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Linguística Documentária O SIGNO
Eco inicia seu discurso narrando a história do Sr. Sigma (um italiano) em viagem de férias à Paris. Em determinado momento Sigma começa a sentir fortes dores abdominais, porém não domina os “códigos” daquela região para chegar a um médico e dizer de forma precisa o que está sentindo. Os códigos a que Eco se refere dizem respeito ao modo de vida culturalmente da sociedade francesa, desde o local dos telefones nos bares, o número do telefone do médico etc. Premissa
Esses códigos já constituem signos. Sigma tem de conhecer muitas regras, que fazem corresponder a uma dada forma, uma dada função, ou a dados signos gráficos dadas entidades, para poder finalmente aproximar-se do seu médico. lista telefônica de Paris quem é médico localização do telefone num bar e seu sistema de regras uso do telefone marcar uma consulta falando outra língua Endereço, horário (relógio, sistema de signos universal) Tomar um taxi Identificar o apto do médico Descrição do que sente ao médico Perguntas do médico (semiótica medica) Respostas ao médico (tradução), localização da dor Novas perguntas do médico (interpretação de sintomas, diagnóstico) Decisão de Sigma: bela vida e saúde x vida, morte, saúde e preocupação (sistema de ideias que se manifesta como uma particular organização de valores ou conteúdos) Premissa
Duas perguntas se fazem: Os signos permitem a Sigma viver em sociedade, ou a sociedade na qual Sigma vive não é mais do que um complexo sistema de sistemas de signos? Existiria a possibilidade de Sigma explicitar sua dor, ou seja, de comunicar-se, se não existissem os signos? Premissa
A resposta Independente da sociedade em que vivesse (pequeno camponês ou um homem da cidade grande) Sigma viveria num universo de signos mesmo se fosse um camponês isolado do mundo. É a experiência que permite enxergar e ler os signos. (A cor das folhas iria tranquilizá-lo com o passar das estações, conheceria as horas pelo movimento do sol, e assim por diante). Premissa
Semiótica / Semiologia Disciplina que estuda todas as possíveis variedades dos signos. O texto de ECO traz várias definições de três bons dicionários italianos sobre SIGNO, mas o que nos interessa de fato é o significado do mesmo para a linguística, que é: O processo pelo qual um conceito (ou um objeto) é representado por uma imagem acústica (como as palavras, etc.) Premissa
ECO faz algumas considerações sobre o estudo do signo pela filosofia e pela linguística e chega à seguinte conclusão: De qualquer modo, duas coisas são certas: Como tal aconteceu para a física ou para a psicologia, também para a linguística alguns dos contributos filosóficos mais importantes do nosso século foram fornecidos por não filósofos, por técnicos de qualquer disciplina (Einstein ou Heisenberg para a Física, Saussurre ou Hjelmslev para a Linguística) Premissa
b). A semiótica é hoje uma técnica de pesquisa que consegue dizer-nos de um modo bastante exato como funcionam a comunicação e a significação. A semiótica promete levar a cabo uma tarefa que tradicionalmente foi chamada filosófica. Premissa
Para este livro Eco descreve o sumário em termos gerais. Capítulo 1: Examinar as modalidades principais dos processos em que o signo é usado, elaborando a primeira definição provisória do signo. (Este iremos ver) Capítulo 2: Enumerar as várias classificações dos signos. Capítulo 3: Sintetizar as análises da estrutura interna do signo e dos sistemas em que se insere. Capítulo 4: Sintetizar os maiores problemas sobre a natureza, a finalidade, as aporias do signo. Capítulo 5: Tentar uma Teoria Semiótica do Signo. Premissa
A semiótica ocupa-se indubitavelmente dos signos como sua matéria-prima, mas vê-os em relação a códigos e inseridos em unidades mais vastas como o enunciado, a figura retórica, etc. A semiótica é a disciplina que estuda as relações entre código e mensagem e entre signo e discurso. Premissa
Finalmente, para lá do signo definido teoricamente, existe o ciclo da semiose, a vida da comunicação, e o uso e a interpretação que é operada a partir dos signos: é a sociedade que usa os signos, para comunicar, para informar, para mentir, enganar, dominar e libertar. Premissa
1.1 O signo como elemento do processo de comunicação O signo é usado para transmitir uma informação e insere-se neste tipo de processo comunicacional: Fonte – Emissor – Canal – Mensagem - Destinatário 1 O Processo sígnico SIGNO
A mensagem equivale ao signo. A mensagem é a organização complexa de muitos signos. Entre emissor e destinatário deve existir um código comum que atribui ao signo um significado – LINGUAGEM. 1 O Processo sígnico
A realidade só tem existência para os homens quando é nomeada. Os signos são, assim, uma forma de apreender a realidade. Só percebemos o mundo a partir do que nossa língua nomeia. Teoria dos signos (Fiorin)
A substituição das palavras pela apresentação de objetos, como sugere o texto de Swift (1998) é uma ironia sobre as concepções vulgares que imaginam que a compreensão da realidade independe dos signos criados para nomeá-la. Este sistema de “mostração” de objetos não pode funcionar pois o objeto não designa tudo o que uma língua pode expressar. Teoria dos signos (Fiorin)
A atividade linguística é uma atividade simbólica, o que significa que as palavras criam conceitos e esses conceitos ordenam a realidade, categorizam o mundo. A realidade é recortada diferentemente em línguas diversas. O valor de um signo é dado por outro signo. Além disso, um signo é sempre interpretável por outro signo. Teoria dos signos (Fiorin)
Um processo de comunicação em que não exista Código, e em que não exista portanto significação, reduz-se a um processo de estímulo-resposta. Exemplo: Uma luz muito forte me obriga a fechar imediatamente os olhos (estímulo-resposta) - sem refletir. Uma ordem verbal que me mande fechar os olhos (processo de comunicação com significação) – entender e descodificar a mensagem – processo sígnico. 1 O Processo sígnico
Classificação dos Signos (Fiorin) Signos Naturais (Raios, fumaça, etc.) Estímulo-resposta Artificiais (signos propriamente ditos) Com expressão derivativa Verbais (Interpretam todas as Lggs) Substitutivos (bandeira, foto, maquete) Sinais (Semáforo) Símbolo (Abstrato) Cruz Balança Strictu sensu (Concreto) Auto-retrato
1.2 o signo como elemento do processo de significação 1.2 O signo como elemento do processo de significação Significado Conceito / Definição Significante Referente Objeto Signo
Entre significante e referente existe uma linha pontilhada que quer dizer uma ligação obscura entre os mesmos, já que o referente pode ser real ou ideal. Signo ou Significante /cavalo/ / / 1.2 o signo como elemento do processo de significação
Significado = animal equino, de quatro patas, ruminante, etc. Referente = o próprio animal 1.2 o signo como elemento do processo de significação
Diversas categorias usadas pelos diversos classificadores 1.2 o signo como elemento do processo de significação 1 Interpretante (Peirce) Referência (Ogden-Richards) Sentido (Frege) Intensão (Carnap) Designatum (Morris, 1938) Significatum (Morris, 1946) Conceito (Saussure) Conotação, Connotatum (Stuart Mill) Imagem mental (Saussurre, Peirce) Conteúdo (Hjelmslev) Estado da consciência (Buyssens) 1 Significado 2 Signo (Peirce) Símbolo (Ogden-Richards) Veículo sígnico (Morris) Expressão (Hjelmslev) Representamen (Peirce) Sema (Buyssens) 3 Objeto (Frege-Peirce) Denotatum (Morris) Significado (Frege) Denotação (Russell) Extensão (Carnap) 3 Referente 2 Significante
O signo é entendido como alguma coisa que está em lugar de outra, ou por outra. O signo não representa a totalidade do objeto, mas por vias de abstrações diversas – o representa de um certo ponto de vista. 1.2 o signo como elemento do processo de significação
A definição de signo dada por Saussurre é substancialista, pois ele trata do signo em si, como uma união de um significante e um significado. A significação é então, uma diferença entre um signo e outro, pois o que existe na língua são a produção e a interpretação de diferenças. Composição e valor dos signos (Fiorin)
Características do signo linguístico Arbitrariedade do signo = é o contrário de motivado, quando não há nenhuma relação necessária entre o som e o sentido, não há nada no significante que lembre o significado e não há qualquer necessidade natural que determine a união de um significante a um significado. Porém, a arbitrariedade do signo não se aplica a todas as linguagens, pois há linguagens que têm signos em que a relação entre significante e significado é motivada, como por exemplo a linguagem dos sinais (visuais). Composição e valor dos signos (Fiorin)
Características do signo linguístico Linearidade do significante = é o caráter auditivo do significante linguístico. Ele representa uma extensão e esta extensão é mensurável numa só dimensão, é uma linha. Um som tem que vir depois do outro. Uma palavra depois da outra. Porém, há linguagens cujos significantes não são lineares, como é o caso da pintura, que é apresentada simultaneamente para quem vê um quadro. Composição e valor dos signos (Fiorin)
Características do signo linguístico Denotação e Conotação Composição e valor dos signos (Fiorin)
Semântica = o signo é considerado em relação àquilo que significa; Sintática = o signo é considerado enquanto inserível em sequências de outros signos com base em regras de combinação; Pragmática = o signo é considerado quanto às próprias origens, aos próprios efeitos sobre os destinatários, aos usos que dele se fazem. 1.3 Três maneiras de considerar o signo: semântica, sintática e pragmática
Várias definições por diferentes pesquisadores. Eco ressalta que, perante o problema do não consenso entre elas, a atitude mais cômoda parece ser a de reconhecer que existem signos simples e signos complexos. Os signos complexos são obviamente compostos por signos simples. 1.4 A unidade sígnica mínima
Buyssens procura aclarar a distinção entre signo simples do composto dizendo que existem signos e semas. A unidade portadora de significado é o sema, sendo que o signo não tem significação. 1.4 A unidade sígnica mínima
Por agora, todavia, e enquanto nos mantivermos no âmbito do uso comum, decidimos definir como signo QUALQUER ENTIDADE MÍNIMA QUE PAREÇA TER UM SIGNIFICADO PRECISO. 1.4 A unidade sígnica mínima
ECO, U. Premissa. In: ECO, U. O signo. Lisboa: Presença, 1990. FIORIN, J. L. Teoria dos signos. In: FIORIN, J. L. (org.). Introdução à Linguística: I objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2003. rEferências