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O mito Pollock. Dádiva ou Recompensa?. NILSON ROSA DE FARIA. Chama (1937) – óleo sobre tela, 51,2 x 76,4cm,. PasiPhae (1943) – óleo sobre tela, 142,6 x 243,8cm ,. Perfume (1955) – óleo sobre tela 192,2 x 146 cm,. Número 12 (1952) – óleo, duco e Dev-o-lac sobre tela, 259 x 226 cm,.
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O mito Pollock. Dádiva ou Recompensa? NILSON ROSA DE FARIA www.nilson.pro.br
Chama (1937) – óleo sobre tela, 51,2 x 76,4cm, www.nilson.pro.br
PasiPhae (1943) – óleo sobre tela, 142,6 x 243,8cm, www.nilson.pro.br
Perfume (1955) – óleo sobre tela 192,2 x 146 cm, www.nilson.pro.br
Número 12 (1952) – óleo, duco e Dev-o-lac sobre tela, 259 x 226 cm, www.nilson.pro.br
Desenho (1943/45) – Aquarela, lápis e tinta colorida sobre cartão, 56,5 x 77 cm. www.nilson.pro.br
Charly PAYARD (2005), Acrylique sur toile, 51 x 70 cm, Antes do mito • Aquariano do dia 28 de janeiro de 1912 (ele não embarcara no Titanic); javali no signo chinês; • Natural de Cody, Wyoming, estado do centro-oeste americano, era o mais novo de cinco irmãos; • Porém, cresceu nos estados do Arizona e da Califórnia, na costa oeste; terras quentes, mergulhadas na indústria artística. www.nilson.pro.br
Paisagem Marinha (1934) – óleo sobre tela, 31 x 41 cm www.nilson.pro.br
Formação artística • Frequentou a Los Angeles' Manual Arts High School, na California (foi expulso de lá); nessa época seu interesse estético era voltado para a escultura; • Mudou-se aos 18 anos para Nova York com o irmão Charles, onde foram alunos de Thomas Hart Benton, importante pintor do realismo regional americano, na Art Students League; Benton alem de professor comportou-se quase como um pai, ajundando-o inclusive materialmente. • Trabalhou para a WPA Federal Art Project entre 1936 e 1942. www.nilson.pro.br
Teve forte influência do movimento muralista mexicano (1935-40), principalmente por Siqueiros, Orozco e Diego Rivera; movimento caracterizado pelo realismo social mexicano, de um estilo marcadamente emocional, carregado de simbolismo e cores; • Seu trabalho foi ganhando status simbólico conforme se familiarizava com as obras surrealistas e cubistas como as de Picasso, Miró e Dali; • Seu tratamento contra depressão o colocou anos em psicanálise. Foi fortemente influenciado pelas teorias de Carl Jung sobre arquétipos primitivos, o que se evidencia em seus trabalhos do período de 1938 a 1944; • O inconsciente coletivo, para Carl Jung, seria caracterizado fundamentalmente por uma tendência a sensibilizar-se com certas imagens, os símbolos que constelam sentimentos profundos do apelo universal são conhecidos como arquétipos. Por que será que primitivos?? www.nilson.pro.br
A chave (1946) – óleo sobre tela, 137 x 112 cm www.nilson.pro.br
Foi descoberto pela crítica após sua exposição coletiva na galeria Art of this Century de NY (1942); • Esta exposição foi considerada como o marco para um novo estilo de pintura, e Pollock é considerado um de seus mais importantes iniciadores; • Sua primeira exposição individual ocorreu em 1943, em NY e foi patrocina por Peggy Guggenhein; • Ele desenvolveu um estilo próprio (posteriormente conhecido como, Action Paiting) na época em que mudou para Long Island, com a mulher Lee Krasner (também pintora), em 1946; • Devido a grande promoção e divulgação de suas obras pela mídia americana, em 1949, Pollock ja era um pintor da moda e jovens artistas o consideravam um “mestre”; • Entre 1949 -1953 a pintura de Pollock atingiu seu ponto mais alto, www.nilson.pro.br
Catedral (1947) – duco e cores aluminizadas sobre tela 180,3 x 89 cm www.nilson.pro.br
Técnicas de Pintura Sua técnica era singular: Pollock colocava as telas no chão e, através de imagens do inconsciente, jogava a tinta com a ajuda de cordas, escova dental e pedaços de pau sobre tela, abandonando o pincel. Misturava sua tinta com areia e vidro triturado para criar novos efeitos. www.nilson.pro.br
Técnicas de Pintura “ Minha pintura não nasce sobre um cavalete. Raramente antes de começar a pintar, estico a tela. Prefiro fixá-la sem moldura na parede ou colocá-la no chão: necessito de algo resistente, de uma superfície dura. No chão sinto-me mais à vontade, porque posso andar em volta, trabalhar pelos quatro lados e estar literalmente dentro do quadro. É um pouco o método usado por certos índios do oeste que desenham com areia . . .” Jackson Pollock, 1947 www.nilson.pro.br
Técnica de Pintura Harold Rosenberg, crítico de arte, definiu, em 1951, este momento da arte americana da seguinte forma: “A um certo momento, os artistas americanos, um depois do outro, começaram a considerar a tela como uma arena na qual agir, ao invés de um espaço no qual reproduzir, redesenhar, analisar ou ‘exprimir um objeto presente ou imaginário; a tela não era mais suporte de uma pintura, mas de um evento”. Rosemberg inventaria mais tarde o termo Action Paiting para definir a técnica de Pollock ( e de outros, como Franz Kline e Mark Rothko). www.nilson.pro.br
Técnica de Pintura Em 1949, Pollock adota a técnica de Dripping, em que escorre diretamente do balde as cores sobre a tela. www.nilson.pro.br
Número 7 (1952) – duco sobre tela, 133 x 122cm Névoa e lavanda (1950) – óleo, esmalte e cores aluminizadas sobre tela, 220 x 297,5 cm www.nilson.pro.br
Action Paiting O termo Action Paiting pode remeter a dois sentidos: 1) O literal: pintar com uma movimentação própria, atitude dinâmica, como em um espetáculo. www.nilson.pro.br
Action Paiting 2) Ativa: porque tem uma postura crítica e se coloca contra a dominação; forma de agir perante a sociedade e para a sociedade, pretendendo despertar novas formas de expressão e de contestação nos que contemplam, a partir da conexão com seus inconscientes. Pintura de ação porque sua obra não era estática: os movimentos da técnica se faziam presentes nos traços, e lá ficavam, também como objeto de contemplação. www.nilson.pro.br
Quatro Contrários (1953) – óleo, duco, cores aluminizadas sobre tela, 183,5 x 130,2 www.nilson.pro.br
Action Painting Pollock considerava a tela como um espaço de ação, e não de contemplação; e esta ação era ao mesmo tempo parte do resultado esperado da obra. A tela era um local onde se realizava um evento, um entrelaçamento de tempo (da pintura) e espaço (da tela). www.nilson.pro.br
Número Um (1949) – duco e cores aluminizadas sobre tela, 269,2 x 447,2 cm www.nilson.pro.br
Action Painting “ Quando eu estou no meu quadro, não sei exatamente que coisa estou fazendo. E só depois de um certo período de contato com ele, me dou conta do ponto em que estou. E não tenho medo de fazer modificações, de destruir a imagem ou qualquer outra coisa, porque a pintura vive uma vida própria, Quero que esta vida aflore.” Jackson Pollock, 1944 www.nilson.pro.br
Número 7(1952) – Duco sobre tela, 133 x 102 cm Período negro • Ele decide abandonar as cores em 1951-52, a partir daí a maioria de suas telas são compostas em branco e preto. • Este mesmo período é caracterizado por uma sutil recuperação figurativa, porém mantendo-se fiel ao dripping. www.nilson.pro.br
Morte • O sucesso e a tranqüilidade financeira não proporcionaram a serenidade espiritual que ele buscava, fazendo-o escapar através do álcool e da arte cada vez mais; “vivia no limite de uma catástrofe iminente e num estado de esgotamento físico e de tensão” • A incompreensão do grande público norte-americano o levou ao completo esfacelamento. • Sua morte, num acidente de carro em 11/8/1956, aos 44 anos, é até hoje alvo de controvérsias. Voltava bêbado de uma festa e teria batido seu carro contra uma árvore. Acidente causado pela bebida? Ou decisão arbitrária de acabar com sua vida? www.nilson.pro.br
Morte O fato é que a morte é sempre uma grande promoção da obra de um artista. A construção do mito de Pollock se fez antes de sua morte, mas sua consagração foi alçada por ela. Ele morre no apogeu: mantém seu sucesso intacto, suas obras continuam carecendo de explicação, e permanecem intrigando. Até hoje. Quem pode nos explicar? Como ele não está aqui para responder (se é que ele mesmo saberia) as indagações não têm fim. www.nilson.pro.br
Perfume (1955) – Óleo sobre tela 198,2 x 146cm Luz Branca (1954) – óleo sobre tela, 122,5 x 97 cm www.nilson.pro.br
“Pintar é um modo de ser” Pollock, dois meses antes de morrer. A pintura para Pollock provém de uma ação concebida livremente, uma rebelião contra qualquer idéia pré-concebida da forma e contra postulados moral ou intelectual. O domínio da técnica possibilita a Pollock uma pintura puramente expressiva, improvisada no ato de pintar. www.nilson.pro.br
Benjamin afirma que “ em sua essência, a obra de arte sempre foi reprodutível”, entretanto, “ mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e o agora da obra de arte, sua existência única, no lugar em que ela se encontra.”1 • Sua obra já consagrada no período histórico em que foi criada, ainda hoje, continua a ser questionada e deixa dúvidas quanto à sua autenticidade como obra de arte. • A facilidade com que a obra de Pollock é reproduzida, desde o seu início, faz suscitar sempre a questão de até que ponto a reprodução passa ser a obra de arte. 1- BENJAMIN, Walter, “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, §§ 3,4, www.nilson.pro.br
Desconhecido POLLOCK Granito POLLOCK POLLOCK Granito POLLOCK www.nilson.pro.br
1948: Life magazine makes American painter Jackson Pollock an overnight celebrity by devoting a three-page spread with color photographs to him and his paintings under the headline, "Jackson Pollock: Is He the Greatest Living Painter in the United States?" Um dos www.nilson.pro.br
“ This is a top quality hand painted oil Painting - not a Print, Poster or Canvas Transfer and much nicer to own. In galleries, repreduction oil paintings of this quality sell for £300+. Paintings are available in a range of sizes from 20cm x 25cm (8 by 10 inches) up to 90cm x 120cm (36 x 48 inches). Different sizes are priced as a variant to the standard size. Delivery costs £15 to anywhere in the world. Please allow 3 to 4 weeks for your painting to be painted and shipped to you by TNT or UPS couriers. When the painting is complete and inspected a picture of your painting is sent to you for approval and a TNT tracking number is provided. Canvases are shipped rolled-up in a cardboard tube.” www.nilson.pro.br http://www.artspecialist.co.uk/pollock-c-31.html
Para Benjamin, a dominação capitalista estende-se sobre a superestrutura cultural: assim, suas atividades tornam-se produções de massa. • A profissionalização do artista o coloca como produtor de uma mercadoria a ser consumida: a arte como produto de mercado. Seu consumo deve ser imediato e massificado. • O sucesso do artista provém de sua capacidade de vender o que produz neste campo: se não vende sua arte, ela não se valoriza perante a sociedade que a consome. Não se legitima enquanto produto, portanto, não tem utilidade. O artista cai no esquecimento. www.nilson.pro.br
Pollock recebe críticas positivas desde 1936. Suas primeiras exposições exclusivas, apesar da boa repercussão, não vendem. Ele vive da arte. Não vender significa não pagar as contas. A boa aceitação não diminui a frustração da ausência de retorno financeiro. www.nilson.pro.br
Indústria Cultural • Na Década de 1930, após a crise de 29, o governo dos EUA funda órgãos artísticos (como a WPA) para incentivar a produção cultural e criar empregos. • O termo “mercado de artes plásticas” é forjado neste ínterim. www.nilson.pro.br
A mídia tem papel fundamental na promoção do artista: Pollock passa a ser nacionalmente conhecido (e considerado um dos maiores pintores do país) a partir de 1949, quando a revista Life publica um artigo a seu respeito, classificando-o como uma das maiores personalidades estadunidenses. A venda de sua imagem a partir de um veículo de comunicação de massa o promove ao alto escalão da arte. Seu padrão de pintura permanece o mesmo. O que muda (ou se expande) é o ângulo pelo qual ele é observado. www.nilson.pro.br
A indústria cultural, mais que a propaganda de alguns produtos em particular, é a propaganda do conjunto das mercadorias e da sociedade enquanto tal. ADORNO e HORKHEIMER, “A Dialética do Esclarecimento” www.nilson.pro.br
Debord diz que “o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens” (t.4). O casamento de Pollock com Lee Krasner é o casamento entre as imagens de ambos: ele a ama por sua capacidade de vendê-lo ao grande público; ela ama o artista nele, e não ele, Pollock, indivíduo. Ele só interessa enquanto produz. www.nilson.pro.br
“ Eu amo você, pois você é um grande artista”Lee Krasner www.nilson.pro.br
Nada da atividade roubada no trabalho pode reencontrar-se na submissão ao seu resultado: a contemplação da obra de arte depois de pronta não devolve ao artista a mão de obra colocada em sua produção; sua obra deixa de ser sua quando apresentada ao grande público. O artista perde a autoridade sobre ela, sobre sua interpretação, sobre sua expressão. www.nilson.pro.br
Arte e resistência Pollock era um pintor inquieto. Pretendia radicalizar o meio artístico, mudar a forma da arte. Colocá-la como ferramenta de resistência à sociedade hipócrita moderna. Era dominado pela indústria cultural, mas acreditava que poderia combatê-la por dentro. Não percebia que era dominado. O American Way of Life estava assimilado demais para que ele percebesse isso. www.nilson.pro.br
“Trata-se da transformação da economia de meio em fim, baseada na oposição entre o valor de troca e o valor de uso, do qual deriva o processo histórico que obedece unicamente às leis da economia e escapa a todo controle insconsciente. Tanto Adorno como Debord aplicam à analise da arte moderna o conceito de contradição entre o uso possível das forças produtivas e a lógica da autovalorização do capital. Ambos vêem na arte moderna – e exatamente em seus aspectos formais – uma oposição à alienação e à lógica da troca” Anselm Jappe JAPPE, A. “O ‘Fim da Arte’ Segundo Theodor W. Adorno e Guy Debord” www.nilson.pro.br
A arte como forma revolucionária, para Debord, já havia morrido em 1950. Para ele, ela expressava uma contradição fundamental: ela deveria representar uma unidade perdida e a totalidade social, exatamente para uma sociedade dominada por cisões. A arte passa a ser instrumento de constatação da impossibilidade de comunicação, enquanto deveria (e só poderia) existir como instrumento de contestação. DEBORD, DEBORD, “A Sociedade do Espetáculo”, t. 186, 187, 188, 190 www.nilson.pro.br
Já para Adorno, ela encontra seu fim exatamente porque só existe como forma revolucionária: portanto, a dominação exercida pela indústria cultural determina o fim de toda arte. • “Esse tipo de ocaso da arte é uma maneira de adaptar-se, porque sua abolição numa sociedade semibárbara e que avança para a completa barbárie converte-se em sua colaboradora”. Estaria ele falando diretamente aos EUA? ADORNO, “Teoria Estética”, p. 328 www.nilson.pro.br ADORNO,
A pintura de Pollock expressava figuras de seu inconsciente, com o objetivo de alcançar o inconsciente de outros. Sua pintura é abstrata, e mesmo quando figurativa, ainda é distorcida. Difícil entendê-la. Adorno acredita que a obra de arte exerce função crítica exatamente porque não “serve” para nada: não amplia conhecimentos, não intervém diretamente na práxis. Não traz sequer prazer imediato. Suas opiniões não combinariam com o intuito de Pollock? www.nilson.pro.br
Porém,para Adorno, para quem a arte havia morrido em 1930, Pollock não existiu. A Vanguarda cultural ocidental, dominante no pós-Guerra, para ele não é mais arte. Não traz contestação. Não faz crítica, está ausente de seu papel político. Adorno ignora a existência de Pollock. • Para Debord, a pintura abstrata depois de Malévitch (1878-1935) só atravessou portas já abertas. A Action Paiting de Pollock e outros é relegada ao esquecimento. www.nilson.pro.br
A crítica, portanto, não é remetida à Pollock, mas ao modelo de arte surgido no pós-Guerra. Ou seria à arte surgida fora dos limites europeus? Será que nossos autores trazem em suas opiniões uma certa forma de preconceito (ou discriminação) contra a arte norte-americana? Ou a ignoram pelo fato de ela pertencer ao palco máximo do espetáculo capitalista? Talvez, toda forma de arte que seja criada dentro da indústria, para o mercado, não seja, no fim das contas, arte. www.nilson.pro.br
Mas então Pollock, por estar inserido neste sistema, não pode produzir arte? O fato de produzir para a massa e para o mercado inferioriza o papel revolucionário (pelo menos em seu aspecto formal) que sua pintura representou para o século XX? Suas intenções eram radicais. Ele não compartilhava de muitas das idéias do sistema. Mas vendia arte. Não podem existir posições intermediárias entre esses extremos? www.nilson.pro.br