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História de Portugal Aula n.º 10 A Crise (século XIV) . A Crise Ao contrário do século anterior, o século XIV foi um período de crise que abalou toda a Europa, não deixando ileso Portugal. Os grandes flagelos medievais – peste, fome e guerra – afectaram profundamente o país. A Peste
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História de Portugal Aula n.º 10 A Crise (século XIV)
A Crise Ao contrário do século anterior, o século XIV foi um período de crise que abalou toda a Europa, não deixando ileso Portugal. Os grandes flagelos medievais – peste, fome e guerra – afectaram profundamente o país. A Peste Em 1348, a epidemia da peste negra atingiu Portugal e matou mais de um terço da população. A Fome Desde o início do século XIV que um ciclo de maus anos agrícolas provocou por toda a Europa grande carência de bens alimentares. Com a escassez de cereais, que eram a base da alimentação medieval, os preços foram subindo, e os mais pobres sentiram cada vez maiores dificuldades em aceder aos alimentos. A fome, associada às más condições higiénicas e médicas, provocou uma menor resistência às doenças e epidemias.
O Abandono dos Campos Com o elevado número de mortes causados pela Peste Negra, muitos camponeses abandonaram os campos, à procura de alimentos na cidade. A mão-de-obra foi escasseando, tanto devido à morte provocada pela peste, como pela fuga provocada por esta. Deste modo, muitos terrenos agrícolas ficaram por cultivar e os salários aumentaram. Cena campestre Livro das Horas de D. Duarte
A Lei das Sesmarias • Em 1375, o rei D. Fernando promulgou a Lei das Sesmarias, pela qual determinava que, nas cidades e vilas, fossem nomeados dois homens-bonspara: • elaborarem uma lista de todas as terras que, sendo aptas para produzir cereais, estivessem por aproveitar; • obrigar os donos das terras a cultivá-las, sob pena de as perderem. • A lei estabelecia ainda que os bois de lavoura deveriam ser tabelados, para evitar que pedissem por eles preços muito elevados. • Por idênticas razões, também os salários dos trabalhadores rurais foram fixados. • Todos aqueles que cujos bens não excedessem as quinhentas libras eram obrigados a trabalhar no campo e todos os que fossem apanhados a vadiar ou a mendigar também eram forçados ao trabalho rural.
A lei previa igualmente multas para os lavradores que pagassem salários superiores aos fixados pelos homens-bons. Os lavradores eram assim forçados ao cultivo das terras abandonadas de pouco rendimento e os camponeses regressavam a uma semi-servidão, pois ficavam impedidos de mudar de vida ou de escolher senhor à sua vontade.
As Guerras com Castela 1.ª Guerra com Castela Depois da morte de Pedro I de Castela, o seu irmão bastardo, Henrique de Trastâmara, apoderou-se da Coroa. Porém, muitos fidalgos e cidades castelhanas recusaram-se a reconhecê-lo como rei e mandaram oferecer a Coroa de Castela ao rei de Portugal, D. Fernando, que era o mais próximo representante, por linha legítima, da família real de Castela. Nesta pretensão, D. Fernando tinha como aliados o rei de Aragão, com cuja filha tinha prometido casar-se, e o rei muçulmano de Granada. A primeira das guerras com Castela decorreu entre 1369 e 1371, e foi desastrosa para o rei de Portugal. O tratado de paz previa o casamento de D. Fernando com a filha do rei de Castela. Ora, D. Fernando já se tinha anteriormente comprometido a casar com a filha do rei de Aragão.
O Casamento de D. Fernando O tratado com Castela também nunca viria a ser cumprido, pois D. Fernando apaixonara-se como uma dama portuguesa, D. Leonor Teles de Meneses. Contudo, D. Leonor Teles já era casada e, para desposar o rei, tinha que anular o seu primeiro casamento. D. Fernando conseguiu essa anulação, tendo fugido e casado em segredo. Este casamento provocou várias revoltas populares, nomeadamente, em Lisboa, Santarém, Alenquer, Tomar e Abrantes, entre outras. 2.ª Guerra com Castela Não tenho cumprido o acordo com o rei de Castela, D. Fernando começou a preparar-se para nova guerra. Resolveu, então, aliar-se ao rei de Inglaterra, que, sendo familiar do rei de Castela, também pretendia a Coroa deste reino. Quando o rei de Castela soube da aliança secreta de D. Fernando com os ingleses decidiu invadir Portugal, chegando a saquear a cidade de Lisboa.
3.ª Guerra com Castela Não obstante a derrota, em 1380, portugueses e ingleses concordaram em iniciar nova guerra com Castela. A situação foi de tal modo desfavorável para Portugal, que o rei D. Fernando iniciou o processo de paz com os castelhanos, sem o conhecimento dos ingleses. Com o novo tratado de paz, os castelhanos entregavam as vilas que tinham ocupado, os prisioneiros e os navios que tinham tomado aos portugueses, e comprometiam-se a emprestar os seus próprios barcos para o repatriamento das tropas inglesas. A infanta D. Beatriz, filha de D. Fernando e herdeira da Coroa portuguesa, desposaria um filho do rei de Castela. Porém, pouco depois falecia a rainha de Castela e, em Abril de 1383, acordou-se, pelo Tratado de Salvaterra Magos, que D. Beatriz, em vez de se casar com o filho se casaria com o pai, o rei D. João I de Castela (filho de Henrique de Trastâmara que ficou conhecido por D. Henrique II de Castela) .
Meses depois, em Outubro, morria D. Fernando. A crise económica crescia nos campos e cidades de Portugal. A moeda desvalorizava-se, o descontentamento popular era enorme e todo o país ansiava por uma época de paz.