1 / 23

ArtCulturalBrasil - Todos os direitos reservados

Art Cultural Brasil. MESTRES DA POESIA. ArtCulturalBrasil - Todos os direitos reservados. Clique para continuar. 2ª edição por FMM. Vinícius de Moraes Vicente de Carvalho

tracy
Download Presentation

ArtCulturalBrasil - Todos os direitos reservados

An Image/Link below is provided (as is) to download presentation Download Policy: Content on the Website is provided to you AS IS for your information and personal use and may not be sold / licensed / shared on other websites without getting consent from its author. Content is provided to you AS IS for your information and personal use only. Download presentation by click this link. While downloading, if for some reason you are not able to download a presentation, the publisher may have deleted the file from their server. During download, if you can't get a presentation, the file might be deleted by the publisher.

E N D

Presentation Transcript


  1. ArtCulturalBrasil MESTRES DA POESIA ArtCulturalBrasil - Todos os direitos reservados Clique para continuar 2ª edição por FMM

  2. Vinícius de Moraes Vicente de Carvalho Fernando Pessoa Olavo Bilac Carlos Drummond de Andrade Raul de Leoni Fagundes Varela Augusto dos Anjos Álvares de Azevedo José Antonio Jacob Francisco Otaviano Mário Quintana Manuel Bandeira Guilherme de Almeida Mário de Andrade Castro Alves MESTRES DA POESIA CLIQUE NO POETA Ou clique na página para seguir seqüência “...Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida. À sombra de uma cruz, e escrevam nela: -Foi poeta – sonhou – e amou na vida.” Álvares de Azevedo Proibida a divulgação para fins comerciais Direitos de formatação ArtCulturalBrasil Reg: min.biblio.orgbr Alceu Wamosy Florbela Espanca SAIR Tânia Montandon Motta

  3. SONETO DE FIDELIDADE De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento E assim quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa lhe dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure SONETO DE DESPEDIDA Uma lua no céu apareceuCheia e branca; foi quando, emocionadaA mulher a meu lado estremeceuE se entregou sem que eu dissesse nada. Larguei-as pela jovem madrugadaAmbas cheias e brancas e sem véuPerdida uma, a outra abandonadaUma nua na terra, outra no céu. Mas não partira delas; a mais loucaApaixonou-me o pensamento; dei-oFeliz – eu de amor pouco e vida pouca Mas que tinha deixado em meu enleioUm sorriso de carne em sua bocaUma gota de leite no seu seio. VOLTAR AOS POETAS

  4. Só a leve esperança, em toda a vida, Disfarça a pena de viver, mais nada; Nem é mais a existência, resumida, Que uma grande esperança malograda O eterno sonho da alma desterrada, Sonho que a traz ansiosa e embevecida, É uma hora feliz, sempre adiada E que não chega nunca em toda a vida. Essa felicidade que supomos, Árvore milagrosa que sonhamos Toda arreada de dourados pomos, Existe, sim mas nós não a alcançamos Porque está sempre apenas onde a pomos E nunca a pomos onde nós estamos. Vicente de Carvalho VELHO TEMA VOLTAR AOS POETAS

  5. Fernando Pessoa SÚBITA MÃO DE ALGUM FANTASMA OCULTO Súbita mão de algum fantasma oculto Entre as dobras da noite e do meu sono Sacode-me e eu acordo, e no abandono Da noite não enxergo gesto ou vulto. Mas um terror antigo, que insepulto Trago no coração, como de um trono Desce e se afirma meu senhor e dono Sem ordem, sem meneio e sem insulto. E eu sinto a minha vida de repente Presa por uma corda de Inconsciente A qualquer mão noturna que me guia. Sinto que sou ninguém salvo uma sombra De um vulto que não vejo e que me assombra, E em nada existo como a treva fria. Clique na página para ler mais Fernando Pessoa

  6. Fernando Pessoa PASSOS DA CRUZ XI Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela E oculta mão colora alguém em mim. Pus a alma no nexo de perdê-la E o meu princípio floresceu sem Fim. Que importa o tédio que dentro em mim gela, E o leve Outono, e as galas, e o marfim, E a congruência da alma que se vela Como os sonhados pálios de cetim? Disperso... E a hora como um leque fecha-se... Minha alma é um arco tendo ao fundo o mar... O tédio? A mágoa? A vida? O sonho? Deixa-se... E, abrindo as asas sobre Renovar, A erma sombra do vôo começado Pestaneja no campo abandonado... VOLTAR AOS POETAS

  7. Olavo Bilac VELHAS ÁRVORES MALDIÇÃO Se por vinte anos, nesta furna escura, Deixei dormir a minha maldição, Hoje, velha e cansada da amargura, Minha alma se abrirá como um vulcão. E, em torrentes de cólera e loucura, Sobre a tua cabeça ferverão Vinte anos de silêncio e de tortura, Vinte anos de agonia e solidão... Maldita sejas pelo ideal perdido! Pelo mal que fizeste sem querer! Pelo amor que morreu sem ter nascido! Pelas horas vividas sem prazer! Pela tristeza do que eu tenho sido! Pelo esplendor do que eu deixei de ser!... Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas: Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas Vivem, livres de fomes e fadigas; E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo! Envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem; Na glória da alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem! VOLTAR AOS POETAS

  8. Carlos Drummond de Andrade OFICINA IRRITADA Eu quero compor um soneto duro como poeta algum ousara escrever. Eu quero pintar um soneto escuro, seco, abafado, difícil de ler. Quero que meu soneto, no futuro, năo desperte em ninguém nenhum prazer. E que, no seu maligno ar imaturo, ao mesmo tempo saiba ser, năo ser. Esse meu verbo antipático e impuro há de pungir, há de fazer sofrer, tendăo de Vênus sob o pedicuro. Ninguém o lembrará: tiro no muro, căo mijando no caos, enquanto Arcturo, claro enigma, se deixa surpreender. RETORNO Meu ser em mim palpita como fora do chumbo da atmosfera constritora. Meu ser palpita em mim tal qual se fora a mesma hora de abril, tornada agora. Que face antiga já se năo descora lendo a efígie do corvo na da aurora? Que aura mansa e feliz dança e redoura meu existir, de morte imorredoura? Sou eu nos meus vinte anos de lavoura de sucos agressivos, que elabora uma alquimia severa, a cada hora. Sou eu ardendo em mim, sou eu embora năo me conheça mais na minha flora que, fauna, me devora quanto é pura. VOLTAR AOS POETAS

  9. RAUL DE LEÔNI INGRATIDÃO Nunca mais me esqueci! ... Eu era criançaE em meu velho quintal, ao sol-nascente,Plantei, com a minha mão ingênua e mansa,Uma linda amendoeira adolescente.Era a mais rútila e íntima esperança...Cresceu... cresceu... e aos poucos, suavemente,Pendeu os ramos sobre um muro em frenteE foi frutificar na vizinhança...Daí por diante, pela vida inteira,Todas as grandes árvores que em minhasTerras, num sonho esplêndido semeio,Como aquela magnífica amendoeira,E florescem nas chácaras vizinhasE vão dar frutos no pomar alheio... HISTÓRIA ANTIGA No meu grande otimismo de inocente,Eu nunca soube por que foi... um dia,Ela me olhou indiferentemente,Perguntei-lhe por que era... Não sabia...Desde então transformou-se de repenteA nossa intimidade correntiaEm saudações de simples cortesiaE a vida foi andando para a frente...Nunca mais nos falamos... vai distante...Mas, quando a vejo, há sempre um vago instanteEm que seu mudo olhar no meu repousa,E eu sinto, sem no entanto compreendê-la,Que ela tenta dizer-me qualquer cousa,Mas que é tarde demais para dizê-la... VOLTAR AOS POETAS

  10. FAGUNDES VARELA SONETO Desponta a estrela d’alva, a noite morre, Pulam no mato alígeros cantores, E a doce brisa no arraial das flores, Lânguidas queixas murmurando, corre. Volúvel tribo a solidão percorre Das borboletas de brilhantes cores; Soluça o arroio; diz a rola amores Nas verdes balsas donde o orvalho escorre. Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma Às carícias d’aurora, ao céu risonho, Ao flóreo bafo que o sertão perfuma! Porém minh’alma triste e sem um sonho Repete olhando o prado, o rio, a espuma: -Oh! Mundo encantador, tu és medonho! VISÕES DA NOITE Passai tristes fantasmas! O que é feito Das mulheres que amei, gentis e puras? Umas devoram negras amarguras, Repousam outras em marmóreo leito! Outras no encalço de fatal proveito Buscam à noite as saturnais escuras, Onde empenhando as murchas formosuras Ao demônio do ouro rendem preito! Todas sem mais amor! Sem mais paixões! Mais uma fibra trêmula e sentida! Mais um leve calor nos corações! Pálidas sombras de ilusão perdida, Minh’alma está deserta de emoções, Passai, passai, não me poupeis a vida! VOLTAR AOS POETAS

  11. AUGUSTO DOS ANJOS VERSOS ÍNTIMOS VANDALISMO Meu coração tem catedrais imensas, Templos de priscas e longínquas datas, Onde um nume de amor, em serenatas, Canta a aleluia virginal das crenças. Na ogiva fúlgida e nas colunatas Vertem lustrais irradiações intensas Cintilações de lâmpadas suspensas E as ametistas e os florões e as pratas. Com os velhos Templários medievais Entrei um dia nessas catedrais E nesses templos claros e risonhos... E erguendo os gládios e brandindo as hastas, No desespero dos iconoclastas Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos! Vês ! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera ! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro A mão que afaga é a mesma que apedreja Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga Escarra nessa boca que te beija VOLTAR AOS POETAS

  12. PARA VOCÊ Pálida, à luz da lâmpada sombria,Sobre um leito de flores reclinada,Como a lua por noite embalsamada,Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar, na escuma fria,Pela maré das águas embalada...Era um anjo entre nuvens de alvorada,Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! O seio palpitando...Negros olhos as pálpebras abrindo....Formas nuas no leito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo!Por ti as noites eu velei chorando,Por ti nos sonhos morrerei sorrindo! Álvares de Azevedo “...Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida. À sombra de uma cruz, e escrevam nela: -Foi poeta – sonhou – e amou na vida.” VOLTAR AOS POETAS

  13. José Antonio Jacob O BEIJO DE JESUS ROSEIRAS DOLOROSAS Eu era criança, mas já percebia, O pouco pão que havia em nossa mesa E a aparência acanhada da pobreza Que tinha a nossa casa tão vazia. De noite, antes do sono, uma certeza: A minha mãe rezava a Ave-Maria! E ao terminar a prece eu sempre via No seu olhar uma esperança acesa. Após a reza desligava a luz, Beijava o crucifixo, e a fé era tanta Que adormecia perto de Jesus. Depois que ela dormia (isso que encanta) Nosso Senhor descia ali da cruz Para beijar a sua face santa. Estou sozinho em meu jardim sem cores, E ainda que eu tenha mágoas, bem guardadas, Cuido dessas roseiras desmaiadas Que em meu canteiro nunca abriram flores. Tais quais receosas almas delicadas Elas se encolhem, sobre seus temores, E abortam seus rebentos nas ramadas Enquanto vão morrendo em suas dores... Quantas almas que por serem assim, Como essas tristes plantas no jardim, Calam-se a olhar o nada... tão descrentes... Feito as minhas roseiras dolorosas Que só olham para a vida, indiferentes, E não me dão espinhos e nem rosas. VOLTAR AOS POETAS

  14. Alceu Wamosy DUAS ALMAS Ó tu, que vens de longe, ó tu, que vens cansada, Entra, e, sob este teto encontrarás carinho: Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho, Vives sozinha sempre, e nunca foste amada... A neve anda a branquear, lividamente, a estrada, E a minha alcova tem a tepidez de um ninho. Entra, ao menos até que as curvas do caminho Se banhem no esplendor nascente da alvorada. E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa, Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua, Podes partir de novo, ó nômade formosa! Já não serei tão só, nem irás sozinha. Há de ficar comigo uma saudade tua... Hás de levar contigo uma saudade minha... VOLTAR AOS POETAS

  15. Francisco Otaviano ILUSÕES DA VIDA Quem passou pela vida em branca nuvem E em plácido repouso adormeceu; Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu: Foi espectro de homem, não foi homem, Só passou pela vida, não viveu. VOLTAR AOS POETAS

  16. Mário Quintana XVI Triste encanto das tardes borralheiras Que enchem de cinza o coração da gente! A tarde lembra um passarinho doente A pipilar os pingos das goteiras... A tarde pobre fica, horas inteiras, A espiar pelas vidraças, tristemente, O crepitar das brasas na lareira... Meu Deus... o frio que a pobrezinha sente! Por que é que esses Arcanjos neurastênicos Só usam névoa em seus efeitos cênicos? Nenhum azul para te distraíres... Ah, se eu pudesse, tardezinha pobre, Eu pintava trezentos arco-íris Nesse tristonho céu que nos encobre!... A RUA DOS CATAVENTOS VI Na minha rua há um menininho doente. Enquanto os outros partem para a escola, Junto à janela, sonhadoramente, Ele ouve o sapateiro bater sola. Ouve também o carpinteiro, em frente, Que uma canção napolitana engrola. E pouco a pouco, gradativamente, O sofrimento que ele tem se evola... Mas nesta rua há um operário triste: Não canta nada na manhã sonora E o menino nem sonha que ele existe. Ele trabalha silenciosamente E está compondo este soneto agora, Pra alminha boa do menino doente... VOLTAR AOS POETAS

  17. Manuel Bandeira MADRIGAL MELANCÓLICA O que eu adoro em tiNão é tua belezaA beleza é em nós que existeA beleza é um conceitoE a beleza é tristeNão é triste em siMas pelo que há nelaDe fragilidade e incerteza POEMA DE FINADOS Amanhã que é dia dos mortosVai ao cemitério. VaiE procura entre as sepulturasA sepultura de meu pai.Leva três rosas bem bonitas.Ajoelha e reza uma oração.Não pelo pai, mas pelo filho:O filho tem mais precisão.O que resta de mim na vidaÉ a amargura do que sofri.Pois nada quero, nada espero.E em verdade estou morto ali. O que eu adoro em tiNão é a tua inteligênciaMas é o espírito sutil Tão ágil e tão luminosoAve solta no céu matinal da montanhaNem é tua ciênciaDo coração dos homens e das coisasO que eu adoro em tiNão é a tua graça musicalSucessiva e renovada a cada momentoGraça aérea como teu próprio momentoGraça que perturba e que satisfaz O que eu adoro em tiNão é a mãe que já perdiE nem meu paiO que eu adoro em tua natureza Não é o profundo instinto matinalEm teu flanco aberto como uma feridaNem a tua pureza. Nem a tua impurezaO que adoro em ti lastima-me e consola-meO que eu adoro em ti é A VIDA !!! VOLTAR AOS POETAS

  18. Guilherme de Almeida FELICIDADE Ela veio bater à minha porta E falou-me a sorrir, subindo a escada: “Bom dia, árvore velha e desfolhada” E eu respondi: “Bom dia, folha morta” Entrou: e nunca mais me disse nada... Até que um dia (quando pouco importa!) houve canções na ramaria torta E houve bandos de noivos pela estrada... Então chamou-me e disse:“Vou-me embora! Sou a felicidade! Vive agora Da lembrança do muito que te fiz” E foi assim que em plena primavera, Só quando ela partiu contou quem era...E nunca mais eu me senti feliz! VOLTAR AOS POETAS

  19. Mário de Andrade QUARENTA ANOS A vida é para mim, está se vendo,uma felicidade sem repouso:eu nem sei mais se gozo, pois que o gozosó pode ser medido em se sofrendo.Bem sei que tudo é engano, mas, sabendodisso, persisto em me enganar... Eu ousodizer que a vida foi o bem preciosoque eu adorei. Foi meu pecado... Horrendoseria, agora que a velhice avança,que me sinto completo e além da sorte,me agarrar a esta vida fementida.Vou fazer do meu fim minha esperança,ó sono, vem!... Que eu quero amar a morteCom o mesmo engano com que amei a vida. VOLTAR AOS POETAS

  20. Castro Alves 3a SOMBRA - ESTER Vem! no teu peito cálido e brilhanteO nardo oriental melhor transpira!Enrola-te na longa cachemira,Como as judias moles do Levante,Alva a clâmide aos ventos - roçagante... Túmido o lábio, onde o saltério gira...Ó musa de Israel! pega da lira...Canta os martírios de teu povo errante!Mas năo... brisa da pátria além revoa,E ao delamber-lhe o braço de alabastro,Falou-lhe de partir... e parte... e voa. . .Qual nas algas marinhas desce um astro...Linda Ester! teu perfil se esvai... s'escoa...Só me resta um perfume... um canto... um rastro... 8a SOMBRA - ÚLTIMO FANTASMAQuem és tu, quem és tu, vulto gracioso, Que te elevas da noite na orvalhada? Tens a face nas sombras mergulhada... Sobre as névoas te libras vaporoso ...Baixas do céu num vôo harmonioso!...Quem és tu, bela e branca desposada?Da laranjeira em flor a flor nevadaCerca-te a fronte, ó ser misterioso! ...Onde nos vimos nós? És doutra esfera ?És o ser que eu busquei do sul ao norte. . . Por quem meu peito em sonhos desespera?Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte! És talvez o ideal que est'alma espera! És a glória talvez! Talvez a morte! VOLTAR AOS POETAS

  21. Florbela Espanca EU Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do sonho, e desta sorte Sou a crucificada... a dolorida... Sombra de névoa tênue e esvaecida, E que o destino amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte! Alma de luto sempre incompreendida!... Sou aquela que passa e ninguém vê... Sou a que chamam triste sem o ser... Sou a que chora sem saber por quê... Sou talvez a visão que alguém sonhou. Alguém que veio ao mundo pra me ver E que nunca na vida me encontrou! VOZ QUE SE CALA Amo as pedras, os astros e o luarQue beija as ervas do atalho escuro,Amo as águas de anil e o doce olharDos animais, divinamente puro. Amo a hera, que entende a voz do muroE dos sapos, o brando tilintarDe cristais que se afagam devagar,E da minha charneca o rosto duro. Amo todos os sonhos que se calamDe corações que sentem e não falam,Tudo o que é Infinito e pequenino! Asa que nos protege a todos nós!Soluço imenso, eterno, que é a vozDo nosso grande e mísero Destino!... VOLTAR AOS POETAS

  22. UM CACHORRINHO AMIGO, UM LIVRO E UM APITO Era ainda criança em minhas lembranças. Tinha um cachorrinho amigo, um livro e um apito. Falavam comigo de dia, de noite, qualquer hora que fosse. Quando precisava idéias bonitas Para preencher o tempo. O livro estava ali, Precioso fomento. Era ainda jovem incipiente nas artes da vida. Com um cachorrinho amigo, um livro e um apito Acompanhavam-me nas subidas e descidas, na volta e na ida. Quando precisava barulho e farra Para chamar a atenção. Era o apito que ajudava Com forte expressão. Era ainda ignorante nas dores do coração. Com um cachorrinho amigo, um livro e um apito, Consolavam-me na frustação. Quando esfolava o joelho Ou recebia um "não". Era o cachorrinho matreiro Que lambia meu coração. Era ainda inábil para o que o mundo exigia. Mas com um cachorrinho amigo, um livro e um apito, Sentia-me rica, repleta de alegria. SONHANDO COM A REALIADADE Que sentido teria a vida Se não pudéssemos alimentar Em nossa imaginação Aqueles sonhos mais bonitos? Cuja satisfação Transcede a intensidade Até da própria realidade? E o que é a realidade, Senão um grande sonho Embriagado de convictas ilusões? BRASIL Sol, sompra, água de coco. País exótico, tropical. Rica flora, fauna, atemporal. Povo maneiro, jeitinho brasileiro, Encontro com onada, sorridente Manejo de possibilidades, sorrateiro. Alegria de um olhar esperançoso, Cortando o luar todo charmoso, Paz de uma gente de bom gosto. Clique na página para ler mais Tânia

  23. CADÊ O MANUAL ? Mamãe, papai, irmãozinho, Como é bom estarem comigo. Ensinaram-me tanto com carinho Até a arte de se fazer amigo. Na travessia da Escola da Vida, Há muitas pedras, buracos, desvios. Em quedas ou perdas, procura-se a saída Nos algozes caminhos sombrios. Nem a mais altiva ciência Orienta melhor que o instinto doméstico. Talvez falte consciência, mas há paciência, Para se enlear na construção de um bom arquétipo. BH Cidade bonita, minha Belo Horizonte Mais bonita que ela não há Pois é mesmo lá o meu lar. Até as favelas, que rondam seu centro E dividem com todos os alimentos, Enfeitam a arte rústica da paisagem. Acolhedora capital das Minas Gerais, Esbanjando o mais belo horizonte. Clima tropical para as necessidades vitais, Jeitinho mineiro para os problemas aos montes Corre-corre dos cidadãos trabalhadores Merecem honrados a cervejinha no fim da tarde, refrescando a alma e curtindo seus amores. ATRAVESSAMENTO FORTUITO - FORTUNADO Às vezes acontece-me de o mar da vida Estar por demasiado salgado, Quando então surge um doce rio Que o atravessa. Doce rei, doce brio que o enaltece, Doce descanso que a alma tece. Remanso de sossego pelo qual sorrio, Brecha de paz num mar bravio. Recanto de arrego perfurmado, Acalma e relaxa a tensão. Sustido por um rei iluminado De sobriedade e coração. O NORMAL E O NATURAL Aquele que preenche As expectativas do ambiente, Nem débil, nem criativo, Nem letárgico, nem ativo, Nem do Bem, nem do Mal, Esse é o Normal. Muito além da rotulação Do determinável, da previsão Transcedente da razão, Encaixa-se no padrão Somente se houver compreensão. Eis o Natural... ... agente da inovação. GRATITUDE Cores de ternura, Cores de alegria, Cores de aventura, Sabores de fantasia. Carinho em tinta rara Oferecido com desprendimento, Pela mamãe mais cara No intuito de incentivar o desenvolvimento. Arte de amar e criar, Arte de inovar e surpreender, Com palavras do coração E emoções a desprender. VALENDO O ABSTRATO Já diziam os poetas: “Vida! Terra de sonhos, terra de músicas!”. Mais vale velejar pelo mar sonhando Cantarolando esperanças do reinado. Mais vale ir lembrando os beijos adocicados, Esperando os sorrisos sorteados, Mais vale flutuar por sobre o mundo Pisando leve, ignorando o fundo... ... saudosamente ... esperançosamente. VOLTAR AOS POETAS

More Related