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1. FILOSOFIA - ÉTICA - EDUCAÇÃO Dr. Lourenço Zancanaro
lzanca@uel.br
2. FILOSOFIA - ÉTICA – EDUCAÇÃOINTRODUÇÃO
3. EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO X ESCOLARIDADE
A pobreza é grande educadora... ensina, sobretudo desesperança.
A política é grande educadora... ensina, sobretudo ceticismo.
A televisão é grande educadora... ensina, sobretudo consumismo (Neil Postman).
4. FILOSOFIA É a própria sabedoria
É uma atividade que nos ensinar como devemos pensar, como devemos viver e como devemos agir.
É o desenvolvimento da capacidade de pensar o próprio pensamento.
É um instrumento de investigação e reflexão sobre as ciências. (Metáfora da Coruja de Minerva, Hegel).
5. FILOSOFIA E SEU OBJETO
Tem como objeto o ser humano. Trata-se de algo bem diferente do objeto, por exemplo, da química, da física e da biologia.
A existência humana é “objeto” de investigação.
A filosofia investiga o SER, o sentido de vida.
Assim como é difícil definir filosofia, também o é em relação à educação.
A educação visa transmitir determinada imagem de ser humano, um certo tipo bem concreto de existência.
Debruçar-se sobre os grandes princípios filosóficos é ver qual é a imagem de ser humano veiculada e as suas conseqüências para a educação.
A filosofia nos dará os instrumentos de compreensão, por isso é um ótimo instrumento de reflexão.
6. FILOSOFIA E IDEOLOGIA “Sócrates compara a sofística à arte da cozinha que procura satisfazer o paladar, mas não se preocupa se os alimentos são benéficos ao corpo” (Platão. Górgias).
A sofística considera tudo a partir do útil.
A filosofia, a partir da afeição à verdade das coisas.
Toda ordem social é Cama de Procusto.
PROJETOS DA IDEOLOGIA:
- Subjetividade.
- Industrial de produção e consumo de bens úteis.
- Niilismo.
FUNÇÕES DA IDEOLOGIA:
- A função de dissimulação
- A função de dominação
- A função de deformação
7. CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS PEDAGOGIA DA ESSÊNCIA: A essência é algo anterior a cada indivíduo. ë esse conjunto de virtualidades que precisa ser desenvolvido.
PEDAGOGIA DA EXISTÊNCIA: Nega a essência humana como algo apriorístico. À medida que vou vivendo vou me definindo.
PEDAGOGIA DIALÉTICA: O SER só é inteligível a partir de duas categorias: TOTALIDADE E HISTORICIDADE. Tudo tem a ver com tudo.
8. CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS A historicidade é condição para conhecer qualquer ser. “Eu sou eu e minhas circunstâncias” (Ortega y Gasset). “O homem é aquilo que faz” (Hannah Arendt). A educação só terá sentido se colocar a totalidade da cultura no interior da escola como elevação do nível de consciência.
Ethos = ninho, lugar a partir do qual vejo o mundo, cuja expressão objetiva deve ser o Estado. O que diferencia um povo é o seu ethos, sua cultura. O homem grego encontra seu valor na polis, o moderno no Estado. É lá que o indivíduo se encontra e se reconhece.
9. QUE TIPO DE HOMEM QUEREMOS?
QUAL FILOSOFIA DE VIDA LEVAREMOS PARA O DIA-A-DIA: PROFESSORES, ALUNOS, CIDADÃOS?
10. QUE TIPO DE HOMEM QUEREMOS? “Falar da educação, de seus problemas e sua importância é falar do homem, de suas aflições, angústias, necessidades, realizações e esperanças. Seja qual for à tendência pedagógica que seguimos ou a escola filosófica que expressamos, sempre carregamos conosco uma determinada concepção de homem. Daquilo que pensamos do homem, de como o queremos, de como o concebemos, vão determinar nossos procedimentos na educação. Se quisermos o homem livre lutaremos para isso, se concebermos o homem sem liberdade continuaremos com nossas formas massificadoras de fazer educação” (Arnaldo Nogaro).
11. ÉTICA E EDUCAÇÃO
QUAL A DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E EDUCAÇÃO?
12. ÉTICA Ética empresarial, ecológica, ambiental, educacional, política, no trânsito, na educação, antropocêntrica e antropocósmica, ética e genética, Bioética, ética e tecnologia, ética e ciência e ética da responsabilidade com o futuro.
A ética é uma atitude, um modo de ser, um dever-ser, um querer onde a vontade precisa estar empenhada na busca do bem e da felicidade. Por isso a ética não é somente uma utopia, mas uma ação prática que necessita fundamentar-se numa teoria da felicidade.
O ato e o efeito de uma ação provoca conseqüências que podem ser um bem ou um mal.
A condição de moralidade de uma determinada ação está na escolha, na liberdade. A essência do ser humano está na liberdade. A essência humana é sua capacidade ética, sua liberdade.
Ninguém ensina ética, mas “deliberar”.
13. CONCEITOS E DIFERENÇAS ÉTICA vem do grego ethos, que significa analogamente “modo de ser” ou “caráter” enquanto forma de vida adquirida ou conquistada pelo homem.
-
MORAL = costume, realização da ação – conjunto de regras, de condutas admitidas em determinadas épocas, consideradas absolutamente válidas.
- É aquilo que acontece.
14. ÉTICA A ética busca o bem+justiça
Teoria da felicidade.
Teoria da vida bem sucedida.
Ação que vise políticas públicas
Ação que vise a benevolência
Ação que vise a não-maleficência
15. ÉTICA MORAL Existe diferença entre ética moral?
A função da ética é a mesma de toda a teoria: explicar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes.
Ela busca o fundamento das normas morais.
A moral é aquilo que acontece.
16. O QUE É ÉTICA E O QUE PRETENDE
“A ética é a cognição do bem em forma de teoria. A partir de sua forma teórica, ela se distingue dos ethos praticado de fato” (HARTMANN, Klaus. O mundo da saúde . p. 290).
Ela deveria contextualmente desenvolver aquilo que é compatível ou não com a dignidade do homem. Quais os requisitos de uma vida boa, e o que impõe “amor à distância” para as gerações futuras.
Quanto mais houver reflexão ética, quanto se “delibera” se reflete posturas éticas, tanto mais se abrirá a possibilidade da percepção e avaliação da moralidade das ações. Isto contribuirá para evitar a ambigüidade das ações.
17. POR QUE SOMOS MORAIS
“A moral é um instrumento para a compensação de nossas limitadas simpatias”.
“Se nós só podemos estar bem numa relação equilibrada de amor e se a relação equilibrada de amor não é possível sem a atitude moral, então temos uma boa razão para nos entendermos moralmente” (p. 301).
Temos boas razões para nos comportarmos moralmente? Elas estão no fato de nos compreendemos como membros de uma comunidade moral em geral – caso contrário somente veríamos nossos semelhantes como objetos e não como sujeitos responsáveis.
18. POR QUE NECESSITAMOS TANTO FALAR SOBRE ÉTICA
Por que é uma questão de sobrevivência.
Dignidade humana – “Tratar o homem como um fim em si mesmo e nunca como um simples meio” (Kant).
Qualidade de vida – Cidadania civil, social e econômica. É o tema mais ecumênico que existe.
Felicidade – Vai além da realização subjetiva: é política, social, cultural, profissional, em nível de esperança e fé.
Justiça – É fundamento que sustenta todo o agir ético, do plano individual ao global.
Autonomia – Guio meus atos para o bem e a realização.
19. ÉTICA E TECNOCIÊNCIA
CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA TRADICIONAL
DIMENSÃO DE ESPAÇO = vizinhos, amigos, polis = agir próximo. Antropocêntrica
DIMENSÃO DE TEMPO = futuro enquanto eternidade. Antropocósmica
20. A ÉTICA ESTÁ NA ESFERA DO NOSSO PODER
“Age de maneira tal que os efeitos de tuas ações não coloquem em risco a possibilidade de vida no futuro” (Hans Jonas).
21. ÉTICA E EDUCAÇÃO - processo de humanização
- transmissão de valores culturais, religião, regras de sociais de convívio.
- transgressão das normas estabelecidas
- a importância da família para a solidificação da sociedade.
- educação é hábito assim como o gosto pelo bem vem do hábito
- a ética vem do hábito
O que devemos entender por ética?
Ela está ligada aos conceitos de felicidade; dignidade humana; essência substancial; prudência; cuidado; respeito; polidez; limite; responsabilidade.
Tudo isso deve estar direcionado somente ao homem?
Deve estar direcionado a tudo e a todos: homens e natureza, antropocêntrica e entropocósmica. Numa perspectiva “glocal”;.homem (educação); natureza (ecologia, preservação da natureza diante da possibilidade de destruição); técnica (cuidado diante dos poderes da técnica); Ciência (estabelecer limites às ambições da ciência e aos seus pressupostos antiéticos). Se para a ciência tudo o que pode ser feito deve ser feito, para a ética nem tudo o que ela pode fazer deve ser feito. Exemplos: Projeto Manhattam - Projeto Apolo - Projeto Genoma.
22. . MODELOS ÉTICOS a) Ética grega – polis, justiça, bem comum, liberdade, felicidade.
b). A ética de salvação – fundamentos do cristianismo
c). A ética social – compreensão do homem como sujeito empírico separado da moral cristã.
d). A ética do dever - Ética para o indivíduo. “Procede apenas segundo aquela máxima, em virtude da qual podes querer ao mesmo tempo em que ela se torne uma lei universal”. (Ou) “Procede de maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na de todos os outros, sempre e ao mesmo tempo como fim, e nunca como puro meio”. (Ou) “O homem é um fim em si mesmo e não pode ser usado como meio” (Kant).
e). A ética da responsabilidade e da convicção (Weber).
f). Ética da responsabilidade com o futuro (Hans Jonas).
g). Ética discursiva ou comunicativa (Jürgen Habermas).
23. ÉTICA DISCURSIVA E A EDUCAÇÃO A ação comunicativa supõe o entendimento entre indivíduos que procuram, pelo uso de argumentos racionais, convencer o outro (ou se deixar convencer) a respeito da validade da norma: instaura-se aí o mundo da sociabilidade, da espontaneidade, da solidariedade, da cooperação.
A intenção precisa ser ética.
24. FUNDAMENTOS DA ÉTICA DO DISCURSO A simetria entre os interlocutores é a condição para a fundamentação da ética do discurso
Qualquer sujeito capaz de linguagem e de ação pode participar no discurso.
Qualquer um pode problematizar qualquer afirmação.
Qualquer um pode introduzir no discurso qualquer afirmação.
Qualquer um pode expressar suas posições, seus desejos e suas necessidades.
Não se pode impedir nenhum falante de fazer valer seus direitos, estabelecidos nas regras anteriores, mediante coação interna ou externa ao discurso.
25. DELIBERAÇÃO
Uma norma só será declarada correta se todos os afetados estiverem de acordo ou consentirem, então ela satisfará não os interesses de um grupo ou indivíduo, mas os interesses de todos.
26. DELIBERAÇÃO Levantar 20 procedimentos deliberativos no âmbito:
Da Escola
Da Sociedade
Da economia
Da política...
27. ÉTICA E POLÍTICA “Os fins justificam os meios” (Maquiavel).
A política é feita de ódio e violência (M. Weber).
Para Aristóteles não há separação entre moral e política.
28. BIOÉTICA E EDUCAÇÃO
“A ciência da sobrevivência humana” (Potter).
Definição: Estudo sistemático das dimensões morais – incluindo visão, decisão, conduta e normas – das ciências da vida e da saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas num conteúdo interdisciplinar.
Nascer. Quando começa a vida? Conceito de pessoa. Vulnerabilidade.
Viver. Dignidade de vida e busca de qualidade.
Final da vida. O que significa dignidade humana na fase final da vida? Vulnerabilidade.
29. BIOÉTICA E EDUCAÇÃO Nascer: aborto, reprodução assistida, clonagem, pesquisas com células tronco, terapia gênica.
Viver: viver com responsabilidade.
Final da vida: eutanásia, distanásia, mistanásia e ortotanásia.
30. BIOÉTICA E BIOTECNOLOGIA A
“O século da biotecnologia” (Jeremy Rifkin).
Engenheirar: verbo usado para designar o trabalho de cientistas na manipulação genética.
Terapia de Gene: inserção de genes externos em pacientes numa tentativa de corrigir várias desordens genéticas.
Empresas genômicas: empresas caçadoras de genes
Poluição genética: forma de destruir habitats, desestabilizando ecossistemas e diminuindo as reservas remanescentes de diversidade biológica do planeta.
Eugenia: ciência que se ocupa com o estudo de condições que tendem a melhorar as qualidades físicas e morais de gerações futuras, podendo envolver a eliminação sistemática de traços biológicos indesejáveis.
Sistemas genéticos de castas: uma maneira de segregar pessoas por algum tipo de “risco genético”.
Classe geneticamente desempregada: forma de discriminar pessoas menos adequadas ao trabalho, a partir da avaliação genética.
31. ÉTICA DE RESPONSABILIDADE COM O FUTURO Responsabilidade política: a pessoa é eleita para fazer uso comum de sua responsabilidade.
A responsabilidade paterna: é o protótipo de toda a responsabilidade, o recém-nascido é carente, e frágil e exige de mim responsabilidade total.
O mundo é frágil e vulnerável diante dos poderes da técnica.
O temor é um dos pontos principais da ética de responsabilidade, sentido de prudência e cuidado.
Dizer não ao não-ser = o não tem um sentido de um sim à vida.
Onde está o fundamento ético da teoria da responsabilidade? Está na idéia de que a natureza tem um fim. Qual é o fim? O seu fim é existir, é Ser, é continuar existindo indefinidamente, para sempre.
32. PRINCÍPIO CATEGÓRICO DA RESPONSABILIDADE “Age de tal maneira que os efeitos de tua ação não conduzam à possibilidade de destruição da existência futura.
Age de tal modo que os efeitos de tua ação não sejam destruidores da possibilidade futura dessa vida.
Não comprometas as condições de continuidade indefinida da humanidade sobre a terra.
Inclui em tua escolha presente como objeto do teu querer a integridade futura do homem” (Jonas).
33. CONCLUSÃO ÉTICA DE PROTEÇÃO:
Contra possíveis ameaças a indivíduos e populações humanas que podem nadificar seus Direitos Humanos fundamentais, aos que estão sem guarida e sem ethos protetor (sem cidadania civil, social e econômica).
Proteger as populações vulneráveis.
Esse deve ser um dever das Ciências.
34. CONCLUSÃO ÉTICA DE PROTEÇÃO COMO “HOSPITALIDADE INCONDICIOANAL”
Dar guarida aos desamparados (Direitos Humanos)
Substituir a categoria obsoleta de cidadania por “hospitalidade incondicional”, “democracia do porvir”, “solidariedade mundial”.
Somente uma “hospitalidade incondicional” pode dar seu sentido e sua racionalidade prática a qualquer conceito de hospitalidade.
35. CONCLUSÃO ÉTICA DE PROTEÇÃO:
Justificam-se porque os seres humanos e não humanos estão desamparados diante das ameaças de terceiros.
Promover a bioética da proteção, resgatando o sentido mais antigo da palavra ethos (guarida), a hospitalidade incondicional (Derida).
Van Renselaer Potter propôs ultrapassar a separação entre cultura científica e cultura humanística. Propôs uma scientia nova capaz de guiar a ação humana e vista da sobrevivência da humanidade. A bioética da proteção talvez possa ajudar a recuperar esta vocação da filosofia primeira.
36. CONCLUSÃO
A ÉTICA SERIA SUPÉRFLUA EM UM MUNDO TOTALMENTE HARMÔNICO – SERIA IMPOSSÍVEL EM UM MUNDO TOTALMENTE CONFLITUOSO.
NINGUÉM É AUTORIDADE MORAL, TEMOS QUE RECOMEÇAR SEMPRE.