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GRUPOS OPERATIVOS. ENRIQUE PICHON-RIVIÈRE (1907 - 1977).
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GRUPOS OPERATIVOS ENRIQUE PICHON-RIVIÈRE (1907 - 1977)
Pichon-Rivière, psiquiatra e psicanalista argentino - suíço de nascimento - começa a elaborar as suas teorias sobre grupos terapêuticos a partir da década de 1940. Ele a intitulou de "Grupos Operativos", onde articula as teorias de Moreno, Kurt Lewin e as teorias psicanalíticas de Freud, Melanie Klein e Bion, além de outras áreas do conhecimento, tais como a Sociologia e Antropologia.
Pichon-Rivière define da seguinte forma um grupo: "conjunto de pessoas, ligadas no tempo e no espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõem explícita ou implicitamente a uma tarefa, interatuando para isto em uma rede de papéis, com o estabelecimento de vínculos entre si." (AFONSO, 2000, p. 19).
Seu método pode ser chamado de "grupos centrados na tarefa" . Diz Pichon-Rivière, em uma aula em 1970, citada por Osório (2003, p. 28): “Os grupos operativos se definem como grupos centrados na tarefa [...]”.
Os fundamentos da tarefa grupal é superar e resolver situações fixas e estereotipadas, possibilitando sua transformação em situações flexíveis, que permitam questionamentos, favorecendo o debate, o diálogo, numa lógica dialética. O grupo, através da realização de uma tarefa, irá transpor do ponto "dilemático" para o ponto "dialético".
São os dois medos básicos com que trabalhamos permanentemente nos Grupos Operativos: o medo à perda e o medo ao ataque. O medo à perda determina o que Melanie Klein denominou "ansiedades depressivas", e o medo ao ataque, as "ansiedades paranóides".
TAREFA - PRÉ-TAREFA - PROJETO Uma pré-tarefa pode ser definida naquelas atividades onde a presença dos medos básicos (angústia de perda e ataque) constituem defesas ou resistência à mudanças. Um situação que paralisa o prosseguimento do grupo. Seria o contrário de uma postura do grupos em efetuar a tarefa: a pré-tarefa seria uma impostura.
Uma tarefa consiste na elaboração das ansiedades. Na passagem da pré-tarefa para a tarefa há um salto por somação quantitativa, através do qual se estabelece uma relação com o outro. O projeto ou o produto, seriam aquelas estratégias e táticas que o grupo utilizou para produzir a mudança.
PAPEL E LIDERANÇA • Porta-voz: é aquele que sendo depositário da ansiedade grupal, aparece no grupo, expressando-se de diversas maneiras; • Bode expiatório: o bode expiatório é o depositário de todas as dificuldades do grupo e culpado de cada um de seus fracassos. • Sabotador e o bobo: estes papéis são depositários de forças que se opõem à tarefa no interior de um grupo,; • Líder: eles podem ser autocrático, democrático, laizzez-faire e demagógico.
TEORIA DO VÍNCULO • Aprofunda a teoria psicanalítica das relações objetais, dando ênfase "a volta do objeto sobre o sujeito". Todo vínculo é bi-corporal e tripessoal. Entre dois corpos há um terceiro que interfere o tempo todo: o ideal do ego ou o superego. Na comunicação entre duas pessoas o terceiro entre como sendo um ruído, prejudicando a comunicação interpessoal.
ECRO GRUPAL • Esquema Conceitual , Referencial e Operativo. Ele é indicativo que a aprendizagem num grupo se estrutura como um processo contínuo e com oscilações. A tarefa que adquire prioridade em um grupo é a elaboração de um 'esquema referencial comum" como condição para o "estabelecimento da comunicação".
CONE INVERTIDO É um esquema de vetores que verifica a operatividade no grupo. Este vetores são: • PERTENCIMENTO • COMUNICAÇÃO • COOPERAÇÃO • APRENDIZAGEM • TELE • PERTINÊNCIA
UTILIZANDO OS SEIS VETORES • PERTENCIMENTO: como cada membro se implicou na atividade? • COMUNICAÇÃO: houve uma comunicação aberta durante o desenvolvimento da atividade? • COOPERAÇÃO: houve manifestação de ajuda e troca entre os indivíduos? • APRENDIZAGEM: os indivíduos avançaram na compreensão do tema abordado? • TELE: houve umadisposição positiva dos membros do grupo entre si? • PERTINÊNCIA: houve sensibilização, reflexão e elaboração?
INTERPRETAÇÃO • Consiste em procurar fazer explícito o implícito. Modelo psicanalítico de tornar consciente o inconsciente. Não se analise o vínculo com o terapeuta e sim com a tarefa, na qual o Coordenador, como cada membro, estão igualmente comprometidos. A finalidade geral da interpretação é o esclarecimento em termos das ansiedades básicas: medos primários que paralisam os membros do grupo.
COORDENADOR • A intervenção do Coordenador de Grupos Operativos se limita a sinalizar as dificuldades que impedem ao grupo de enfrentar a tarefa. O ECRO do Coordenador se sustenta em quatro bases: estratégia, tática, técnica e logística. Ao oferecer estes esquemas para o grupo se questionarem, o grupo tentará decifrar as suas dificuldades. O Coordenador não deve responder às questões , mas para ajudar o grupo a respondê-las. Ajuda os membros a parar, verificar, refletir e concluir sobre o que paralisa as atividades (angústias básicas).
OBSERVADOR O Observador não é participante do grupo. Auxilia com as suas anotações o Coordenador. Alguns pontos que devem ser observados em um Grupo Operativo: medo dominante; extensão da pré-tarefa; comunicação pré-verbal e verbal; aprendizagem; clima grupal (tele); subgrupos (existência do bode expiatório); projeto grupal; temas tratados e omitidos; líderes e papéis; observações gerais e encerramento do grupo.
REFERÊNCIAS AFONSO, Lúcia (Org.). Oficinas em dinâmica de grupo na área da saúde. Belo Horizonte: Campo Social, 2003. BAREMBLITT, Gregório (Org.). Grupos: teoria e técnica. Rio de Janeiro: Graal, 2. ed., 1986. OSÓRIO, Luiz Carlos. Psicologia grupal: uma nova disciplina para o advento de uma nova era. Porto Alegre: Artmed, 2003. PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1982. SAIDON, Osvaldo. Práticas grupais. Rio de Janeiro: Campus, 1983. Disponível em: <http://www.continents.com/IMERGO.htm>. Acesso em: 15 jun. 2003.