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Luís Vaz de Camões 1525 – 1580?. “Ó mar salgado, quanto de teu sal São lágrimas de Portugal!(...)” (Fernando Pessoa). BIOGRAFIA ESCASSA E CONTRADITÓRIA. Nascimento = Lisboa - Portugal. Estudos Regulares = Coimbra - Portugal [grande conhecimento erudito]
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Luís Vaz de Camões1525 – 1580? “Ó mar salgado, quanto de teu sal São lágrimas de Portugal!(...)” (Fernando Pessoa)
BIOGRAFIA ESCASSA E CONTRADITÓRIA • Nascimento = Lisboa - Portugal. • Estudos Regulares = Coimbra - Portugal [grande conhecimento erudito] • Origem familiar = Família fidalga que teria empobrecido. • Pai = Simão Vaz de Camões - Mãe = Ana de Sá Macedo.
ACONTECIMENTOS MARCANTES DE SUA VIDA: • Participação em batalhas e viagens pelas terras portuguesas na África e na Ásia. • Em 1549, em uma batalha [Ceuta - norte da África] , incorporado ao exército português, perde o olho direito. • Depois das batalhas segue sua vida conflituada na corte, que transitava entre os corredores da nobreza e a boêmia de Lisboa.
ACONTECIMENTOS MARCANTES DE SUA VIDA: • Em 1552 envolve-se em uma briga com Gonçalo Borges, encarregado das cavalariças do rei, e o fere no pescoço, com a espada, sendo preso por isso. • Fica na prisão por um ano e só sai porque Gonçalo o perdoa.
ACONTECIMENTOS MARCANTES DE SUA VIDA: • Em 1553 embarca para o oriente, onde fica por aproximadamente 15 anos, passando por diversos países, nos quais recolhe dados para a produção de sua obra prima: • OS LUSÍADAS.
ACONTECIMENTOS MARCANTES DE SUA VIDA: • No Oriente vive sem muitos cuidados, sendo preso por dívidas não pagas e vivendo de esmolas e ajudas de amigos, como o cronista Diogo do Couto e o historiador Pêro de Magalhães Gandavo.
ACONTECIMENTOS MARCANTES DE SUA VIDA: • Numa viagem pelas costas da China, para combater os ataques piratas contra as terras portuguesas, o navio em que Camões estava naufraga, perto da foz do rio Mekong. Neste naufrágio morre Dinamene, uma ex-escrava chinesa que teria sido talvez o único amor real do poeta.
ACONTECIMENTOS MARCANTES DE SUA VIDA: • Dinamene, entretanto, não era o verdadeiro nome da moça e sim o de uma Ninfa oceânica e Camões passa a referir-se à amada usando este nome depois que ela morre afogada no mar (Dinamene = divindade do mar)
ACONTECIMENTOS MARCANTES DE SUA VIDA: • Com a ajuda de Diogo do Couto, Camões retorna a Portugal em 1569, trazendo os originais de “Os Lusíadas” - que ele, segundo diz a mitologia que cerca sua vida, ao salvar-se do naufrágio, teria levado nas mãos, a salvo das águas, enquanto nadava em busca de terra firme - e lamentando não ter em suas mãos os originais de “Parnaso”, obra lírica que lhe teria sido roubada.
ACONTECIMENTOS MARCANTES DE SUA VIDA: • Após a publicação de sua obra épica, em 1572, Camões passa a receber uma ajuda anual de 155 mil réis dada pelo Estado. Apesar deste dinheiro, morre na miséria em 10 de junho de 1580, sendo enterrado graças à caridade da Companhia dos Cortesãos.
“Cantando espalharei por toda a parte,Se a tanto me ajudar o engenho e arte.” Os Lusíadas
Os Lusíadas = lusos = portugueses • MODELOS CLÁSSICOS:“A ilíada” e “A odisséia” de Homero - “Eneida” de Virgílio • GÊNERO LITERÁRIO: ÉPICO
Do HERÓI • Em vez da figura do herói com forças sobrehumanas, a figura de VASCO DA GAMA (herói de “Os Lusíadas”) é diluída para dar espaço aos Portugueses em geral, vistos como “herói coletivo”.
DIFERENÇAS DO GÊNERO ÉPICO CLÁSSICO: • Na tradição épica, ocorre o “maravilhoso pagão”, isto é, a interferência de deuses da mitologia nas ações humanas. Em “Os Lusíadas”, também há a presença de deuses da mitologia clássica, porém o paganismo convive com idéias do cristianismo (“o maravilhoso cristão”), já que essa era a opção religiosa do autor e dos portugueses em geral que também sofriam a pressão da Inquisição, que controlava as publicações.
ESTRUTURA POÉTICA: • VERSOS: Seguindo a medida nova, implantada no Classicismo, Camões compõe sua obra máxima em decassílabos (versos de 10 sílabas poéticas).
ESTRUTURA POÉTICA: • ESTROFES: A estrofe adotada para a composição de “Os Lusíadas” é chamada de OITAVA RIMA (CAMONIANA), sendo composta de OITO versos DECASSÍLABOS, com RIMA (ABABABCC), onde os 6 primeiros versos formam rimas cruzadas ou alternadas e os 2 últimos formam rimas emparelhadas ou paralelas. Os versos também são chamados de HERÓICOS, porque têm como sílabas mais forte a 6ª e a 10ª sílaba. São versos próprios para os cantos épicos, heróicos. Às vezes aparecem decassílabos SÁFICOS, com sílabas mais fortes na 4ª, 8ª e 10ª sílaba.
CANTOS: • A obra está dividida em 10 cantos, que podem ser comparados aos capítulos de um romance contemporâneo. Na totalidade da obra, temos 1102 estrofes de oito versos, o que dá um total de 8816 versos decassílabos perfeitos.
ESTRUTURA NARRATIVA: • Inspirado no modelo épico clássico, Camões estrutura sua obra principal da mesma maneira que os antigos, dividindo-a em 5 partes:
ESTRUTURA NARRATIVA: • PROPOSIÇÃO: três primeiras estrofes do canto I, em que é apresentado o poema (assunto). • INVOCAÇÃO: estrofes 4 e 5 do canto I, em que o poeta pede auxílio às ninfas(musas) do Tejo (Tágides) para compor sua obra
ESTRUTURA NARRATIVA: • DEDICATÓRIA: da estrofe 6 até a 18 do canto I, em que o poeta dedica sua obra a D. Sebastião, rei de Portugal. • NARRAÇÃO: da estrofe 19 do canto I até a estrofe 144 do canto X (10), em que é narrada a aventura em si (a história da viagem de Vasco da Gama à Índia).
ESTRUTURA NARRATIVA: • EPÍLOGO: as estrofes finais do canto X (10) [145 a 156], em que se termina o poema, com uma mostra bastante dolorosa da desilusão do autor com uma pátria que não merece mais ser cantada e elevada.
ESTRUTURA NARRATIVA: • As três primeiras partes (PROPOSIÇÃO - INVOCAÇÃO - DEDICATÓRIA) formam uma espécie de Introdução ao poema; e a parte final (EPÍLOGO) serve como um fechamento da obra, no qual o poeta retoma seu diálogo com Dom Sebastião, o alerta sobre os perigos que corre Portugal e mostra ao rei sua responsabilidade como condutor desta nação gigantesca e gloriosa.
O NARRADOR: • Na segunda estrofe da obra, apresenta-se um narrador em primeira pessoa, o “EU” que vai conduzir a narrativa . Este narrador pode ser entendido como sendo o próprio CAMÕES, uma vez que se trata de um narrador que, entre outras coisas, interpreta os acontecimentos, emite julgamentos e adverte seus contemporâneos.
O NARRADOR: • Ao lado do “EU” (poemático), em primeira pessoa, temos o narrador onisciente (observador), em terceira pessoa, que sabe tudo a respeito de todos e descreve fatos, idéias, sentimentos, que ocorrem na terra e no mar, no céu e no inferno, no passado e no presente.
O NARRADOR: • Esta focalização atua na parte maior do poema épico, que chamamos de NARRAÇÃO. Em OS LUSÍADAS, começa a partir da estrofe 19 do Canto I. Também é preciso estar atento ao fato de que há partes na obra que são narradas por um dos personagens, como Vasco da Gama (Cantos 3, 4 e 5), Paulo da Gama (no Canto 8), etc.
TEMPO E ESPAÇO NARRATIVO: • A viagem de Vasco da Gama para o Oriente tem início no ano de 1497 e termina, com a chegada em Calecut, na Índia, em 1498. Este é o tempo histórico que vai ser relatado na obra. Porém, dentro destes dois anos em que se dá a viagem de Vasco da Gama, temos por meio das memórias e lembranças que são apresentadas pelos personagens, vários séculos da história portuguesa.
ESPAÇO: • Temos o mar como cenário básico: os oceanos Atlântico e Índico que vão sendo conquistados pelos navegadores portugueses. E ao longo desta viagem rumo ao Oriente, vão sendo apresentadas várias regiões por onde passam os navios e onde se passam histórias anteriores que são relembradas.
A NARRAÇÃO • Resumidamente, podemos dizer que a Narração é contada na seguinte seqüência: • Cantos I e II - viagem de Moçambique a Melinde. • Cantos III e IV - a História de Portugal, anterior às navegações. • Canto V - viagem de Belém (Portugal) a Melinde. • Canto VI - viagem de Melinde a Calecut (Índia). • Cantos VII e VIII - a estadia na Índia. • Cantos IX e X - regresso e parada na Ilha dos Amores.
O ENREDO DE “ OS LUSÍADAS ” Resumo dos Cantos
Primeiros versos do Canto I As armas e os barões assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;
Primeiros versos do Canto I E também as memórias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando; E aqueles, que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando; Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
CANTO I • Neste canto aparecem as três partes que compõe o que seria a Introdução da obra (PROPOSIÇÃO - INVOCAÇÃO e DEDICATÓRIA); • Na Proposição (três primeiras estrofes do Canto) o poeta delimita o assunto que vai ser cantado (narrado) – os temas apresentados são três:
CANTO I • A) “as armas e os barões assinalados...” (os homens que enfrentaram os mares desconhecidos, venceram todos os perigos e criaram um novo reino em terras distantes) • B) “as memórias daqueles Reis...” (os monarcas portugueses que possibilitaram as navegações e, assim, ampliaram os domínios de seu reino e cumpriram a missão de cristianizar povos infiéis);
CANTO I • C) “aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando...” (os heróis que nasceram nestas navegações, aqueles homens que superaram os limites, praticaram atos heróicos, e passaram a viver na memória dos portugueses como modelos a serem seguidos).
Canto I • Na Invocação (quarta e quinta estrofes do Canto) o poeta pede ajuda às ninfas (Tágides – ninfas, deusas que habitam as águas do Tejo – o principal rio de Portugal) para a composição do poema.
Canto I E vós, Tágides minhas, pois criado Tendes em mim um novo engenho ardente, Se sempre em verso humilde celebrado Foi de mim vosso rio alegremente, Dai-me agora um som alto e sublimado, Um estilo grandíloquo e corrente, Porque de vossas águas, Febo ordene Que não tenham inveja às de Hipoerene.
Canto I • Na Dedicatória (estrofes: seis até dezoito do Canto) o poeta faz uma homenagem ao Rei D. Sebastião, dedicando a ele os versos que vai cantar. Neste trecho, o poeta fala com o Rei, ainda jovem demais para assumir o trono português (herdou o trono com apenas 3 anos – mas só foi coroado com 14 anos), e lhe diz que aceite os versos, como forma de dizer ao rei que este deve conhecer a história e a força de seu país antes de governá-lo.
Canto I • O Rei D. Sebastião foi o último grande rei português, e quando este rei morre, na batalha de Alcácer-Quibir, morre com ele o sonho português de seguir sendo um grande império mundial. O culto a este passado glorioso de Portugal, presença constante na literatura deste país ao longo dos séculos, é chamado de sebastianismo, do qual serão adeptos autores como Pe. Antônio Vieira e Fernando Pessoa (em seu livro Mensagem).
Canto I • O episódio do mais importante do Canto I é o CONCÍLIO DOS DEUSES, momento em que os deuses discutem o destino da navegação, ficando Júpiter, Vênus e Marte a favor dos portugueses e Baco contra os lusitanos.
Canto I • Terminado o Concílio dos Deuses, seguem os portugueses a navegação pela costa africana. Camões não segue uma narrativa* cronologicamente ordenada: sua narrativa começa quando os portugueses já estão na costa oriental da África, entre Madagascar e Moçambique, já tendo passado o Cabo das Tormentas. • *Narrativa “in media res” = “no meio dos acontecimentos” – típico das epopéias clássicas.
Canto I • No final do Canto I temos a reflexão de Camões sobre a fragilidade do homem diante dos imprevistos (perigos) da vida : • “No mar tanta tormenta e tanto dano,/ Tantas vezes a morte apercebida!/ Na terra tanta guerra, tanto engano,/ Tanta necessidade avorrecida!/ Onde pode acolher-se um fraco humano,/ Onde terá segura a curta vida,/ Que não se arme, e se indigne o Céu sereno/ Contra um bicho da terra tão pequeno?”
Canto II • Narração da viagem entre Mombaça e Melinde, pela costa oriental do continente africano. Superando as investidas de Baco (que com suas maquinações e disfarces, insuflava os mouros contra os portugueses), salvos pela intervenção de Vênus, os portugueses chegam à Melinde, cidade em que são bem recebidos (Embora tendo sempre Vênus intercedendo pelos lusitanos, Vasco da Gama implora proteção celeste, dirigindo-se ao Deus cristão).
Canto III • A abertura do terceiro Canto é um momento importante da narrativa, pois aqui vai se dar a mudança de foco narrativo. O poeta (Camões), que nos dois primeiros Cantos nos apresenta a parte final da viagem de Vasco da Gama, agora passa a palavra para o personagem, para o próprio Vasco da Gama, que vai relatar ao Rei de Melinde todo o glorioso passado de Portugal até a viagem que ele mesmo fez contornando o continente africano e chegando a Melinde.
Canto III – Episódio Inês de Castro • Um dos episódios mais marcantes da História de Portugal, cantado por diversos poetas ao longo do tempo, a trágica morte de Inês de Castro merece igualmente destaque nas páginas de Os Lusíadas.
Canto III – Episódio Inês de Castro • Resumidamente, trata-se de um caso de amor que envolve D.Pedro de Portugal e Inês de Castro, figura que entra na Corte Portuguesa pelas mãos da esposa de D.Pedro, D.Constança de Castela.
Canto III – Episódio Inês de Castro • D.Pedro acaba por apaixonar-se por Inês de Castro e com ela tem três filhos. Após a morte da esposa, com medo de que Inês se tornasse Rainha de Portugal quando D.Pedro assumisse o trono de seu pai, D.Afonso IV, alguns nobre da Corte Portuguesa convencem o Rei a matá-la, o que este, depois de alguma hesitação, manda fazer no ano de 1355.