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Cosmologia. Prof. Rodrigo Holanda (UEPB). Ementa do curso. Cosmologia e relatividade geral: fundamentos de relatividade geral, gravitação e curvatura do espaço-tempo, métrica de Friedmann -Robertson-Walker. O Universo em expansão: soluções da equação de Friedmann .
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Cosmologia Prof. Rodrigo Holanda (UEPB)
Ementa do curso • Cosmologia e relatividade geral: fundamentos de relatividade geral, gravitação e curvatura do espaço-tempo, métrica de Friedmann-Robertson-Walker. • O Universo em expansão: soluções da equação de Friedmann. • Matéria e energia escuras • A radiação cósmica de fundo e a história térmica do universo • Teoria newtoniana do processo de formação de estruturas • Problemas do modelo padrão e a teoria inflacionária
Cosmologia • É a ciência que estuda a origem, estrutura e evolução do Universo. • O objetivo é entender como o Universo se formou, por que tem as características que vemos hoje e qual será o destino final. • Principais ferramentas: física, matemática, estatística, química e até filosofia.
Cosmologia • A ciência dos grandes números • Nossa galáxia possui 100 bilhões (1011) de estrelas. • No Universo observável existem 100 bilhões de galáxias (1011). • No Universo observável existem 1022 estrelas. • Em um balde cheiro de areia existem 109 grãos de areia. • Cem baldes de areia existirão 1011 grãos de areia, apenas igual ao número de estrelas na nossa galáxia!!!!
Tamanhos no universo O Sol é invisível nesta escala!
Você ainda se acha especial?! Hubble Deep Field: tamanho angular equivalente a de uma bola de ténis vista a uma distância de 100 metros.
Fatos históricos • 1908- HenriettaLeavitt descobre a relação período-luminosidade das cefeidas. • 1915- Einstein publica a TRG. • 1917- Einstein aplica sua teoria ao Universo: universo estático • 1920- O grande debate: Shapley x Curtis, Nebulosa de Andrômeda e as Nuvens de Magalhães • 1922- A. Friedmann e G. Lemaitre encontram soluções expansionistas para o universo. • 1929- E.d Hubble encontra a expansão do universo. • 1933- F. Zwicky encontra a primeira evidência para a matéria escura em aglomerados. • 1934- R. C. Tolmam mostra que a radiação de corpo negro resfria em um universo em expansão e permanece térmica. • 1946- G. Gamowdiscute a nucleossíntese primordial. • 1948- G. Gamow, R. Alphere R. Herman predizem que o universo deve ter uma radiação de fundo correspondente a um corpo negro de 5 K. • 1965- A. Penzias e R. Wilson descobrem a radiação de fundo. • 1969- Charles Misner discute o problema dos horizontes cosmológicos • 1980- Vera Rubin encontra evidência de matéria escura em galáxias espirais • 1980- Alan Guth propõe a teoria do universo inflacionário. • 1992- Levantamento da curva de corpo negro pelo satélite COBE • 1998- Permutter e A. Riess descobrem a aceleração do universo. • 2000- medidas de balões (boomerang e Maxima) mostram que o universo é pseudo-euclidiano.
Cosmologia • Hipóteses: • As leis da física válidas no sistema solar valem também para o resto do Universo • As leis da física podem ser extrapoladas para o passado • Princípio Copernicano: não ocupamos um lugar privilegiado no Universo • Princípio cosmológico: o Universo é homogêneo e isotrópico em larga escala • Gravitação é dominante em larga escala
Física newtoniana • Física newtoniana: partículas se movem ao longo de linhas retas em um espaço euclidiano até que uma força atue sobre ela. - “O espaço absoluto, por sua própria natureza, sem relação com qualquer coisa que seja exterior, permanece sempre semelhante e imóvel.” - “O tempo absoluto, real e matemático, por si só e por sua natureza, flui uniformemente, sem relação com qualquer coisa externa, e recebe também o nome de duração.” A gravitação newtoniana: gravidade é uma força!!!! Incompatível com a teoria da relatividade especial, pois na visão newtoniana a gravidade é uma força que se transmite instantaneamente!!!!!
Física newtoniana E a equação de Poisson: substituta para a lei de ação à distância??!!! • O universo é homogêneo e isotrópico em grandes escalas. Assim, se , fica indeterminado, segundo a equação de Poisson. • A pressão uniforme de um fluido não desempenha nenhum papel gravitacional nesta equação ou em outra na dinâmica newtoniana, o que limita sua aplicabilidade apenas para o caso de matéria não relativística (). • Se o Universo não for homogêneo e isotrópico, observa-se que um Universo onde é contraditória com a física estatística. A condição de contorno impõe à equação de Poisson que o potencial tenda a um valor fixo finito à grandes distancias (valor fixo quando ). Pela física estatística, qualquer objeto astronômico pode adquirir energia cinética o suficiente para vencer o valor do potencial e com isso desaparecer no infinito. Portanto, não seria obedecida, e a equação de Poisson seria inviável. • Além disso, como observa Einstein, a energia radiante dos corpos provém da massa e ela perde-se no infinito, o que também é incompatível com .
Para desenvolver uma cosmologia newtoniana é preciso utilizar o teorema de Birkoff, demonstrável apenas na teoria da relatividade geral. Apenas a massa interior a um dado r é que realmente determina o movimento de uma camada esférica centrada em torno de um ponto arbitrário!!
A teoria da relatividade especial • Postulados: • A velocidade da luz no vácuo é c=3.1010cm/s para referenciais inerciais, sendo independente do observador . • As leis da física são as mesmas para todos os observadores inerciais (não-acelerados) do universo. • A relatividade especial foi construída para tornar as equações de Maxwell do eletromagnetismo invariantes entre referenciais inerciais. Transformações de Galileu Transformações de Lorentz
A teoria da relatividade especial • Medidas de espaço e tempo deixam de ter naturezas independentes e absolutas e dão lugar a um contínuo espaço-tempo quadri-dimensional para cada observador. As leis da físicas em referenciais inerciais devem ser escritas neste espaço-tempo. • O intervalo invariante sob transformações de Lorentz entre observadores neste espaço-tempo é fornecida por , onde e x0=ct, x1=x, x2=y e x3 = z. As equações de Lorentz transformam um sistema ortogonal em um não-ortogonal!!!
A teoria da relatividade especial Três situações diferentes podem ocorrer • = 0 Os dois eventos foram um par tipo luz e apenas a luz pode conectar • estes dois eventos. • > 0 Os dois eventos formam um par tipo-tempo e podem estar • casualmente conectados. Existe um referencial onde os eventos ocorrem no mesmo local, • mas não existe um onde ocorram ao mesmo tempo. • < 0 Os dois eventos forma um par tipo-espaço e não tem qualquer relação • de causa-efeito. Não existe um referencial onde os eventos ocorrem no mesmo local, • mas existe um onde ocorram ao mesmo tempo. No espaço-tempo da relatividade restrita, a estrutura de cones de luz é rígida!
A relatividade restrita é insuficiente para explicar a homogeneidade e a expansão do universo ao mesmo tempo!!!!! Espaço-tempo estático!!!
A teoria da relatividade Geral (1915) Princípios • Princípio de equivalência: não existem experimentos locais que possam distinguir a queda livre em um campo gravitacional de um movimento uniforme no espaço na ausência de um campo gravitacional. • Princípio da relatividade: a TRE governa a física local, ou, localmente, o espaço-tempo é plano (Minkowski). Em outras palavras: um referencial linearmente acelerado é localmente indêntico a um referencial em repouso em um campo gravitacional.
A teoria da relatividade Geral • Considere um observador em um foguete em 3 situações diferentes: • Pelo princípio de equivalência o resultado deveria ser o mesmo para um observador em um campo gravitacional!! • Com base no “Princípio de Fermat” da ótica: “a luz viaja entre dois pontos pela trajetória que minimiza o tempo de viagem”. Einstein concluiu que o espaço não é Euclidianona presença de uma massa.
A teoria da relatividade Geral • Experimento de Sobral e na Ilha do Príncipe (29 de Maio de 1919): deflexão da luz.
A teoria da relatividade Geral Na TRG: a gravidade é representada pela curvatura do espaço-tempo. Partículas se movem ao longo de geodésicas até que forças atuem nelas. A equação da geodésica é: O termo g é o tensor métrico transmite todas as informação sobre estrutura causal e geométrica do espaço-tempo. O termo Γ que aparece na equação da geodésica é chamado de conexão, e representa uma medida de quanto um dado referencial não é inercial!!
A teoria da relatividade Geral • Ao curvar tempo e espaço na presença de matéria-energia, a TRG os converte em participantes dinâmicos do universo, em lugar de considerá-los apenas um palco de fundo onde os acontecimentos ocorrem. • O princípio cosmológico é naturalmente incorporado!!!!
A teoria da relatividade Geral Testes experimentais • Atraso no sinal de radar • A precessão do periélio de Mercúrio • O desvio da luz na presença de matéria • A igualdade da massa inercial e gravitacional • A emissão de ondas gravitacionais • Frame-dragging (Phys.Rev.Lett.106:221101,2011) • Estruturas em largas escalas (Nature464, 256,2010) Testes clássicos
A teoria da relatividade Geral • É importante salientar que a falta de peso em um elevador em queda livre está limitado a pequenas regiões locais: não existe um referencial que anule a gravidade da Terra em todos os pontos ao mesmo tempo. • O princípio de equivalência permite-nos estender qualquer lei física que é expressa na linguagem covariante da relatividade especial para a forma mais geral na presença de gravitação: tudo que temos que fazer é escrever as entidades correspondentes no espaço-tempo-curvo (). Exemplo: A derivada ordinária é trocada pela derivada covariante Tensor do campo eletromagnético está relacionado com o vetor densidade de corrente por Derivada covariante: derivada que leva em conta a não-ortogonalidade das coordenadas!
A equação de campo da teoria da relatividade Geral • Princípio da covariância geral: todos os observadores são equivalentes e as leis da física devem ser escritas em forma tensorial. • Princípio da correspondência: no limite de campos gravitacionais fracos os resultados da TRG devem concordar com os resultados newtonianos. • Equação de Poisson • Equação de Campo de Einstein Potencial gravitacional Densidade de matéria Propriedades Geométricas do Espaço-Tempo (Tensor de Einstein) Conteúdo Material Energético (tensor de energia-momento)
Propriedades Geométricas do Espaço-Tempo Tensor de Einstein Tensor de Curvatura de Riemann : toda informação sobre a curvatura de uma variedade está contida no tensor de Riemann (tensor de quarta ordem) + Conexões da métrica Tensor de Riemann e o transporte paralelo: a diferença entre os vetores de “partida” e de “chegada” é proporcional ao tensor de Riemann
Por que não usar o tensor de curvatura na equação de campo?! Princípio de equivalência: localmente a TRE deve ser recuperada. Tensor de energia-momento é de segunda ordem. Tensor de Ricci (segunda ordem) + Escalar de Ricci A quantidade possui divergência nula da mesma forma que o tensor energia momento devido a conservação local.
Espaços não-euclidianos de curvatura constante • São geometrias definidas em espaços não-planos: elíptica e hiperbólica. • A geometria euclidiana: Postulados: 1-Dados dois pontos, há um segmento de reta que os une; 2-Um segmento de reta pode ser prolongado indefinidamente para construir uma reta;3- Dados um ponto qualquer e uma distância qualquer pode-se construir um círculo de centro naquele ponto e com raio igual à distância dada;4-Todos os ângulos retos são iguais; 5- Dada um reta e um ponto fora dela só é possível construir UMA outra reta paralela a primeira e que passa pelo ponto.
Espaços não-euclidianos de curvatura constante • Na geometria elíptica não há nenhuma curva paralela à primeira. • Na geometria hiperbólica há mais de uma curva paralela à primeira.
Espaços não-euclidianos de curvatura constante De forma mais geral, define o que chamamos de espaço-tempo, onde = tensor métrico Geometria não defini a topologia!!!!
A métrica de um espaço-tempo homogêneo e isotrópico • Vamos considerar inicialmente um universo unidimensional descrito por um círculo de raio R imerso em um plano. A maneira correta de se medir distâncias neste espaço é: A curvatura tem que ser levada em conta!!! x2 φ x1
A métrica de um espaço-tempo homogêneo e isotrópico • Consideremos agora um espaço bidimensional imerso em um tridimensional. Um habitante neste espaço bidimensional consegue entender localmente o significado de x1 e x2, mas não x3. Para levar em conta o efeito da curvatura: Não é possível ter acesso a R e θ. No máximo, ele terá informação da projeção de r=Rsenθ sobre sua superfície bidimensional!!!
No caso de um espaço tridimensional como o nosso imerso em um espaço de 4 dimensões, define-se a hiperesfera: Da mesma maneira que no slide anterior, a coordenada ψ é inacessível. O máximo que podemos ter acesso é a projeção r=Rsenψ em nossa hiper-superfície. De forma que: De forma geral: onde k=1,0 e -1 representam, respectivamente uma hiper-esfera, plano tridimensional e pseudo-esfera (raio imaginário).
Postulado de Weyl (1923) • Postulado de Weyl (1923): Apenas uma geodésica passa em cada ponto do espaço-tempo. Isto quer dizer que : • geodésicas não se interceptam, exceto na singularidade inicial. • Em cada ponto do espaço-tempo o substrato cósmico possui uma única velocidade. • As geodésicas do substrato são ortogonais a hipersuperfícies tipo-espaço. Não podendo existir termos cruzados dtdx, dtdy, dtdz no elemento ds. • O substrato é um fluido perfeito. • O sistema de coordenadas é comóvel a expansão
Medidas de distâncias no espaço-tempo homogêneo, istrópico e expansão • Como o universo está em expansão, modelos cosmológicos devem ser homogêneos e isotrópicos no espaço, mas não no tempo. • Se considerarmos um triângulo formado por 3 partículas num tempo t e posteriormente, o fator de magnificação deve ser o mesmo independente da posição do triângulo. O tempo entrará na métrica como um fator comum. • O elemento de distância então deve ter a seguinte forma
A métrica de Friedmann-Robertson-Walker As coordenadas r, θ e φ são coordenadas comóveis com a expansão, ou seja, o sistema de coordenadas expande junto com o universo. Observadores nestas coordenadas são chamados “comóveis” e possuem coordenadas fixas ao longo da evolução cósmica. A coordenada t é o tempo comóvel, e é o tempo decorrido desde o Big Bang de acordo com um relógio de um observador comóvel. Somente um observador comóvel ver o universo homogêneo e isotrópico.
Algumas perguntas intrigantes • Estão as galáxias dispostas sobre a superfície de uma esfera? • Não!!!! • O termo "universo" refere-se ao espaço, ou a matéria, ou a ambos? • Na visão newtoniana o espaço era apenas o "vazio" em que a matéria “vivia”. Einstein mostrou que o espaço-tempo tem estrutura: é flexível e é distorcido na presença de matéria-energia. Além disso, matéria e anti-matéria são rotineiramente criadas em laboratório a partir próprio espaço, os tipos de partículas que podem existir refletem a estrutura do espaço. O termo universo se refer a toda estrutura espaço-temporal e material-energética. • O Universo explodiu a partir de um ponto? • Não!!!!!!!!!!!!!!!!Não!!!!!!!!!!!!Não!!!!!!!!!!!!!......NÃO! O big bang não foi uma explosão que arremessou a matéria para fora. Não existe o fora! Explosão requer uma forte anisotropia de matéria e pressão que não é observado. O que ocorreu foi uma súbita expansão isotrópica do espaço que já estava preenchido com energia. Não havia nenhum centro da expansão. O que podemos afirmar é que universo observável foi extremamente quente, densoe pequeno. • O que existiu antes do Big-Bang? • As teorias da física só se aplicam do presente até a era Planck t=10-43 s. Antes disso é especulação!!!
Para onde o Universo expande? Existe um observador central para cada universo observável, mas não para o Universo! Descobrir as propriedades do espaço continua sendo um dos problemas mais profundos e mais importantes da ciência moderna.
O tensor de energia-momento do fluido perfeito De forma geral a pressão deve ser levada em conta e o tensor de forma completo na TRE é onde ε=ρ0c2 e p é a pressão medida no referencial de repouso com o fluido. Este tensor é conservado , ou seja, Na TRG, temos, simplesmente c=1 O tensor de energia momento é uma combinação de densidade de energia, densidade de momento e densidade do fluxo de momento.
O tensor de energia-momento do fluido perfeito Considere um sistema constituído de um conjunto de partículas sem pressão (que não interagem entre si). Considere um observador que não está em repouso com o fluido. Suponhamos que em um certo instante a densidade de partículas seja n e a velocidade do fluido v: Densidade de energia: produto do número de partículas por unidade de volume pela energia por partícula: Densidade de momento: Densidade do Fluxo de momento: O fluxo de momento xy é definido como a quantidade de momento x que flui na direção y por unidade de área, por unidade de tempo. Como o momento x por partícula é mγvx o fluxo de momento xy será: Nas coordenadas comóveis (c=1) c=1
Resumo • Teoria da Relatividade Geral (1917) Propriedades Geométricas do Espaço-Tempo Conteúdo Material Energético • O Princípio Cosmológico: o Universo é homogêneo e isotrópico em largas escalas (>100 Mpc ≈ 1026 cm). • A métrica homogênea e isotrópica: Métrica de Friedmann-Robertson-Lemâitre-Walker. a(t) é o fator de escala e k o parâmetro que define a curvatura das seções espaciais, podendo ser 0, 1 e -1.
Postulado de Weyl (1923): Apenas uma geodésica passa em cada ponto do espaço-tempo. • Conteúdo Energético:Tensor de Energia-Momento para um fluido perfeito, caracterizado por sua densidade de energia e pressão isotrópica. Não possui esforços de cisalhamento e viscosidade. • Equações Dinâmicas para o Universo