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Leptospirose. Carina Leão de Matos – R1 Orientador: Jéfferson A. P. Pinheiro www.paulomargotto.com.br Brasília, 6/7/2010 Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF. Definição.
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Leptospirose Carina Leão de Matos – R1 Orientador: Jéfferson A. P. Pinheiro www.paulomargotto.com.br Brasília, 6/7/2010 Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF
Definição • Doença febril aguda causada por bactérias patogênicas do gênero Leptospira, de caráter sistêmico, transmitida ao homem pelo contato direto ou indireto com a urina de animais infectados.
Sinonímia • Doença de Weil, síndrome de Weil, febre dos pântanos, febre dos arrozais, febre outonal, doença dos porqueiros, tifo canino e outras. • Atualmente, evita-se a utilização desses termos, por serem passíveis de confusão.
Agente Etiológico • Bactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero Leptospira; • 14 espécies patogênicas, mais importante: L. interrogans; • Mais de 200 sorovares (sorotipos). • Qualquer sorovar pode determinar as diversas formas de apresentação clínica no homem.
Agente Etiológico • Possui um elevado grau de variação antigênica; • Alta capacidade de sobrevivência no meio ambiente - até 180 dias; • Ampla variedade de animais suscetíveis que podem hospedar o microrganismo. • No Brasil, os sorovaresIcterohaemorrhagiae e Copenhagenifrequentemente estão relacionados aos casos mais graves.
Saúde Pública • Doença endêmica de caráter mundial; • Alta incidência de casos; • Alto custo hospitalar dos pacientes internados e causa de perda de vários dias de trabalho; • Alta letalidade dos casos graves.
Saúde Pública • Afeta homens e animais, causa prejuízos sanitários e econômicos; • Ocorrência relacionada às precárias condições de infra-estrutura sanitária e elevado número de roedores infectados.
Características Epidemiológicas • Surtos de caráter sazonal em regiões de clima tropical e subtropical • Elevada temperatura e períodos do ano com altos índices pluviométricos; • Inundações propiciam a disseminação e a persistência do agente causal no ambiente.
No Brasil • Doença endêmica que torna-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente em centros urbanos maiores, devido à aglomeração populacional de baixa renda em condições inadequadas de saneamento e à alta infestação de roedores infectados.
Modo de transmissão • Exposição direta ou indireta à urina de animais infectados • Penetração do microrganismo: • Pele com presença de lesões; • Pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada; • Através das mucosas. • Outras modalidades com rara frequência: contato com sangue, tecidos e órgãos de animais infectados, transmissão acidental em laboratórios e ingestão de água ou alimentos contaminados. • A transmissão entre humanos é muito rara.
Período de incubação • Varia de 1 a 30 dias (média entre 5 e 14 dias).
Período de transmissibilidade • Os animais infectados podem eliminar a leptospira através da urina durante meses, anos ou por toda a vida, dependendo da espécie animal e do sorovar envolvido.
Suscetibilidade e Imunidade • A suscetibilidade no homem é geral. A imunidade adquirida pós-infecção é sorovar-específica, podendo um mesmo indivíduo apresentar a doença mais de uma vez se o agente causal de cada episódio pertencer a um sorovar diferente do anterior.
Manifestações Clínicas • Variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros clínicos graves associados a manifestações fulminantes. • Duas formas: • Anictérica 90% • Íctero - hemorrágica (S. Weil); • Duas fases: • Fase precoceouleptospirêmica; • Fasetardiaouimune.
Fase Precoce • Caracterizada por febre abrupta; • Frequentemente diagnosticada como “síndrome gripal”, “virose” ou outras doenças que ocorrem na mesma época, como dengue ou influenza. • Tende a ser auto-limitada e regride em 3 a 7 dias.
Fase Precoce Dura 4 – 7 dias: • Febrealta • Calafrios • Cefaléia • Náuseas e vômitos • Mialgiaintensa – palpaçãopanturrilha é dolorosa • Sufusãoconjuntival 30 -40% • Diarréia 15 – 30% • Tosseseca / dor de garganta 20% • Erupçãocutânea10%
Fase Tardia • Associada com manifestações mais graves e potencialmente letais; • Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que tipicamente iniciam-se após a primeira semana de doença
Fase Tardia • Recrudescimentodafebre – IgMleptospira: • Meningiteasséptica 15 – 40%dos casos, dura 1 – 3 sem, cefaléiaintensa, vômitos, alteração do sensório, LCR pleocitoselinfocítica, glicose normal, proteinadiscretaelevação • Uveíte 10%dos casos, geralmente é tardia • Outras manifest. Neurológicas
Síndrome de Weil • Geralmentenãoapresentamcursobifásico , ossintomassãomaisintensos e de maiorduração; • Enquanto a letalidade geral para os casos de leptospirose notificados no Brasil é de 10%, a letalidade para os pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior que 50%.
Síndrome de Weil • Icterícia + disfunção renal + fenômenoshemorrágicos + alteraçõeshemodinâmicas, cardíacas, pulmonares e daconsciência • Icteríciarubínica: alaranjada (vasculiteconjuntivalassociada). Aumento BD, TGO e TGP <200; • Insuficiência renal aguda: é comum, • Oligúrica, K normal típico de leptospirose • Oligo-anúrica • Nãooligúrica (poliúrica) • Rim: nefriteintersticial, edema , disfunção e necrose tubular multifocal
Síndrome de Weil • Fenômenos hemorrágicos: devido vasculite cutânea e mucosas, agravadas pela plaquetopenia; • Petéquias, equimoses, hemorragia pulmonar, hemorragia GI alta/baixa (hematêmese, melena, enterorragia); • Comprometimento cardíaco: decorrente da miocardite e alterações eletrocardiográficas.
Convalescença • A convalescença dura de 1 a 2 meses, período no qual podem persistir febre, cefaleia, mialgias e mal-estar geral, por alguns dias. • A icterícia desaparece lentamente, podendo durar semanas. • A eliminação de leptospiras pela urina (leptospirúria) pode continuar por 1 semana até vários meses após o desaparecimento dos sintomas.
Diagnóstico Diferencial • Fase precoce: • Dengue; • Influenza (síndrome gripal); • Malária; • Riquetsioses; • Doença de Chagas aguda; • Toxoplasmose; • Febre tifóide. • Fase tardia: • Hepatites virais aguda; • Hantavirose; • Febre amarela; • Pielonefrite aguda; • Sepses; • Meningites; • Colangites; • Síndrome hemolítico-urêmica; • Vasculites.
Diagnóstico • Reações sorológicas • Reação de soroaglutinação microscópica (MAT) • Reação de soroaglutinação macroscópica (SAT) • Ensaio imunoenzimático (ELISA) • MAT, SAT são tipo específicas • SAT utiliza Ag mortos ou formalizados, sensibilidade moderada a boa, utilizada como teste de triagem • MAT utiliza Ag vivos de leptospira, são utilizadas cepas representativas de cada sorovar, muito sensível e alta especificidade, recomendado pela OMS • Elisa IgM alta sensibilidade e especificidade • PCR leptospira
Exames Inespecíficos • Hemograma: neutrofilia com DE, VHS elevado • Transaminases: SGOT, SGPT <200, FA elevadas, BD muito elevadas • Função renal: U, Cr, aumentados na S.Weil; Na baixo,N ou elevado conforme hidratação; K N, diminuido mesmo na presença de IRA • Urina: leucocitúria, proteinúria, cilindrúria • TAP alargado, TT e fibrinogênio elevados, plaquetopenia, KPTT e fator V normal • Gasometria: alcalose respiratória - compensada ou não, acidose metabólica nos casos graves
Tratamento • Forma Grave: • Penicilina cristalina: 50 a 100.000U/kg/dia, IV, em 4 ou 6 doses; ou • Ampicilina: 50 a 100mg/kg/dia, IV, dividido em 4 doses; ou • Ceftriaxona: 80 a 100mg/kg/dia, em 1 ou 2 doses; ou Cefotaxima: 50 a 100mg/kg/dia, em 2 a 4 doses. • Forma branda (anictérica): • Crianças: Amoxicilina 50mg/kg/dia, VO, a cada 6 a 8 horas, por 5 a 7 dias • 2 opção: Azitromicina e Claritromicina. • **Duração do tratamento com antibióticos intravenosos: pelo menos, 7 dias.
Tratamento de suporte • Hidratação venosa para reposição da volemia; • Reposição de potássio, se necessário; • Acompanhamento da função renal e pulmonar; • Diálise peritoneal se necessário.
Profilaxia • Medidas gerais: • programas de controle de ratos para impedir a presença e a multiplicação em moradias, depósitos, terrenos baldios,etc; • campanhas educacionais – alertar a comunidade - uso de roupas especiais, botas à prova d’água, luvas, lavagem e desinfecção de feridas, evitar recreação em lagos e pequenos rios ou represas;
Profilaxia • Medidas de saneamento básico; • Medidas concretas que evitem enchentes nos períodos de chuvas; • Vacinação de animais domésticos contra leptospirose (cães).