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LÍNGUA PORTUGUESA 9o Ano / Ensino Fundamental. TC Flávio Prof a . Hildenize. Figuras de Linguagem. Material: Livro Didático GH (Cap. 27) Atividade domiciliar: p. 379 a 380. Palavras e sentidos. Qual a diferença entre o uso literal e figurado de uma palavra ?
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LÍNGUA PORTUGUESA9o Ano/ Ensino Fundamental TC Flávio Profa.Hildenize
Figuras de Linguagem • Material: • Livro Didático GH (Cap. 27) • Atividade domiciliar: p. 379 a 380
Palavras e sentidos • Qual a diferença entre o uso literal e figurado de uma palavra? • Quais são os recursos que caracterizam as diferentes figuras de linguagem? • De que modo uma figura cria efeitos de sentido especiais?
OBJETIVOS • Identificar a diferença entre sentido literal e figurado e relacionar esses sentidos aos usos conotativo e denotativo da linguagem. • Reconhecer figuras de som, construção, pensamento e palavras. • Analisar de que modo essas figuras atuam na criação de efeitos de sentido especiais no texto.
Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: trouxeste a chave? [...] (Procura da poesia. In: Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Abril Educação. 1980. Col. Literatura Comentada.)
Sentido literal e sentido figurado As palavras, expressões e enunciados da língua atuam em dois planos distintos: o denotativo (literal) e o conotativo (figurado). • Sentido literal é o significado referencial, básico, estável das palavras, expressões e enunciados da língua. Todas as vezes que as palavras remetem ou se referem a objetos do mundo (real ou imaginário) estão funcionando de modo denotativo. “O rio para mim era um cinema.” (João Cabral de Melo Neto) Rio: [Do lat. rivu (riu no lat. vulg.).] S. m. 1. Curso de água natural, de extensão mais ou menos considerável, que se desloca de um nível mais elevado para outro mais baixo, aumentando progressivamente seu volume até desaguar no mar, num lago, ou noutro rio, e cujas características dependem do relevo, do regime de águas, etc. [ V. afluente 1 (4), curso (3), foz, leito (5), margem (3) e nascente (5).] (Dicionário Aurélio Século XXI)
Sentido figurado é aquele que as palavras, expressões e enunciados adquirem em situações particulares de uso, quando o contexto exige que o ouvinte/ leitorpercebaque o sentido literal foimodificado, e as palavrasganham um novo significado, um significado especial. Quando as palavrassugeremouevocam, porassociação, outraideia de ordemabstrata, afetivaouemocional, dizemosqueestãofuncionando de modoconotativo. “Meupensamento é um riosubterrâneo.” (Fernando Pessoa) Rio: [Do lat. rivu (riu no lat. vulg.).] S. m. 2. Fig. Aquilo que corre como um rio. (No exemplo, o pensamento fluisemservisto.)
Figuras de linguagem • Quando um autor decide explorar o sentido figurado das palavras, expressões ou enunciados, faz isso para criar uma imagem específica que provoque efeitos de sentido variados. Escolhe, então, uma série de recursos a fim de criar esses efeitos. • Figuras de linguagem são recursos estilísticos (expressivos) utilizados no nível dos sons, das palavras, das estruturas sintáticas ou do significado para dar maior valor expressivo à linguagem.
Figuras de som • Figuras que realçam a sonoridade de palavras e frases.
Aliteração • Repetição de fonemas consonantais com a intenção de criar um efeito sensorial. “Pedro Pedreiro penseiro esperando o trem/ Manhã parece, carece de esperar também/ Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém” (Chico Buarque) “Tônamorando aquela mina / Mas não sei se ela me namora / Mina maneira do condomínio / Lá do bairro onde eu moro” (Seu Jorge)
Assonância • É possível também criar um efeito semelhante ao da aliteração através da repetição de sons vocálicos. “GeraDegeneraJá eraRegeneraGera” (Edgard Scandurra / Arnaldo Antunes)
Onomatopeia • Criação de uma palavra para imitar um som • Tic-tac, tic-tac • Tbum • Splash • Toc-toc
Figuras de construção ou sintaxe • Nem sempre os textos apresentam frases estruturadas do modo esperado. É freqüente ocorrerem inversões, omissões e repetições que levam a uma maior expressividade. As alterações intencionais das estruturas sintáticas são chamadas de figuras de sintaxe.
Hipérbato • Inversões complexas, isto é, alterações mais acentuadas na ordem típica das orações (Sujeito + Verbo + Complemento) “Ai, nem te humaniza O pranto que tanto Nas faces desliza Do amante que pede Suplicamente Teu amor, Elisa!” (Manuel Bandeira) Ordem direta: Ai, Elisa, nem o pranto que tanto desliza nas faces do amante que pede suplicamente teu amor te humaniza.
Elipse • Omissão de um termo que pode ser identificado a partir do contexto criado pelo texto. “Esperarei pelo tempocom suas conquistas áridas.Esperarei que te seque,não na terra, Amor-Perfeito,(mas) num tempo depois das almas.” (Cecília Meireles)
Zeugma • Forma particular de elipse, que ocorre quando o termo omitido em um enunciado foi utilizado anteriormente. “Uma parte de mimé multidão:outra parte (é) estranhezae solidão.” (Ferreira Goulart) “É vão o amor, o ódio, ou o desdém;(É) Inútil o desejo e o sentimento...” (Florbela Espanca)
Pleonasmo • Em alguns casos, o desejo de enfatizar uma ideia leva à utilização de palavras ou expressões que, à primeira vista, pareceriam desnecessárias. “Vi, claramente visto, o lume vivo Que a marítima gente tem por santo, Em tempo de tormenta e vento esquivo, De tempestade escura e triste pranto.” (Camões) • Pleonasmo vicioso: ocorre sempre que a idéia repetida informa uma obviedade e não desempenha qualquer função expressiva no enunciado. Deve, pois, ser evitado. Ex.: O principal protagonista.
Polissíndeto • Coordenação de vários termos da oração por meio de conjunções, especialmente as aditivas. “Vão chegando as burguesinhas pobres,e as crianças das burguesinhas ricas,e as mulheres do povo, e as lavadeiras.”(Manuel Bandeira)
Assíndeto • Ausência do conectivo entre termos ou orações. “Ri, desdenha, pisa! Meu canto, no entanto, Mais te diviniza...” (Manuel Bandeira)
Anacoluto • Mudança inesperada de rumo na construção sintática de um enunciado. “O marizeiro que ficava embaixo, a correnteza corria por cima dele.” (José Lins do Rego)
Anáfora • Repetição de palavras no início dos versos ou, nos textos em prosa, no início das orações. “O mar é tão amigo O mar é tão largo O mar é tão sem-fim O mar é bem melhor que o teu amor.” (Antônio Girão Barroso)
Silepse • Consiste na concordância feita com um termo que está subentendido, e não com o termo que aparece claro na oração. “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.”(Machado de Assis)
Anástrofe • Inversão da ordem normal dos termos da oração. Trata-se, normalmente, de uma inversão simples do sujeito e do predicado. “Sabe Deus se te amei! sabem as noites Essa dor que alentei, que tu nutrias! Sabe esse pobre coração que treme Que a esperança perdeu porque mentias!” (Álvares de Azevedo)
Figuras de pensamento • Caracterizam-se por alterações no plano semântico. Apresentam ideias diferentes daquelas que normalmente a palavra ou expressão sugere na frase.
Antítese • Associação de ideias contrárias, por meio de palavras ou enunciados de sentido oposto “Não existiria som se não houvesse o silêncio, não haveria luz se não fosse a escuridão...” (Lulu Santos)
Ironia • Efeito resultante do uso de uma palavra ou expressão que, em um contexto específico, ganha sentido oposto ou diverso daquele com que costuma ser utilizada. “Montes Claros cresceu tanto, ficou urbe tão notória, prima-rica do Rio de Janeiro, que já tem cinco favelas por enquanto, e mais promete.” (Carlos Drummond de Andrade)
Eufemismo • Substituição de palavras ou expressões desagradáveis ou excessivamente fortes por outras que atenuam, suavizam a ideia original. “Por que mentias leviana e bela? Se minha face pálida sentias Queimada pela febre, e se minha vida Tu vias desmaiar, por que mentias?” (Álvares de Azevedo)
Hipérbole • Caracteriza-se pelo modo exagerado com que nos referimos a uma ideia a fim de intensificá-la. “Chorarei quanto for preciso,para fazer com que o mar cresça,e o meu navio chegue ao fundoe o meu sonho desapareça.” (Cecília Meireles)
Prosopopeia, personificação ou animização • Atribuição de características humanas a animais e objetos inanimados. “A cadeira de balanço pendula pelo tempo como se contasse os anos da morte do seu dono Num rangido de súplicas parece chorar mágoas antigas tão antigas quanto o chão tosco que lhe fere as dobras” (Descanso, Victor Cintra)
Gradação • Sequência de palavras ou expressões criando uma progressão (ascendente ou descendente). O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se. (Padre Vieira)
Paradoxo ou oxímoro • Associação de termos contraditórios, inconciliáveis. No paradoxo, esses termos referem-se a uma mesma ideia. Na antítese, duas ideias se opõem. “Falados os segredos calam...” (Tribalistas) “Tudo que eu fiz foi me confessar Escravo do teu amor, livre para amar...” (14 Bis)
Figuras de palavra ou tropos* • Quando usamos uma palavra em um contexto pouco esperado, ela pode adquirir um novo sentido. Alguns deslocamentos de contexto são tão frequentes na língua que passaram a ser reconhecidos como recursos de estilo chamados de figuras de palavra. * Do grego “trópos”, que significa desvio.
Metáfora • Transferência de um termo para um contexto de significação que não lhe é próprio, estabelecendo uma relação de semelhança que pressupõe um processo de comparação. • Essa associação, entretanto, é resultado da subjetividade, da imaginação de quem cria a metáfora, cabendo ao ouvinte/leitor completar-lhe o sentido a partir de sua sensibilidade, de sua experiência. “Eu perdi todos os fulgores de outrora Saúde bens e felicidade que eu não tive Agora sou uma estátua a que furaram os olhos Não vivo” (Não vivo, de Antônio Girão Barroso)
Comparação ou símile • Comparação entre elementos de universos diferentes, mas que são aproximados por “apresentarem” uma característica comum e por meio de um termo específico (como, feito, tal qual, qual, assim como, tal, etc.) “Foi assim, como ver o mar A primeira vez que os meus olhos se viram no seu olhar” (14 Bis)
Metonímia ou Sinédoque • Substituição de um termo por outro cuja relação depende da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade e da dependência entre eles. Dizemos que, na metonímia, há uma relação semântica de contiguidade, de “proximidade”, “vizinhança” (parte/todo, autor/obra, continente/conteúdo, marca/produto, causa/efeito, etc). “É de manhã Sai da cama Havaiana no pé Apostila Na mochila E na mão, um café” (Tribalistas) “As velas do Mucuripe vão sair para pescar” (Belchior e Fagner)
Catacrese* • Ocorre quando, na falta de uma palavra específica para designar determinado objeto, utiliza-se outra a partir de alguma semelhança conceitual ou substitui-se um termo exato ou técnico por um menos formal. É uma espécie de metáfora morta, pois, dado seu uso corrente, não reflete inovação. Ex.: maçã do rosto, batata da perna, folha de papel, banana de dinamite, coração da floresta, coroa do abacaxi, raiz do problema, asa da xícara, cabeça de prego. “Eu não sei se vem de Deusdo céu ficar azulou virá dos olhos teusessa cor que azuleja o dia?Se acaso anoitecere o céu perder o azul...” (Djavan) * Etimologicamente, significa abuso.
Antonomásia ou perífrase • Tipo de metonímia que consiste na identificação de “coisa” ou pessoa não por seu nome, mas por uma característica ou atributo que a distingue das demais. “Cidade Maravilhosa Cheia de encantos mil Cidade Maravilhosa Coração do meu Brasil” (André Filho)
Sinestesia • Associação, em uma mesma expressão, de sensações percebidas por diferentes órgãos de sentido. A mistura de sensações produz forte sugestão. “Minhas mãos ainda estão molhadasdo azul das ondas entreabertas,e a cor que escorre dos meus dedoscobre as areias desertas.” (Cecília Meireles)
“Ó minha amadaQue olhos os teusSão cais noturnosCheios de adeusSão docas mansasTrilhando luzesQue brilham longeLonge dos breus...Ó minha amadaQue olhos os teusQuanto mistérioNos olhos teusQuantos saveirosQuantos naviosQuantos naufrágiosNos olhos teus...” (Vinicius de Morais)
“Sobre o tempo, sobre a taipa, a chuva escorre. As paredes que viram morrer os homens ................................................ já não veem. Também morrem.” (Carlos Drummond de Andrade)
“Faça com que a solidão não me destrua. Faça com queminha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.” (Clarice Lispector)