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Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro (Mt 6,24). A Campanha da Fraternidade. A Campanha da Fraternidade mostra a preocupação da Igreja no Brasil em criar condições para que o Evangelho seja melhor vivido em uma sociedade que, a cada dia, se torna mais violenta. Introdução.
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A Campanha da Fraternidade • A Campanha da Fraternidade mostra a preocupação da Igreja no Brasil em criar condições para que o Evangelho seja melhor vivido em uma sociedade que, a cada dia, se torna mais violenta.
Pela terceira vez uma CFE • O que é o CONIC ? Procura ser instrumento para o testemunho e a ação conjunta das Igrejas na comunicação da fé, na defesa da vida, dos direitos humanos, da integridade da criação e dos demais valores cristãos. • OBJETIVO: Contribuir para a leitura atualizada da situação sócio-político-cultural e religiosa do país e desenvolver linhas comuns de ação entre as Igrejas para superar a violência e promover a vida e a paz. • PROGRAMAS: Campanha da Fraternidade 2010; Programa para superar a violência; Ação Ecumênica de mulheres
O CONIC apresenta o desafio que busca responder as seguintes perguntas: • Como a fé cristã pode inspirar uma economia que satisfaça as necessidades humanas, gerando o bem comum? • Em que medida existe responsabilidade das pessoas em relação à economia e como isso afeta a vida das pessoas e do meio ambiente? • Que aspectos de mudança pessoal e estrutural podem ser considerados para que a economia esteja a serviço da vida, promovendo o BC? • Como fazer para essas preocupações não se tornem transitórias, e sim balizamento moral permanente?
Bem Comum • O bem Comum abrange a existência dos bens necessários para o desenvolvimento da pessoa e a possibilidade real de todas as pessoas de ter acesso a tais bens; • É diferente de interesse geral; • Direito de aproveitar as condições da vida social; • Deve acontecer a conciliação entre o Bem Comum e o bem particular: caridade (vencer o egoísmo) e justiça (direitos do outro);
Pessoa • O desenvolvimento das sociedades modernas está baseado cada vez mais na sua capacidade criativa e em seu potencial para inovar; • A pessoa é foco e o propósito de toda vida econômica, social e política;
A fraternidade e a Quaresma • A quaresma é tempo propício para a conversão, momento favorável, por isso, a Campanha da Fraternidade se utiliza deste tempo litúrgico apontando para os princípios de justiça, denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos, abrindo caminhos de solidariedade
Continuidade com as outras CFE • 2000 – “Dignidade humana e paz” – O resgate da dignidade humana nos bastidores da política. Expectativas e reflexões motivadas pela virada do milênio; • 2005 – “Solidariedade e paz” – O crescimento da violência, o terrorismo e as guerras frustravam as esperanças de um novo milênio. A paz é ilusória quando o interesse econômico sacrifica pessoas. • 2010 – Nesse espírito foram pensados o tema desta Campanha, “Economia e Vida” e seu lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24)
Fraternidade e economia • Oikos + nomos: administração da casa; • O caráter humano da economia é de serviço às pessoas e de construção do Bem Comum.
O objetivo geral desta CFE 2010 • “Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do Bem Comum em vista de uma sociedade sem exclusão”. • Objetivos específicos: Valorizar todas as pessoas – superação do consumismo – criar laços para superação do individualismo – mostrar a relação fé-vida – reconhecer as responsabilidades individuais.
Democracia e Sustentabilidade • DENUNCIAR todo modelo econômico que tem em primeiro plano o lucro; • EDUCAR para a prática de uma economia de solidariedade; • CONCLAMAR as Igrejas, as religiões e toda a sociedade para ações sociais e políticas que levem a um modelo econômico de solidariedade e justiça para todos. • Os objetivos devem ser trabalhados em quatro níveis: social, eclesial, comunitário, pessoal.
A dádiva da vida, o mercado e a pessoa • A dádiva da vida e a lógica do mercado: Assim como Deus criou por amor, essa mesma gratuidade deve se refletir no agir humano. A lógica do mercado paga-se pela troca e serviços. • Agradecer é diferente de pagar: A sociedade de mercado nos afasta das raízes da árvore da vida, que são amor, dádiva, fraternidade e solidariedade, pois nos acostumamos à pagar por aquilo que necessitamos (Lc 12,15). • A vida de cada um, ligada à vida de todos: Somos responsáveis por nossos irmãos na maneira de organizar a sociedade na economia, política, necessidades básicas e oportunidades.
Economia a serviço da vida ou vidas à disposição da economia? As políticas econômicas e as instituições devem ser julgadas pela maneira delas protegerem ou minerarem a vida e a dignidade da pessoa humana, sustentarem ou não as famílias e servirem ao bem comum de toda a sociedade.
O valor econômico da água: Em função da escassez, a água passou a ter um valor econômico que deveria ser gerenciado com objetivo de que quem usa para fins lucrativos e quem usa para fins de subsistência deveria ser diferenciado. • Transformação da água em mercadoria: O perigo da “petrolização” da água pode transformar a água em objeto de lucro das grandes empresas capitalistas, e imprimindo-se na opinião pública a ideia de mercadoria de grande valor econômico, se retirando da água sua dimensão de direito humano.
Mas há toda uma propaganda que vai noutra direção: São aquelas que dizem que você não pode viver sem determinado produto, e são apresentados por pessoas ditas importantes que encontraram a “felicidade”.
Planeta Terra, casa de todos A Terra não passa de um grão de areia diante do universo, contudo ela reproduz o ciclo da vida há bilhões de anos, e a humanidade, com seu ritmo de devastação, está consumindo mais do que o planeta pode oferecer.
Entre os desafios e esperanças encontram-se o desrespeito à vida, que derivam de uma economia que idolatra o mercado, e as organizações, entidades e movimentos sociais que vão ajudando a reconstruir esta casa de todos que é o planeta Terra.
A vida ameaçadaPrimeiro Capítulo “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho e que fazia diariamente brilhantes festins...
... Um pobre, chamado Lázaro, jazia coberto de úlceras no pórtico de sua casa”. (Lc 19, 19-21)
O número dos pobres é incontável • Lázaro representa a desigualdade; uma hermenêutica da situação do Brasil e do mundo • Segundo o Int. de Estudos do Trab. e Sociedade, no Brasil em 2007 eram 10,7 mi de indigentes e 46,3 mi de pobres; • A globalização e a liberalização, não reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas; • A ONU prevê o número de 1,02 mi de pessoas que passarão fome em 2010; • É aos pobres do Brasil e do mundo que se dirige, em primeiro lugar, a atenção dos cristãos nesta CFE.
Muitas famílias vivem catando materiais recicláveis, cuja venda reverte em alguns míseros reais.
Os pobres não são apenas destinatários de nossa compaixão • Os pobres devem ser valorizados, como pessoas que são capazes de dar lições de vida, pois a vida sofrida de tantas famílias que lutam, é fonte de edificantes exemplos para a vida vazia de muitos que ostentam sinais de prosperidade. Cirurgias gratuitas transformam o sorriso e a vida de crianças e adultos no Rio
Dom Hélder Câmara “Pelo amor que tenho aos ricos – a quem não devo julgar, a quem não posso julgar e que custaram o sangue de Cristo – eu te peço, Lázaro, não fiques nas escadas e não te deixes enxotar... Irrompe banquete adentro, vai provocar náuseas nos saciados convivas. Vai levar-lhes a face desfigurada de Cristo de que tanto precisam sem saber e sem crer.”
Um sonho de todas as pessoas: A pobreza não é uma fatalidade, mas um estado que desafia as capacidades humanas de organização social frente às necessidades da vida, não apenas no campo material, mas também no nível intelectual, afetivo e espiritual. Os países ricos doaram às nações pobres 4 bi nos últimos 50 anos, enquanto os bancos receberam só em 2008 35 bi, para salvá-los da falência. Em 2008 915 mi de pessoas passavam fome no mundo. Esse número aumentou para 1bi em 2009.
Um desenvolvimento desequilibrado • A história colonial ainda se repete, contudo ao invés de escravidão legal, instalou-se a humilhação. Quem pode ser livre se não tem meios para viver? • O desenvolvimentismo que fracassou politicamente deixou como herança ao povo brasileiro dívidas públicas enormes que são manutenidas através de tributos embutidos em tudo o que se consome.
A EXPLOSÃO DA DÍVIDA EXTERNA Dívida Mobiliária Interna Federal (R$ bilhões) 1800 Dezembro de 2008: R$ 1,6 Tri 1600 1400 1200 FHC: R$ 62 bi 1000 800 600 Crescimento de 60% em 3 anos 400 Lula: 687 bi 200 0 Jul-94 Jan-95 Jul-95 Jan-96 Jul-96 Jan-97 Jul-97 Jan-98 Jul-98 Jan-99 Jul-99 Jan-00 Jul-00 Jan-01 Jul-01 Jan-02 Jul-02 Jan-03 Jul-03 Jan-04 Jul-04 Jan-05 Jul-05 Jan-06 Jul-06 Jan-07 Jul-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09
A DÍVIDA EXTERNA TEM CRESCIDO Dívida Externa (US$ Milhões) 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 300.000 2º Choque / Alta de juros pelos EUA 250.000 1º Choque do petróleo 200.000 150.000 Pagamento antecipado ao FMI 100.000 50.000 0 Fonte: Banco Central
No século XXI o Brasil volta a crescer na democracia, na estabilidade da moeda, aumenta a distribuição de rende, mas não consegue diminuir a dívida social acumulada; • Ceará (991.120 indigentes), Maranhão (1,078 mi), Bahia (1,274 mi). • A houve falhas reforma agrária: concentração de terras mas mãos de poucas famílias ou empresas; • Expansão do agronegócio (desmatamentos e queimadas) e o uso irresponsável dos recursos naturais; • Corrupção política.
A degradação do meio ambiente • O Brasil é o quarto emissor mundial de gases do efeito estufa (CO2), e a principal causa da emissão no país é o desflorestamento e as queimadas na região amazônica.
Condições de trabalho • Quatro eixos: • Criação de emprego de qualidade; • Extensão as proteção social; • Promoção do diálogo social; • Respeito aos princípios e direitos fundamentais no trabalho. • Trabalho: • Infantil – escravo – informal – formal – sazonal subemprego – desemprego – estratégias de sobrevivência derivadas da miséria e da fome. • Enfraquecimento do sindicatos.
Crianças de favelas têm dez vezes mais chances de morrer antes dos cinco anos do que as que moram em outras áreas da cidade. 44% não tem acesso aos sistemas de saúde.
Poder e direitos sociais Segundo a Constituição Federal de 1988: erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos ou discriminação, “educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e infância, assistência aos desamparados” (Art. 3º e 6º).
Respostas do Estado • Um dos maiores problemas nacionais, que impede o respeito aos direitos fundamentais previstos em nossa Constituição Federal, é a dívida pública federal, que a cada dia esgota a capacidade de investimentos nos recursos públicos em áreas de crescimento social, consumindo o pagamento de juros e amortizações de uma dívida nunca auditada. • Vejamos no próximo slide onde o Estado aplica o dinheiro da União. E perceberemos que vidas são colocadas à disposição da economia.
Legislativa 0,51% Essencial a justiça 0,46% Judiciária 1,92% Outros encargos especiais 5,13% Administração1,40% Desporto e lazer 0,02% Defesa civil 2,01% Segurança pública 0,59% Transporte 0,51% Relações exteriores 0,20% Energia 0,05% Transferências a Estados e Municípios 13,61% Comunicações 0,04% Assistência social 3,08% Comércio e serviços 0,14% Indústria 0,17% Previdência social 27,84% Orçamento Geral da União - 2008 Organização agrária 0,79% Juros e Amortizaçõesda dívida 30,57% Saúde 4,81% Agricultura 0,79% Trabalho 2,38% Ciência e tecnologia 0,43% Educação 2,57% Gestão ambiental 0,17% Direitos e cidadania 0,10% Saneamento 0,05% Habitação 0,02% Cultura 0,06% Urbanismo 0,12%
A cultura do consumismo • A economia pode influenciar a vida de um povo nas suas dimensões sociais, inclusive nas relações familiares. Muitos pais passam necessidades para atender as exigências consumistas dos filhos. • Igrejas absorvem esta mensalidade de consumo e passam a pregar a “teologia da prosperidade”. • A propaganda é a grande alavanca para o consumismo que prega uma mentalidade de que, quanto mais se consome mais se tem garantias de bem estar. • Exclusão dos que não tem poder de compra; • Cultura do descartável – substituição compulsiva.
Muhammad Yunus, economista, Nobel da Paz - 2006 “A crise financeira não é a única crise da atualidade [...] todas as crises tem a mesma origem, surgiram de falhas estruturais de nosso sistema [...] a economia atual está orientada apenas para a busca de um máximo de lucro.”
O aparelho estatal não pode ser o único agente de transformação da sociedade • Houve um processo de domesticação do povo, sendo visto os atos do Estado como um favor; • A CF há 46 anos mobiliza a sociedade na luta por seus direitos; • Movimentos pela Reforma Agrária; • Protagonismo dos negros, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, mulheres, etc; • Semanas Sociais Brasileiras; • Campanha contra a ALCA e pela Auditoria Cidadã; • ONGs que mantem vivas as exigências dos direitos sociais.
CMI 2006Porto Alegre14 a 23 de fevereiro “Nós, igrejas e crentes, somos chamados a encarar a realidade do mundo a partir da perspectiva das pessoas [...] oprimidas e excluídas. Somos chamados a nos deixar transformar mediante a libertação das nossas mentes da postura imperial dominadora, conquistadora e egoísta. Somos chamados a criar espaços para a transformação e nos tornar agentes de transformação.”
Economia para a vidaSegundo Capítulo “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24)
Um sistema econômicopara todas as pessoas • Nossa atitude diante do dinheiro mostra muito o tipo de pessoa que somos; • No âmbito social, a Bíblia nos mostra os profetas (Is 3,13-15; Jr 5, 27-29; 8,11-12; Ez 34,2-4; Am 3,10); • No âmbito comunitário a Bíblia tem propostas para a convivência econômica (Ex 19,13; Dt 15,7-11); • No âmbito pessoal somos chamados a não praticar a corrupção, a injustiça e viver a partilha no amor fraterno; • No âmbito eclesial, Deus quer primeiro a justiça e a fraternidade (Am 5,24; Tg 2,1-10).
A Bíblia e o bem comum • Bíblia: Sociedade agrícola regulada nas relações entre Deus e Israel; • As tribos: repartição dos bens de Deus; • Ano sabático: remissão das dívidas (Dt 15,1); • Ano do jubileu: recuperação dos bens perdidos (Lv 25, 8-17); • Descanso da terra: o ano sabático é também um ano em que não se semeia (Lv 25,1-6); • A criação não é propriedade dos seres humanos, mas os seres humanos pertencem à criação e a criação é de Deus;
A Bíblia quer justiça para os pobres • Ex 23,6 – O direto do pobre; • Is 5,8 – Acúmulo de riquezas; • Is 1,17-18 – Fazer justiça; • Dt 15,7-8 – Primeiro o direito do pobre; • Ex 22,20 – Exploração do migrante; • Devemos trabalhar as realidade do nosso tempo: direito ao trabalho, à saúde e educação públicas e de boa qualidade, saneamento urbano e outras estruturas que hoje podem promover o bem estar de todos.
Créditos e juros • Nas sociedades agrícolas as famílias dependiam em muitas circunstâncias do empréstimos; • Hoje em nossa sociedade os juros chegam próximo da usura; • Ex 22,24-26: Não agir como um agiota • Dt 23,20: Não emprestar com juros; • Lv 25,35: Não emprestar com juros; • Mt 5,42: Não dar as costas a quem pede;
Os direitos dos trabalhadores • Nas relações de trabalho em primeiro lugar deve vir a vida dos trabalhadores; • Jr 22,13: Condenação para quem enriquece explorando; • Am 2,6-7a: Exploração do fraco; • Tg 5,4: O salário retido; • Lc 3,10-11: Repartir com quem não tem; • Mt 8,20: Jesus sofreu a opressão econômica; • Mt 6,24: Ser vir a dois senhores; • Lc 12,33: Apego ao material;
No Reino de Deus a lei é a solidariedade • Mt 20,1-16 : cada pessoa precisa receber o necessário para a sua sobrevivência; • Mc 6,30-44 : Quando se sabe partilhar não falta pão, casa, saúde, educação, etc; • Mt 25,31-40 : Deus quer ser amado e servido nos pobres; • A acumulação provoca a carência de muitas pessoas e o consumismo egoísta e materialista coloca em risco a vida na terra; • Privilegiar o “nós” em lugar do “eu”, ensina a ver em pessoas estranhas, companheiros de sofrimento e esperança.