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O vôo da gaivota. Cleide Brito. saracleide@gmail.com. Uma gaivota no céu, um sonho na terra. E ambos, a gaivota e o sonho, voam livres. Percorrem o espaço, navegando entre as nuvens, perseguindo um destino que jamais alcançarão. Porque os sonhos, como as gaivotas, abrem as
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O vôo da gaivota Cleide Brito saracleide@gmail.com
Uma gaivota no céu, um sonho na terra. E ambos, a gaivota e o sonho, voam livres. Percorrem o espaço, navegando entre as nuvens, perseguindo um destino que jamais alcançarão. Porque os sonhos, como as gaivotas, abrem as suas asas todos os dias, para uma viagem infinita.
E, quando algum tomba sobre a terra, eis que outro o substitui na eterna busca. Assim como podemos apenas acompanhar o vôo da gaivota, apenas podemos sonhar os nossos sonhos. E, em um e outro caso, não nos cabe determinar o seu rumo, mas tão somente admirar a beleza do seu vôo.
E não será este o seu encanto? Acaso, o homem admira as coisas que pode controlar? Ou deseja aquilo que já considera seu? Não são os nossos sonhos uma forma de alcançarmos aquilo que nos falta? E o que neles nos atrai não é a promessa de felicidade que julgamos existir no seu mistério?
Em todos os dias, as gaivotas dos nossos sonhos sobrevoam a praia da nossa realidade. E, distraídos a acompanhar o seu vôo, muitas vezes não percebemos a beleza do mar, nem desfrutamos a carícia do vento. Entretanto, o mar e o vento existem. E basta que os procuremos, para que possamos sentir a sua presença; e, neles, encontrar o refrigério que buscamos ao acompanhar o vôo da gaivota.
Assim, o homem se encanta pelos diamantes. E não percebe que a fonte de sua beleza está na luz que os banha; a luz que faz brotar os mesmos reflexos de uma simples gota d'água, ou de um pedaço de vidro esquecido a um canto. Entretanto, é assim que somos. Sempre sonharemos a felicidade e, absortos neste sonho, muitas vezes a deixaremos de ver ao nosso lado.
Sempre, apreciaremos o vôo da gaivota. E esqueceremos de agradecer à distância, que não nos permite vê-la como a simples ave que é. Sempre, nos encantará o arco-íris. E sonharemos com o tesouro ao seu término, esquecidos das gotas que o formam. Sempre, desejaremos algo novo. E, tão logo o tenhamos conseguido, o veremos apenas como algo que nos pertence; e o esqueceremos, absortos na busca de um novo desejo. Sempre, teremos os sonhos ... as gaivotas dos nossos desejos.