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CONSTIPAÇÃO INTESTINAL

CONSTIPAÇÃO INTESTINAL. DRA. YANNA AIRES GADELHA DE MATTOS Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF Brasília, 3 de fevereiro de 2011 www.paulomargotto.com.br. iNTRODUÇÃO.

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CONSTIPAÇÃO INTESTINAL

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  1. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL DRA. YANNA AIRES GADELHA DE MATTOS Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF Brasília, 3 de fevereiro de 2011 www.paulomargotto.com.br

  2. iNTRODUÇÃO • Aula baseada no guideline da NASPGHAN Constipation Guidelines Committee of NASPGHAN. J Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 43, No. 3, September 2006 • Padrão normal de evacuações = sinal de saúde • Desvios nos padrões das evacuações são responsáveis por cerca de 3% das consultas pediátricas gerais e por 25 % das idas aos gastroenterologistas pediatras.

  3. Introdução • População ocidental principalmente. • Mulheres, crianças e idosos. • Relação entre meninas e meninos até 4 anos é de 1:1. • Com 5 anos ou mais a relação eleva-se a 3-4:1. • Estima-se que uma de cada dez crianças requeiram atenção médica para constipação, em alguma época da vida. • Prevalência no Brasil: 28,8% Maffei et al (1997), Botucatu, SP 26,8% Del Ciampo et al (2006), Ribeirão Preto, SP 21,8% em lactentes Motta e Silva (1998), Recife, PE

  4. Constipação = ocorrência de qualquer uma das seguintes manifestações, independentemente do intervalo entre as evacuações: eliminação de fezes duras, na forma de cíbalos, seixos ou cilíndricas com rachaduras, dificuldade ou dor para evacuar, eliminação esporádica de fezes muito calibrosas que entopem o vaso sanitário ou frequência de evacuações inferior a 3 por semana, exceto as crianças em aleitamento natural. Hyams J, Colletti R, Morais MB et al. Functional Gastrointestinal Disorders. In: World Congress Pediatr Gastroenterol, Hepatol & Nutr 2000 (Boston, USA) Report of the Working Group, 83-94

  5. Distúrbios funcionais da defecação segundo os critérios de roma • Disquesia: ocorre nos primeiros 6 meses de vida, caracterizando-se pela ocorrência de episódios de esforço, gemidos e choro acompanhados de vermelhidão na face, por 10 a 20 minutos, antecedendo as várias eliminações diárias de fezes amolecidas. Desaparece em semanas; acredita-se que ocorra nos lactentes que ainda não desenvolveram a capacidade de coordenar o aumento da pressão abdominal com o necessário relaxamento do assoalho pélvico para evacuar.

  6. Distúrbios funcionais da defecação segundo os critérios de roma • Constipação funcional: eliminação de fezes em cíbalos, seixos, duras, na maioria das evacuações e/ou a ocorrência de 2 evacuações duras por semana ou menos. • Retenção fecal funcional: repetidas tentativas para evitar a defecação, relacionada com o medo da dor durante a evacuação. Há evacuações de grande calibre, menos que 2 x /semana, podendo existir as seguintes manifestações associadas: soiling, irritabilidade, cólicas abdominais, redução do apetite e saciedade precoce.

  7. Soiling x encoprese • Escape fecal ou soiling: perda involuntária de parte do conteúdo fecal por portadores de constipação crônica, consequente a fezes impactadas no reto. • Encoprese: ato completo da defecação, em sua plena sequência fisiológica, porém em local e /ou momento inapropriado, sendo, em geral, secundária a distúrbios psicológicos.

  8. Outras definições • Incontinência fecal: falta de controle do esfíncter de corrente de causas orgânicas, como anomalias anorretais e disfunções neurológicas, por exemplo, em pacientes com meningomielocele. • Escape fecal funcional não retentivo: ocorre quando da fadiga da musculatura do assoalho pélvico que acontece nas diarréias, lesões medulares, ou como manifestação de um distúrbio emocional, em geral em escolares. Inclui os pacientes com encoprese e incontinência fecal. • Pseudoconstipação do lactente em aleitamento natural: evacuações menos de 3 x / semana , com fezes macias.

  9. FREQUÊNCIA NORMAL DOS MOVIMENTOS INTESTINAIS Modificado de Fontana M. Bianch C, Cataldo F, e col. Bowel frequency in healthy children. Acta paediatr Scand 1987; 78: 682-4.

  10. Introdução • Constipação funcional (sem evidências de causas patológicas): causada por evacuações dolorosas, com resultante retenção voluntária de fezes por uma criança que deseja evitá-las. • Desencadeadores: treinamento esfincteriano, mudanças na rotina ou dieta, eventos estressantes, doenças intercorrentes, indisponibilidade de banheiros, adiamento da defecação porque a criança está muito ocupada.

  11. introdução • A causa mais comum de Constipação Intestinal na infância é a decisão feita pela criança para retardar a evacuação após uma experiência dolorosa • A retenção fecal pode levar a uma estase das fezes no cólon, com reabsorção dos fluidos e aumento no tamanho e consistência das fezes.

  12. introdução • A passagem de fezes endurecidas e grandes pode assustar a criança, a ponto de fazê-la ficar determinada a evitar toda defecação. Estas crianças respondem à vontade de evacuar contraindo os glúteos e o esfincter anal, tentando reter as fezes. Elas ficam nas pontas dos pés e dançam pra frente e pra trás, apertando as coxas e pernas, contorcendo-se ou assumindo posturas pouco usuais, frequentemente se escondendo num canto. (Comportamento retentivo).

  13. introdução • Eventualmente o reto se “acostuma”com o estímulo da massa fecal o estirando e a vontade de evacuar desaparece. Com o tempo, este comportamento retentivo torna-se automático. • Quando a parede retal se distende pode haver escape fecal (soiling), deixando os pais zangados e assustando a criança. • Após vários dias sem evacuar surgem irritabilidade, distensão abdominal, cólicas e diminuição da ingesta oral.

  14. História clínica • Primeira evacuação após o nascimento. • O que a família entende por constipação. • Há quanto tempo os sintomas surgiram. • Frequências das evacuações, tamanho e consistência das fezes. • Dor para evacuar, presença de sangue nas fezes ou no papel higiênico. • Dor abdominal, diferenciar soiling de diarréia. • Sinais de alerta para a presença de doença orgânica: febre, distensão abdominal, anorexia, náuseas, vômitos, perda ponderal. • Diarréia sanguinolenta em lactente com história de constipação pode indicar enterocolite complicando um Hirschsprung.

  15. Tipos de cocô

  16. A ESCALA FECAL DE BRISTOL

  17. História clínica • História alimentar • Uso de medicamentos • História familiar (FC, tireoidopatias, doença celíaca, constipação, Hirschsprung...) • História psicossocial (estrutura da família, número de pessoas em casa, interação da criança com os pares, possibilidade de abuso, se a criança usa ou não o banheiro na escola...)

  18. Exame físico • Ectoscopia • Sinais vitais • Cabeça, olhos, nariz, garganta • Pescoço, cardiovascular, tórax e pulmões • Abdome: distensão, hepatoesplenomegalia, massa fecal palpável. • Inspeção anal: posição, presença de fezes ao redor do ânus ou nas roupas, eritema perianal, fissuras, plicomas.

  19. Exame físico • Toque retal: reflexo anal, tônus, presença de fezes e massa fecal, consistência das fezes, outras massas, fezes explosivas após a introdução digital, sangue oculto nas fezes (importante nas crianças com constipação e também naquelas com dor abdominal, hipodesenvolvimento, diarréia intermitente ou história familiar de pólipos ou câncer de cólon). • Exame da coluna vertebral e das costas: tufo de pêlos, cisto pilonidal. • Exame neurológico: força, tônus, reflexo cremastérico, reflexos tendinosos profundos.

  20. Diagnóstico diferencial • Não orgânicas: transtornos cognitivos e de déficit de atenção, situacionais (treinamento esfincteriano coercitivo, evitar os banheiros da escola, intervenções excessivas dos pais, abuso...), depressão, dieta pobre em fibras, desidratação, desnutrição, causas constitucionais como inércia colônica ou predisposição genética...

  21. Diagnóstico diferencialcausas orgânicas • Malformações anatômicas: imperfuração anal, estenose anal, massa pélvica (teratoma sacral)... • Metabólicas e gastrointestinais: hipotiroidismo, hipercalcemia, hipocalemia, fibrose cística, diabetes mellitus, neoplasia endócrina múltipla tipo 2B, doença celíaca. • Neuropatias: anomalias da coluna vertebral e medula espinhal, neurofibromatose, traumas espinhais... • Alterações dos nervos ou músculos intestinais: Hirschsprung, displasia neuronal, miopatias viscerais, neuropatias viscerais.

  22. Diagnóstico diferencialcausas orgânicas • Anormalidades da musculatura abdominal: prune belly, gastrosquise, Down. • Doenças do tecido conjuntivo: esclerodermia, LES, Sd. Ehlers-Danlos. • Drogas: opiáceos, fenobarbital, sucralfato, antiácidos (com alumínio), antihipertensivos, anticolinérgicos, antidepressivos, simpaticomiméticos. • Outros: ingesta de metais pesados (chumbo), intoxicação por vitamina D, botulismo, intolerância à proteína do leite de vaca.

  23. Diagnóstico diferencialcausas orgânicas • Alergia à Proteína do Leite de Vaca pode ser considerada causa de constipação crônica refratária em crianças. Em 28% das 25 crianças avaliadas, a constipação desapareceu durante dieta de exclusão e reapareceu após desafio. Daher S. Tahan et al. (2001) EPM, SP

  24. Orgânica x funcionalsinais de alerta • Hipodesenvolvimento • Distensão abdominal • Ausência da curvatura lombossacra • Cisto pilonidal coberto por tufo de pelos • Anormalidades pigmentárias em linha média da coluna lombo-sacra • Agenesia sacral • Glúteos planos • Ânus anteriorizado • Ânus distendido • Reto vazio na presença de massa fecal palpável

  25. Orgânica x funcionalsinais de alerta • Saída de fezes líquidas e ar quando da introdução digital • Sangue oculto nas fezes • Ausência de reflexo anal ou cremastérico • Diminuição do tônus e/ou força dos MMII • Ausência ou atraso na fase de relaxamento dos reflexos tendinosos profundos das extremidades inferiores.

  26. Diagnóstico diferencial da CCF e da DH

  27. tratamento • Determinar se há impactação; • Tratar a desimpactação, se houver; • Iniciar o tratamento por via oral; • Prover educação dos pais e um seguimento de perto; • Ajustar as medicações conforme a necessidade.

  28. educação • Explicar a fisiopatologia da doença e desmistificar a constipação é o primeiro passo do tratamento. • Se houver soiling é importante retirar os reforços negativos e fazer com que os pais entendam que esse não é um comportamento desafiador ou voluntário da criança. • Encorajar os pais a terem uma atitude de apoio, com reforços positivos.

  29. desimpactação • IMPACTAÇÃO FECAL: massa fecal em abdome inferior palpável ao exame físico + reto dilatado e com grande quantidade de fezes ao toque ou excesso de fezes no cólon à radiografia de abdome. • A desimpactação deve ser feita antes de iniciarmos a medicação VO de manutenção. Ela pode ser conseguida pelas vias oral e/ou retal. • Oral: menos invasiva, dá sensação de poder à criança, mas a aderência pode ser difícil. • Retal: mais rápida, porém invasiva.

  30. desimpactação • Oral: efetiva com doses altas de óleo mineral, PEG ou ambos. Hidróxido de magnésio, citrato de magnésio, lactulose, sorbitol, senna ou bisacodil podem ser usados com sucesso, embora não haja estudos controlados sobre sua efetividade. • Retal: enemas fosfatados, salinos ou de óleo mineral. Pode-se usar supositório de glicerina em lactentes e de bisacodil em crianças maiores.

  31. Terapia de manutenção • Após a resolução da desimpactação, o foco do tratamento é a prevenção da recorrência. • A manutenção consiste em intervenções dietéticas, modificações do comportamento e laxativos a fim de assegurar que as evacuações ocorram em intervalos normais e sem desconforto.

  32. Encorajar ingesta de líquidos e de carboidratos absorvíveis e não absorvíveis. • Sorbitol (suco de maçã, pera e ameixa) aumenta a frequência e a quantidade de água nas fezes. • Diata balanceada, incluindo grãos integrais, frutas e vegetais. • Suplementar fibras?? Estudos conflitantes! • Glucomannan: fibra alimentar solúvel em água, extraída de raízes da planta konjac.

  33. Modificações do comportamento • Ter um tempo pra ir ao banheiro sem pressa após as refeições. • Diário da frequência das evacuações. • Sistema de recompensas (reforço positivo). • Psicoterapia. • Tratamento difícil, especialmente quando há soling, requerendo uma família participativa e bem organizada, com paciência para encarar períodos de melhora e recaídas. • O acompanhamento deve ser frequente.

  34. medicações • Laxativos lubrificantes (óleo mineral), laxativos (hidróxido de magnésio, lactulose, sorbitol, PEG) ou combinação. • Há relatos de uso a longo prazo de óleo mineral, hidróxido de magnésio, lactulose e sorbitol. • PEG 3350: superior aos outros laxativos osmóticos em palatabilidade e aceitação. • Laxativos estimulantes (senna, bisacodil, supositório de glicerina): podem ser usados intermitentemente por períodos curtos para evitar recorrência de impactação.

  35. Laxativo lubrificante

  36. Laxativos estimulantes

  37. Orientações aos pacientes • A constipação intestinal deve ser tratada. É necessário ter muita paciência. Não usar castigos ou prêmios, pois a evacuação é um evento normal. Vamos tratar juntos. • Recondicionamento do hábito intestinal normal: estimular o paciente a permanecer sentado no vaso sanitário por 5 a 10 minutos após as principais refeições. Adaptar o vaso sanitário se necessário. Motivar a criança a não prender as evacuações. • Estimular atividade Física. • Aumentar a ingestão de água (filtrada, mineral ou previamente fervida).

  38. Orientações aos pacientes • Dieta laxante, rica em fibras: Dar frutas com casca e bagaço. (Evitar frutas que prendam: banana, caju, maracujá, limão, goiaba, maçã e pêra sem casca). Dar verduras e folhas verdes. (Evitar legumes ou tubérculos que prendam: inhame, mandioquinha, batata, cenoura cozida, chuchu e arroz branco). Dar grãos, feijão, lentilha, milho, cereais integrais como aveia em flocos, farelo de trigo, “multimistura”. Estes podem ser adicionados ao leite, sopas ou comidas. (Evitar maizena, cremogema, arrozina, mucilon de arroz, tapioca). (Evitar também chás, alimentos industrializados, refrigerantes, “chips”) • Utilizar a medicação prescrita pelo médico pelo tempo recomendado. • Lembrar que o seio materno é fundamental para a saúde do futuro adulto e é importante fator na prevenção da constipação intestinal.

  39. Obrigada!

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