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EMPRESAS INOVADORAS NO BRASIL: evolução recente e desafios no atual contexto dos Sistemas Nacionais de Inovação da América Latina. Roberto Sbragia rsbragia@usp.br. SUMÁRIO. 1. OBJETIVO DA APRESENTAÇÃO E MODELO DE ANÁLISE 2. O COMPORTAMENTO TECNOLÓGICO/INOVADOR
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EMPRESAS INOVADORAS NO BRASIL: evolução recente e desafios no atual contexto dos Sistemas Nacionais de Inovação da América Latina Roberto Sbragia rsbragia@usp.br
SUMÁRIO 1. OBJETIVO DA APRESENTAÇÃO E MODELO DE ANÁLISE 2. O COMPORTAMENTO TECNOLÓGICO/INOVADOR DAS EMPRESAS BRASILEIRAS 3. AS RELAÇÕES ENTRE AS EMPRESAS E OS DEMAIS ATORES: FUNCIONALIDADES E OBSTRUIDORES 4. DESAFIOS ATUAIS E PERSPECTIVAS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO
OBJETIVO • ANALISAR O PAPEL QUE AS EMPRESAS DESEMPENHAM NO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO, USANDO COMO ABORDAGEM O MODELO DA TRIPLE HELIX (Etzkowitz & Leydesdorff, 1998) APLICADO AO CASO BRASILEIRO; • EXAMINAR A EVOLUÇÃO RECENTE DO SISTEMA TENDO COMO FOCO AS EMPRESAS, SEUS DESAFIOS E SUAS PERSPECTIVAS A LUZ DA SITUAÇÃO ATUAL DA AMERICA LATINA.
MODELO DATRIPLE HELIX PARA ANALISE DOS SISTEMAS DE INOVAÇÃO 3 GOVERNO E AGENCIAS PROMOTORAS 1 SETOR PRODUTIVO 2 INFRA-ESTRUTURA DE C&T
300.000 • E.U.A. 100.000 • Japão 80.000 • Alemanha 20.000 • França • Canadá • Grã-Bretanha 10.000 • Brasil • Itália • Espanha 5.000 • Suécia • Argentina US$/ANO (000.000) 1.000 • México • Portugal 500 • Chile 400 300 • Venezuela 200 • Colombia • Cuba 100 • Costa Rica 50 2,5 3,0 3,5 0,1 0,5 1,0 1,5 2,0 % PIB DISPÊNDIOS NACIONAIS EM C&T (*) Fonte: Indicadores de Ciencia y Tecnologia, RICYT/CYTED, 1997.
100 90 80 • Japão 70 • E.U.A. • Alemanha 60 • Suécia • Canadá % de Participação do Setor Produtivo • Grã-Bretanha 50 • Itália • Espanha • França 40 • Brasil 30 • Argentina 20 • Portugal • México • Colombia • Chile 10 • Costa Rica 0 • Cuba 0 60 70 80 90 100 10 20 30 40 50 % Participação do Governo DISTRIBUIÇÃO DOS DISPÊNDIOS NACIONAIS EM C&T SEGUNDO A FONTE DE RECURSOS(*) Fonte: Indicadores de Ciencia y Tecnologia, RICYT/CYTED, 1997
Muito embora no novo milênio a competitividade empresarial vá estar mais ainda atrelada à capacidade de inovar, há grandes barreiras ainda a serem superadas na interação Empresa-Governo-Infraestrutura Científica para a promoção da Inovação Tecnológica no Brasil. • POR QUÊ? Por que um país que é a 9a. economia mundial, com a maior e mais diversificada industria da América Latina, com uma infra-estrutura científica/tecnológica respeitável, e com um grande numero de cientistas e engenheiros não consegue ser uma potencia tecnológica?
PRODUTIVIDADE DA INDÚSTRIA CRESCE EM VELOCIDADE RECORDE Fonte: Price-Waterhouse
Depois de um período de pequeno crescimento (95-97/98), devido a sérias restrições as empresas brasileiras têm exibido um investimento decrescente em P&D, refletido em: • Menos recursos devotados a P&D, em valores absolutos e relativos • Menos pessoas qualificadas (especialmente PhD´s) envolvidas nessas atividades • Menos patentes obtidas • Menores vantagens competitivas, via renovação de produtos e processos.
Indicadores Tecnológicos da Industria Brasileira (N= 108 respondentes comuns, 1996-2000, Valores Médios por Empresa)
PINTEC/IBGE 2000: INOVAÇÃO LIMITADA! AMOSTRA: 70.000 empresas, entre 1998 e 2000, usando a metodologia da EUROSTAT (UE); Setores que mais inovam: rápida incorporação de conhecimentos técnico-científicos (informática, eletrônico, comunicações) EMPRESAS QUE INOVAM EM PRODS/PROCS: 31,5%; GASTO EM P&D/FATURAMENTO: 3,84%; PRINCIPAL ATIVIDADE DE P&D: em 76,6% dos casos, compra de maquinas/equipamentos para fabricação, principalmente no âmbito das PME’s; PESSOAL EM P&D: 41.600 mil pessoas, 50% TNS, 50% em part-time (cerca de 0,25 pessoa/empresa, em média);
CONCLUSÕES BÁSICAS: • P&D é atividade ocasional, especialmente para as PME’s (apenas 25% a praticam sistematicamente), fortemente concentrada em aquisições de Máquinas e Equipamentos produtivos; • Em geral, esse tipo de atividade não substitui a de criação de conhecimentos (P&D strictu-sensu), essencial para sustentação de vantagens competitivas e crescimento da economia no mais longo prazo.
Não obstante, a participação do segmento produtivo nos DNCT’s têm evoluído nos últimos 30 anos, de cerca de 5% para 32%. Todavia, as empresas que hoje investem em P&D respondem ainda por apenas 1/3 do PIB Industrial Brasileiro, o que evidencia possibilidades de expansão futura, caso grandes crises não ocorram e condições favoráveis sejam asseguradas.
10000 35% 9000 30% 8000 25% 7000 6000 20% milhões de reais 5000 15% 4000 3000 10% 2000 5% 1000 0 0% 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 PARTICIPAÇÃOSETOR EMPRESARIAL/TOTAL DOS INVESTIMENTOS SETOR EMPRESARIAL SETOR PUBLICO DISPÊNDIOS NACIONAIS EM C&T PARTICIPAÇÃO DOS SETORES PÚBLICO E EMPRESARIAL
INTERAÇÕES ENTRE O GOVERNO E O SEGMENTO EMPRESARIAL : a (má) experiência com as políticas públicas!
Os instrumentos de política governamental tem se mostrado pouco eficazes no sentido de privilegiar a empresa como foco central da inovação tecnológica. Apresentam: • baixo grau de operacionalidade/explicitação • baixa continuidade, alta oscilação • excessivamente burocratizados • pouco participativos • pouco indutores do comportamento empresarial
Incentivos fiscais para P&D tecnológico no Setor Produtivo em Países selecionados
1,6% Média Empresas da ANPEI 3,2% (2x) Média Empresas da ANPEI 4,8 (3x) Média Empresas ANPEI Rentabilidade(lucro/faturamento)( %) 6,5% Maior rentabilidadeanual média das 500 maiores empresas brasileiras desde 1974 (*) Investimentos em P&D(P&D/Faturamento) 0,5% 23,99% 36,79% 49,60% 60,41% 1,2% 16,80% 22,41% 28,03% 33,79% (Média das Empresas da ANPEI) 13,31% 14,45% 17,58% 19,77% 3% 12,46% 13,74% 15,2% 16,33% 5% 10% 11,82% 12,46% 13,10% 13,76% Redução do Custo Real de P&Ddevido aos Incentivos Fiscais (%) Terra & Sbragia, 1993, a partir do calculo do B-Index (Berstein, 1988)
Percepção da Indústria Sobre os Incentivos Fiscais para P&D Tem Conhecimento 23% 90 80 70 60 90% 50 40 30 20 10% 10 0 Não Tem Conhecimento 77% Não Utilizam Já Utilizaram Conhecimento da Lei 8661/93 Dentre as que Conhecem a Lei8661/93 FIESP/DEPEA, 1998
INTERAÇÕES ENTRE O SEGMENTO CIENTIFICO E O EMPRESARIAL:o desafio para as PME´s!
As universidades e os institutos tecnológicos ainda estão vinculados a tradições, onde o papel da empresa é pouco reconhecido como parte do sistema de inovação. Assim: • a ênfase ainda reside na produção do conhe-cimento (papers) e não no seu uso (patentes) • os investimentos do poder publico para inovação, via Universidade, são pouco orientados • somente as grandes empresas interagem e tiram proveito das Universidades, em detrimento das PME’s.
Indicadores Tecnológicos das empresas com MAIS e MENOS interatividade externa (N=108, Valores Médios por Empresa
DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O BRASIL NO CONTEXTO DA AMERICA LATINA: o que precisa ser feito num contexto complexo e incerto?
A AMERICA LATINA DE HOJE Perda do otimismo histórico do inicio dos anos 90 (perspectivas da democracia, reformas econômicas, abertura comercial, diminuição da pobreza e integração regional); Instabilidade política e crise econômica na grande maioria dos países, notadamente sul-americanos (exceção a Chile e Brasil?); Crescimento econômico declinou de 3,3 para 0,5% no final da década, a desigualdade de renda tem aumentado, a pobreza tem afetado mais pessoas, o mercado laboral tem sido incapaz de absorver mão de obra à economia formal, com aumento da informalidade e do desemprego;
Forte desacelaração da economia mundial, atrelada a crises financeiras, com diminuição dos IDE na região (de 105 para 80 bilhões de USD), interrompendo uma década de cresci- mento sem precedentes; • Perspectivas sombrias no curto e médio prazos, devido a: • avanço no controle da inflação não significou um novo ciclo virtuoso de crescimento, • excessiva dependência do capital externo, • aumento das desigualdades sociais, • aumento da vulnerabilidade externa (mais importações do que exportações- 3/1), • falta de políticas de promovam mudanças tecnológicas que tornem os países menos dependentes de exportações de produtos de baixo valor agregado; • Modelo em cheque: fracasso do neoliberalismo?
Crescimento do Brasil no Século XX (média anual, em %) 8,8 7,1 6,1 6,0 5,1 4,3 4,2 3,3 3,0 1,7 Source:elaboração Marcio Pochmann a partir de dados do BC e IBGE / FSP 25/12/99
80 70 60 50 40 30 20 10 0 Brasil Argentina Chile Bolívia México Inglaterra França Espanha EUA Taxa de escolarização bruta do ensino superior Taxa de escolarização bruta do ensino superior (Percentual de alunos em relação à população de 20 a 24 an (Percentual de alunos em relação à população de 20 a 24 anos) % Obs.: Os dados do Brasil referem - se ao ano de 96. Os da França ao de 93. Os dos demais países ao de 94.
A economia viveu um mini-ciclo de investimento no período 95-97, porém bastante heterogêneo e de efeitos pouco duradouros. Os sub-setores que conseguiram maior rentabilidade foram os de transformação, sobretudo o de bens de consumo, devido a saltos tecnológicos e adoção de novos métodos produtivos, que viabilizaram exportações.
A DISTRIBUIÇÃOE DOS INVESTIMENTOS NO BRASIL Periodo 1970-1997 COMPOSIÇÃO DOS INVESTIMENTOS
INVESTIMENTOS DIRETOS ESTRANGEIROS NO BRASIL (US$ Bilhões) * Estimate Source: World Investment Report - UnctadElaboração: Sobeet
Participação do Brasil no Investimento Direto Estrangeiro Fonte: World Investiment Report/Unctad - Elaboração: Sobeet
O futuro das empresas no Brasil estará atrelado à busca de uma competência internacionalizada, via ganhos de eficiência, qualidade, flexibilidade e inovação. Para tal serão necessárias, do ponto de vista de política industrial e tecnológica, condições capazes de viabilizar tais conquistas, incluindo dimensões como:
governabilidade (capacidade mínima de gestão do país) • conscientização do Executivo e Legislativo para a questão tecnológica e mobilização da sociedade como um todo • econômica (estabilidade e liberalização) • políticas públicas (exportação, proteção da PI, criação de redes de excelência) • setorial (definição de prioridades) • financeira (acesso a capital em condições vantajosas, incluindo o capital de risco)
fiscal (incentivos atraentes e não burocratizados) qualificação universitária e absorção de pessoal de alto nível (mestres e doutores) pelo segmento produtivo formação básica e profissional (ensino técnico e empreendedorismo) cultural (interação e parcerias com Universidades e Institutos Tecnológicos) postura empresarial (incorporação da variável tecnológica como diferencial competitivo, principalmente para viabilizar exportações)