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Vitorino Nemésio. Biografia. Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva foi um poeta, ficcionista, crítico, biógrafo e investigador literário português.
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Biografia Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva foi um poeta, ficcionista, crítico, biógrafo e investigador literário português. Nascido a 19 de Dezembro de 1901 na ilha terceira, Açores, Vitorino Nemésio frequentou o liceu em Angra e na Horta (Ilha do Faial), onde concluiu o 5º ano. Em 1919, iniciou o serviço militar como voluntário, o que lhe proporcionou a primeira viagem ao Continente. Em Coimbra, terminou o liceu e frequentou a Universidade, primeiro como aluno de Direito, depois de Letras. Optando definitivamente pelo curso de Filologia Românica, viria a obter a sua licenciatura em 1931 em Lisboa, dando início, ao mesmo tempo, a uma distinta carreira académica na Faculdade de Letras. Como professor, o seu percurso levou-o ainda a leccionar em Montpellier, em Bruxelas e em várias universidades no Brasil. Fundou e direccionou a Revista de Portugal (1937-1941), uma publicação literária importante no panorama português do século XX. Nemésio colaborou também em revistas literárias, em jornais, na rádio e na televisão. Ficou célebre a sua colaboração na RTP com o programa «Se bem me lembro», no início dos anos setenta. Faleceu em Lisboa a 20 de Fevereiro de 1978.
Bibliografia • Poesia: • O Bicho Harmonioso (1938); • Eu, Comovido a Oeste (1940); • Nem Toda a Noite a Vida (1953); • O Verbo e a Morte (1959); • Canto de Véspera (1966); • Sapateia Açoriana, Andamento Holandês e Outros Poemas (1976).
Bibliografia • Ficção • Paço de Milhafre (1924); • Varanda de Pilatos (1926); • Mau Tempo no Canal (1944) (romance galardoado com o Prémio Ricardo Malheiros).
Bibliografia • Ensaio e Crítica • Sob os Signos de Agora (1932); • A Mocidade de Herculano (1934); • Relações Francesas do Romantismo Português (1936); • Ondas Médias (1945); • Conhecimento de Poesia (1958).
Bibliografia • Crónica • O Segredo de Ouro Preto (1954); • Corsário das Ilhas (1956); • Jornal do Observador (1974).
O FALECIDO POETA Os mortos tinham perdido Todos os costumes de vivos, Perfeitamente defuntos. Este – não era esquecido ; Aquele – falava de assuntos Muito diferentes, do céu... E um, que era distraído, Só tinha ao lado, apodrecido, Um bocado do chapéu ; …Mas é porque não estava completamente falecido. Era, aliás, o único Que, pela posição, Guardava a ideia de recta ; E, como tinha estudado história, Havia um buraco púnico No fundo da sua memória. Os outros mortos chamavam-lhe – o Falecido Poeta. . E na verdade havia Na sua cabeça descascada O essencial da Poesia : Um céu de osso, Sem uma única estrela ; Uma lua de cal e um sol de barro grosso ; E, por cima, uma noite de sete palmos Debaixo de uma aurora amarela. Os outros mortos viviam sem dia nem noite – calmos Ora, uma vez que o Semi-Vivo teimou Em esquecer-se de vez Ou reassumir de tudo A claridade – chorou ; E foi assim que talvez, Querendo falar, ficou mudo E, procurando, não achou Uma lágrima... outrora... Ao toco do seu dedo Chegara um filtro de chuva, Seria no mundo uma hora. . Chovia muito. Os outros mortos tinham medo De resfriar – e chovia. Por dentro da janela, na vida, estava a viúva Do Defunto Poeta. E chovia. Cada defunto abriu o seu guarda-sol, como uma seta… E lá ficaram todos, debaixo de chuva e de poesia. inO Bicho Harmonioso, Coimbra, 1938
Trabalho realizado por: • Alexandre Cabral Campello Nº1 10ºD • João Pinto Nº7 10ºD • Renato Ferreira Nº14 10ºD