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2. – Deus vem ao encontro do Homem. Formação básica da fé - II Escola do Movimento dos Cursilhos de Cristandade. 2ª Escola – Deus vem ao encontro do Homem. 2.2 – Jesus Cristo: centro e plenitude da Revelação
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2. – Deus vem ao encontro do Homem Formação básica da fé - II Escola do Movimento dos Cursilhos de Cristandade
2ª Escola – Deus vem ao encontro do Homem 2.2 – Jesus Cristo: centro e plenitude da Revelação 2.3 – A Transmissão da revelação Divina: a Igreja e o Magistério, a Tradição, a Bíblia. 2.4 – Outras formas de encontro com Deus 2.5 – O encontro definitivo de Deus com o homem: o face-a-face 3. Bibliografia aconselhada Sumário: 1. Deus vem ao encontro do Homem: a Revelação Divina 1.1 – A Revelação divina: encontro de Deus com o Homem 1.2 - A finalidade da revelação 1.3 – Características da Revelação Divina 2. Fala, Senhor… 2.1 – Revelação na História da Salvação
1.1 – A REVELAÇÃO DIVINA:ENCONTRO DE DEUS COM O HOMEM Deus vem ao encontro do Homem: como? Recordemos o que é a Revelação (Escola 1)… Através da Sua Revelação, pois o encontro é uma dimensão essencial na revelação cristã, presente nas próprias entranhas da fé cristã. Deus não é um Ser inacessível, solitário, mas Deus comunica connosco, falou aos homens e continua a falar de diversos modos: é a REVELAÇÃO DIVINA. Revelar= acção de tirar o véu que cobre o rosto. Etimologicamente, vem do latim revelatio (do verbo revelare, «tirar o véu»): é como se Deus tivesse o rosto descoberto e o fosse descobrindo pouco a pouco. A palavra «Revelação»não aparece nas Escrituras, mas outras equivalentes, destaca-se «PALAVRA DE DEUS». PÚBLICA / PRIVADAS: a pública é a que Deus faz para utilidade de todo o homem e ficou encerrada com a morte do último apóstolo; as privadas são as que se dirigem a uma pessoa ou comunidade de pessoas, numa determinada circunstância histórica; a pública tem de ser aceite por todos os cristãos; a Igreja, ao aprovar uma revelação como «digna de crédito», não está a ensinar que tudo nelas é verdadeiro, nem torná-las obrigatórias: está apenas a dizer que nelas não acha nada contrário á fé e aos bons costumes. As revelações podem ser: NATURAL, INDIRECTA OU CÓSMICA / DIVINA, SOBRENATURAL, DIRECTA, PRPRIAMENTE DITA: pela razão natural, o Homem pode conhecer a Deus, pois as obras da criação (sinais do Universo e no coração do Homem) são já, em si mesmas, uma revelação de Deus (REVELAÇÃO NATURAL). Mas se Deus não Se tivesse revelado, pouco saberíamos d’Ele, do que Ele pensa de Si, de nós, do mundo e da humanidade: é a REVELAÇÃO DIVINA.
1.2 – A FINALIDADE DA REVELAÇÃO A REVELAÇÃO é a manifestação de Deus e da Sua vontade acerca da nossa salvação.«Pela Revelação divina, Deus quis manifestar-se e comunicar-se a Si mesmo e aos decretos eternos da Sua vontade acerca da salvação dos homens, «para os tomar participantes dos bens divinos que superam inteiramente a capacidade da inteligência humana» (DV 6). Assim, por que é que Deus nos fala? É O CONVITE DE UM AMIGO PARA COMUNICAR COM ELE… «O SENHOR falava com Moisés, frente a frente, como um homem fala com o seu amigo». (Ex 33, 11) a) Fala-nos para Se revelar a Ele próprio… é para glória de Deus, os homens são convidados a conhecê-l’O e a glorificá-l’O. b) …e para revelar o Seu desígnio de Salvação sobre o Homem e sobre a História: revela o pensamento de Deus sobre o homem, a vocação do homem (chamado à santidade, á vida com Deus), respondendo ás suas questões mais profundas; não Se revela para nos matar a curiosidade, mas para tirar o homem da morte do pecado e levá-lo á comunhão com Ele.«Deus… fala aos homens como amigos… a fim de os convidar e admitir à Sua comunhão» (DV 2).
1.3 – CARACTERÍSTICAS DA REVELAÇÃO A revelação que Deus nos faz de Si mesmo tem determinadas características: A INICIATIVA É DE DEUS: é Deus que Se revela livremente, de forma gratuita, Se encontra com o Homem, sem que nenhuma necessidade o obrigue: apenas por amor… Deus chama! 1ª A) POR ISSO, é ENCONTRO, TEM UMA ESTRUTURA DIALÓGICA E PESSOAL: la Revelação Deus dirige-Se ao Homem, interpela-o, fala-lhe sobre a Sua vida pessoal e sobre o Seu desígnio salvífico. Essa comunicação de Deus ao homem só atinge a sua finalidade se terminar na fé, que é a resposta do homem, encontro com o Deus vivo e pessoal em Sua palavra. É um diálogo profundo, vital, porque Deus quer o homem na Sua comunhão: é um encontro na liberdade, no amor renovado constantemente! B) POR ISSO, É CONHECIMENTO: testemunho, mensagem, palavra, doutrina; é um sistema de conhecimento orientado para um sistema de vida; é um conhecimento do verdadeiro Deus e da Salvação que oferece;
1.3 – CARACTERÍSTICAS DA REVELAÇÃO C) POR ISSO, TEM UMA ESTRUTURA TRINITÁRIA E CRISTOLÓGICA: trinitária, porque a revelação é obra de toda a Trindade; cristológica, porque tudo tende para Cristo, verdadeiro encontro entre Deus e o Homem. D) POR ISSO, SE SAI DE DEUS, TEM SINAIS QUE ATESTAM A SUA VERACIDADE: antes do Vaticano II, punha-se a tónica nos milagres, nas profecias; após o Vaticano II, a tónica está na encarnação de Cristo na história, verdadeiro milagre; os milagres apenas conduzem a Ele. 2ª A REVELAÇÃO TEM UMA ESTRUTURA DE MEDIAÇÃO: há uma mediação entre Deus e os homens; a revelação chega até nós pelos profetas e apóstolos e precisa da fé do homem para a aceitar. É COMUNITÁRIA, SOCIAL, ECLESIAL: destina-se não a apenas indivíduos considerados isoladamente, mas como membros de uma colectividade, para que todos estejam conscientes da sua comunhão na revelação, no amor, na salvação. 3ª
1.3 – CARACTERÍSTICAS DA REVELAÇÃO 4ª É PROGRESSIVA NA HISTÓRIA, É UM ENCONTRO NA HISTÓRIA: dá-se na História e pela História, em que Deus acompanha o lento do caminhar e a sua capacidade de compreensão e maturação. Centra-se na História de Israel e de Jesus Cristo. Deus revela-Se ao Homem não apenas transmitindo informações sobre Si próprio, mas vivendo com os homens, fazendo história com eles; quanto mais Se revela, mais Se dá, mais Ele salva… Aqui vê-se a «pedagogia divina», expressa em dois conceitos: a condescendência divina (Deus baixa ao nosso nível para nos elevar); e a kenose ou kenosis (esvaziamento de Si próprio, para Se tornar um de nós) 5ª A REVELAÇÃO DÁ-SE PELA PALAVRA: ela é criadora e intérprete da História. A palavra de Deus criou o homem e o mundo, pela palavra se conclui a Aliança, são chamados os homens de Deus… Ela suscita e dirige os acontecimentos (gestos de Deus) e interpreta-os. Jesus Cristo é a Palavra definitiva do Pai, de modo que depois d’Ele não haverá outra revelação. «A Palavra de Deus é como um canto a várias vozes ou como uma sinfonia». (Sínodo em Roma sobre a Palavra de Deus)
2 – «FALA, SENHOR…» Fala, Senhor… … pela Bíblia, Tu és Palavra que salva! … pela Igreja, é Tua presença no mundo! … pela História, é Tua vida entre os homens! .. pelas coisas, são teus sinais de bondade! Quais os caminhos que Ele tem para nos falar, para Se encontrar connosco? O que nos fala Ele? Deus pronuncia a Palavra de muitas formas e de diversos modos, numa longa história, mas onde aparece uma hierarquia de significados e funções: Retirado do livro: «As crianças louvam o Senhor» • - REVELAÇÃO NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO; • REVELAÇÃO PLENA EM JESUS CRISTO; • A TRANSMISÃO DA REVELAÇÃO PELA TRADIÇÃO, BÍBLIA, IGREJA… • OUTROS ENCONTROS COM DEUS: TESTEMUNHOS DOS SANTOS, A VIDA EM CRISTO, OS SINAIS NA VIDA DE CADA UM… • O ENCONTRO DEFINITIVO: O FACE-A-FACE COM DEUS…
2.1 – REVELAÇÃO NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO Sintetizar numa palavra o projecto de Deus para a humanidade: ALIANÇA. Evoca o «projecto de amizade» ou «mistério de comunhão» que Deus quer estabelecer com cada homem, fazendo deles «criaturas novas» e formar com eles um Povo. A Aliança percorre a História da Salvação, que se divide em Antiga e Nova Aliança. A Aliança foi-se revelando ao longo da História, através de fases ou etapas… DEUS REVELA-SE NA PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA (REVELAÇÃO PRIMITIVA): 1ª Deus deu-Se a conhecer aos nossos primeiros pais, convidando-os a viver numa íntima comunhão com Ele: com a Criação (Gen 1-2), a totalidade do Universo é unido ao seu Criador. Deus faz de toda a criação, e da pessoa «um testemunho perene de Si» (DV 3). 2ª Depois da queda, Deus promete o Messias, o Redentor ou Reconstrutor dessa humanidade: Deus decide salvar a Humanidade, através de uma série de Etapas. «Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça e tu tentarás mordê-la no calcanhar.»Gen 3, 15 3ª A Revelação primitiva continua na renovação da Aliança com Noé e com toda a humanidade (Gen 9, 1-7), depois do dilúvio, com o sinal do arco-íris.
2.1 – REVELAÇÃO NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO DEUS REVELA-SE NA HISTÓRIA DE UM POVO… ALIANÇA COM ABRAÃO E OS PATRIARCAS: é o início do Povo de Deus, com a promessa de uma terra, descendência e bênção a Abraão e descendentes. 4ª Séc. XIX ou XVIII a.C. (datas aproximadas) DEUS ELEGE ABRÃO (pertencente a um clã de semi-nómadas), chamando-o para «deixar a sua terra, a sua família e a casa de seu pai» (Gn 12, 1), para o fazer Abraão («pai de muitas nações» (Gn 12, 3). …e instala-se em Haran. Por volta de 1850 a.C. (data “aproximada”), Abraão parte de Ur dos caldeus (na Mesopotâmia)… Abraão é por excelência, o antepassado do povo bíblico: ele é o PAI DA FÉ. Não chegou a ver a descendência numerosa, Deus provou a sua fé com o pedido de sacrifício de seu filho Isaac… …mais tarde vai ao Egipto… Em Haran ouve o chamamento do Senhor e vai morar para a «Terra Prometida», para Siquém; …e ao regressar instala-se em definitivo em Hebron.
2.1 – REVELAÇÃO NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO 5ª A ALIANÇA DO SINAI E A FORMAÇÃO DO POVO DE DEUS: Com MOISÉS, Deus constitui a Israel como Seu povo, libertando-o da escravidão; dá-lhes umas indicações éticas e sociais, os 10 mandamentos. É um Deus compassivo, que vê a miséria do Seu povo e o liberta: é um Deus de Esperança, um DEUS LIBERTADOR. Sécs. XVII a.C. ao XIII a.C. (datas aproximadas) Os descendentes do patriarca JACOB instalam-se no Egipto, em vagas sucessivas: JOSÉ (o filho predilecto de Jacob, chega a ser primeiro-ministro!); aí residem durante 400 ou 430 anos; contudo, na XVIII e na XIX Dinastia dos Faraós (com Ramsés II, especialmente), começam a ser perseguidos e escravizados: é o TEMPO DA SERVIDÃO… O ÊXODO é o acontecimento fundante da História de Israel. Por volta de 1250 a.C., surge um líder, enviado por Deus: MOISÉS. A ele, Deus revela o Seu nome: Javé, «AQUELE QUE SOU». Por esta altura dá-se o ÊXODO: a saída do Povo de Israel do Egipto e a Passagem para a Terra Prometida, onde «mana leite e mel». Está associado à festa da PÁSCOA («Passagem»): passagem da escravidão para a liberdade! Durante a Travessia do deserto, dá-se a ALIANÇA do SINAI (principal eixo da Revelação Divina no Antigo Testamento): Moisés e Israel são os «eleitos» da revelação divina sobre a terra! Os Dez mandamentos (Ex 20, 1-21; Dt 5, 1-22) são a «carta constitucional» dessa eleição. «Serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo» (Lev 26, 12).
2.1 – REVELAÇÃO NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO 6ª PURIFICAÇÃO E INTERIORIZAÇÃO DA ALIANÇA ATRAVÉS DOS PROFETAS: Frequentemente Israel “esquecia-se” de adorar o seu Deus e voltava-se para os ídolos. Para os ajudar a voltar ao verdadeiro caminho, Deus envia os PROFETAS. Até que todo Israel cai sob o poder dos vizinhos (o Reino do Norte, em 722 a.C. e o do Sul em 587 a.C.): os profetas vêem nisto o resultado de desobedecer a Deus.OS PROFETAS ANUNCIAM E DENUNCIAM: anunciam a Palavra do Senhor e denunciam as injustiças; é aquele que fala em nome de Deus. Pelos profetas, Deus forma o seu povo na esperança da salvação, na expectativa duma aliança nova e eterna, destinada a todos os homens, e que será gravada nos corações. Os profetas anunciam uma redenção radical do povo de Deus, a purificação de todas as suas infidelidades, uma salvação que abrangerá todas as nações. Serão sobretudo os pobres e os humildes do Senhor os portadores desta esperança. ELIAS (séc. VIII a.C. Reino do Norte) ISAÍAS (séc. VIII a.C. Reino do SUl JEREMIAS (séc. VII a.C. Reino do Sul) EZEQUIEL (séc. VI a.C. Exílio) DANIEL (pós-exílio) Alguns PROFETAS «A única ordem que lhes dei foi esta: 'Ouvi a minha voz e Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo; segui sempre a senda que vos indicar, a fim de que sejais felizes.' Eles, porém, não me ouviram, não prestaram atenção, seguiram os maus conselhos dos seus corações empedernidos; viraram-me as costas em vez de se voltarem para mim. Desde o dia em que os vossos pais deixaram o Egipto até hoje, Eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, dia após dia». Jer 7, 23-26
2.1 – REVELAÇÃO NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO Como é o Deus que Se revela na Antiga Aliança? É um Deus pessoal e único: «Eu sou Javé» (Ex 10, 2); «Eu é que sou o Senhor. Fora de mim não há outro» (Is 45, 6). É santo, misericordioso, amigo dos homens, fiel, justo… «O Senhor falava a Moisés, frente a frente, como um homem fala a seu amigo» (Ex 33, 11); «Consolai, consolai o meu povo, é o vosso Deus quem o diz» (Is 40, 1); «A luz de Israel será como um fogo, e o Deus santo, como uma chama que abrasará os seus abrolhos e os seus espinhos num só dia» (Is 10, 17). É Criador, presente, mas ao mesmo tempo distante: «Quanto à minha face, ela não pode ser vista» (Ex 33, 18-25); a glória de Deus está velada por símbolos: o fogo, a nuvem, a tempestade… É eterno, Senhor da Vida e Senhor da História, Todo-poderoso: «Antes de surgirem as montanhas, antes de nascerem a terra e o mundo, desde sempre e para sempre Tu és Deus» (Sal 90, 2) «Guardareis a festa dos pães sem feremento, proque foi precisamente neste dia que Eu fiz sair os vossos exércitos da terra do Egipto» (Ex 12, 17).
2.2 – JESUS CRISTO: CENTROE PLENITUDE DA REVELAÇÃO A NOVA E ETERNA ALIANÇA Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos pelo seu Filho» (Heb 1, 1-2). Cristo, Filho de Deus feito homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai. N'ELE, O PAI DISSE TUDO. Não haverá outra palavra além dessa. «Ao dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra – e não tem outra – (Deus) disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única e já nada mais tem para dizer. [...] Porque o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o totalmente, dando-nos o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse consultar a Deus ou pedir-Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas faria agravo a Deus, por não pôr os olhos totalmente em Cristo e buscar fora d'Ele outra realidade ou novidade» «Portanto, a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e já não se há-de esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo» DV 4. No entanto, apesar de a Revelação já estar completa, ainda não está plenamente explicitada. E está reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance, no decorrer dos séculos. SÃO JOÃO DA CRUZ
Mar da Galileia Nazaré Rio Jordão Jerusalém Mar Morto 2.2 – JESUS CRISTO: CENTROE PLENITUDE DA REVELAÇÃO «Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de Mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que se encontravam sob o jugo da Lei e para que Recebêssemos a adopção de filhos» (Gal 4, 4-5) N’Ele a história chega à plenitude; «Plenitude» é o momento culminante da História, em que Deus, feito Homem, irrompe na história dos homens, comunicando sentido completamente a esta vida e a esta história. Belém Ele é o Sacramento do Pai, verdadeiro encontro entre Deus e o Homem, Ele é Deus feito Homem! Ele é o caminho para o Pai: «Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai, senão por Mim» (Jo 14, 6).
2.2 – JESUS CRISTO: CENTROE PLENITUDE DA REVELAÇÃO A SUA MENSAGEM É O REINO DE DEUS: «o Reino de Deus está entre vós» (Lc 17, 21); mas está ainda em semente, só terá a realização plena no outro mundo; cabe-nos a nós ser «fermento», «sal» e «luz» do mundo, para dilatar o Reino. O Reino é a Boa-nova, o Evangelho, é Ele próprio. CRISTO É O REVELADOR, MAS TAMBÉM O REVELADO; Revelador, porque revela como é Deus, revela-nos a Trindade; Revelado, porque é n’Ele que se cumprem as profecias do Antigo testamento, da Antiga Aliança: a promessa, a espera, transformam-se em realidade, em realização. COMO É O DEUS REVELADO EM JESUS CRISTO E POR JESUS CRISTO? E COMO É O HOMEM QUE ELE REVELA? O Deus de Jesus VEM AO ENCONTRO DOS HOMENS, ESTÁ PRÓXIMO DE NÓS (como o pai da parábola do filho pródigo), não está longe dos seres humanos, não está no alto, mas sim comprometido com a história humana e com os humilhados da sociedade; não se pode chegar a Deus abandonando o maltratado que está á beira do caminho (Lc 10, 31). Mas é um Deus não manipulável, não se pode dizer que se pode «ter» ou «possuir» Deus se fizermos determinadas coisas… «Rezai, pois, assim:'Pai nosso, que estás no Céu,santificado seja o teu nome» (Mt 6, 9) Jesus revela que Deus é Trindade, é comunhão de pessoas, que quer levar o homem à Sua comunhão; «Deus é Amor» (cf. 1 Jo); para isso, o Homem deve anunciar o Evangelho, levar a sua cruz de discípulo, para que crendo em Cristo e O seguindo, sejam por Ele vivificados.
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA No coração da Palavra de Deus, temos o Mistério de Cristo, mas também o Mistério da Igreja. A plenitude da revelação em Jesus Cristo, torna-se presente na Igreja e através dela, pois o mistério central que a Igreja anuncia é o próprio Cristo. Como explicar esta instituição com mais de dois milénios, tenha sobrevivido às divisões, às vicissitudes históricas, se não tivesse o próprio Deus a sustentá-la? A fidelidade às origens, os frutos que gera de caridade e santidade, são inexplicáveis sem Deus… A mensagem de Salvação que propõe e na qual acredita, e o compromisso com a transformação do mundo e da humanidade que mostra, são sinais de que continua a missão de Jesus. DEPÓSITO DA FÉ (depositum fidei): é o conjunto de verdades reveladas por Deus, entregues à Igreja, para as guardar e definir o seu sentido correcto e contem tudo o necessário á nossa Salvação e abarca a Escritura e a Tradição; este depósito é imutável, ficou encerrado com a morte do último Apóstolo; mas pode falar-se de um progresso em explicar certas verdades; o depósito não muda, mas pode haver um aumento da compreensão das realidades e das palavras transmitidas; o objectivo é tornar perceptível a fé em cada momento histórico; quando a Igreja define um dogma, não está acrescenta nada à Revelação, mas descobre e esclarece o que já estava contido, de alguma forma, na Tradição ou na Escritura.
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: A TRADIÇÃO A SAGRADA TRADIÇÃO Tradição vem do latim traditio, do verbo tradere, que significa entregar ou transmitir. Em sentido mais amplo, a Tradição abarca mesmo a Sagrada Escritura. Em sentido mais estrito, refere-se apenas à Tradição oral. Não devemos confundir a «Tradição» (com maiúscula) com a «tradição» ou «tradições» (com minúscula), que se referem a costumes, ideias, modos de viver de um povo e que uma geração recebe das anteriores. Uma tradição deste tipo é puramente humana e pode ser abandonada quando inútil. O próprio Jesus rejeitou algumas tradições do Seu povo judaico: «Descurais o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens.» (Mc 7, 8). Exemplo de tradições (com «t» minúsculo), umas benéficas e outras prejudiciais… A Tradição é a transmissão oral e viva da verdade revelada que, tendo o início nos Apóstolos, perdura na Igreja sob a assistência do Espírito Santo, que se conservou por vários meios. A Tradição pode ser: divina (entrega do Filho ao mundo pela humanidade), divino-apostólica (pregação dos apóstolos, com o mandato de Cristo) e a eclesial (é a Tradição Apostólica que se prolonga no âmbito da Igreja, guiado pela assistência do Espírito Santo).
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: A TRADIÇÃO Os protestantes negam o valor à Tradição, dizendo que só a Bíblia é fonte de revelação, de fé (sola Scriptura)… Jesus nunca escreveu (só uma vez na areia!), nem repartiu nenhuma Bíblia, nem mandou os discípulos que escrevessem alguma coisa… Jesus deu o MANDATO aos Apóstolos de pregarem a toda a criatura, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.. 1ª Os Apóstolos como TESTEMUNHAS (pessoas que ouviram, viram e conviveram com Jesus) anunciaram, pregaram aquilo que Jesus lhes ensinou: o Evangelho, que é o próprio Cristo; além deles, testemunhas privilegiadas, escolhidas pelo próprio Senhor, muitos outros foram Suas testemunhas… NA PREGAÇÃO… NO CULTO… NA CATEQUESE… PELO TESTEMUNHO… 2ª Foi a Tradição da Igreja que reconheceu o carácter inspirado da Escritura e ainda estabeleceu o seu cânon já em 393-397.
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: A TRADIÇÃO Só a Escritura é Palavra de Deus! (sola Scriptura) Se só nos cingirmos à escritura, como sabemos quais são os livros inspirados e os que não são? Qual é, então o seu cânon? O texto bíblico não contem nenhuma lista de livros! Foi a Tradição da Igreja que transmitiu a lista dos livros inspirados. «Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu. E nós sabemos bem que o seu testemunho é verdadeiro. Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever». (Jo 21, 24-25). A própria Escritura que todo o Evangelho de Cristo não está nos Evangelhos! Por tudo isto, é inegável o valor da Tradição! 3ª ONDE PODEMOS ENCONTRAR A TRADIÇÃO? QUAIS SÃO OS SEUS TESTEMUNHOS? DEFINIÇÕES DOGMÁTICAS SOLENES de concílios ecuménicos e dos sumos pontífices onde a fé da Igreja se afirma de maneira clara e definitiva. SÍMBOLOS E PROFISSÕES DE FÉ. São certas fórmulas que resumem verdades de fé (por exemplo, o Credo) sensus fidelium: a totalidade da Igreja, enquanto guiada pelo Espírito Santo, não pode enganar-se, quando uma verdade é professada por todo o Povo de Deus, desde o Papa ao último dos cristãos. A SAGRADA LITURGIA E A VIDA DA IGREJA. PADRES E DOUTORES DA IGREJA: Padres (santidade + pureza da fé), Doutores (…+ciência eminente) O consentimento dos TEÓLOGOS que, sob a direcção do Magistério, estudam as verdades reveladas.
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: O PAPEL DO MAGISTÉRIO O MAGISTÉRIO DA IGREJA • O OFÍCIO DE INTERPRETAR A PALAVRA DE DEUS, escrita ou transmitida, está confiado ao MAGISTÉRIO DA IGREJA. • Compete ao Magistério da Igreja pronunciar-se sobre o valor das diversas formas de Tradição; assim, a Tradição é apenas infalível quando reconhecida pelo Magistério da Igreja; • É a Igreja que fixa o cânone das Escrituras e define o seu sentido correcto • Este Magistério, segundo a Tradição Apostólica, é formada pelos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, que é o Bispo de Roma: o Papa. • Este poder pode ser exercido de 3 formas: pelo conjunto do Episcopado quando, em comunhão com o Papa, propõe por unanimidade uma doutrina como revelada por Deus à Igreja; pelo Concílio Ecuménico reunido com o Papa; pelo Papa sozinho quando, enquanto Doutor Supremo da Igreja (ex cathedra – usando da sua suprema autoridade docente) toma uma decisão doutrinal que, em nome da fé, obriga de uma maneira universal e definitiva. • Mas a Igreja não é «dona da Palavra», mas sua «serva»,ensinando apenas o transmitido.
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: A SAGRADA ESCRITURA Como poderia surgir este Livro sem a inspiração de Deus? Como explicar o monoteísmo da Bíblia face aos vizinhos politeístas? Como explicar a visão ética fundamentada na justiça, na dignidade humana, face a um mundo circundante marcado pela lei do mais forte? Só se explica com a Mão de Deus. «A Sagrada Escritura é Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do divino Espírito Santo» (DV nº9). «Desconhecer as Escrituras é desconhecer a Cristo» (S. Jerónimo) Devido à riqueza e beleza das Sagradas Escrituras, apenas serão feitas umas breves considerações. • 1 – GENERALIDADES SOBRE A SAGRADA ESCRITURA: • NOMES: Bíblia, Escrituras, Sagradas Escrituras, Sagrada Escritura…; deriva do grego Biblos (nome de um proto fenício onde se começaram a fabricar livros cosidos), que significa Livro (é o Livro por excelência; • LÍNGUAS: o AT em hebraico, aramaico e grego (o livro da Sabedoria, por exemplo); o NT foi escrito em grego; • VERSÕES: são as traduções posteriores em outras línguas; as mais célebres são a dos LXX (tradução do AT para grego), a Vulgata (versão latina de S. Jerónimo), etc. • DIVISÃO EM CAPÍTULOS E VERSÍCULOS: a divisão dos capítulos foi feita no séc. XIII e a divisão em capítulos foi feita no séc. XVI.
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: A ESCRITURA • A Bíblia não é um livro fácil: mas é apaixonante! em sequer é um livro: • é uma BIBLOTECA! • Não caiu do céu: demorou cerca de 1100 anos a ser escrita, por diversos • autores, géneros literários diferentes, etc.; • A Bíblia não conta histórias edificantes: é a História de um Povo, com os seus defeitos e virtudes e a a História do encontro de deus com o Homem; não é um livro de moral: o homem é retratado em toda a sua realidade; é um álbum de fotografias de uma família, que teve as suas «ovelhas-ronhosas», mas também «boa gente»…; não é uma reportagem em directo, muitas vezes só se compreende muito tempo após o acontecimento, o essencial é saber que por detrás dos acontecimentos está a Mão de Deus! • É um livro de recordes: traduzido em 1800 línguas e dialectos, o primeiro livro a ser impresso, a Bíblia de Gutenberg em 1465, é um record de vendas… 2 – A DIVISÃO DA ESCRITURA: mais do que um livro, é uma Biblioteca de 73 livros – 46 do AT e 27 do NT; Testamento ou Aliança são sinónimos; AT: 21 históricos, 7 didácticos e 18 proféticos; NT: 5 históricos, 21 Epístolas e 1 profético (Apocalipse). A Bíblia é o Livro da Aliança, é o Livro de Amor que narra o encontro entre duas liberdades. O centro da Aliança, da Bíblia é JESUS CRISTO: tudo aponta para Ele!
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: A ESCRITURA É Palavra de Deus em linguagem humana, Deus é o verdadeiro autor, mas também os homens o são, que escreveram com os seus conhecimentos limitados, com o seu «suor na fronte». A BÍBLIA É PALAVRA DE DEUS NA LÍNGUA DOS HOMENS É um influxo ou auxílio sobrenatural por meio do qual Deus iluminou os autores sagrados para que escrevessem o que Ele queria revelar e não se enganassem na transmissão da mensagem religiosa ou de fé que Ele queria comunicar aos homens. 3. INSPIRAÇÃO Ao longo dos tempos, esta noção não foi estável. 1º Como ditado 2º Como transmissão da Palavra de Deus 3º Como inspiração DOMENICO GUIRLANDAIO – Florença, 1449 REMBRANDT – Holanda, 1664 CARAVAGGIO, 1602 3. VERDADE DA SAGRADA ESCRITURA: Nela não há erros em relação à fé, mas pode haver (e há) erros científicos, ou de outra ordem, como erros científicos, históricos e morais: mas a Bíblia não é manual de ciência, nem de história, nem e moral! Fala com os conhecimentos da época, sendo a revelação progressiva na história…
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: A ESCRITURA • 4) O CÂNONE E A CANONICIDADE: o cânone é a lista dos livros que fazem parte das Escrituras; foi a Igreja que os definiu, inferindo da sua canonicidade, que é o reconhecimento por parte da Igreja da sua origem divina (as razões de escolha do cânone foram: origem apostólica, a ortodoxia e a catolicidade) . • O cânone dos católicos, protestantes e judeus é diferente: os judeus apenas aceitam o AT; os protestantes não aceitam os livros deuterocanónicos do AT: Tobias, Judite, Baruc, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e as partes gregas de Daniel e Ester; na Reforma, Lutero seguiu o cânone breve, dos judeus da Palestina, eliminando os outros; o facto é que o cânone mais antigo é o judaico-alexandrino, mais longo, seguido pelos católicos (já existia em 250 a.C., nos judeus de Alexandria); • Os protestantes chamam aos deuterocanónicos (entrados em segundo lugar no cânone) de apócrifos; os católicos chamam apócrifos aos livros que não entraram no cânone, que nunca foram lidos nas Igrejas, como o Evangelho de Judas, de Tomé, etc. 5) OS GÉNEROS LITERÁRIOS: a Bíblia tem múltiplos géneros literários, em prosa, poesia… Não atender ao género literário de um texto bíblico é um erro crasso: é pôr o texto a dizer o que não diz! Você lê um poema da mesma maneira que lê uma notícia de jornal?
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA: A ESCRITURA 6) INTERPRETAÇÃO E SENTIDO DA ESCRITURA: podemos ler a Bíblia num sentido mais literal (ou seja de uma forma mais científica, tendo em conta os condicionalismos históricos, geográficos, de linguagem, etc, em que foi escrito o trecho bíblico); ou num sentido mais espiritual, numa leitura de fé: o que é que Deus me quer dizer a mim, homem do séc. XXI, no meu ambiente específico? Para descobrirmos a intenção de Deus, deve-se lê-la com o «’mesmo Espírito» com que foi escrita: tendo em conta que tido tende para Cristo, deve ser lida em Igreja, cabendo a esta a interpretação última do texto. Deus encontra-Se connosco na leitura de fé: a Palavra de Deus, contida na Bíblia, que é Cristo, deve ser «comida», «Abri então a boca e Ele deu-me o manuscrito a comer. E disse-me: «Filho de homem, alimenta-te e sacia-te com este manuscrito que agora te dou.» (Ez 3, 1-2). Devemos atender particularmente aos Evangelhos, coração da Escritura. «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! »
2.3 – A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA RELAÇÃO ENTRE ESCRITURA, TRADIÇÃO E MAGISTÉRIO O Concílio Vaticano II procurou aproximar Tradição e Escritura: «A Sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura relacionam-se e comunicam-se intimamente entre si. Com efeito, emanando ambas da mesma fonte divina, elas até de certo modo se fundem e tendem ao mesmo fim. (…) Por isso ambas devem ser recebidas e veneradas com igual afecto de piedade e a mesma reverência» (nº 9 Dei Verbum). E «A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito da Palavra de Deus, confiada à Igreja» (nº 10, DV). UMA FONTE COMUM… E DUAS FORMAS DE TRANSMISSÃO DISTINTAS! A Revelação divina chegou até nós através de duas fontes, não podendo nenhuma delas subsistir sem a outra: a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura; aliás, mais do que «duas fontes», são dois aspectos de uma única fonte… A FONTE É JESUS CRISTO A Tradição, a Escritura e o Magistério da Igreja estão intimamente ligados, de modo que nenhum pode subsistir sem os outros; todas contribuem eficazmente para a salvação dos homens, sob a acção do Espírito Santo. A Tradição e a Sagrada Escritura constituem um único depósito sagrado da Palavra de Deus, no qual a Igreja peregrina, como num espelho, contempla a Deus, fonte de todas as suas riquezas; à Igreja foi confiado esse depósito, mas o ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus (a Sua Revelação), foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja.
2.4 – OUTRAS FORMAS DEENCONTRO COM DEUS O encontro com Cristo: a nossa fé, como cristãos, pauta-se não só por acreditarmos que Jesus é o Cristo, mas em fundarmos a nossa própria existência no encontro com a Sua pessoa e no Seu seguimento fiel e coerente. Cristo veio ao encontro de S. Paulo na estrada de Damasco e S. Paulo acaba a dizer: «Para mim, viver é Cristo» (Fil 1, 21); «Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.» Mt 4, 4 Encontro pelos testemunhos dos santos: a vida de muitos cristãos, transformada pela graça, manifesta a presença de Deus. Na vida dos santos espelha-se a alegria de pertencer a Deus, de sermos Seus filhos. Como dizia um céptico, ao ver o Santo Cura d’Ars: «Eu vi Deus num homem!» Sinais na vida de cada um. Santo Agostinho, depois de convertido, recorda a vida passada e reconhece o rasto, suave, da presença de Deus. Um dia, sentiu um convite interior «toma e lê». Pegou no Novo Testamento e leu as palavras decisivas: «Não vos deixeis conduzir pela carne e pelas suas concupiscências». O Homem, pela fé, pode perceber a Sua voz em tudo o que existe! «'Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.'» (Mt 25, 40) Deus na oração, nos sacramentos.. Na oração escutamos a Deus, que nos fala; os sacramentos são um encontro entre Deus e o homem, principalmente na Eucaristia, onde Jesus está verdadeiramente presente. Deus nos outros, no que sofre, nos pobres e marginalizados: cada pessoa, principalmente os mais «pequeninos» é um rosto de Cristo! ««Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.» (Mt 18, 20)
2.5 – O ENCONTRO DEFINITIVOCOM DEUS: O FACE-A-FACE A revelação por excelência pertence à escatologia; será então que se realizará em plenitude «a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo» (1Cor 1, 7) e de Sua glória (1Pdr 1, 7); então também se manifestará a glória de todos os configurados com Cristo (1Pdr 1, 5). Nesse encontro, veremos a Deus tal como Ele é, quando à luz do mistério de Deus, compreendamos toda a nossa existência, todos os nossos sofrimentos, todos os nossos trabalhos, conquistas e lutas, e o sentido da própria história humana (cf. 1 Cor 13, 12). Para descrever esta realização plena do Reino de deus, Cristo usa imagens tradicionais: reino, terra prometida, paraíso, núpcias, banquete, tesouro, pérola, glória, etc. «Eu vos digo: Não beberei mais deste produto da videira, até ao dia em que beber o vinho novo convosco no Reino de meu Pai.» (Mt 26, 29) A restauração de todas as coisas chegará à sua plenitude quando Cristo seja tudo em todos, para que Deus seja tudo em todos (cf. 1 Cor 15, 24-28); então será o fim, os bem-aventurados terão o seu encontro definitivo com Deus, Princípio e Fim, na Cidade Santa (Apoc 21, 2-3). «Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo. E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: «Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor. Porque as primeiras coisas passaram.» (Apoc 21, 1-4)
UMA CARTA DE AMOR… Como dois namorados que se amam e que escrevem cartas (hoje mais por telemóveis, pela internet), e que se encontram, também na História da Salvação, Deus Se revelou como Alguém que nos ama e quer levar à Sua comunhão; numa dialéctica entre o Homem e Deus, desde o «Onde estás» de Deus na Criação, passando pelo «Fala, Senhor, que o teu servo escuta…», e por Cristo, «Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai» (Jo 15, 15), até ao Apocalipse, é uma caminhada no amor, carta de amor, porque «Deus é Amor». «Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo.»'Apoc 3, 20