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Problemas ambientais em reservatórios: espécies exóticas. LEONARDO PEREIRA DIAS DUARTE. ECOSSISTEMA NATURAL.
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Problemas ambientais em reservatórios: espécies exóticas LEONARDO PEREIRA DIAS DUARTE
ECOSSISTEMA NATURAL • Ecossistemas naturais são o resultado de milhões de anos da evolução conjunta de espécies que encontraram o ponto ideal de equilíbrio que permite sua convivência. Este conjunto de espécies forma o que se define como biodiversidade. A introdução de novas espécies a estes conjuntos ocorre naturalmente de forma muito lenta e eventual (Westbrooks, 1998; Wagner; Herbst; Sohmer, 1990).
ESPÉCIES EXÓTICAS • Na Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica, Decisão V/8, define-se: “exótica” ou “espécie exótica” refere-se a uma espécie ocorrente fora de sua área de distribuição natural. • Espécies exóticas invasoras são organismos que, uma vez introduzidos em um novo ambiente, se estabelecem passando a desenvolver populações autoregenerativas e após um período de tempo invadem o ambiente causando impactos ecológicos e/ou econômicos e/ou sociais negativos. O processo de invasão biológica tende a causar inestimável perda de biodiversidade. • Cerca de 85% foram introduzidas e trazidas por algum uso econômico, e apenas 15% dessas espécies chegaram aqui por vias acidentais.
ETAPAS DO PROCESSO DE INVASÃO http://www.uc.pt/invasoras/invasoes/etapas.htm
ANIMAIS EXÓTICOS NO BRASIL Agabifornius lentus – Tatuzinho-de-jardim www.saudeanimal.com.br/imagens/tatuzinho.jpg • Invertebrados terrestres Achatina fulica – Caramujo-gigante-africano oregonstate.edu/Dept/nurspest/Images/ mollusks/snails/Achatina%20fulica%20David%20Robinsoncornershot.jpg Digitonthophagus gazella - Rola-bosta Europa www.luzdosolhos.blogger.com.br/besouro2_resize.jpg África África
Corbicula fluminea – Berbigão • Invertebrados de água doce Macrobrachium rosenbergii– Camarão-gigante-da-malásia www.ecologie.gouv.fr/IMG/1060-1.jpg www.aquanovel.com/images/invertebrados/neocaridina.jpg Limnoperna fortunei – Mexilhão-dourado Sudeste Asiático Índia e Malásia www.tropicalresources.net/phpBB2/templates/BMan1Blue /images/profile_pics/fish_profiles_paleomonetes1.jpg China e Sudeste da Ásia
Isognomon bicolor – Ostra-bicolor • Invertebrados marinhos Charybdis hellerii – Siri-bidu www.dnr.sc.gov/marine/sertc/images/photo%20gallery/Charybdis%20hellerii.jpg Oceano Indo-Pacífico Caribe www.jaxshells.org/822e.jpg
Hoplosternum littorale – Cascudo • Peixes Cyprinus carpio – Carpa América do sul Andina upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8d/Bristlenose_Catfish_700.jpg/250px Bristlenose_Catfish_700.jpg /www.mein-naturfoto.de/user/109/fotos/bild2.jpg Oreochromis niloticus – Tilápia Europa e sudeste da Ásia. África www.seaburst.com/Tilapia%20in%20Round%20003aLarge.JPG
Xenopus laevis – Rã-africana • Anfíbios www.mikeredmer.com/Xenopus_laevis.jpg Rana catesbeiana – Rã-touro www.batraciens-reptiles.com/rana_catesbeiana.jpg Regiões frescas do sul da África EUA e Canadá
Liolaemus lutzae - Lagartixa-de-areia • Répteis Trachemys scripta - Tartaruga-de-orelha-vermelha cienciahoje.uol.com.br/images/chdia/n887b.jpg www.noturtle.org/images/elegans.gif EUA
Passer domesticus - Pardal • Aves Columba livia - Pombo-doméstico Oriente Médio www.hlasek.com/foto/passer_domesticus_dc2903.jpg Eurásia e África upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/24/Columba_livia.jpg/330px-Columba_livia.jpg
Sus scrofa - Javalí curlygirl2.no.sapo.pt/javali.jpg Bubalus bubalis - Búfalo /www.uaf.edu/museum/mammal/Hayward/Img0127.jpg • Mamíferos Eurásia e Norte da África. Sudeste da Ásia Rattus norvegicus - Rato www.zoologi.no/patlas/images/rotte-RV.jpg Ásia
PEIXES EXÓTICOS • A piscicultura, especificamente a ornamental é considerada como um dos • principais meios de dispersão de espécies exóticas em novos ambientes. Escapes acidentais durante o manejo, rompimento ou transbordamento dos • tanques devido à cheias e soltura deliberada são as principais vias de introdução destes peixes. Conseqüências destas invasões são introdução de • parasitas e doenças, alterações dos estoques pesqueiros e danos a espécies • nativas de baixa fecundidade.
Astronotus ocellatus – Apaiari • Betta splendens – Beta • Carassius auratus - Peixinho-dourado • Cichla monoculus – Tucunaré • Cichla ocellaris – Tucunaré • Clarias gariepinus - Bagre-africano • Colossoma macropomum – Tambaqui • Ctenopharyngodon idella - Carpa-capim • Cyprinus carpio – Carpa • Hoplosternum littorale – Cascudo • Lepomis gibbosus - Perca-sol • Micropterus salmoides – Achigã • Odontesthes bonariensis - Peixe-rei • Oncorhynchus mykiss - Truta-arco-íris • Oreochromis sp. – Tilápia • Oreochromis macrochir – Tilápia • Oreochromis mossambicus– Tilápia • Oreochromis niloticus– Tilápia • Pachyurus bonariensis - Corvina de río • Plagioscion squamosissimus - Pescada-do-piauí • Potamotrygon falkneri - Arraia-pintada • Potamotrygon motoro - Arraia-de-fogo • Pygocentrus nattereri - Piranha-vermelha • Tilapia rendalli – Tilápia • Trachelyopterus lucenai – Porrudo • Trichogaster trichopterus - Tricogaster-azul
Represa do Funil, Rio Paraíba do Sul (RJ/SP). • Redução de 45,5% de espécies nativas de peixes. Das 22 espécies nativas de peixes encontradas em 1983, apenas 12 foram constatadas na ultima pesquisa. Dentre essas, o bagre e o cascudo-preto que estão ameaçadas de extinção. • Aumento em 44,4% no número de espécies exóticas, que foram introduzidas no rio pelo homem. 9 delas oriundas de locais como bacia Amazônica são facilmente encontradas. • Essa introdução ocorre porque as novas espécies têm um valor de mercado superior .
TILÁPIAOreochromis niloticus • Nativa do norte da África. • Grande importância na piscicultura tropical (carne saborosa, tolerância às elevadas temperaturas, tolerância às condições de baixa qualidade de água, capacidade de se alimentar de detritos e plancton ).
1° trabalho OBJETIVOS • Avaliar os efeitos de altas densidades de tilápias nas características físicas, químicas e biológicas da água do Reservatório de Furnas
MATERIAL E MÉTODOS • Tanques de polietileno de 0,9m de diâmetro e 2,7m de altura e aberturas dos tanques a 0,3m da água ↓ Isolamento • Tanques controle – sem adição de peixes Tanques experimentais – 10 tilápias Porções emersas dos tanques de polietileno em um dos experimentos Suporte de PVC usado na sustentação dos tanques de polietileno no reservatório Detalhe de um dos tanques montados no reservatório
RESULTADOS E DISCUSSÃO • Características físicas e químicas não variaram nos tanques controles • Perda de peso – altas densidades. • Diminuição inicial de pH seguida de aumento ate o fim dos experimentos – aumento da biomassa algal ( maior consumo de CO2 ). • Diminuição da transparência – crescimento algal e partículas fecais. • Diminuição inicial de OD seguida de aumento ate o fim dos experimentos – aumento da biomassa algal (maior produção de O2). • Aumento na concentração de amônia – excreta dos peixes. • Aumento na concentração de P total – excreção e defecação. • Crescimento e mudança no estrutura fitoplanctonica – nutrientes excretados pelos peixes.
CONCLUSÕES • De maneira geral, as altas densidades de tilápias ( cerca de 400g/m³ ) provocaram respostas rápidas em muitas das variáveis avaliadas. • As tilápias alteram as características físicas, químicas e biológicas no ambiente aquático. • As tilápias causaram a eutrofização da água dos tanques experimentais através da liberação de nutrientes. • Os aumentos nas concentrações de nutrientes, principalmente amônia e fósforo, proporcionaram o crescimento algal. • Além de seus efeitos na concentração absoluta de nutrientes, as tilápias afetaram as razões entre estes, modificando a composição algal nos tanques experimentais.
2° trabalho OBJETIVOS • Avaliar a influencia do cultivo intensivo de Oreochromis niloticus em tanques-rede na qualidade da água do reservatório de Furnas.
MATERIAL E MÉTODOS • Tanques-redes de 27m³ com tela de abertura da malha de 1,3 cm. • 1350 tilápias em cada tanque. • 3 pontos de coleta de água para análise: próximo aos tanques (TR1), à 40 metros (TR2) e à 120 metros (R).
RESULTADOS • Os valores médios de pH foram levemente mais básicos no ponto TR1. • Concentrações media de OD não variaram entre os pontos. • Pequeno aumento na concentração de P-total no ponto TR1. • Aumento na concentração de amônia no ponto TR1. • A densidade e a estrutura das comunidades fitoplanctonicas não foram alteradas.
CONCLUSÕES • O cultivo intensivo experimental de tilápias em tanques-rede não se refletiu em alterações significativas da qualidade da água do reservatório no local de cultivo, assim como, nas áreas adjacentes. • Apesar do efeito diluidor das águas do reservatório, o cultivo das tilápias provocou pequeno, mas constante aumento nas concentrações de amônia e de condutividade elétrica nos pontos TR1. • As condições morfométricas do local de cultivo e a ação da água corrente contribuíram para diminuir as influencias do cultivo intensivo na qualidade da água.
MEXILHÃO-DOURADO Limnoperna fortunei(BIVALVIA,MYTILIDAE) • Originário da Ásia ( Coréia e China ). • Introduzido na década de 90. • Densidade de mais de 100.000 ind./m² (Cataldo et al.,2002). • Expande a uma velocidade de cerca de 240 km/ano (Darrigan,2002). www.cesp.com.br/imagens/mexilhao4.gif
IMPACTOS CAUSADOS • Entupimento nos sistemas de abastecimento de água. • Oclusão de bombas, filtros e sistema de refrigeração de indústrias. • Prejuízo de funcionamento de motores de barco. • Contaminação da água ( mortandade e deterioração em massa ). • Variação na composição da comunidade bêntica. • Modificação da cadeia trófica. • Alterações na ictiofauna.
1 2 4 3 5 6 7 Figuras 1-7: (1) Corte transversal do rizoma de Scirpus californicus evidenciando adensamento de L. fortunei. (2) Diplodon deceptus parcialmente coberto por mexilhões e à direita a haste de um junco estrangulada pelo bivalve. (3) Corbicula fluminea parcialmente coberta por mexilhões. (4) Barco com incrustações de L. fortunei. (5) Pomacea canaliculata com espécime de L. fortunei fixo na cavidade umbilical, impedindo o fechamento da concha pelo opérculo. (6) Resíduos de mexilhão em sistema de resfriamento. (7) Incrustação de mexilhões na grade de proteção de usina hidrelétrica 1;2;3;4;5 - Revista Brasileira Zoologia 20(1):75-84,março 2003 6;7 - www.furnas.com.br/meioambiente_mexilhao.asp
CARAMUJOMelanoides tuberculatus(PROSOBRANCHIA, THIARIDAE) • Originário da Eurásia, África e Ásia. • Introduzido na década de 60. • Pode atingir a densidade de mais de 15.000 ind./m². • Utilizada em programas de controle biológico das espécies transmissoras do Schistosoma mansoni. • Capaz de alterar as comunidades bentônicas.
CAMARÃO-GIGANTE-DA-MALÁSIAMacrobrachium rosenbergii(DECAPODA,PALAEMONIDAE) • Originário da Índia e Malásia. • Predação e possível substituição dos camarões nativos . • Transmissão do vírus WSS (White Spot Syndrome) para espécies brasileiras nativas. /www.shrimpcrabsandcrayfish.co.uk/Photos/MacrobrachiumRosenbergiiFem.jpg www.ag.auburn.edu/fish/image_gallery/data/media/15/freshwater_shrimp_ Macrobrachium_rosenbergii.jpg
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • FIGUEREDO, C. C., 2000. Efeitos da tilápia (Oreochromis niloticus) nas características físicas e químicas e estrutura da comunidade fitoplanctônica do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Furnas (MG). Dissertação de mestrado, UFMG. • MANSUR, M. C. D.; SANTOS, P. C.; DARRIGRAN, G.; HEYDRICH, I.; CALLIL, C. T.; CARDOSO, F. R.; 2003. Primeiros dados quali-quantitativos do mexilhão-dourado, Limnoperna fortunei(Dunker), no Delta do Jacuí, no Lago Guaíba e na Laguna dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil e alguns aspectos de sua invasão no novo ambiente. Revistas Brasileira de Zoologia 20, 75-84. • PONTES, F.; Ameaça aos peixes da bacia do Paraíba do Sul. O Globo, 19 de junho de 2006. • ROCHA, S. F.; 2001. Influência do cultivo intensivo de tilápia (Oreochromis niloticus) em tanques-rede na qualidade da água do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Furnas (MG). Dissertação de mestrado, UFMG. • SILVA, D. P.; 2006. Aspectos bioecológicos do Mexilhão-Dourado Limnoperna fortunei (BIVALVIA, MYTILIDAE) (Dunker,1857). Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Paraná. • http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=2037&iCanal=29&iSubCanal=7599&iLingua=1. Acessado dia 06/11/2006. • http://www.sobrade.com.br/textos/trabalhos/especies_exoticas_invasoras.htm. Acessado dia 06/11/2006. • http://www.biodiversidadebrasil.com.br/programas/sinopse.asp?pin=0&ID=835. Acessado dia 06/11/2006. • http://www.furnas.com.br/meioambiente_mexilhao.asp. Acessado dia 06/11/2006. • http://www.institutohorus.org.br/trabalhosa_fichas.htm#animais. Acessado dia 06/11/2006.