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Cecília Meireles (1901 – 1964). “Porque a vida, a vida, a vida A vida só é possível Reinventada”. • Poesia mística e musical. • Temática intimista e existencialista: fugacidade do tempo, efemeridade das coisas e brevidade da vida.
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Cecília Meireles (1901 – 1964) “Porque a vida, a vida, a vida A vida só é possível Reinventada” •Poesia mística e musical. •Temática intimista e existencialista: fugacidade do tempo, efemeridade das coisas e brevidade da vida. •Utiliza elementos da natureza, conferindo a sua obra um caráter delicado e natural. •Autora do Romanceiro da Inconfidência (1953), que narra a história da Inconfidência Mineira e do Arcadismo brasileiro.
Reinvenção A vida só é possívelreinventada. Anda o sol pelas campinase passeia a mão douradapelas águas, pelas folhas…Ah! tudo bolhasque vem de fundas piscinasde ilusionismo… — mais nada. Mas a vida, a vida, a vida,a vida só é possívelreinventada. Vem a lua, vem, retiraas algemas dos meus braços.Projeto-me por espaçoscheios da tua Figura.Tudo mentira! Mentirada lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço…Só — no tempo equilibrada,desprendo-me do balançoque além do tempo me leva.Só — na treva,fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida,a vida só é possívelreinventada.
Murilo Mendes (1901 – 1975) Diante do crucifixo Eu paro pálido tremendo “ Já que és o verdadeiro filho de Deus Desprega a humanidade desta cruz”. • É o principal representante do surrealismo no Brasil. • Valorização do inconsciente, do mundo dos sonhos. • Linguagem fragmentada e sequências não lógicas do texto. • Adoção de temas religiosos e existenciais.
Vinícius de Moraes (1913 – 1980) Porque são tantas coisas azuis Há tão grandes promessas de luz Tanto amor para amar de que a gente nem sabe... • Obra essencialmente poética. • Produziu desde poemas de forma livre, sem metrificação até sonetos, poemas de forma fixa. • Temas: a mulher, o erotismo, poesia de cunho social. • Foi compositor e músico.
Insensatez A insensatez que você fezCoração mais sem cuidadoFez chorar de dorO seu amorUm amor tão delicadoAh, por que você foi fraco assimAssim tão desalmadoAh, meu coração, quem nunca amouNão merece ser amado Vai meu coração ouve a razãoUsa só sinceridadeQuem semeia vento, diz a razãoColhe sempre tempestadeVai, meu coração, pede perdãoPerdão apaixonadoVai, porque quem não pede perdãoNão é nunca perdoado
Jorge de Lima (1893 – 1953) Quis o espaço a voza voz veio e ampliou-o. •Poesia predominantemente religiosa. •Tem uma fase poética de denúncia social acentuada: denuncia a marginalização dos negros no país. •Produziu poemas eminentemente parnasianos, adotando posteriormente versos brancos e livres.
Carlos Drummond de Andrade(1893 – 1953) Este o nosso destino: amor sem conta,distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,doação ilimitada a uma completa ingratidão,e na concha vazia do amor à procura medrosa,paciente, de mais e mais amor.. • Visão crítica do “estar-no-mundo”. • Preocupação filosófica. • Retomada de formas poéticas da tradição. • Aspectos biográficos: memória afetiva. • A rosa do povo (1945): um projeto utópico que ele não verá, mas que se tornará realidade.
O Amor Bate na Aorta Cantiga de amor sem eira nem beira,vira o mundo de cabeçapara baixo,suspende a saia das mulheres,tira os óculos dos homens,o amor, seja como for,é o amor.Meu bem, não chores,hoje tem filme de Carlito.O amor bate na portao amor bate na aorta,fui abrir e me constipei.Cardíaco e melancólico,o amor ronca na hortaentre pés de laranjeiraentre uvas meio verdese desejos já maduros. Entre uvas meio verdes,meu amor, não te atormentes.Certos ácidos adoçama boca murcha dos velhose quando os dentes não mordeme quando os braços não prendemo amor faz uma cócegao amor desenha uma curvapropõe uma geometria.Amor é bicho instruído.Olha: o amor pulou o muroo amor subiu na árvoreem tempo de se estrepar.Pronto, o amor se estrepou.Daqui estou vendo o sangueque corre do corpo andrógino.Essa ferida, meu bem,às vezes não sara nuncaàs vezes sara amanhã. Daqui estou vendo o amorirritado, desapontado,mas também vejo outras coisas:vejo beijos que se beijamouço mãos que se conversame que viajam sem mapa.Vejo muitas outras coisasque não ouso compreender...
Em Face dos Últimos Acontecimentos Teus amigos estão sorrindode tua última resolução.Pensavam que o suicídiofosse a última resolução.Não compreendem, coitados,que o melhor é ser pornográfico. Propõe isso ao teu vizinho,ao condutor do teu bonde,a todas as criaturasque são inúteis e existem,propõe ao homem de óculose à mulher da trouxa de roupa.Dize a todos: Meus irmãos,não quereis ser pornográficos? Oh! sejamos pornográficos(docemente pornográficos).Por que seremos mais castosque o nosso avô português? Oh! sejamos navegantes,bandeirantes e guerreirossejamos tudo que quiserem,sobretudo pornográficos. A tarde pode ser tristee as mulheres podem doercomo dói um soco no olho(pornográficos, pornográficos).