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BACON, Francis, Novum Organum ou Verdadeiras Indicações acerca da Interpretação da Natureza. PREFÁCIO LIVRO I – AFORISMOS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA E O REINO DOS HOMENS Aforismos I ao XVIII – Da Inutilidade dos Conhecimentos de então para as Ciências
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BACON, Francis, Novum Organum ou Verdadeiras Indicações acerca da Interpretação da Natureza.
PREFÁCIO LIVRO I – AFORISMOS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA E O REINO DOS HOMENS Aforismos I ao XVIII – Da Inutilidade dos Conhecimentos de então para as Ciências • A observação dos fatos e o trabalho da mente como limite ao conhecimento; • Assim como os instrumentos mecânicos ampliam a capacidade das mãos, os recursos da mente aguçam o intelecto; • Ocorre que as ciências da época não forneciam instrumental suficiente para o incremento das ciências em decorrência do uso de silogismos – formados por proposições, estas por palavras e as palavras por signos e noções confusas abstraídas de qualquer sentido substancial; • Os resultados das ciências se davam mais ao acaso do que resultantes da utilização do intelecto propriamente dito; • Propugnava assim como solução a penetração nos extratos mais profundos da natureza por meio de axiomas que fossem abstraídos das coisas por um método adequado e seguro.
Aforismos XIX ao XXXVII – Formas de se fazer Ciência • A lógica que até então era usada para fazer ciência mais valia para perpetuar as falhas e erros; • O homem deve se valer dos recursos materiais disponíveis, dos recursos intelectuais, da própria natureza, mas também do método; • Haveria duas únicas formas para se descobrir a verdade: uma que consiste em saltar das sensações e das coisas particulares aos axiomas mais gerais e, a seguir, descobre-se os axiomas intermediários (calcadas no argumento, perpassam apenas na experiência – antecipações da natureza); e outra que recolhe os axiomas dos dados dos sentidos e particulares, acendendo contínua e gradualmente até alcançar os princípios de máxima generalidade (este último o verdadeiro caminho, calcada na experiência ordenada e controlada – interpretação da natureza);
A experiência rasa e estreita, a partir de poucos fatos particulares, impossibilita a confirmação ou refutação de alguma instância nova surgida – ainda que frívola – conduz a prática de se tentar salvar o argumento, quando o mais correto seria corrigi-lo; • O primeiro método facilita o assentimento (consenso entre os homens) porque empolga o intelecto e propicia a fantasia; o segundo, ao contrário, como resulta de múltiplos fatos, dispersos e por vezes distanciados, não podem de súbito tocar o intelecto; • Propõe, assim, que se faça uma reestruturação da empresa (estudo da ciência) a partir do âmago das fundações, evitando-se “girar perpetuamente em círculos”; • Para isto, então, serviria o seu método.
Aforismos XXXVIII ao LI – Os Ídolos do Intelecto Humano • Consubstanciam em falsas noções, que ocupam o intelecto humano e obstruem o acesso à verdade e à própria instauração das ciências. • São de quatro tipos: ídolos da tribo; ídolos das cavernas; ídolos do foro; e ídolos do teatro. • Traçados os contornos dos ídolos, Bacon delineia as características que julga pertinentes ao intelecto humano: a) quando assente um uma convicção, tudo arrasta ao seu apoio; b) deixa-se abalar para as coisas que subitamente se apresentam e costumam com isso inflamar a imaginação; c) o intelecto não se pode deter ou repousar, procurando sempre seguir adiante, porém, normalmente sem qualquer resultado; d) buscando o que se encontra mais além acaba por retroceder ao que está mais próximo; e) o intelecto humano não é luz pura, pois recebe influência da vontade e dos afetos, que o corrompe; f) o homem se inclina por ter a vontade que prefere. • Assim, os sentidos, por si mesmo, são algo débil e enganador.
Aforismo LII – Os Ídolos da Tribo • Decorrem da própria natureza humana, consistindo em uma espécie de predisposição a apenas conhecer aquilo que melhor lhe convém: “o intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe”; Aforismos LIII ao LVIII – Os Ídolos da Caverna • Decorrem da condição pessoal de cada um, das suas experiências (educação, hábitos de vida etc.) e conformações biológicas e psíquicas: “cada um tem uma caverna ou cova que intercepta e corrompe a luz da natureza [...]”; • Todo o estudioso da natureza deve, assim, ter por suspeito o que o intelecto capta e retém com predileção.
Aforismos LIX ao LX – Os Ídolos do Foro • Decorrem da associação recíproca entre os homens. Essas associações são feitas pelo discurso, que se compõe de palavras, que se formam por signos, cunhados no mais das vezes pelo vulgo. As palavras, assim, impostas de maneira inepta e imprópria bloqueiam o intelecto; • Insinuam-se no intelecto graças ao pacto de palavras e de nomes; • Os homens crêem que a sua razão governa as palavras, mas sucede justamente o contrário; • Os homens são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias, tornando as ciências sofisticas e inativas; • Existem duas espécies de ídolos do intelecto: a) nome de coisas que não existem (mais fáceis de expulsar, pela refutação das falsas teorias que os amparam); e b) nomes de coisas que existem, mas confusos ou mal abstraídos das coisas (mais complexa e mais profundamente arraigada); • Propõe a restauração da ordem, a começar pelas definições.
Aforismos LXI ao LXVII – Os Ídolos do Teatro • Há ídolos que imigraram para o espírito humano por meio das diversas doutrinas filosóficas e também pelo que denomina de “regras viciosas da demonstração”; • Compara as filosofias adotadas ou inventadas a fábulas, que representam mundos fictícios e teatrais; • Não há como apenas refutá-las pelo argumento, pois senão incorreríamos no mesmo erro original; • São três as fontes do teatro e das falsas filosofias: sofística (fundada na dialética Aristotélica, por meio da qual se estabelecia antes as conclusões, sem consultar devidamente a experiência para o estabelecimento de axiomas); a empírica (baseada numa experiência excessivamente estreita e se decide a partir de um número de dados muito menor que o desejável); e a supersticiosa (mescla filosofia com a teologia, pretende deduzir as ciências da invocação de espíritos e gênios); • Para Bacon a supersticiosa é a pior de todas, pois, enquanto a filosófica sofística, afeita que é às disputas, aprisiona o intelecto, aquela primeira é fantasiosa e inflada e quase poética, prendendo-o muito mais com suas lisonjas. Embora já se visse alguns exemplos dela na Grécia antiga (Platão e Pitágoras), alguns modernos incorreram neste mesmo erro.
Aforismos LXVII ao LXIX – Combate aos Ídolos. Crítica à Dialética Aristotélica • O intelecto deve ser expurgado e liberado de todos eles; • As demonstrações falhas são as fortificações e defesa dos ídolos; • A dialética aristotélica é a lógica do provável. É uma dedução que, ao invés de partir de premissas verdadeiras, extraídas da experiência provocada e controlada, parte de premissas prováveis, geralmente admitidas; • A dialética não faz muito mais senão subordinar a natureza do pensamento humano e o pensamento humano às palavras: as próprias impressões dos sentidos são viciosas; os sentidos não só descaminham como levam ao erro; as noções são mal abstraídas por meio das impressões dos sentidos; • É para Bacon, então, a matriz de todos os erros e calamidades que recaem sobre as ciências;
Aforismo LXX – Combate aos Ídolos. A experiência como possível aliada. • O método proposto por Bacon tem base experimental, embora refute e o empirismo. Trata-se de conceitos distintos e inconfundíveis; • Com efeito, a experiência, desde que se atenha rigorosamente ao experimento (ou seja, devidamente provocada e controlada), é de longe a melhor forma de demonstrar uma verdade. Está aqui a base do método de Bacon; • O empirismo (forma de experiência bruta e não controlada), entretanto, é cego e estúpido. Os homens costumam realizar as experiências como em um jogo ou restringindo o seu trabalho a apenas um experimento em particular;
Aforismos LXXI ao LXXVII – A Origem Grega das Ciências. • As ciências que possuímos provieram, em sua maior parte, dos Gregos; • Contudo, o seu saber é eminentemente professoral e pródiga em disputas, representando uma espécie das mais adversas à investigação da verdade; • De todas essa filosofia dos gregos e todas as ciências particulares dela derivadas não há um único experimento de que se possa dizer tenha contribuído para aliviar ou melhorar a condição humana.
Aforismos LXXVIII ao XCIV – A causa dos Erros. • A primeira é que, do longo período da história da civilização humana, pouco mais de 06 centúrias podem ser escolhidas e apontadas como tendo sido fecundas para o desenvolvimento das ciências; • Desse pouco tempo em que floresceu o conhecimento humano, pouco se dedicou à filosofia natural (que seria a mãe de todas as ciências), subvertendo-se o seu papel para figurá-la na posição de serva das demais; • Ninguém, até então, teria fixado de forma justa o fim da ciência, que segundo propõe o autor é de dotar a vida humana de melhores recursos. Assim, se não há ponto de chegada, não é de se estranhar as aberrações até então produzidas; • Por fim, o desinteresse dos homens e a suposição da sua impossibilidade – de longe o maior obstáculo ao progresso das ciências.
Aforismos XCV ao CXXX – A Proposta do Novo Método. • O autor propõe uma posição intermédia entre os dogmáticos e os empíricos: “os empíricos, a maneira das formigas, acumulam e usam as provisões; os racionalistas, à maneira das aranhas, de si mesmo extraem o que lhes serve para a teia; a abelha representaria uma posição intermediária, visto que recolhe a matéria-prima das flores dos jardins e do campo e com seus próprios recursos a transforma e digere; • Há de ser purificar o intelecto, dirigindo-o a compreensão sistemática das séries de fatos particulares, em número (quase um exército); gênero ou em exatidão, capazes de formar verdadeiros axiomas e espécie de causas das coisas da natureza e do reino do homem; • Sendo tão grande o número de fatos, podem desagregar e confundir o intelecto humano, razão pela qual se propõe o uso de tábuas de investigação (presença ou afirmação; ausência ou negação; e graduações ou comparações);
Após a criação de axiomas menores, chegar-se-ia aos médios e, por fim, eleva-se aos mais gerais; isto se faria por um método indutivo não concebido até então; depois, haveria retorno aos fatos particulares. Assim, conclui-se que o caminho não é plano; nele há subidas e decidas: “O primeiro é ascendente, em direção aos axiomas; é descendente quando se volta para as obras; • Por fim, na constituição dos axiomas, por meio da indução, é necessário que se proceda a um exame ou prova, ou seja, deve-se verificar se o axioma que se constitui é adequado e está na exata medida dos fatos particulares de que foi extraído (i.e., se é confirmado com a designação de novos fatos particulares).
PARADIGMA: DEDUÇÃO (ARISTOTELES) • BACON: INDUÇÃO
VERDADEIRA INDUÇÃO INDUÇÃO VULGAR PRINCÍPIOS DE MÁXIMA GENERALIDADE AXIOMAS GERAIS DESCOBERTA DA “FORMA” (principal objetivo da ciência) SALTO DIVERSAS ETAPAS (auxílios para o intelecto) OBSERVAÇÃO DOS FENÔMENOS OBSERVAÇÃO DOS FENÔMENOS
METODO EXPERIMENTAL • OBSERVAÇÃO E ANOTAÇÃO DOS CASOS EM QUE A NATUREZA ESTUDADA SE MANIFESTA • 2. TABUA DE AUSENCIA EM FENÔMENOS PRÓXIMOS • 3. TABUA DE GRAUS OU DE COMPARAÇÃO • REJEIÇÃO OU EXCLUSÃO • AUXÍLIOS DO INTELECTO 5. INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA NA AFIRMATIVA
AUXÍLIOS DO INTELECTO: - INSTÂNCIAS PRERROGATIVAS (fatores especiais que direcionam a pesquisa em determinado sentido) - ADMINÍCULOS DA INDUÇÃO(o que contribui) - RETIFICAÇÃO DA INDUÇÃO - ESQUEMATISMOS E PROCESSOS LATENTES - ESCALA ACSENDENTE E DESCENDENTE DE AXIOMAS [...] 6. DESCOBERTA DA“FORMA” (OBJETIVO DA CIÊNCIA) 7. PRINCÍPIOS DE MÁXIMA GENERALIDADE