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Interpretações da natureza do processo de industrialização no Brasil (1).
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Interpretações da natureza do processo de industrialização no Brasil (1) • Sobre a industrialização brasileira discutida na minha última mensagem falta ainda um menção às diferentes interpretações, para além da interpretação do Capitalismo Tardio. Utilizo para isto um livro clássico sobre o assunto: Indústria Brasileira – Origem e Desenvolvimento de Wilson Suzigan (Brasiliense, 1986). Este livro é disponível na Biblioteca. As interpretações são as seguintes: • 1) A “teoria dos choques adversos” – A ocorrência de um choque adverso (crises no setor exportador, guerras, crises econômicas internacionais) afetando o setor externo da economia aumenta os preços relativos das importações e/ou impõe dificuldades internas à importação. Em conseqüência, a procura interna, sustentada por políticas econômicas expansionistas, desloca-se para as atividades internas substituidoras de importação. Segundo Suzigan, há duas “versões” desse argumento: uma primeira versão, por ele chamada de “versão extrema”; e uma outra se refere à interpretação do desenvolvimento industrial brasileiro feita por Celso Furtado (1963) e Maria da Conceição Tavares (1972). A diferença entre as duas versões é que a primeira proclama-se como uma teoria de aplicação geral, enquanto que a segunda refere-se aos choques da crise do café e da Grande Depressão dos anos 1930.
Interpretações da natureza do processo de industrialização no Brasil (2) • 2) A “industrialização liderada pela expansão das exportações” – A interpretação do desenvolvimento industrial brasileiro anterior à década de 1930 feita por Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares poderia, em princípio, ser considerada como idêntica à interpretação da liderança do setor exportador. Contudo, esta última estabelece uma relação entre a expansão industrial e as exportações que passa a ter validade estrutural: significa que a indústria desenvolve-se durante períodos de bom desempenho exportador e retarda-se com há uma crise desse mesmo setor. Assim, há uma caracterização do desenvolvimento industrial como um processo abrangente de industrialização e não apenas limitado à produção de bens de consumo como uma extensão do setor exportador. Os principais representantes dessa visão são Dean (1976); Peláez (1972) e Left (1982). • 3) A “industrialização intencionalmente promovida por políticas do Governo” – Esta interpretação atribui grande importância a políticas intencionais do governo para a promoção da industrialização, principalmente através da proteção tarifária e da concessão de incentivos e subsídios. Não se trata, porém de provar que a industrialização foi promovida por uma política deliberada e abrangente de desenvolvimento. Há consenso de que tal política, no sentido definido por Hirschman, não foi implementada no Brasil antes da década de 1950. Os principais intérpretes são Flávio Versiane e Maria Tereza Versiane (1977).