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O Canto do dodô

O Canto do dodô. Raridade que leva à morte. Raphus cucullatus. Ilhas Maurício; Endêmico; Sucesso evolutivo? Ingenuidade ecológica? Por que? Incapacidade de voar; Nidificava no chão; Comida de marinheiros; Passáro estúpido. Raphus cucullatus. Como era o canto do Dodô?

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Presentation Transcript


  1. O Canto do dodô Raridade que leva à morte

  2. Raphuscucullatus • Ilhas Maurício; • Endêmico; • Sucesso evolutivo? • Ingenuidade ecológica? • Por que? • Incapacidade de voar; • Nidificava no chão; • Comida de marinheiros; • Passáro estúpido

  3. Raphuscucullatus Como era o canto do Dodô? O canto do Dodô, se é que ele cantava, desapareceu da memória humana

  4. O que restou do Dodô? • Três ou quatro esqueletos misturados em museus; • Sortimento de outros ossos; • Uma pata decepada e ressequida; • Alguns textos sobre sua aparência e gravuras de 1600; • As “taxidermias” em museus são apenas bonecos de gesso, arame e penas de aves domésticas.

  5. O colapso nas ilhas • Desde 1600, segundo Diamond; • 171 espécies e subespécies de aves foram extintas; • A primeira e mais famosa: Dodô; • Desse total, 155 em ilhas (mais de 90%);

  6. Ilhas pequenas x grandes • Uma ave em uma ilha pequena tem maior possibilidade de ser extinta que uma ave em uma ilha grande. Por quê?

  7. A ilha Maurício: ex-lar do Dodô • Em 1507 marinheiros portugueses chegaram pela primeira vez em Maurício; • Mesmo que tenham encontrados Dodôs, parecem que não lhes deram atenção – não existem relatos dessa época; • 1598: Holandeses utilizam a ilha como pasto para domésticos e, também se alimentam de Dodôs e tartarugas.

  8. Dodofagia • 1601 – relato de Van Neck • Papagaios-cinza são comuns lá, além de outras aves, e também um tipo grande, maior que nossos cisnes, de cabeça grande, metade da qual é coberta de pele, como um capuz. Essas aves carecem de asas e em seu lugar têm apenas três ou quatro penas enegrecidas. O rabo consiste em algumas plumas finas e curvas, de cor cinza. Nós as chamávamos de walckvögel, pelo motivo de que, quanto mais eram fervidas mas duras e intragáveis se tornavam.

  9. Dodôfagia • Walckvögel: pássaro repulsivo em holandês; • “os Dodôs eram tão grandes e pesados que um par deles mais do que alimentou a população.” • “munidos de paus, redes e mosquetes ... nos três dias em que estiveram fora capturaram mais meia centena de aves, entre elas cerca de vinte Dodôs, todos os quais foram levados a bordo e salgados.”

  10. Ingenuidade ecológica • Quanto à cor ... Visto que os holandeses capturam e comem muitos deles todos os dias. Não apenas esses; em geral, todas as aves de lá são tão brandas que rolas, pombos silvestres e papagaios podem ser mortos com paus e capturados com as mãos.

  11. Maurício: a bioinvasão • Portugueses e holandeses; • Cabras; • Galinhas; • Gado; • Veado; • Gatos; • Cachorros; • Porcos; • Macacos.

  12. OCASO de uma espécie • 1662 – VolquardIversen (holandês) • Naufragou perto de Maurício

  13. OCASO de uma espécie • “Quando prendemos um pela perna, emitiu um grito e os outros vieram correndo para ajudar o prisioneiro e também acabaram sendo apanhados.” • Foram resgatados cinco dias depois; • Ninguém nunca mais relatou avistameto de Dodôs.

  14. VolquardIversen matou o Dodô?Matou Raphuscucullatus?

  15. Extinção: a batalha pela sobrevivência • O ponto crucial é o que ou quem mata o último indivíduo? • Quando a morte do último indivíduo se torna eminente a espécie já perdeu batalhas demais na guerra pela sobrevivência. • O próprio acaso age agora contra ela.

  16. Raridade, prelúdio da extinção • Espécies comuns se tornam raras antes de seu desaparecimento total; • Espécies raras correm risco adicional inerente de extinção.

  17. Raridade: questões • Por que algumas espécies são intrinsecamente raras? • Por que outras se tornam raras? • Quais os problemas específicos afligem as raridades?

  18. O que é extinção? Imagine, por exemplo, que o último Dodô não pereceu na ilhota de Irvensen. Imagine um único sobrevivente, um fugitivo solitário correndo a esmo em Maurício no final do século XVII. Imagine que esse fugitivo seja uma fêmea. Corpulenta, perplexa e incapaz de voar, teria sido engenhosa o suficiente para escapar e resistir enquanto as outras aves sucumbiam. Ou então apenas teve sorte. Talvez tivesse passado a vida inteira nas montanhas bambous, perto do litoral sudeste, onde as diversas formas de ameaças

  19. O que é extinção? trazidas pelos humanos demoraram a penetrar. Ou talvez tenha se escondido no escoadouro de um regato nos desfiladeiros do Rio Negro. Mas o tempo e as adversidades haviam finalmente cobrado seu preço. Imagine que seu último filhote foi devorado por um porco selvagem e que seu último ovo fértil foi comido por um macaco.

  20. O que é extinção? Que seu companheiro foi morto a pauladas por um esfomeado marinheiro holandês e que ela não tem a menor chance de encontrar outro. Nos últimos seis anos, por mais tempo que uma ave seria capaz de lembrar, ela nem sequer avistou outro membro de sua espécie. O Raphuscucullatus tornara-se tão raro que estava sendo levado à morte. Mas esse indivíduo de carne

  21. O que é extinção? e osso ainda vivia. Imagine que tivesse trinta anos, talvez 35, uma idade vetusta para a maioria das aves, mas não impossível para um indivíduo de uma espécie de corpo tão grande. Seu andar gingado ocultava o fato de que não conseguia mais correr. Estava começando a ficar cega e seu sistema digestivo empacava. Na escuridão de uma madrugada de 1667, digamos, durante uma tempestade de chuva, ela procurou refúgio debaixo de

  22. O que é extinção? uma fria saliência de rocha na base de uma das escarpas do rio Negro. Recolheu a cabeça contra o corpo, afofou as penas para se aquecer, apertou os olhos em paciente tormento. E esperou. Não sabia, e ninguém mais sabia, mas era o único dodô sobre a Terra. Quando a tempestade passou, não abriu mais os olhos. Isso é extinção.

  23. A extinção do Dodô – o marco • Houve extinções antes do Dodô; • Também registramos várias após; • Mas foi a primeira vez que o homem se deu conta de que ele havia provocado o desaparecimento de uma espécie; • Homo sapiens: eu, você, nós.

  24. O Capitão Tasman • 1642 • Rumores de um novo continente mais ao sul ou, ao menos, uma grande ilha; • Por um erro, o capitão aportou em outro local, uma ilha menor; • Tasmânia • Relata “pegadas que não diferiam muito das garras de um tigre”

  25. A descrição • Didelphiscynocephalus • Thylacinuscynocephalus

  26. histórico • 1803: chegada dos Britânicos; • 1820: apenas quatro tilacinos haviam sido avistados; • 1824: “existe um animal que parece uma pantera que vem causando danos terríveis contra os rebanhos.”

  27. ... e as mortes dos carneiros • “tigres” – Tilacinos; • Cães que se tornaram ferais; • Roubos pelos “Bushrangers” – os foragidos que viviam no mato; • Tilacinos levaram a culpa pelas matanças que cometeram e por outras das quais eram inocentes; • 1830: início da caça por recompensa.

  28. Como eliminar uma espécie: • Empresa Van Diemen´s LandCompany; • uma empresa de criação de bovinos e ovinos; • Lança o primeiro programa de caça premiada; • O programa concebido para exterminar os cães selvagens e diabos-da-tasmânia mas os tilacinos (hienas, segundo terminologia à época) eram o alvo principal;

  29. Exterminando uma espécie: • “5 xelins por cada hiena macho, 7 xelins por cada hiena fêmea (prenhe ou não) e metade dos valores acima para diabos e cães selvagens machos ou fêmeas” • Tais valores eram equivalentes a cerca de um dia de trabalho; • 1 tilacino morto = um dia de trabalho.

  30. Sistema de recompensa progressiva “Após a destruição de vinte hienas, a recompensa pelas vinte seguintes aumentará para 6 e 8 xelins, respectivamente, e daí para frente 1 xelim adicional por cabeça será pago por cada sete animais mortos, até o máximo de 10 xelins por macho e 12 xelins por fêmea.” O que mantém o equilíbrio dinâmico entre presa e predador?

  31. Um sensato em 1863 “Quando a ilha comparativamente pequena da Tasmânia se tornar mais densamente povoada e suas florestas primitivas forem cortadas por estradas da costa leste para a oeste, a quantidade desse animal singular irá rapidamente diminuir, seu extermínio chegará ao ápice e, como aconteceu com o lobo na Inglaterra e na Escócia, ele será considerado um animal do passado.”

  32. A terra pristina e o lucro imediato: de quem é a terra? • Ovinoculturos ainda relatavam morte de 30 a 50 mil ovelhas por ano; • Outros reclamavam a perda de 20% do rebanho; • Não era justo arcarem com o prejuízo sozinhos (pagamento particular de recompensa de caça), o governo deveria se responsabilizar; • O programa público de caça de Tilacinos foi iniciado.

  33. Registros de um massacre • No primeiro ano: 81 Tilacinos mortos; • No seguinte: mais de cem; • Manteve-se assim por uma década; • 1900: máximo de 153 Tilacinos mortos; • Em seguida houve uma acentuada queda; • 1905: último ano com mais de 100 Tilacinos; • 1908: 17 Tilacinos; • 1910: nenhum; • Nunca mais se pagou recompensa por Tilacino; • Eliminamos a espécie em algum momento entre 1905 e 1909.

  34. Cancelamento do programa Em 1912 o programa foi cancelado por falta de Tilacinos.

  35. A caça como fator único? • Perda de habitats; • Quantidades imensas de carneiros e gados para pastar; • Cercas; • Competição com cães selvagens; • Caça, perda de habitat, competição. • Peste?

  36. PESTE • Por volta de 1910 um mal semelhante à cinomose aparentemente afligiu vários predadores: • “Quoll” ou gato marsupial do leste (Dasyurusviverrinus); • Gato marsupial de cauda manchada (Dasyurusmaculatus); • É possível que tenha atingido o Tilacino.

  37. O ocaso do Tilacino • 1930:WilfBatty abate um tilacino a tiros e posa para uma fotografia com a carcaça na cerca; • 1931: morre o tilacino no zoológico de Londres (adquirido por 150 libras – já valiam mais vivos como atração zoológica); • HobartDomainZoo (dois filhotes haviam sido trazidos com a mãe em 1924); • Cresceram e envelheceram em cativeiro: • Um morreu em 1935 e outro em 7 de setembro de 1936; • Sua morte foi registrada pela Câmara de Vereadores de Hobart que observou que esforços seriam empreendidos para obter outro pelo valor máximo de 30 libras.

  38. Tilacino: uma espécie protegida • em 7 de setembro de 1936 morre o último Tilacino; • Em julho de 1936, dois meses antes da morte do último indivíduo conhecido, o governo da Tasmânia declarou o Thylacinoscynocephalusuma espécie protegida. Homenagem póstuma

  39. Tilacino: uma espécie relictual • A Tasmânia é uma ilha continental; • Em oposição às ilhas oceânicas; • Tilacinos colonizaram a Tasmânia; • Tal colonização permitiu sobreviverem até o séc. XX; • Os colonizadores australianos não tiveram “problemas” com Tilacinos na Austrália; • Por que? • Os Tilacinos nunca existiram na Austrália?

  40. Tilacino: uma espécie relictual • Ubirr, sítio sagrado aborígene no Parque NacioanlKakadu – Austrália; • Uma primitiva figura desenhada na rocha: • É esguia; • Vagamente canina; • Possui listras escuras descendo pela parte posterior das costas; um Tilacino

  41. Tilacino: uma espécie relictual • Um Tilacino na Austrália; • A figura data de 5 ou 10.000 anos atrás; • O que quer que tenha eliminado os Tilacinos na Austrália, não os seguiu para a Tasmânia. • Registros fósseis comprovam que os Tilacinos sobreviveram na Austrália até 1.000 a. C.; • Em algum momento entre essa data e a chegada dos europeus, eles foram eliminados.

  42. Tilacino: uma espécie relictual • O que os dizimou no continente e os manteve na Tasmânia? • Caça pelos aborígenes? • Competição com cães selvagens (Canis dingo)? Sobreposição de nicho Placentário x marsupial • Canis dingonunca chegou na Tasmânia

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