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Diarréia e desidratação. Dra. Martha C. Ferretti Cisneros. Julho/2007. Diarréia na infância. Diarréia Aguda Diarréia Persistente Diarréia Crônica. Diarréia Aguda.
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Diarréia e desidratação Dra. Martha C. Ferretti Cisneros Julho/2007
Diarréia na infância • Diarréia Aguda • Diarréia Persistente • Diarréia Crônica
Diarréia Aguda • Constitui importante causa de morbidade e mortalidade em todo o mundo, particularmente nos países em desenvolvimento. 3 milhões de mortes por ano (OMS) • Nos países desenvolvidos figura entre as 10 primeiras causas de óbito em crianças • Na América Latina causa básica de morte em quase 30% de crianças < 5 anos • No Brasil, em algumas regiões, até 1/3 de todos os óbito em menores de 1 ano
Diarréia, Infeccão, Desnutrição e Mortalidade • 60 a 70% das mortes por diarréia se devem à desidratação Desidratação aguda Diarréia Agravo Nutricional Infeccão Desnutrição
Diarréia • Alteração do hábito intestinal caracterizado por aumento do número de evacuações e/ou diminuição da consistência das fezes devido ‘a presença de água e eletrólitos (SPGN)
Fisiopatologia da Diarréia Aguda • Processo secretório • Processo citotóxico • Processo osmótico • Processo disentérico
Processo Secretório • Mediado por enterotoxina • Estimula secreção de fluidos e eletrólitos a nível de células secretoras das criptas • Bloqueia absorção de fluidos e eletrolitos nas vilosidades • Não afeta a absorção da glicose a uma concentração de 2 a 3% , concentração que favorece a absorção de água e sódio
Processo Citotóxico • Destruição das células mucosas das vilosidades • Diminuição da capacidade de absorção de fluidos e eletrólitos no intestino delgado • Aumento relativo da função secretória pelas células da cripta remanescentes
Processo osmótico • Resulta da presença de substância malabsorvida em alta concentração no lumen intestinal, a qual torna-se osmoticamente ativa, induzindo movimentos de água do plasma para a luz intestinal e provocando retardo na absorção de água e eletrólitos • Pode estar presente como complicação de qualquer processo patológico gastrointestinal • É observada nas síndromes de má absorção
Processo Disentérico • Inflamação da mucosa e submucosa do íleo terminal e intestino grosso • Edema, sangramento da mucosa e infiltração leucocitária • Absorção de fluidos diminuida • Aumento da motilidade do colon com evacuaões frequentes e tenesmo
Agentes etiológicos na Diarréia Aguda • Secretório: E. coli, V.cólera, C. difficile, C. perfringens, A. hydrophila, S. aureus, V. parahaemolyticus, B. cereus, Shigella, Salmonella, Yersínia, G. lamblia, neuroblastoma • Citotóxico: Rotavirus, Norwalk agente, Cryptosporidium, E. coli • Osmótico: Lactose, Sorbitol • Disentérico: Campylobacter fetus, C. difficile, Salmonella, Shiguella, Yersínia enterocolítica, Entamoeba Histolytica
Avaliação • História Variação sasonal Antecedentes/Considerações especiais História alimentar Ingestão hídrica/perdas Diuresis Característica das evacuações Outras manifestações do tubo digestivo Localização do processo Avaliação da possível etiologia
Exame Físico • Avaliação Geral da criança • Estado de Hidratação • Estado Mental • Dados Antropomêtricos • Sinais Vitais • Sinais de Doença Sistêmica
Avaliação Laboratorial • Avaliação do grau de desidratação: Eletrólitos, bicarbonato, uréia e creatinina, Densidade urinária • Avaliação de doença associada/sistêmica: Glicemia, SU, Culturas, outros • Exame das fezes: pH, SR, Pesquisa de sangue, muco, pus, Parasitológico de fezes • Pesquisa de Leucócitos nas fezes (bacteriana > 5 Leu/C) • Coprocultura • Testes rápidos para identificação de ag. Infecciosos • Avaliação de má absorção
Tratamento • Prevenção da desidratação • Tratamento da desidratação • Manter o aleitamento materno • Manutenção da alimentação durante e após o quadro diarréico. Não usar tratamento sintomático • Papel dos probióticos
Manutenção da alimentação • Impede a deterioração do quadro nutricional • Promove a mais rápida recuperação do epitélio intestinal • O leite materno deve ser sempre mantido • Realimentar a criança o mais cedo possível. Alimentação normal • Correção dos erros alimentares • Aumento de uma ou mais refeições ao dia
Manutenção da alimentação • Fazer modificações apenas quando houver piora do quadro, tendência para persistência da diarréia ou manifestação de intolerância (Intolerância transitória a lactose), APLV. • Em criança maior, oferecer alimentos obstipantes
Tratamento Etiológico • Na maioria dos casos é dispensável. • Antibióticos são geralmente contra-indicados • Restrito a parasitoses, cólera, C. difficile e às crianças de risco que evoluam com disseminação da infecção enteral
Tratamento antimicrobiano • A. hydrophila: Amoxicilina, TMP-SMZ • Campylobacter: Eritromicina • C.difficile: Vancomicina, Metronidazol • C.perfringens: Penicilina, Tetraciclina • E.coli:TMP-SMZ, aminoglicosídio vo • E.histolytica: Metronidazol, • G.lamblia: Metronidazol,furazolidona • Salmonella: Tetraciclina, SMZ-TMP Cloranfenicol, aminoglicosídio • Shigella: Amoxicilina, SMZ-TMP, aminogl. • Yersínia: Tetraciclina, cloranfenicol, SMZ-TMP, aminoglicosídio
Tratamento da cólera • Tetraciclina: 50 mg/Kg/d 6/6 hs vo por 3 dias (crianças > 7anos) • Doxicilina: 6 mg/Kg/d vo DU • TMP-SMZ: 5 mg/Kg/d de TMP 12/12 hs. por 3 dias • Furazolidona: 5 mg/Kg/d 6/6 hs vo por 3 dias • Eritromicina: 50 mg/Kg/d 6/6 hs vo por 3 dias
TRO • Principal arma para reduzir a morbidade e mortalidade infantil por diarréia • A solução hidratante deve ser isotônica e equimolar em sódio e glicose. A concentração ideal de glicose é em tornos de 2 a 2.5%.Concentrações > produzem efeito osmótico com piora da diarréia
Não devem ser usados outros líquidos “caseiros” em substituição ao SHO para TRO • Alguns aa (Glicina, alanina) promovem a absorção de água e Na pelo intestino delgado através de mecanismos independentes aos da glicose • Pó de arroz: Sofre hidrólise lentamente na luz intestinal liberando glicina sem aumento da carga osmolar
Plano C • Expansão 100 ml/Kg 1SG 5%:1SF0.9% 2 hs. • Manutenção Regra de Holliday 1SF:4SG5% Eletrólitos:KCl 19.1% 1 ml/Kg/d GluCa 10 % 2 a 4 ml/Kg/d • Reposição 50 ml/Kg/d 1SG 5%:1 SF
Composição das soluções para terapia de reidratação oral recomendada pela OMS/UNICEF
Comparação entre quantidade de eletrólitos em 100 ml de SHO – OMS e os défices médios estimados na desidratação por diarreia aguda
Hidratação endovenosanormas gerais – FMRP - USP 1- Fase de reparação: De acordo com o grau da desidratação – através da avaliação clinica / perda de peso Tempo: 4 – 6 h Soluções a serem utilizada: 1/2 SF: 1/2 SG 5% (77mEq / L NaCl) ou 2/3 SF: 1/3 SG 5% (100 mEq / L Nacl)
Hidratação endovenosanormas gerais – FMRP - USP 2 – Fase de Manutenção: As necessidades hídricas calculadas de acordo com a regra de Darrow (150ml/100 Cal metabolizadas) ( 25 – 80 Cal/Kg, de acordo com a idade), ou com a regra de Holliday. Soluções a serem utilizadas: -1/5 SF: 4/5 SG 5% ou 10% - 1/4 SF: 3/4 SG 5% ou 10% Eletrólitos: - Sódio e Cloro: já estão sendo fornecidas as necessidades diárias normais de Na e Cl, aproximadamente 3- 5mEq / 100 cal/dia. - Potássio: 2,5 – 6,25 mEq / 100 cal met. / dia (concentração de K na solução < 60 mEq/l - Cálcio: 2 mEq/K/dia - Magnésio: 1 - 1,5 mEq/K/dia Calorias: para prevenir cetose e diminuir o catabolismo protéico 20 – 40% das necessidades calóricas 5 – 10g de Glicose/100 cal / dia 3 – Necessidades anormais ou de reposiçao: Calculada de acordo com o tipo e intensidade das perdas em ml / Kg.
Contra-Indicações ao Plano B • Alteração da consciência • Choque • Acidose metabólica grave • Sepsis • Vômitos incoercivéis • Distenção abdominal (íleo paralítico) • Interromper nos casos de diarréia que não apresente melhora • Ausência de melhora clínica • Manutenção dos vômitos
Roteiro para Reidratação OralFMRP - USP Fase de Reparação
Profilaxia • Aleitamento Materno • Práticas adequadas de introdução novos alimentos • Imunização • Saneamento básico • Lavagem das mãos • Educação e saúde.
Leite Materno • Garantia de proteção contra a Diarréia.
Diarréia Persistente • Prolongamento da Diarréia Aguda (>14 dias) • O quadro diarréico se mantém por perpetuação do agente infeccioso e/ou alterações morfológicas/funcionais do trato gastrointestinal • Tx de mortalidade eleva-se de 0.8% para 14% • 3 a 20% dos episódios de Diarréia Aguda
Diarréia Persistente • A Doença Diarréica pode prolongar por: • Persistência de fatores que provocam/ perpetuam lesão de mucosa: microorganismos, alteração da barreira mucosa, dieta, sais biliares • Capacidade retardada de regeneração da mucosa: Desnutrição protéico-calórica crônica
DIARRÉIA PERSISTENTE FISIOPATOLOGIA Diarréia Lesão morfológicas dos enterócidos Má absorção Permeabilidade da mucosa Sobrecrescimento bacteriano Intolerância HC Alergia alimentar Desconjugação saís biliares Reabsorção inadequada saís biliares Déficit Pondero- estatural (DPC) Esteatorreía D. colérica
Fisiopatologia da Diarréia Persistente Gastrenterite aguda determina lesão e/ou disfunção da mucosa • Aumento da Permeabilidade, sensibilização e APLV • Redução das enzimas entéricas – dissacaridases e dipeptidases, levando a má absorção • Má absorção de sais biliares, produzindo diarréia colerréica e má absorção de gordura O resultado é a perpetuação da DIARRÉIA e a DESNUTRIÇÃO, estabelecendo-se um ciclo vicioso
Diagnóstico de Diarréia Persistente • Historia de gastroenterite aguda como episódio inicial do quadro diarréico • Pesquisa do Agente enteropatogênico nas fezes • Avaliação da Absorção Intestinal: Função absortiva intestinal, Anatomopatológicos, • Avaliação Nutricional • Avaliação das complicações
Tratamento da Diarréia Persistente • Correção da desidratação e dos distúrbios metabólicos • Estímulo à retomada ou à manutenção do aleitamento natural • Realimentação Precoce e com dieta adequada, isenta do elemento agressor (Hidrato de Carbono intolerado e/ou Proteína Alergênica) • Detecção e tratamento de infecções • Profilaxia, Imunização
Manejo Dietético na Diarréia Persistente • Leite Humano • Fórmulas isentas de lactose • Fórmula de Frango • Fórmulas à base de proteína da soja • Fórmulas semi elementares • Fórmulas elementares • Nutrição Parenteral • Suplementação de Vitaminas e Oligoelementos
Diarréia Crônica • Síndrome diarréica > 30 dias ou 3 ou mais episódios de diarréia nos últimos 60 dias • Variedade de etiologia • Multiplicidade de quadro clínico • Incidência varia de acordo com a idade e com as características raciais e socioeconômicoculturais da população
Diagnóstico da Diarréia Crônica • História Clínica: • Idade do início • Repercussão sobre o estado geral • Características das evacuações: freqüencia, aspecto,odor, consistência, sinais de esteatorréia, presença de muco, sangue, restos alimentares • Manifestações do tubo digestivo: Vômitos, dor, colicas e tenesmo, distensão abdominal, períodos de obstipação, fístulas e fissuras perianais, prolapso retal, lesões orais
Diagnóstico da Diarréia Crônica • Alteração da dieta: Introdução de novos alimentos, antecedentes alimentares detalhado • Manifestações extraintestinais: eczema, acrodermatite, rash, edema, pulmonares, neurológicos, hemorragia e equimose, anemia, anorexia, nfecções repetidas, perda de peso ou falta de ganho ponderal, febre, dor articular, irritabilidade • Antecedentes pessoais: Infecções repetidas, cirurgia prévia, uso de drogas,DNPM
Diagnóstico da Diarréia Crônica • Antecedentes familiares • Terapêutica utilizada • Ambiente físico e psicológico • Exame Físico minucioso, exame perianal e toque retal • Peso – Estatura – PC - PT
Diarréia Crônica • Doenças de origem genética e manifestação precoce: Cloridorréia congênita, diarréia perdedora de sódio, intolerância a dissacarídeos, deficiência
Diagnóstico da Diarréia Crônica Avaliação Laboratorial da Absorção intestinal de macronutrientes • Proteínas: Balanço Nitrogenado, quimiotripsina fecal, alfa 1 AT nas fezes • Hidratos de Carbono: pH, SR, testes de sobrecarga oral,teste de hidrogênio no ar expirado • Gorduras: Método de Van de Kammer, esteatócrito, Sudam III
Diagnóstico da Diarréia Crônica • Avaliação da Integridade da Mucosa do Intestino Delgado: D-xilosemia • Biopsia Jejunal • Colonoscopia e Biopsia seriada de Cólon • Específicos: Anticorpos Antigliadina, antiendomísio e antitransglutaminase • Anticorpos pAnca e ASCA para DII • Dossagem de cloro no suor • Prova genética para Fibrose Cística
Tratamento da Diarréia Crônica • Específico para cada etiologia • Encaminhamento precoce a um centro especializado