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EVANGELHO DE MARCOS. Coragem, levanta-te! Ele te chama!. Primeiros 40 anos – testemunhas memória dos ditos e fatos de Jesus, valores do Reino, relações novas. Recolher as tradições orais. Algumas coletâneas escritas. Redação final do Evangelho. . 1 - Contexto Histórico.
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EVANGELHO DE MARCOS Coragem, levanta-te! Ele te chama!
Primeiros 40 anos – testemunhas • memória dos ditos e fatos de Jesus, • valores do Reino, • relações novas. • Recolher as tradições orais. • Algumas coletâneas escritas. • Redação final do Evangelho.
1 - Contexto Histórico • Anos 60 EC Dominação do império romano: • Desestruturação do sistema judaico e • crise das comunidades cristãs; • Perseguição de Nero aos cristãos de • Roma; • Massacre dos judeus que se rebelaram • (Egito em 66); • Guerra judaico-romana (66-73) – • destruição de Jerusalém e do santuário;
Pax romana. • Perseguição, violência do exército, rebeliões, • massacres, altos impostos; • Pobreza, fome, exclusão, melhores terras nas • mãos dos generais romanos; • Clã, - relações deterioradas – fechamento, • perda da identidade solidária; • Religião e leis marginalizantes; • Tensões internas nas comunidades: diversidade • de compreensões do mistério de Jesus de • Nazaré. • Convívio entre gentios e judeus nas • comunidades e conflitos de lideranças.
Toda essa violência e todos esses desafios, bem como a realidade das relações feridas estão por detrás do texto de Marcos. Evangelho de Marcos: necessidade de reconstruir as relações - condição do estabelecimento do reinado de Deus.
2 – Autor, data e lugar de composição: • Atribuído a Marcos: nomeado no livro dos Atos dos Apóstolos (At 12,12.25;13,13; 15,37.39); • envia saudações em Cl 4,10; Fm 24 e 1Pd 5,13. • Data: +/- entre 65 a 70 da EC (era comum). • Lugar: a) para a maioria – Roma: • Explicação de palavras aramaicas (5,41; • 7,34; 14,36) e de costumes (7,1-7; 2,23-28) • Alusões a sofrimentos e perseguições (10,30) • b) para outros: norte da Palestina, mais • exatamente na Galiléia.
3. Objetivo do Evangelho de Marcos 3.1 – Dar uma resposta à pergunta: Quem é Jesus de Nazaré? Conferir Marcos 1,1-2 Marcos 15, 39
Títulos pós-pascais: experiência do Ressuscitado: • Messias, Cristo ou Ungido • (1,1; 8,29; 14,61;15,32); • Senhor (1,3; 5,19; 11,3); • Filho de Davi (10,47-48); • Santo de Deus (1,24); • Profeta (6,4.15; 8,28); • Mestre (5,35;10,17; 11,21);
Pastor (14,27); • Nazareno (1,24;10,47); • Sobretudo, o Filho de Deus • (1,1); (3,11;5,7); (1,11); (9,7); (15,39). • Jesus usou para si somente Filho do Homem (2,10.28; 8,31.38; 9,9.12.31):Título de origem vétero-testamentária (Ezequiel 2,1.3.6.8; Daniel 7,13-14.18.22.27).
Jesus é Mestre - formador e ensina com autoridade (1,21-22.27; 11,17): • Metodologia é a das relações; • Ensino e ações - manifestações do ser • de Deus e dos mistérios do Reino (4,11); • Perdoa pecados (2,5-10); • Cura doentes (1,32-34); • Vence forças do mal (1,27; 3,27); • Nova relação com a natureza (4,41).
Jesus é libertador - liberta as pessoas do poder econômico-político-religioso. Segredo messiânico - silêncio frente ao seu poder (1,25.34.44; 3,12; 5,43; 7,36; 8,26.29-30).
3.2 – Como ser discípulo, discípulo(a) de Jesus: Jesus convida para o seguimento (1,16-20; 2,14) homens (1,16.19; 2,14) e mulheres (15,40-41); Primeira e a última ação de Jesus, em Marcos é chamar discípulos: (1,16-20; 16,7.15); Forma, corrige e anima os(as) discípulos(as); No caminhar da Galiléia para Jerusalém (8,22–10,52) mostra-lhes as exigências do seguimento;
A unidade literária (8,22–10,52) tem como moldura duas curas de cegueira. O cego de Betsaida (8,22-26) e Bartimeu de Jericó (10,46-52). No meio da unidade - a cegueira de Pedro (8,32b-33), a dos Doze (9,32-34) e a de Tiago e João (10,35-40). Síntese: seguir, servir, subir (15,40-41). Mandato final (16,7), convite retornar à Galiléia e refazer o caminho de Jesus.
4 - Estrutura do Evangelho: Blocos e sumários. Forma didática de escrever, com finalidade litúrgico-catequética. Sumários - dobradiças entre os blocos. Marcos visa construir uma comunidade de novas relações (Gl 3,28):
Prólogo – Mc 1,1-13 –Novas relações, nova criação; Sumário: Mc 1,14-15 – Mudança de paradigmas. Bloco 1 – Mc 1,16-3,6 – Relações que congregam e libertam; Sumário: Mc 3,7-12 – Toques que geram nova vida.
Bloco 2 – Mc 3,13-6,6 – Relações que incluem; Sumário: Mc 6,7-13 – Passos que mudam a história. Bloco 3 – Mc 6,14-8,21 – Relações interculturais e inter-religiosas; Sumário: Mc 8,22-26 – Busca da visão integral.
Bloco 4 – Mc 8,27-10,45 – Relações que humanizam; Sumário: Mc 10,46-52 –Com Jesus rumo ao confronto. Bloco 5 – Mc 11,1-13,32 – Relações conflitivas; Sumário: Mc 13,33-37 – Vigilância e cuidado contemplam o discipulado.
Bloco 6 – Mc 14,1-15,39 –A fonte das relações; Sumário: Mc 15,40-41 – Serviço permanente no caminho de Jesus. Bloco 7 – Mc 15,42-16,20 – Vida plena em novas relações.
5. Chaves de leitura do Evangelho de Marcos na perspectiva de novas relações 5. 1 Relações com o meio ambiente 5. 2 “Multidões” e novas relações: 5.3 Relações com os “sem nome”: 5.4 O “aproximar-se”: 5.5 Relações de gênero 5.6 Relações novas: sinal do Reino de Deus: 5.7 Mudança de paradigmas: caminho de relações reconstruídas:
5. 1 – Relações com o meio ambiente: • Espaços geográficos: Correlação entre os espaços, os eventos, as pessoas e a ação de Jesus: • Galiléia - região excluída é o chão da Boa • Nova do Reino (16,7); • Deserto recuperado como lugar de • verdadeiras relações (1,12);
O céu se rompe. Deus entra em relação • com a humanidade (1,10); • O mar - Jesus busca aí primeiros • seguidores; resgata-o como seu aliado • (1,16; 4,35-41); • A Sinagoga - habitada pelo demônio • (1,21-28) - vazio do sistema religioso • legalista; • Cura do homem da mão atrofiada • (3,1-6) liberta e integra a pessoa;
A casa, o clã: (1,29-31; 2,15-17) Jesus • abre para a acolhida, o serviço, a • liberdade; • O túmulo, lugar dos demônios e da • morte (5,1-20; 15,46), se abre para a • vida (16, 6); • Os quatro milagres de Jesus sobre a • natureza (4,35-41; 6,31-44; 6,45-52; • 11,12-14.20-21): novas relações com o • meio ambiente.
5.2 – “Multidões” e novas relações: • Constante presença das multidões • (1,33.45; 2,1.2.13; 3,7.20; 4,2; 4,36; 5,21; • 6,2.34.45; 7,14.17.33; 8,1.2.34; 10,2.46; • 11,18; 12,37, etc); • Destaque a pessoas silenciadas no meio • das multidões; • Um paralítico, sem nome, sem • referências, sem história, (2,1-12), é • colocado no meio da multidão;
No meio de uma multidão, percebe o • toque sutil da mulher e entra em • profunda relação com ela (5,25-34); • Na saída de Jericó, a multidão não se dá • conta da presença do cego Bartimeu • (10,46-52); (cf. cegueira dos discípulos 8,27-35... N.17) • Num lugar deserto, mostra aos discípulos • como criar novas relações com a • multidão: organização e partilha solidária • (6,34-44);
Jesus atende o clamor da mãe • estrangeira (7,24-30); • Tem compaixão do leproso excluído • (1,40-45); • Ternura com o homem que vivia nos • túmulos (5,1-20); • Cura o surdo-mudo (7,31-37); • Acolhe as crianças e coloca-as no • centro (10,13-16);
Frente às multidões, sente compaixão • (1,41; 6,34; 8,1-2), ensina (4,1-2; 6,1-2; • 6,34-35; 4,1-9), serve-as (1,32-34; 3,7-9; • 6,53-56; 8,6-8). • A multidão ignora, é indiferente ou exclui. • Jesus vê, ouve, se aproxima, estabelece • um novo código de relações. • (cf. Ex3,7ss)
5. 3 – Relações com os “sem nome”: • Pessoas identificadas por algum • estigma. Relações no nível de • circunstâncias: ‘cego’ (8,22-26), a ‘sogra’ • de Pedro (cf 1,30), o endemoniado’(1,23), • o ‘homem da mão atrofiada’ (3,1), a • ‘mulher’(cf 14,3) que ungiu Jesus, a • ‘viúva’ (12,42), a ‘cananéia’ (7, 24ss), • a ‘hemorroíssa’ (5,25);
Jesus se relaciona com as pessoas, a • partir da sua verdadeira identidade: • testemunhas, mulheres, são nomeadas: • “Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e • de Josét, e Salomé”(15,40.47; 16,1); • Com a ressurreição acontece a • redenção de todas as relações.
5.4 – O “aproximar-se”: • Sistema religioso em Israel - baseado na • separação: puro x impuro, santo x • pecador, lugar sagrado x lugar profano • (1,44; 7,14-23); • Jesus aproxima-se: de Deus, das • pessoas, dos espaços e acontecimentos; • João Batista - no deserto e o povo vai a • ele (1,4-5);
Jesus – no meio do povo (1,14), nos • mais diversos lugares (1,38-39); • Aproxima-se das pessoas sem as • mediações religiosas e legais (1,40); • Rompe as barreiras da separação. • Toca nas pessoas (1,31) e deixa-se • tocar por elas (5,28); • Faz visitas nas casas (1,29) e recebe • pessoas em sua casa (2,1-2) come • com elas (2,15);
Usa sua própria saliva para realizar • curas (8,23), toma as pessoas pela • mão (1,31); • Preocupa-se com as necessidades • básicas de alimentação (6,37; 5,43), • de saúde; • Coloca-se junto dos excluídos e • estabelece relações personalizadas • (2,10-11).
5.5 - Relações de gênero: • Novo paradigma antropológico, social, • cultural e teológico; • Desconstrução da cosmovisão patriarcal • e androcêntrica; • Em Jesus – relacionamento entre • mulher-homem – maior impacto no • sistema vigente; • Cura da sogra de Pedro (1,29-31), • rupturas de tradições;
Mulher que sofre de hemorragia • (5,25-34; • Discussão sobre o divórcio (10,1-12); • Recompensa dos discípulos (10,28-31), • Marcos- cita somente a mãe como • recompensa (10,30);
Mulheres – testemunhas • incontestes da ressurreição; • Haviam seguido e servido desde a • Galiléia e subiram a Jerusalém com • Jesus (15,40-41); • Na crucifixão, “ficam olhando” • (15,47). • De madrugada saem para • embalsamar o corpo;
Entram no túmulo (cf Jo 20, 6), • ouvem o primeiro anúncio do • anjo; • Devem sair para proclamar a • ressurreição; • Maria Madalena é a primeira • ordenada para anunciar a • ressurreição (16,7).
5.6 - Relações novas: sinal do Reino de Deus: • Novas relações • econômicas (6,37; 10,21; 12,41-44); • Sociais (1,40-45), políticas (6,17-29; • 6,30-42; 10,44; 12,13-17; 5,1-20); • De etnias e inter-culturais • (7,24-30; 9,39-40; 15,21; • Religiosas (11,15-19), • Ecológicas (6,45-52);
Com Deus – o Deus da • pureza legal, do sacrifício, • dá lugar ao Deus justo e • misericordioso.
5.7 – Mudança de paradigmas: caminho de relações reconstruídas: O próprio Jesus passou pelo processo de mudança: (7,24-30; 8,33); É imprescindível “dar um salto”, “largar a capa”, “gritar”, como faz Bartimeu (10,46-52).
Síntese elaborada por Maria Fachini, com base no Livro: RECONSTRUIR RELAÇÕES NUM MUNDO FERIDO - uma releitura do Marcos em perspectiva de relações novas. Publicações CRB/2006 Formatado por: maria diva em setembro de 2012
Quem é Jesus? Para a pergunta: Quem é Jesus a comunidade de Marcos respondeu: Ele é o Filho de Deus! Deus: Tu és o meu Filho Amado (1,11) Pedro disse: Tu és o Cristo o Filho de Deus (8,29). Os demônios disseram: Tu és o Santo de Deus, o Filho de Deus, Filho de Deus Altíssimo (1,24; 3,11; 5,7). • ...
Questionamento para nós: Jesus deixa a pergunta em aberto para cada um e cada uma de nós: E vós quem dizeis que eu sou? Deixa a mesma pergunta para a comunidade. Cabe à comunidade responder.
Sugestão de portais para leitura da Palavra de Deus • http://www.cebi.org.br/ • http://www.adital.org.br • http://www.gilvander.org.br/ • http://www.capuchinhosprsc.org.br/biblia