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IV Frota dos EUA

IV Frota dos EUA. Prof. Tito H. S. Queiroz Historiador e Mestre em Ciência Política, professor assistente da FACHA, FAP, UNIVERCIDADE e UNATI-UGF Autor de Brasil – História e Turismo (Rio, UniverCidade Editora, 2005).

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  1. IV Frota dos EUA Prof. Tito H. S. Queiroz Historiador e Mestre em Ciência Política, professor assistente da FACHA, FAP, UNIVERCIDADE e UNATI-UGF Autor de Brasil – História e Turismo (Rio, UniverCidade Editora, 2005)

  2. No início do mês entrou em funcionamento a IV Frota da US Navy, reativada após 58 anos. • A medida causou apreensão nos meios políticos, militares e diplomáticos latino-americanos, já que o objetivo específico da frota (baseada na Flórida) é a atuação em toda a América Latina. • A desculpa é o combate ao terrorismo e ao narcotráfico, além de estreitar laços militares com as nações da região. • Visto que não há nenhuma guerra na região (salvo conflitos como o da Colômbia, onde os EUA já intervém e mantêm bases), a recriação da IV Frota têm sido vista como manifestação moderna da diplomacia das canhoneiras.

  3. A posição das atuais frotas da US Navy, a maior marinha do mundo; sua distribuição não denota um caráter defensivo, mas uma estratégia de hegemonia global.

  4. A US Navy teve desde o início mais a função de promover os interesses internacionais dos EUA do que de mera defesa de suas águas territoriais. • Sua atuação na América do Sul, particularmente na costa do Brasil, remonta ao início do séc. XIX. Durante as guerras de 1812 e de Secessão, navios da US Navy entraram em ação contra navios britânicos e corsários confederados ao largo de Salvador. Eventualmente, eles mantinham esquadrões na América do Sul para alguma eventualidade.

  5. Guerra de 1812: a primeiraação da US Navy na costa do Brasil, ao largo de Salvador, o USS Constitution derrota o HMS Java.

  6. Guerra de Secessão: o USS Wachussett captura o CSS Florida que estava abrigado no porto de Salvador (1864); esta ação provocou protestos do governo brasileiro e azedou as relações dos 2 países por mais de uma década.

  7. Diplomacia da canhoneira: a White Fleet adentrando no Rio em Janeiro em 1908, para demonstrar o poderio da US Navy ao mundo.

  8. O teste para o papel de grande potência a ser exercido pelos EUA foi sua mobilização durante a I Guerra Mundial: para reforçar os sentimentos pró-americanos na América do Sul e patrulhar suas costas ameaçadas por corsários alemães, em 1917, se despacha para cá uma considerável esquadra. Ela ficaria baseada no Rio de Janeiro (tiveram até permissão para instalar um pequeno posto sinaleiro no alto dos morros cariocas) e sua presença não deixou de incomodar intelectuais como Lima Barreto. • No entreguerras, os EUA mantiveram uma missão naval na Marinha do Brasil que durou de 1917 a 1941.

  9. I Guerra Mundial (1918): um encouraçado da US Navy no dique Afonso Penna, no Rio de Janeiro: patrulhando a costa contra os corsários alemães e conseguindo a primeira pequena base no Brasil.

  10. Com a II Guerra Mundial, a presença de uma força naval considerável na América Latina tornou-se importante, tendo o Brasil assinado acordos que cediam vários portos e aeroportos do Brasil aos EUA. O avanço dos submarinos nazi-fascistas sobre a América do Sul e Caribe, aumentou a necessidade da presença da US Navy por aqui. Foi nesse contexto, que em 1943, a IV Frota nasceu. • Sediada no Brasil, ela acabaria incorporando e coordenando a armada e força aérea brasileiras. Seu papel foi essencial na eliminação da ameaça submarina no Brasil. • Porém, vários incidentes entre o pessoal da IV Frota e os brasileiros ocorreram e o governo dos EUA procurou estender o uso das bases no pós-guerra.

  11. II Guerra Mundial (1943): um blimp da US Navy no Amapá: a criação da IV Frota, sediada no Brasil foi fundamental para a campanha antisubmarino na costa brasileira em 1942-44.

  12. Como a URSS não parecesse interessada em ampliar a Guerra Fria para a América Latina, a necessidade de uma IV Frota desapareceu (junto com ela) em 1950. • Ainda assim, a US Navy continuaria importante na história brasileira: seu papel em 1964, com submarinos trazendo armas para conspiradores e organizando a Operação Brother Sam para ajudar numa eventual guerra civil contra Goulart.

  13. Qula o contexto da recriação da IV Frota? • O início do séc. XXI encontraria os EUA na sua guerra contra o terrorismo e os governos latino-americanos articulando pólos de poder independentes, como a Aliança Bolivariana para as Américas, liderada por Hugo Chávez. • Como Chávez aliou-se ao Irã, o Departamento de Estado alega que o Irã estaria tentando influenciar a América Latina. • Outra articulação independente é a criação da Unasul (União das nações sul-americanas), proposta pelo Brasil. Como os EUA foram afastados dessa articulação, a IV Frota com seus submarinos e porta-aviões nucleares diminuiria qualquer aliança defensiva sul-americana.

  14. Um porta-aviões nuclear classe Nimitz, de passagem pelo Rio em data recente; agora, a serviço da IV Frota.

  15. O que parece mais ameaçador para o Brasil é o temor da IV Frota ameaçar a Amazônia Azul, que corresponde a mais de 7 milhões de km de fronteira marítima, mais a área marítima jurisdicional de 200 milhas, a Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que também pode incluir a área da Plataforma Continental (PC) além dessas 200 milhas, que totalizaria um território marítimo de mais de 4 milhões de km². Para que o país tome posse dessa reserva, basta que mantenha pesquisa na região. • Mas, a IV Frota pode representar uma ameaça à essa pretensão, num momento em que o governo brasileiro anunciou a descoberta de imensas reservas de petróleo na área da PC.

  16. A Amazônia Azul e sua extensão: a ZEE é internacionalmente reconhecida a PC pode vir a ser contestada pelos EUA, apoiados pela IV Frota.

  17. Qual tem sido a resposta do governo brasileiro? • O ministro da defesa afirmou que não dará permissão para atuação da IV Frota em águas territoriais brasileiras. • O Brasil tem costurado uma aliança militar com a França e planeja construir um submarino nuclear o mais rápido possível para aumentar a capacidade dissuasória da Armada brasileira face à virtual potência nuclear da IV Frota. • Num momento em que pesam ameaças contra a Amazônia, a Amazônia Azul também se encontra sobre pressão; muito mais efetiva aliás.

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