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Dois Irmãos MiltonHatoum
Publicado no ano 2000, o romance Dois Irmãos, do autor Milton Hatoum, faz parte de um dos mais importantes livros da literatura pós-modernista, e contemporânea do Brasil. O enredo do romance trata, basicamente, do (não) relacionamento entre os gêmeos Omar e Yaqub. Uma grande diferença de personalidade faz parte do pacote ‘história de irmãos gêmeos’. Assim como a constante competição entre eles.
Milton Hatoum *Nasceu em Manaus (Amazonas) no ano de 1952. *É professor de literatura na Universidade Federal do Amazonas. *Foi professor visitante da Universidade da Califórnia em Berkley. *Escreveu três romances: Relato de um Certo Oriente, Dois Irmãos e Cinzas do Norte. *Os enredos se passam em Manaus e contam histórias de lares familiares que vão aos poucos se acabando. * Atualmente mora em São Paulo.
Personagens Halim: Pai de Rânia e dos gêmeos Yaqub e Omar; esposo de Zana. Quando jovem, era mascate nas ruas de Manaus. Melhorou de vida ao casar-se com Zana. Aos poucos, foi perdendo o amor da esposa para o Caçula (Omar), o gêmeo que nasceu logo depois de Yaqub. Zana: Mãe dos gêmeos Yaqub e Omar; esposa de Halim. Era filha de Galib, dono do restaurante Biblos. À medida que a história evolui, ela vai-se mostrando dominadora, moldando o destino do marido e dos filhos. Galib: Pai de Zana. Tinha um restaurante no térreo da própria casa. Quando a filha se casou com Halim, voltou para o Líbano e lá morreu.
Yaqub: O engenheiro que construiu sua vida independente de ajuda, magoado com a família, tímido, conservador e que se muda de Manaus para São Paulo. É um dos heróis da história. Rapaz vistoso e alto, rosto anguloso, olhos castanhos e graúdos, cabelo ondulado e preto. Omar: É o beberrão boêmio, mimado, conquistador e revolucionário. O outro herói da história. Tem os mesmos traços físicos do irmão, mas caráter e comportamento opostos. Desde criança, mostrava-se mais arrojado e corajoso. Com o excesso de proteção da mãe, tornou-se vadio e rival do pai e do irmão gêmeo. Rânia: Irmã mais nova dos gêmeos, filha de Zana e Halim. Corpo esbelto, alongado por uma pose altiva. O queixo levemente empinado que lhe dava um ar autoconfiante e talvez antipático. Preocupava-se e hipnotizava-se na presença de seus irmãos.
Domingas: Órfã que veio do interior trazida por uma freira. Enfrentou dois anos de orfanato. Depois, foi morar na casa de Halim e Zana, tornando-se empregada. Mãe de Nael, o narrador da história. O próprio narrador diz que Domingas não teve a liberdade de escolher nada na vida. Nael: Narrador-personagem. Filho de Domingas, empregada da família. O nome aparece quase no fim da história. Ele próprio não tem certeza, mas tudo indica que o pai dele é Yaqub. Pau-Mulato: Mulher alta, forte, bem escura, por quem Omar se apaixonou e com quem fugiu de casa. O romance foi desfeito por Zana, e o Caçula voltou a ser mimado pela mãe e pela irmã. Lívia: Moça que provocou a primeira briga séria entre os gêmeos. Por causa dela, Omar cortou a face de Yaqub com uma garrafa quebrada. Lívia foi embora para São Paulo e, às escondidas, casou-se com Yaqub.
Resumo da Obra No início do século XX, Manaus, a capital da borracha, recebeu estrangeiros como o jovem Halim, aprendiz de mascate, e Zana, uma menina que chegou sob a asa do pai, o viúvo Galib, dono de um restaurante perto do porto. Halim e Zana vão gerar três filhos: Rânia, que não vai casar nunca, e os gêmeos Yaqub e Omar, permanentemente em conflito. O casarão que habitam é servido por Domingas, a empregada índia, e mais tarde também pelo filho de pai desconhecido que ela terá. Esse menino — o filho da empregada — será o narrador. Trinta anos depois dos acontecimentos, ele conta os dramas que testemunhou calado. Dois irmãos é a história de como se faz e se desfaz a casa de Halim e Zana. Apaixonado pela mulher, depois do nascimento dos filhos Halim se condena à nostalgia dos tempos em que não era pai, em que não precisava disputar o amor de Zana, em que os dois tinham todo o tempo do mundo para deitar na rede do alpendre e se entregar aos prazeres sensuais.
Pelo que nos conta o narrador, Halim estará sempre à espera da decisão mais acertada diante dos abismos familiares: a desmedida dedicação de Zana a Omar, seu filho preferido; o trauma de Yaqub, o filho que, adolescente, foi separado da família supostamente para amenizar os conflitos com Omar; a relação amorosa entre os gêmeos e a irmã, Rânia. De Domingas, com quem compartilhava o quartinho nos fundos do quintal, o narrador nos diz que esta é uma mulher que não fez escolhas. Aparentemente, não escolheu nem mesmo o pai de seu filho. Milton Hatoum faz os dramas da casa estenderem-se à cidade e ao rio: Manaus e o Negro transformam-se em símbolos das ruínas e da passagem do tempo. E, pela voz de um narrador solitário, revive também os tempos sombrios em que as praças manauaras foram ocupadas por tanques e homens de verde.
Críticas O modo como o autor narra seu romance é fascinante, principalmente quando descobrimos que o narrador, Nael, é um personagem. Faz o leitor refletir sobre as relações familiares a importância do diálogo e do amor entre pais e filhos, e as conseqüências que a falta principalmente desses dois requisitos básicos podem causar na estrutura familiar”.Roselei FistarolComo amazonense só tenho motivos para me orgulhar, com seus romances, sem dúvida o autor colocou a cidade de Manaus no mapa da literatura nacional e mundial. A contribuição que Hatoum nos proporciona enquanto temática para se discutir sobre identidade é relevante para os novos estudos culturais brasileiros”.Bruno Leal - Manaus
Gostei muito livro, mistura a narrativa fascinante com um pouco da cultura e nascimento de Manaus pro resto do Brasil. Me identifiquei com o modo de ver as coisas de certos personagens e acredito que quem não tem capacidade de apreciar um livro tão maravilhoso como esse é porque não tem inteligência suficiente para entender o que o autor expõe. Eu sou do sul, conheci um pouco da região do Amazonas através do livro e me senti dentro da história vivendo o drama da família de Halim e Zana”.Bárbara Lima - Porto Alegre
Questões 1)A cultura brasileira reflete os vários povos que constituem a demografia desse país sul-americano: indígenas, europeus, africanos, asiáticos, árabes etc. Como resultado da intensa miscigenação de povos, surgiu uma realidade cultural peculiar, que sintetiza as várias culturas. De acordo com a afirmação acima, podemos identificar no livro Dois Irmãos de Milton Hatoum costumes de que países? Comente alguns aspectos desta cultura encontrada no enredo. 2) Milton Hatoum se mostrou bem envolvido pelo personagem Nael, o narrador de Dois Irmãos, às vezes confunde o leitor se é Hatoum quem está narrando ou um personagem. Nael é filho bastardo de um dos gêmeos junto com a empregada da casa. Podemos estabelecer relações com este fato de antigamente aos dias atuais? Fale também sobre a educação familiar onde acontece este fato.
3) A respeito da leitura do livro “Dois irmãos” é correto afirmar que: a) Milton Hatoum quer apresentar para as demais regiões brasileiras a existência de Manaus, e como esta cidade possui riquezas naturais.b) O escritor Milton Hatoum faz uma crítica de dois irmãos (gêmeos) que são rebeldes e por terem nascido juntos não admitem ter uma irmã mais nova e por esta causa os dois e juntam, travando uma luta com Rânia (irmã caçula), até o fim da história.c) Yaqub e Omar são opostos, enquanto Yaqub teve uma educação diferente em outro país, o Caçula sempre foi mimado pela mãe e desse modo suas personalidades são totalmente diferentes. Enquanto Yaqub é responsável e estudioso, Omar é festeiro e rebelde. d) Zana sofre com a morte de seu pai, o Talib, e suas lembranças sempre atrapalham seu relacionamento com Halim, por que Zana deixava muitas vezes o Halim de lado para ficar se prendendo as recordações paternas.e) Milton Hatoum tem como principal objetivo mostrar o comércio de Manaus na época em que o livro foi escrito, citando a loja que era de Halim e depois passou para Rânia e citando também o porto que sempre tinha troca de mercadorias.
4) Milton Hatoum em Dois irmãos, critica: a) Zana, por sempre esquecer do Caçula quando lembrava do seu pai, o Galib. O escritor mostra que não devemos nos prender às lembranças passadas e sim viver o presente.b) Omar, pois sempre que ele bebia e ia às festas, se dava mal, afinal, a sua família nunca o abrigava em casa quando isso acontecia. O livro passa a mensagem de não ser irresponsável na vida, pois a família acaba abandonando.c) Halim, afinal ele nunca respeitava os momentos em que Zana reservava para as lembranças paternas e para o filho Omar e sempre insistia em tê-la só pra ele, às vezes até tomava remédios por tanto ciúmes da mulher.d) O comportamento rebelde dos gêmeos, que fazem Nael e Domingas sofrerem, pois para Domingas os gêmeos são vistos como filhos, e para Nael como irmãos, causando desarmonia entre todos eles.e) Critica os lares que não têm harmonia, que vão se acabando aos poucos por culpa das personalidades ruins dos personagens. O enredo fala de gêmeos rebeldes que não se dão bem entre eles e de uma filha caçula que quer viver solitária o resto da vida.
5) O livro Dois Irmãos possui um grande mistério. Assinale a alternativa correta que apresenta esse mistério ao decorrer da história: a) O narrador é um personagem da história que é filho bastardo de um dos gêmeos com a empregada de Zana e Halim.b) Omar nunca agiu de uma forma correta com Nael, pois tinha raiva de ser seu pai, afinal ele não queria que tivesse acontecido, e sempre afirmava ter sido um descuido.c) A história se trata da infância de Milton Hatoum, pois o livro está escrito em primeira pessoa do singular.d) Rânia sempre foi apaixonada pelo Omar, por isso nunca se casou e sempre dispensava seus pretendentes. Jurou amor eterno ao irmão e disse que nunca iria se entregar a homem nenhum.e) Zana amava Omar como homem e não como filho, por isso ela sempre expulsava as mulheres dele, e sempre colocava um fim em seus relacionamentos amorosos.
Conclusão Com a leitura desta obra produzida por Milton Hatoum, pode-se perceber a história de uma família comum, contada de uma maneira não tão comum assim. Entre todos os conflitos cotidianos, se faz necessária a presença de um diálogo e interação entre pais, filhos e irmãos. Dois Irmãos se mostra um livro de fácil entendimento, porém de complexo tema. Dramas como o da paternidade, e do ciúme entre irmãos, nos leva a entender o porquê de o leitor não conseguir tirar os olhos do livro. Com o romance Dois irmãos, Milton ganhou o prêmio Jabuti de 2000, da Academia Brasileira de letras, prova de que sua literatura tem o aval do público, da crítica e agora a nossa total recomendação. “Hoje, penso: sou e não sou filho de Yaqub, e talvez ele tenha compartilhado comigo essa dúvida. O que Halim havia desejado com tanto ardor, os dois irmãos realizaram: nenhum teve filhos. Alguns dos nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos”.
Colégio Salesiano Itajaí Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Professora: Vânia Costa Série: 3 ªº B Alunas: Marina Montibeller (27) Stefany Andrade (34) Tatiana Sholze (36)