20% ano, de 1919 a 1929, para crescimento da população de 106 para 123 milhões de habitantes, com restrição ideológica à imigração.
Graves Problemas Estruturais Prosperidade escondia graves problemas estruturais: baixas taxas de lucro, alto grau de concentração de renda, razoável nível de desemprego. Durante anos 20, taxa de desemprego entre 7 e 12%, com crescimento do salário nominal e redução do real: aumento da produtividade, que dispensava absorção de mão-de-obra. Número de trabalhadores manteve-se estável, apesar da produção industrial crescer em 30%. 5% da população recebia 33% do rendimento pessoal global. Apenas 10% dos white collars conseguiam manter suas famílias com apenas seus salários: trabalho feminino elevou-se em 22%, de 1912 a 1928.
Dificuldades na Área Agrícola Super produção, baixa de preços, com grandes variações regionais: produtores do extremo oeste e nordeste com renda per capita de US$ 921 e 881, respectivamente, em 1929, enquanto sudeste US$ 365. Diferenças também entre campo e cidade: na Carolina do Sul, renda per capita dos trabalhadores rurais era de US$ 129, enquanto industriais ganhavam US$ 412. Fruticultores da Califórnia ganhavam até US$ 1.246 / ano. Em 1929, 60% das famílias tinham renda anual inferior a US$ 2.000, insuficientes para suas necessidades. Isso punha em risco o modelo de crescimento baseado na expansão da produção de bens duráveis e semi-duráveis.
Situação se Complica nos EUA Como mercado não podia acompanhar o aumento da produção, formação de estoques, só comprados mediante crédito, cujas taxas tinham que ser mantidas baixas: capitais se acabaram. Indústria automobilística (responsável pelo consumo de 15% do aço, nos EUA) deixou de fazer compras ainda no verão de 1929. Retração levou à quebradeira geral, com fuga de capitais especulativos. Entre set e nov, prejuízos de US$25bi, para PIB de US$100bi: grande depressão. 80% dos saldos anuais da balança de pagamentos americanos haviam sido reinvestidos em obras públicas na Europa, de demorado retorno. Os EUA não podiam repatriar capitais, pois serviam para manter o nível de suas exportações e sua ajuda ao velho continente, por conta das carências da Europa.
A Crise de 1929 Em 03/09/1929, Bolsa de Nova Iorque atingiu os níveis mais elevados jamais vistos até os 20 anos seguintes, para cair de forma devastadora nas semanas seguintes. Prosperidade impunha sentimento geral de otimismo e confiança no sistema: acreditava-se que preços das ações e títulos subiriam indefinidamente. A partir de fev/1928, o valor das ações foi empurrado pela especulação, ignorando-se os dados sobre a saúde das empresas. De 1926 a 1929 o preço médio das ações subiu 300% e empréstimos das corretoras em 240%. Supervalorização, além dos valores das empresas. “Quinta-feira Negra”, 24/10/1929, foi marcada pelo pânico e desordem, com tentativas dos grandes bancos de criar um fundo de compra, para sustentar preços. Mas no dia 29/10 a queda dos índices anulou todos os ganhos do ano anterior. EUA entram em período de grande depressão econômica, cujos efeitos durariam mais de uma década.
A Grande Depressão Enquanto de 1927 a 1929 os empréstimos americanos para o exterior foram em média de 978 milhões de dólares, em 1932 foram repatriados 251 milhões. Retirados de investimentos de longo prazo, provocaram colapso do sistema financeiro europeu, com falência de vários bancos. Esta medida somada a ações protecionistas dos EUA, diminuiu as exportações mundiais de US$ 5,3 bi, em 1929, para 1,6 em 1934. Além de arruinar a economia européia, arrastou a da América Latina, pela cessação das importações, levando à falência mais de 8.812 bancos americanos, entre fins de 1931 e início de 1933.
Persistência do Liberalismo Total de falências no período: 110 mil empresas só nos EUA. Governo de Hoover insistia em solução liberal, acreditando que mercado se estabilizaria, de acordo com “leis naturais”. “Acordo de cavaleiros” entre patrões e empregados para evitar desemprego, redução de salários, greves e resistências a congelamento de remunerações. Favelização em torno das grandes cidades, com trabalhadores em meio-período e vencimentos reduzidos.
Em Outra Parte do Mundo 5,2 mi pessoas desempregadas na Alemanha e 3,1 mi na Inglaterra. Entre 1929 e 1932, produção de mundial aço caiu de 120,4 para 50,4 mi t. enquanto petróleo de 206,3 para 180,5 mi t. A América Latina teve bruscas reduções em seu comércio, reduzindo exportações de US$2.954mi para US$1.039mi, enquanto importações de US$2.453mi para US$619mi. A partir de 1932, primeiras reações eficazes contra a depressão, com intervenção do Estado na economia: • protecionismo alfandegário; • desvalorização monetária; • subvenções governamentais a empresas privadas; • aumento de gastos públicos. 2 aplicações práticas: Estados democráticos ou autoritários