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O CORTIÇO

O CORTIÇO. Aluísio Azevedo. Profª Neusa. O cortiço e L´Assommoir (Émile Zola). Lavadeiras e seu trabalho (brigas) Encontro de amantes Policial (espécie de caricatura da lei) Drama de trabalhadores pobres Trabalhadores amontoados numa habitação coletiva

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O CORTIÇO

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Presentation Transcript


  1. O CORTIÇO Aluísio Azevedo Profª Neusa

  2. O cortiço e L´Assommoir (Émile Zola) • Lavadeiras e seu trabalho (brigas) • Encontro de amantes • Policial (espécie de caricatura da lei) • Drama de trabalhadores pobres • Trabalhadores amontoados numa habitação coletiva • Degradação devido à vida promíscua

  3. EIXO NARRATIVO: coexistência íntima entre trabalhador e explorador econômico Meio utilizado: ”exploração direta e predatória do trabalho muscular” (Antônio Cândido) Regime de servidão, exploração da renda imobilária, da usura e prática do roubo Primitivismo econômico

  4. “Para o asno forragem, chicote e carga; para o servo pão, correção e trabalho” (Eclesistes, 33:25) “No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários três P.P.P., a saber, Pau, Pão e Pano” (começo do sec XVIII) “Para português, negro e burro, três pês: pão para comer, pano para vestir, pau para trabalhar” (fim do sec XIX)

  5. Mais-valia crioula Para português negro e burro três pês: pão para comer pano para vestir pau para trabalhar. (Oswald de Andrade)

  6. EQUIPARAÇÃO DO HOMEM AO ANIMAL João Romão = vence o meio 1º - PORTUGUÊS : Miranda = vence o meio Jerônimo = vencido pelo meio 2º - NEGRO + MESTIÇO : Firmo, a mulata Rita Baiana , população do cortiço (pobres) 3º - ANIMAL : brancos e negros = vistos como animal (redução biológica do indivíduo : “o prazer animal de existir”)

  7. 1º - O EXPLORADOR CAPITALISTA 2º - O TRABALHADOR SOB À CONDIÇÃO DE ESCRAVO 3º - O HOMEM SOCIALMENTE ALIENADO E REBAIXADO AO NÍVEL DA ANIMALIDADE

  8. CORTIÇO Depois Início Regido por lei biológica : ESPONTANEIDADE Regido por João Romão : MECÂNICO

  9. Cortiço Velho (“Carapicus”) = aglomerado espontâneo Cortiço novo (“Vila São Romão”) = estabelecimento da ordem / Sobrado de J. Romão X Cortiço rival (“Cabeça-de-gato”) = manutenção da “espontaneidade caótica”

  10. CORTIÇO Espaço físico : habitação coletiva Espaço social : mistura de “raças”, choque entre elas. Espaço simbólico : ALEGORIA do Brasil (“matéria-prima de lucro para o capitalismo”)

  11. NATUREZA BRASILEIRA Sedutora, poderosa e transformadora (à luz do Naturalismo) Rita Baiana = força perigosa “Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha

  12. do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca. Mudança de Jerônimo “abrasileirou-se”

  13. Ordeiro, comedido, econômico, sério, forte, honrado Perda de valores anteriores, alegre, sentidos aguçados, hábitos de asseio “...lá o seu homem não seria anavalhado pelo ciúme de um capoeira; lá Jerônimo seria ainda o mesmo esposo casto, silencioso e meigo; seria o mesmo lavrador triste e contemplativo, como o gado que à tarde levanta para o céu de opala o seu olhar humilde, compungido e bíblico.”

  14. “E Jerônimo não aparecia. Ela ergueu-se finalmente, foi lá fora ao capinzal, pôs-se a andar agitada, falando sozinha, a gesticular forte. E nos seus movimentos de desespero, quando levantava para o céu os punhos fechados, dir-se-ia que não era contra o marido que se revoltava, mas sim contra aquela amaldiçoada luz alucinadora, contra aquele sol crapuloso, que fazia ferver o sangue aos homens e metia-lhes no corpo luxúrias de bode. Parecia rebelar-se contra aquela natureza alcoviteira, que lhe roubara o seu homem para dá-lo a outra, porque a outra era gente doseu peito e ela não.”

  15. SOL = “manifestação da natureza tropical e princípio masculino de fertilidade” Pombinha : “...até formar-se em torno dela uma floresta vermelha, cor de sangue, onde largos tinhorões rubros se agitavam lentamente. E viu-se nua, toda nua, exposta ao céu, sob a tépida luz de um sol embriagador, que lhe batia de chapa sobre os seios. (...) Lá do alto o sol a fitava obstinadamente, enamorado das suas mimosas formas de menina. (...) A natureza sorriu-se comovida. Um sino, ao longe, batia alegre as doze badaladas do meio-dia. O sol, vitorioso, estava a pino e,(...), abençoando a nova mulher que se formava para o mundo.”

  16. IRACEMA = “virgem dos lábios de mel” + licor de jurema = seduz Martim X RITA = “luz ardente do meio-dia” + café = seduz Jerônimo “E ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante da perfumosa bebida que tinha sido a mensageira dos seus amores; assentou-se ao rebordo da cama e, segurando com uma das mãos o pires, e com a outra a xícara, ajudava-o a beber, gole por gole, enquanto seus olhos o acarinhavam, cintilantes de impaciência no antegozo daquele primeiro enlace.”

  17. Busca pela “RAÇA SUPERIOR” Bertoleza : “...porque, como toda cafuza (...) não queria sujeitar-se a negros e procurava instintivamente o homem numa raça superior.” Rita: “o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior.” BRANCO=EUROPEU X MESTIÇO/NEGRO=BRASILEIRO “invasor econômico” “natural explorado pelo europeu”

  18. O REINO ANIMAL (Zoomorfismo) NA HABITAÇÃO COLETIVA: “aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas” / “o prazer animal de existir” / “as mulheres iam despejando crianças com uma regularidade de gado procriador” / “o tremular das redondas tetas à larga” DEPRECIAÇÃO DE PERSONAGENS: “estalavam todos por saber quem a tinha emprenhado” / “o mugido lúgubre daquela pobre criatura” NA DESCRIÇÃO: “a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como a das éguas selvagens”

  19. CENAS DE SEXO MIRANDA E ESTELA: “Miranda nunca a tivera, nem nunca a vira, assim tão violenta no prazer. Estranhou-a. Afigurou-se-lhe estar nos braços de uma amante apaixonada: descobriu nela o capitoso encanto com que nos embebedam as cortesãs amestradas na ciência do gozo venéreo.(...) E gozou-a, gozou-a loucamente, com delírio, com verdadeira satisfação de animal no cio.”

  20. POMBINHA E LÉONIE: “Pombinha arfava, relutando; mas o atrito daquelas duas grossas pomas irrequietas sobre seu mesquinho peito de donzela impúbere e o roçar vertiginoso daqueles cabelos ásperos e crespos nas estações mais sensitivas da sua feminilidade, acabaram por foguear-lhe a pólvora do sangue, desertando-lhe a razão ao rebate dos sentidos. Agora, espolinhava-se toda, cerrando os dentes, fremindo-lhe a carne em crispações de espasmo; ao passo que a outra, por cima, doida de luxúria, irracional, feroz, revoluteava, em corcovos de égua, bufando e relinchando.”

  21. CORTIÇO SOBRADO X VERTICALIDADE Ascensão social HORIZONTALIDADE Estagnação social M U R O COMPLEXO Regras definidas SIMPLES Ausência de regras CULTURA Organização social regida por leis ANIMAL Natureza fisiológica

  22. M U R O RAZÃO INSTINTO RESOLUÇÃO DE CONFLITOS RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Troca de favores Jogo de interesses Insultos Brigas Morte

  23. PERSONAGENS Ascensão social JOÃO ROMÃO Degradação moral Baronato Posição aristocrática MIRANDA

  24. Contramestre Quebrador de pedras JERÔNIMO Miséria BERTOLEZA E ZULMIRA = Mulher-objeto – objetos de troca ESTELA E RITA = Mulher-sujeito-objeto – aceitação das regras do sistema LÉONIE, POMBINHA E SENHORINHA = Mulher-sujeito – desprezo pelas regras impostas

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