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Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900). Vida, obra e pensamento. Contexto Histórico.
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Friedrich WilhelmNietzsche (1844 – 1900) • Vida, obra e pensamento
Contexto Histórico • Nietzsche nasceu em 1844, ano em que se desenvolvia e se expandia a primeira fase da Revolução Industrial (1780-1860). A partir de 1860, o aço suplantou o ferro, a eletricidade e o petróleo superaram o vapor e a Alemanha, país de origem desse grande filósofo, tornou-se uma das principais áreas de concentração.
Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels inscreveram os seus nomes como os mais influentes revolucionários da História Contemporânea ao publicarem O Manifesto Comunista. • Foi nesse mesmo ano que eclodiu uma crise do capitalismo na Europa Centro-Ocidental devido às inúmeras revoluções liberais que ocorriam a todo tempo.
Após o Congresso de Viena, existiam 38 Estados independentes que formavam a Confederação Germânica. A política internacional era coordenada por uma Dieta que se reunia em Frankfurt, sob a presidência da Áustria que, juntamente, com a Prússia, era o estado mais importante. • E foi na Prússia que surgiu um governante chamado Guilherme I que ao fazer uma reforma radical em suas forças armadas, convocou como ministro um hábil político chamado Bismark.
E foi devido a esse ato que a Prússia consegui vencer três guerras e unificou a Alemanha em 1870. • (Guerra franco-prussiana) • Logo, ocorreu a Guerra Civil Francesa, e queimaram-se os arquivos do museu do Louvre, localizado em Paris, Nietzsche ficou inconsolado, pois considerou um crime contra a cultura.
No séc XIX, houve uma grande expansão colonial européia, em busca demercados e de matérias-primas, bem como pontos estratégicos nas colônias. Esse movimento ficou conhecido como Imperialismo. • A Alemanha, devido aos problemas de sua unificação política, apareceu tardiamente como colonialista, na África. Os alemães conquistaram Togo, Camarões, o Sudoeste Africano Alemão e a África Oriental Alemã.
De 1871 até a morte de Nietzsche que ocorreu em 1900, a Europa viveu um período de relativa paz, conhecido como Bela Época. Os progressos científicos e tecnológicos, as reformas sociais, a elevação do padrão de vida, os progressos democráticos, o incremento da instrução de massa e o expansionismo europeu no mundo denotavam o apogeu da Europa liberal e capitalista.
Biografia • Batizado como Friedrich Wilhelm em homenagem ao rei da Prússia, Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu a 15 de outubro de 1844 em Röcken, localidade próxima a Leipzig. • Karl Ludwig, seu pai, pessoa culta e delicada, e seus dois avós eram pastores protestantes; o próprio Nietzsche pensou em seguir a mesma carreira. • Entretanto, Nietzsche perde a fé durante sua adolescência, e os seus estudos de filologia afastam-no da tentação teológica.
Em 1849, seu pai (aos 36 anos) e seu irmão faleceram. • Foi criado em em companhia da sua mãe, das tias e da avó. Ele era uma criança feliz, aluno modelo, dócil e leal, chamavam-o de “pequeno pastor”. • Em 1858, Nietzsche obteve uma bolsa de estudos na então famosa escola de Pforta. Neste período, Nietzsche começou a afastar-se do cristianismo. • Era um excelente aluno em grego e brilhante em estudos bíblicos, alemão e latim, seus autores favoritos, entre os clássicos, foram Platão e Ésquilo.
Partiu em seguida para Bonn, onde se dedicou aos estudos de teologia e filosofia. • Influenciado por Ritschl - seu professor -, desistiu desses estudos e passou a residir em Leipzig, dedicando-se à filologia. • Ritschl considerava a filologia não apenas história das formas literárias, mas estudos das instituições e do pensamento. • Nietzsche seguiu-lhe as pegadas e realizou investigações originais sobre Diógenes Laércio, Hesíodo e Homero. A partir desses trabalhos foi nomeado, em 1869, professor de filologia em Basiléia, onde permaneceu por dez anos.
A filosofia somente passou a interessá-lo a partir da leitura de O Mundo como Vontade e Representação, de Schopenhauer (1788-1860). • Nietzsche foi atraído pelo ateísmo de Schopenhauer, assim como pela posição essencial que a experiência estética ocupa em sua filosofia, sobretudo pelo significado metafísico que atribui à música. • Em 1867, Nietzsche foi chamado para prestar o serviço militar, mas um acidente em exercício de montaria livrou-o dessa obrigação. Voltou então aos estudos na cidade de Leipzig. • Nessa época teve início sua amizade com Richard Wagner.
Nietzsche encantou-se com a música de Wagner e com seu drama musical, principalmente com Tristão e Isolda e com Os Mestres Cantores. • Na Universidade de Basiléia, passou a tratar das relações entre a música e a tragédia grega, esboçando seu livro O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música. • Em 1870, a Alemanha entrou em guerra com a França; nessa ocasião, Nietzsche serviu o exército como enfermeiro, mas por pouco tempo, pois logo adoeceu, contraindo difteria e disenteria.
Essas doença parece ter sido a origem das dores de cabeça e de estômago que acompanharam o filósofo durante toda a vida. Nietzsche restabeleceu-se lentamente e voltou a Basiléia a fim de prosseguir seus cursos. • Em 1871, publicou O Nascimento da Tragédia, Nessa obra, considera Sócrates (470 ou 469 a.C.-399 a.C.) um “sedutor”, por ter feito triunfar junto à juventude ateniense o mundo abstrato do pensamento.
A tragédia grega, diz Nietzsche, depois de ter atingido sua perfeição pela reconciliação da “embriaguez e da forma”, de Dioniso e Apolo, começou a declinar quando, aos poucos, foi invadida pelo racionalismo, sob a influência “decadente” de Sócrates. • Assim, Nietzsche estabeleceu uma distinção entre o apolíneo e o dionisíaco: Apolo é o deus da clareza, da harmonia e da ordem; Dioniso, o deus da exuberância, da desordem e da música. • Para ele a Grécia socrática, a do Logos e da lógica, a da cidade-Estado, assinalou o fim da Grécia antiga e de sua força criadora.
Este seu livro foi mal acolhido pela crítica, o que o impeliu a refletir sobre a incompatibilidade entre o “pensador privado” e o “professor público”. • Com crises constantes de cefaléia, problemas de visão e dificuldade para se expressar, foi obrigado a interromper a sua carreira universitária por um ano, mas não deixou de escrever. • Terminada a licença da universidade para que tratasse da saúde, Nietzsche voltou à cátedra, contudo - quando tentou retornar às atividades acadêmicas - enfrentou sérios problemas em suas cordas vocais que tornaram a sua fala quase inaudível.
Em 1879, pediu demissão do cargo. Nessa ocasião, iniciou sua grande crítica dos valores, escrevendo Humano, Demasiado Humano; seus amigos não o compreenderam. Rompeu as relações de amizade que o ligavam a Wagner Na obra, o homem, dizia Nietzsche, é o criador dos valores, mas esquece sua própria criação e vê neles algo de “transcendente”, de “eterno” e “verdadeiro”, quando os valores não são mais do que algo “humano, demasiado humano”.
Logo depois da publicação de sua obra, muito abatido com a rejeição por parte de Lou Andréas Salomé, jovem finlandesa com quem pretendia se casar, o filósofo voltou a morar com a mãe e a irmã, sempre demonstrando solidão e sofrimento. • Em 1880, Nietzsche publicou O Andarilho e sua Sombra: um ano depois apareceu Aurora, com a qual se empenhou “numa luta contra a moral da auto-renúncia”.
Em 1882, veio à luz A Gaia Ciência, depois Assim falou Zaratustra (1884), Para Além de Bem e Mal (1886), O Caso Wagner, Crepúsculo dos Ídolos, Nietzsche contra Wagner (1888). Ecce Homo, Ditirambos Dionisíacos, O Anticristo e Vontade de Potência só apareceram depois de sua morte. • Depois de 1888, Nietzsche passou a escrever cartas estranhas. Escrevia cartas ora assinando “Dioniso”, ora “o Crucificado” e acabou sendo internado em Basiléia, onde foi diagnosticada uma “paralisia progressiva”.
A moléstia progrediu lentamente até a apatia e a agonia. Nietzsche veio a falecer em Weimar, a 25 de agosto de 1900. • Assim, Nietzsche foi um crítico aos valores ocidentais, da tradição cristã e platônica. Desde seus primeiros textos, as idéias do filósofo grego Platão eram condenadas como decadentes. Ao mesmo tempo, o filósofo repudiava o cristianismo e o classificava como 'platonismo para o povo'. A sua proposta era o resgate de um super-homem criador, que ficasse além do bem e do mal. Esse foi Nietzsche.
Obras • (Contexto de seu pensamento) • Considerado um dos autores mais controversos na história filosofia moderna, devido principalmente aos paradoxos e desconstruções dos conceitos de realidade ou verdade . • Tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando a conclusão de que nascera póstumo, para os leitores do porvir. Entretanto, seu sucesso sobreveio quando um professor dinamarquês leu a sua obra Assim Falou Zaratustra” e, por conseguinte, tratou de difundi-la, em 1888. • Os Temas abordados comumente nas suas obras eram: A cultura ocidental e suas religiões e, consequentemente, a moral judaico- cristã.
Nietzsche, sem dúvida considera o Cristianismo e o Budismo como “as duas religiões da decadência”, embora ele afirme haver uma grande diferença nessas duas concepções. • O budismo para Nietzsche “É cem vezes mais realista que o cristianismo” (O anticristo). Ressalta-se que Nietzsche se auto-intitula ateu: • “Para mim o ateísmo não é nem uma conseqüência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto” (Ecce Homo, pt.II, af.1)
Nietzsche quis ser o grande “desmascarador” de todos os preconceitos e ilusões do gênero humano, aquele que ousa olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trás de valores universalmente aceitos que nortearam o rumo dos acontecimentos históricos.
Considera a moral tradicional, principalmente a esboçada por Kant, a religião e a política como máscaras que não são nada mais que fundamentos a esconder uma realidade inquietante e ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar. • A moral, seja ela kantiana ou hegeliana, e até a catharsis aristotélica são caminhos mais fáceis de serem trilhados para se subtrair à plena visão autêntica da vida. • Nietzsche golpeou violentamente essa moral que impede a revolta dos indivíduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a classe superior, afinal essa moral cria a ilusão de que mandar é por si mesmo uma forma de obediência.
Desse modo, Nietzsche procurou arrancar e rasgar as mais idolatradas máscaras, afinal as máscaras se tornam inevitáveis pela própria vida, que é explosão de forças desordenadas e violentas, e, por isso, é sempre incerteza e perigo. • A vida é vontade de poder ou de domínio ou de potência. Vontade essa que não conhece pausas, e, por isso, está sempre criando novas máscaras para se esconder do apelo constante da vida; pois, para Nietzsche, a vida é tudo e tudo se esvai diante da vida humana. • As máscaras, contudo, segundo ele, tornam a vida mais suportável, ao mesmo tempo em que a deformam.
Não existe via média, segundo Nietzsche, entre aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la, é fundamental arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é. • Suas verdadeiras “virtudes” são: o orgulho, a alegria, a saúde, o amor sexual, a inimizade, a veneração, os bons hábitos, a vontade inabalável, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de poder. Mas essas virtudes são privilégios de poucos, e é para esses poucos que a vida é feita.
De fato, Nietzsche é contrário a qualquer tipo de igualitarismo e principalmente ao disfarçado legalismo kantiano, que atenta o bom senso através de uma lei inflexível, ou seja, o imperativo categórico: “Proceda em todas as suas ações de modo que a norma de seu proceder possa tornar-se uma lei universal”. • Em Nietzsche, o mundo não tem ordem, estrutura, forma e inteligência. Nele as coisas “dançam nos pés do acaso” e somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida.
À semelhança de Platão, Nietzsche queria que o governo da humanidade fosse confiado aos filósofos, mas não a filósofos como Platão ou Kant, que ele considerava simples “operários da filosofia”. • Na obra nietzscheana, a proclamação de uma nova moral contrapõe-se radicalmente ao pensamento utópico de uma nova humanidade, livre pelo imperativo categórico, como acreditava Kant. Para Nietzsche a liberdade não é mais que a aceitação consciente de um destino necessitante. • Nietzsche cria e cai em seu próprio Imperativo Categórico, por certo, imperativo este baseado na completa liberdade do ser e ausência de normas.
Para Kant, a razão faz o homem compreender-se a si mesmo e o dispõe para a libertação. Mas, segundo Nietzsche, trata-se de uma libertação escravizada pela razão, que só faz apertar-lhe os grilhões, enclaustrando a vida humana digna e livre. • Em Nietzsche encontra-se uma filosofia anti-teórica, sistemática, à procura de um novo filosofar de caráter libertário. Portanto, toda a teleologia de Kant de nada serve a Nietzsche: a idéia do sujeito racional, condicionado e limitado é rejeitada violentamente em favor de uma visão filosófica muito mais complexa do homem e da moral.
O mundo para Nietzsche não é ordem e racionalidade, mas desordem e irracionalidade. Seu princípio filosófico não era, portanto, Deus e razão, mas a vida que atua sem objetivo definido, ao acaso. A única e verdadeira realidade sem máscaras, para Nietzsche, é a vida humana tomada e corroborada pela vivência do instante. • Para ele os ideais modernos como democracia, socialismo, igualitarismo, emancipação feminina não eram senão expressões da decadência do “tipo homem”. Por estas razões, é por vezes apontado como um precursor da pós-modernidade.
Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distorções e confusões. Algumas delas: • “Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? – Vitória!”. • “Há homens que já nascem póstumos.” • “A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada.” • “Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no “além” – no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade.” • “A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade.”
Na sua obra vemos críticas bastante negativas a Kant, Wagner, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, Martinho Lutero, à metafísica, ao utilitarismo, anti-semitismo, socialismo, anarquismo, fatalismo, teologia, cristianismo, budismo, à concepção de Deus, ao pessimismo, estoicismo, ao iluminismo e à democracia. • Dentre os poucos elogios deferidos por Nietzsche, coletamos citações, muitas vezes com ressalvas a Schopenhauer, Spinoza, Dostoiévski, Shakespeare, Dante, Goethe, Darwin, Leibniz, Pascal, Edgar Allan Poe, LordByron, Musset, Leopardi, Kleist, Gogol e Voltaire.
O legado da obra de Nietzsche foi e continua sendo ainda hoje de difícil e contraditória compreensão. Assim, há os que, ainda hoje, associam suas idéias ao niilismo. • Todavia, Nietzsche, contrário ou não, não deixando escapar de suas críticas nem mesmo seu mestre Schopenhauer nem seu grande amigo Wagner, procurou denunciar todas as formas de renúncia da existência e da vontade. É esta a concepção fundamental de sua obra Zaratustra, “a eterna, suprema afirmação e confirmação da vida”.
Em 1872, Nietzsche publica 'O nascimento da tragédia', que provocou reação dos defensores da filologia pura. Além de recorrer à oposição entre apolíneo e dionisíaco para explicar a origem da tragédia, Nietzsche pretendia denunciar a morte da tragédia pelo socratismo estético e propor seu renascimento na cultura daquele período. • Acusado de subordinar a filologia à música e à filosofia, e de não ser, portanto, um cientista, Nietzsche recebeu apoio de fontes variadas. Esse livro contém os documentos do debate que se seguiu - os textos de Wilamowitz, Rohde e Wagner.
A Gaia Ciência, traduzida também como Alegre Sabedoria, ou Ciência Gaiata Nesta obra, Nietzsche discute arte, moral, o conceito da verdade, entre outros temas. O filósofo, também conhecido por seu texto nada árido, apresenta aqui ampla diversidade de estilos literários como versos humorísticos, aforismos, parábolas, poemas em prosa e pequenos ensaios.
Assim Falava Zaratustra • É um livro, iniciado em 1885 pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que influenciou significativamente o mundo moderno. • O livro foi escrito originalmente como três volumes separados em um período de vários anos. Depois, Nietzsche decidiu escrever outros três volumes, mas apenas conseguiu terminar um. Após a morte de Nietzsche, ele foi impresso em um único volume.
O livro narra as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se auto-denominou Zaratustra após a fundação do Zoroastrismo na antiga Pérsia. • Para explorar muitas das idéias de Nietzsche, o livro usa uma forma poética e fictícia, freqüentemente satirizando o Novo testamento. • O centro de Zaratustra é a noção de que os seres humanos são uma forma transicional entre macacos e o que Nietzsche chamou de Übermensch, literalmente “além-homem”, normalmente traduzido como “super-homem”.
O nome é um dos muitos trocadilhos no livro e se refere mais claramente à imagem do Sol vindo além do horizonte ao amanhecer como a simples noção de vitória. • Amplamente baseado em episódios, as histórias em Zaratustra podem ser lidas em qualquer ordem. Zaratustra contém a famosa frase “Deus está morto”, embora esta também tenha aparecido anteriormente no livro DiefröhlicheWissenschaft (A Gaia Ciência) de Nietszche. • Os dois volumes finais não terminados do livro foram planejados para retratar o trabalho missionário de Zaratustra e sua eventual morte.
O anticristo • Escrita em 1888 e publicada em 1895, é uma das mais ácidas críticas de Nietzsche ao cristianismo. Vide a frase mais famosa: “O evangelho morreu na cruz”. O título original, Der Antichrist, pode significar tanto O Anticristo quanto O Anti-cristão. Ele não se baseou na figura bíblica do Anticristo. • Nietzsche não focou sua crítica em Jesus, mas no cristianismo. Ele faz diversas menções bíblicas e históricas evidenciando a deturpação provocada por Paulo de Tarso e, mais tarde, pelo catolicismo. Não obstante, critica também Lutero, sobre o qual afirma ter perdido a grande oportunidade de evitar a decadência alemã.
Sobre o budismo, ele afirma ser a religião do nada, na figura de Buda, o que se abdicou de tudo o que era humano. Contudo, ele predica que o budismo é ruim, mas salienta que o cristianismo é um mal ainda pior, pois tenta elevar os chandala (termo hinduísta para designar a pária, casta inferior). • É notável, entretanto a comparação que faz entre os livros sagrados cristãos e o Código de Manu, de origem brâmane. Considerando, a segunda, demasiado superior e que: “esta sim pode ser considerada uma filosofia” (sic.). • Ele afirma em seu prólogo: • “Este livro é para os espíritos livres, pois só estes o compreenderão”.
Ecce Homo • Ecce Homo é uma das obras mais controvertidas de Nietzsche, publicada em meio ao agravamento de sua doença e transtorno mental. • A intenção de Nietzsche ao deixar esta última obra, pelas suas próprias palavras, era de não ser confundido ou mal compreendido. Tinha receio de ser “santificado” ou idolatrado e, por isso mesmo, deixou claro que não era nem santo. • Neste livro cita bastante grandes autores. Explica o momento da vida no qual publicou cada uma de suas obras, dando, inclusive, em alguns casos, uma sinopse dos escritos.
Concepção Nietzscheana de Niilismo • “Tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profanado, e o homem é, finalmente, compelido a enfrentar de modo sensato suas condição reais de vida e suas relações com seus semelhantes.” • Niilismo • Quando os valores superiores perdem a importância
O que é niilismo? Segundo o dicionário Houaiss, o termo niilismo é datado de 1877.Pode significar:1. redução ao nada; aniquilamento; não-existência;2. ponto de vista que considera que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou utilidade na existência;3. total e absoluto espírito destrutivo, em relação ao mundo circundante e ao próprio eu.
Em filosofia: • Para o filósofo escocês William Hamilton(1788-1856), doutrina que nega a existência de qualquer substância, ou realidade permanente, na constituição do universo . • Ideologia de um grupo revolucionário russo da segunda metade do século XIX, militante em prol da destruição das instituições políticas e sociais, para abrir caminho a uma nova sociedade, e favorável ao emprego de medidas extremas, inclusive terrorismo e assassínios : pode está ligado a ação anarquista, terrorista ou revolucionária.
Para Nietzsche • No nietzschianismo, negação, declínio ou recusa, em curso na história humana e especialmente na modernidade ocidental, de crenças e convicções - com seus respectivos valores morais, estéticos ou políticos - que ofereçam um sentido consistente e positivo para a experiência imediata da vida.
Niilismo Ativo • Em filosofia: no nietzschianismo, niilismo vital e necessário por ser capaz de destruir os valores tradicionais da civilização ocidental, abrindo caminho para a transmutação da moral hegemônica e o surgimento de um novo homem. • Obs.: por oposição a niilismo passivo • Niilismo Passivo • Em filosofia: no nietzschianismo, sentimento niilista característico da decadência moderna, e consistente na ausência de desejo pela vida, o que implica a inexistência de convicções, crenças fundamentais e valorações éticas. • Obs.: por oposição ao a niilismo ativo
O Eterno Retorno • O Eterno Retorno é um conceito não acabado em vida pelo próprio Nietzche, trabalhado em vários de seus textos (No “Assim falou Zaratustra”; aforismo 341 do “A gaia ciência”; aforismo 56 do “Além do bem e do mal”. • Um dos aspectos do Eterno Retorno diz respeito aos ciclos repetitivos da vida: “estamos sempre presos a um número limitado de fatos, fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem no presente, e se repetirão no futuro, como por exemplo, guerras, epidemias, etc.”
O que é indispensável notar é que esta teoria, que parece insensata e totalmente inverossímil a muitos, não é uma forma de percepção do tempo: o Eterno Retorno não é um ciclo temporal que se repete indefinidamente ao longo da eternidade. • O Mundo não é feito de pólos opostos e inconciliáveis, mas de faces complementares de uma mesma — múltipla, mas única — realidade. Logo, bem e mal, angústia e prazer, são instâncias complementares da realidade – instâncias que se alternam eternamente.
Como a realidade não tem objetivo, ou finalidade (pois se tivesse já a teria alcançado), a alternância nunca finda. Ou seja, considerando-se o tempo infinito e as combinações de forças em conflito que formam cada instante finitas, em algum momento futuro tudo se repetirá infinitas vezes. Assim, vemos sempre os mesmos fatos retornarem indefinidamente.
O existencialismo e Nietzsche De Nietzsche, o Existencialismo foi buscar o niilismo da ética sem hierarquia de valores – e por isso, uma ética absurda – e a negação de toda e qualquer metafísica deísta romântica.