340 likes | 579 Views
POESIA MODERNA. A poesia de 30. A poesia de 30. Uma poesia de questionamento: Da existência humana Do sentimento de “estar-no-mundo” Das inquietações sociais, religiosas, filosóficas, amorosas Do confronto do homem com a realidade. Carlos Drummond de Andrade - 1902-1987.
E N D
POESIA MODERNA A poesia de 30
A poesia de 30 • Uma poesia de questionamento: • Da existência humana • Do sentimento de “estar-no-mundo” • Das inquietações sociais, religiosas, filosóficas, amorosas • Do confronto do homem com a realidade
Carlos Drummond de Andrade - 1902-1987 • A multiplicidade de temas: • A realidade pessoal (subjetiva) • A realidade social e a do cotidiano • O passado familiar e histórico • As grandes interrogações filosóficas a respeito do sentido da vida, do tempo, da morte, etc. • Temas densos que unem a emoção e o pensamento, o eu e o mundo.
“Quando nasci, um anjo torto (...)” • Uma complexa visão de mundo: • “A realidade tem várias faces” • Faces descontínuas, irregulares, opositivas • A essência humana e suas ambivalências e ângulos contraditórios • O fluxo desordenado da vida não permite certezas.
“Não serei o poeta de um mundo caduco.” • A linguagem de grande inventividade e capacidade sugestiva: • tradição clássica - experiências radicais dos vanguardistas do séc. XX - riqueza polissêmica -múltiplos sentidos das palavras - grande esforço de síntese - versos duros e ásperos
“No meio do caminho tinha uma pedra” • O HUMOR: • Humor sutil e sempre corrosivo • Olhar enviesado (torto) sobre a realidade • Humor que oculta uma profunda reflexão a respeito do sentido das coisas • Gosto pela paródia, a visão anárquica e debochada
A OBRA DE DRUMMOND • A FASE GAUCHE: CONSCIÊNCIA E ISOLAMENTO • OBRAS: • “Alguma poesia” (1930) • “Brejo das almas” (1934) • Alguns recursos da 1ª geração modernista: ironia - humor - poema-piada - síntese - linguagem coloquial
O poema-pílula- vanguarda modernista • Cota zero • “ Stop. • A vida parou • ou foi o automóvel?”
O GAUCHE [GÔCHE] • O gauche (esquerdo, em francês) é o anti-herói, o desajeitado, o errado, o torto, o estranho, o sujeito em desacerto com o mundo, que não consegue estabelecer uma comunicação com a realidade e assume uma postura de negação crítica do mundo.
A fase gauche • Pessimismo - individualismo - o isolamento - a reflexão existencial - a ironia - a metalinguagem • Ao gauche não há saídas: nem o amor, nem a morte, nem mesmo o isolamento. Desesperado, ele busca comunicar-se com o mundo por meio do canto, ...
“ um canto torto e gauche: ” • “A poesia é incomunicável. • Fique torto no seu canto. • Não ame.”
“O homem atrás do bigode” • Embora o gauche afirme que “a poesia é incomunicável”, é ela que estabelece a mediação entre o EU e o MUNDO, e talvez a saída, a única esperança, para ele, seja cantar o próprio canto ou cantar o silêncio, isto é, cantar o canto que não existe:
“A poesia é incomunicável” • “ Gastei uma hora pensando um verso • que a pena não quer escrever. • No entanto ele está cá dentro • inquieto, vivo. • Ele está cá dentro • e não quer sair. • Mas a poesia deste momento • inunda minha vida inteira”
“Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.” • A FASE SOCIAL OU A COMUNICAÇÃO VIÁVEL: • A partir de “Sentimento do mundo” (1940), “ José “ (1942) e “ Rosa do povo” (1945), Dummond começa a enfatizar os problemas sócio-históricos do país e do mundo.
A FASE SOCIAL • CONTEXTO HISTÓRICO (1935 - 1945): • ASCENSÃO DO NAZI-FASCISMO • A GUERRA CIVIL ESPANHOLA • A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL • INTENTONA COMUNISTA • DITADURA DE VARGAS
“Este é tempo de partido, tempo de homens partidos.” • Drummond assume a consciência da debilidade do mundo e da necessidade de transformá-lo. Sua angústia subjetiva transforma-se em engajamento e compromisso com a humanidade e sua poesia é posta a serviço da causa socialista:
Percepções do poeta face ao fenômeno social: • A culpa e a responsabilidade moral diante das mazelas do mundo • A contestação da ordem política injusta • A passagem da náusea individual à perspectiva de uma nova sociedade. • A celebração do socialismo
“A Rosa do povo” • A culpa e a responsabilidade moral: • “Carrego comigo/há dezenas de anos/há centenas de anos/o pequeno embrulho.(...)/Não ouso entreabri-lo./Que coisa contém,/ ou se algo contém,/nunca saberei.” (embrulho = peso da consciência moral do poeta)
“A Rosa do povo” • O registro da ordem política injusta (a opressão e o medo): • O medo • “Em verdade temos medo./Nascemos escuro./As existências são poucas:/ Carteiro, ditador, soldado./ Nosso destino, incompleto.”
“A Rosa do povo” • A passagem da náusea à perspectiva de uma nova sociedade: • O sentimento de culpa é substituído pela noção de náusea (existencialista) que mais do que uma sensação física de enjôo, é uma situação de absoluta liberdade de quem a vivencia.
“A Rosa do Povo” • Liberdade no sentido de destruição de todos os valores tradicionais, da morte de todas as crenças. O homem, despojado de suas antigas certezas, vaga no universo de destroços, porém, ao mesmo tempo que o tédio e o desespero o ameaçam, ...
“A Rosa do povo” • ... este mesmo homem pode, na grande solidão em que se converteu sua vida, encontrar uma alternativa válida de existência individual e coletiva.
“A flor e a náusea” • “ Uma flor nasceu na rua! • Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. • Uma flor ainda desbotada • ilude a polícia, rompe o asfalto” • Flor = emergência de algo novo, algo que surge para romper com a coisificação e a náusea, anunciando o amanhã.
O signo do não • A partir de “ Claro enigma ” (1951), Drummond começou a seguir duas orientações: de uma lado, a poesia reflexiva, filosófica e metafísica - em que, com freqüência, aparecem os temas da morte e do tempo - ; de outro, a poesia nominal, com tendências ao Concretismo, em que ressalta a preocupação com recursos fônicos, visuais e gráficos do texto.
A poesia filosófica • Os poemas de reflexão filosófica mostram ter sido escritos sob o signo do NÃO, tal é o pessimismo que expressam. Além de “ Claro enigma ” , também fazem parte dessa orientação os livros “ Fazendeiro do ar “ (1955) e “Vida passada a limpo” (1959).
A poesia filosófica • São textos que refletem sobre temas universais de caráter existencial, como vida, morte, tempo, velhice, amor, além dos temas habituais: a família, a infância e a própria poesia (Poesia sobre poesia = discute a construção do texto e o âmago da linguagem lírica).
A poesia filosófica • O pessimismo com que esses temas são abordados chega a ser ainda maior que o da fase gauche. Trata-se de um pessimismo corrosivo, uma vez que a esperança de solução no social já se frustou. A saída é cantar o próprio impasse da poesia contemporânea:
A poesia filosófica • Uma poesia sem leitores ou de leitores desinteressados • “A madureza, essa terrível prenda/que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda/sob a glacialidade de uma estela (túmulo)” • Tempo e envelhecimento.
A poesia nominal • A poesia nominal evidencia-se em “ Lição de coisas ” (1962): a linguagem, o verso e a palavra são violentados, desintegrados, com o emprego constante de neologismos, aliterações, sugestões visuais e rupturas sintáticas.
A poesia nominal • “ O árvore a mar • o doce de pássaro • a passa de pêsame • o cio da poesia • a força do destino • a pátria a saciedade” • (...)
A fase final: tempo de memória • A produção poética de Drummond das décadas de 1970 e 1980 dá amplo destaque ao universo da memória. Nela, ao lado de temas universais, são retomados e aprofundados certos temas que nortearam toda a obra do escritor, tais como a infância, Itabira, o pai...
Tempo de memória • ... a família, a piada, o humor cotidiano, a auto-ironia, a síntese, o pessimismo, o existencialismo: • Hipótese • “ E se Deus é canhoto/e criou com a mão esquerda?/Isso explica, talvez, as coisas deste mundo. ”