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Coesão e coerência. Entendendo coerência. A COERÊNCIA resulta da não-contradição entre os diversos segmentos textuais que devem estar encadeados LOGICAMENTE.
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Entendendo coerência • A COERÊNCIA resulta da não-contradição entre os diversos segmentos textuais que devem estar encadeados LOGICAMENTE. • Cada segmento textual é o pressuposto do segmento seguinte, que, por sua vez, será pressuposto dos que lhe estenderem, formando uma cadeia concatenada harmonicamente. Fato 2 Fato 3 Fato 1 Pressuposto Pressuposto Pressuposto
A COERÊNCIA TEXTUAL é uma exigência do discurso com sentido e consiste na interligação conveniente e lógica de idéias num texto. Depende essencialmente de dois elementos: a) a ligação ideológica e b) a ligação sintática. • A ligação ideológica é revelada a partir do encadeamento das idéias. • A ligação sintática é garantida pelo emprego adequado dos conectores lógicos do discurso.
Então, deve haver, no interior do texto, elementos lingüísticos capazes de • 1-concatenar as sucessivas idéias que formam um todo significativo no discurso, • 2-como também estabelecer um elo entre o texto e o momento da escritura, ou seja, o momento em que foi produzido pelo enunciador. Esses elementos lingüísticos são a própria malha coesiva, instrumentos concretos da coerência, capazes de unir palavras, frases, orações, períodos e até parágrafos.
As categorias gramaticais de que dispomos para a coerência textual são as seguintes: • a)pronomes, • b) conjunções e locuções conjuncionais, • c) advérbios e locuções adverbiais, • d) alguns verbos e locuções verbais.
Conclusão • A coerência, responsável pela continuidade dos sentidos no texto. • Apresenta-se como resultado de uma complexa rede de fatores de ordem lingüística.
Articuladores do discurso • Além daadequação, seqüencialização, pertinência, coesão e correção, um texto deve apresentar conexão, melhor dizendo:as idéias dever ser articuladas logicamente, para que não haja contradições, nem redundâncias inúteis, nem saltos bruscos de sentido. Os articuladores de discurso assumem um papel extremamente importante no discurso. • No trato das orações subordinadas, por exemplo, tem-se de considerar as seguintes relações lógicas e seus conectores frásicos :
RELAÇÕES LÓGICAS►►►CONECTORES FRÁSICOS Para expressar CAUSA►Conjunções e locuções subordinativas causais: como, dado que, já que, porque, visto que, pois que, porquanto. Para expressar COMPARAÇÃO►Conjunções e locuções subordinativas comparativas: assim como ... assim também, com, conforme, mais /menos... do que, tão/ tanto...como, segundo. Para expressar CONCESSÃO►Conjunções e locução subordinativas concessivas: ainda que, conquanto, embora, mesmo que, por mais que, posto que.
Para expressar CONDIÇÃO►Conjunções e locuções subordinativas condicionais: afora, a não ser que, caso, contanto que, desde que, exceto se, salvo se, se. Para expressar CONSEQÜÊNCIA►Conjunções e locuções subordinativas consecutivas: de tal forma que, de tal maneira que, de tal modo que, tão/ tanto ... que.Para expressar FIM/ Para expressar FINALIDADE►Conjunções e locuções subordinativas finais: a fim de , afim de que, para que.Para expressar Para expressar TEMPO►Locuções e conjunções temporais: antes que, até que, assim que, Quando, enquanto, logo que, depois que, desde que, primeiro que. Para COMPLETAR FRASES Conjunções subordinativas integrantes: que, se. Para EVITAR REPETIÇÕES(tanto de nomes quanto de expressões : Pronomes relativos: que, quem, qual, cujo, em que.
Vejamos como Machado de Assis em seu texto Bondes elétricos consegue perfeita concatenação das idéias, utilizando, para isso, vários elementos coesivos. “Não tendo assistido à inauguração dos bonds elétricos, deixei de falar neles (1). Nem sequer entrei em algum (2), mais tarde (3), para (4) receber as impressões da nova tração e (5) contá-las (6). Daí (7) o meu (8) silêncio da outra (9) semana. Anteontem (10),porém (11), indo pela praia da Lapa, em um bond comum encontrei um dos (12) elétricos, que descia. Era o primeiro que estes (13) meus (14) olhos viam andar.”
Há, no interior deste trecho, elementos lingüísticos que estabelecem as ligações sintáticas e semânticas entre alguns elementos, conferindo ao discurso uma boa seqüência das idéias, sem que o enunciador precisasse repetir várias vezes algumas palavras, expressões ou mesmo períodos inteiros. Esses mecanismos de que a língua dispõe para realizar um texto conciso, claro e preciso, capaz de realizar uma comunicação coerente entre enunciador e interlocutor são chamados de COESÃO.
Analisemos caso a caso. • “Não tendo assistido à inauguração dos bonds elétricos, deixei de falar neles (1). Nem sequer entrei em algum (2),[...] • Observa-se que o termo bonds elétricos foi retomado pelos pronomes neles (1) e alguns (2). evitando a repetição.
“mais tarde (3), para (4) receber as impressões da nova tração e (5) contá-las (6).” • Também o pronome las (6) evitou a repetição do termo impressões.
“Daí (7) o meu (8) silêncio da outra (9) semana. “ • O advérbio daí (7) retoma a idéia de o enunciador não ter assistido à inauguração dos bonds elétricos para receber a impressão da nova tração, conferindo ainda à narrativa uma idéia de causa pela qual ficou em silêncio sobre o fato.
“Anteontem (10),porém (11), indo pela praia da Lapa, em um bond comum encontrei um dos (12) elétricos, que descia.” • A conjunção porém (11) estabelece um elo coesivo entre o penúltimo período e os anteriores, confirmando entre os enunciados uma quebra de expectativa. Esta conjunção , por ser coordenativa adversativa, foi adequadamente escolhida. • A expressão um dos elétricos (12) omite o termo bonds entre ume dos, facilmente subentendido pela coerência entre as idéias e pela seqüência do texto. Essa omissão é dita parcial, pois do sintagma “bonds elétricos” somente a palavra bonds foi omitida.
Os demais casos de coesão, não retomam elementos textuais. São unidades lexicais que apresentam como propriedade fundamental a referenciação de um objeto, lugar, tempo ou pessoa mediante a função que exercem no momento da enunciação.
O pronome meu (8), por exemplo, referencia o enunciador do texto (EU) • O pronome outra (9) ligado à palavra semana (9) toma como ponto de referência o momento em que o enunciador produz seu texto. Só se sabe distinguir esse momento, a partir do ponto AGORA, ou seja, do tempo real e presente da situação comunicativa em que o narrador se dispõe a narrar o fato. Da mesma forma, a palavra anteontem (10) : sua referência está em relação ao momento da enunciação. • Então, os termos outra semana e anteontem são referenciadores temporais da situação de produção do texto.
EU Momento da enunciação Anteontem Outra semana AGORA Se localizarmos estes referenciadores numa linha do tempo teremos:
“Era o primeiro que estes (13) meus (14) olhos viam andar.” • Os pronomes estes(13) e meus(14) têm seu valor dependente do enunciador e não das palavras que este enuncia. O demonstrativo estes refere-se aos olhos do próprio narrador, apresentado e confirmado pelo possessivo meus. É um elemento referenciador de proximidade com o emissor. Com isso, o narrador deixa entrever que ninguém o contou sobre os bonds elétricos. Ele mesmo os viu; motivo pelo qual AGORA pode estar falando sobre eles.
Então, podemos concluir que no momento em que ocorre o acontecimento enunciativo estão estabelecidas as diretrizes que situam a esfera referencial do texto em relação aos participantes (emissor e receptor) ao tempo e ao espaço atuais. É o momento da enunciação. É o ponto-dêitico do discurso, ou também plano de enunciação.
MOMENTO DA ENUNCIAÇÃO Proximidade Aqui – este EU / TU Afastamento Lá - esse TEMPO ESPAÇO Vamos demonstrar:
Há duas modalidades dêiticas: • A primeira corresponde à noção primária de dêixis, fundada na própria noção de demonstrativo. Os objetos apontados estão presentes no contexto situacional no momento da ocorrência do ato discursivo. Eles dão a noção de proximidade ou afastamento do enunciador em relação ao espaço e ao tempo.
Leia com atenção o exemplo. • Estou escrevendo esta carta para felicitá-los pelo casamento. • O pronome demonstrativo esta aponta para a proximidade da carta com o enunciador. Não há referência simbólica, ou seja, nenhuma referência textual, nenhuma palavra que tenha sido retomada pelo pronome esta. Veja que a carta é um objeto presente no ato da produção do texto, está, portanto, presente no contexto situacional.
O mesmo ocorre com os advérbios AQUI e LÁ. Observe este exemplo: Mário disse à esposa: -- Seu guarda-chuva está aqui, meu bem. -- Achei que estivesse lá na cozinha, Mário.
Observe que Mário e sua esposa são interlocutores alternados de um diálogo doméstico. Os advérbios AQUI e LÁ indicam o fato de Mário estar falando do quarto onde se encontrava o guarda-chuva e sua esposa não estar na cozinha no momento da fala. Isso porque são demonstrativos de espaço – proximidade ou afastamento em relação aos interlocutores (EU-TU). • Analisamos, pois, esses elementos como dêiticos pela sua propriedade de referenciação de um objeto mediante a função que ele exerce na enunciação
O segundo tipo de mostração, ou uso anafórico do dêitico, aponta para um campo mostrativo que é o texto, concebido enquanto espaço linear do enunciado. Aponta-se agora para um segmento de texto, resultado da ação do enunciador, que reaparece ao ser apontado por convocação da memória a curto prazo dos intelocutores.
A expressão anafórica dirige a atenção do TU (leitor) para uma determinada parte do texto e diz-lhe que vai encontrar aí o referente que o termo anafórico retoma. • Canção do exílio ( Gonçalves Dias ) Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá
Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá • A palavra aqui refere-se ao lugar onde o eu-lírico ( enunciador) produz o texto (ponto-dêitico). É, portanto, um advérbio que tem seu valor dependente da situação geral da produção do texto. Não há nenhuma outra palavra na linearidade discursiva que se retome pelo termo aqui : caso de advérbio dêitico.
Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá • A palavra lá refere-se ao lugar de afastamento do eu-lírico em relação ao ponto-dêitico. Lá é o lugar onde ele, enunciador, não está. Ao mesmo tempo, porém, esta palavra retoma o termo minha terra, lugar onde o eu-lírico exalta com ufanismo ao comparar as aves de onde está com as de sua terra. Temos então um caso de advérbio dêitico anafórico. Note que minha terra é um termo que faz referência ao enunciador, evidenciado pelo pronome possessivo minha, de base essencialmente dêitica, pois sempre vai recorrer ao enunciador (EU).
Conclusão • As palavras mais explicitamente dêiticas numa língua são os pronomes pessoais e possessivos de 1ª e 2ª pessoas. De fato, eu tem como referente “aquele que fala” – o enunciador; tu e você têm como referente “aquele com quem o enunciador fala” – o alocutário. Num diálogo o eu será alternadamente uma e outra pessoa: eu e tu ou você não têm referente fixo no discurso representativo simbólico.
Campo simbólico • Ao contrário dos dêiticos, os referenciadores textuais demonstram a sua precisão significativa no campo simbólico, isto é, os sinais lingüísticos não dêiticos assumem a sua função representativa normal, ou função simbólica, alheia ao acontecimento verbal concreto ( momento da enunciação). Assim, os elementos dêiticos apontam para o enunciador no momento da enunciação e os elementos coesivos referenciais de representação simbólica apontam para as palavras do enunciador no discurso.
OS PROCESSOS DE COESÃO PODEM SER AGRUPADOS DA SEGUINTE FORMA • Coesão gramatical • Coesão lexical
Coesão gramatical • São elementos de referência os termos que remetem a outros itens do discurso necessários à sua interpretação. A referência pode ser situacional ( exofórica ) e textual (endofórica). anafórica endofórica catafórica referência exofórica
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EXERCÍCIOS (BNDES- NCE – ADMINISTRAÇÃO – 2005) Em texto da Folha de São Paulo, um morador das margens de uma grande rodovia declarava o seguinte:” Hoje já passaram por aqui milhares de caminhões e automóveis, mas eu e minha família já estamos habituados com isso; os garotos até brincam, jogando pedra nos pneus. Há, nesse texto, um conjunto de palavras cujo significado depende da enunciação, ou seja, da situação em que o texto foi produzido. Entre as alternativas abaixo, aquela que indica um termo que NÃO está nesse caso é: (A) hoje; (B) aqui; (C) eu; (D) minha família; (E) isso.
(Finep- NCE – 2006 Analista) A vida como ela será Jerônimo Teixeira Daqui a mais ou menos 1 bilhão de anos, a Terra não será mais habitável. No limite do seu material combustível, o Sol estará se expandindo. A elevação da temperatura no terceiro planeta do sistema solar tornará inviável a sobrevivência de qualquer criatura. Isso significa que a vida em nosso mundo já ultrapassou a meia-idade. Estamos nós, seres vivos, mais perto do fim que do começo. No tempo que resta, que cara terá a vida sobre a Terra? Que espécies surgirão e quais estarão fadadas a desaparecer na trilha das mudanças evolucionárias? E por quanto tempo ainda viveremos nós, seres humanos, para presenciar essas mudanças? 02. A alternativa em que o termo sublinhado tem seu valor dependente da situação geral de produção do texto é: a) “Daqui a mais ou menos 1 bilhão de anos”; b) “A elevação da temperatura no terceiro planeta do sistema solar”; c) “Estamos nós, seres vivos”; d) “E por quanto tempo ainda viveremos nós...”; e) “Isso significa que a vida em nosso mundo...”
1) ESAF - TTN Marque a única seqüência que, ao completar o trecho abaixo, atenda às exigências de coerência, adequação semântica e formulação de argumentos. “O uso que se faz das madeiras nobres é outra prova de insensatez, agravando o desmatamento indiscriminado, em si mesmo uma aberração. Ocorre que, na ânsia de promover o aumento da nossa receita cambial, • os empresários do setor madeireiro alinham-se aos ecologistas contra a extinção das madeiras nobres. • deixa-se de exportar essa madeira, para usá-la na indústria de marcenaria nacional. • dificulta-se a exportação justamente para os países que mais remuneram essa madeira. • a indústria tem preferido desenvolver os projetos que exigem grande consumo de madeiras nobres. • facilita-se a exportação dessa madeira, em toras, o que é desvantajoso financeiramente em relação à madeira elaborada.
ESAF – TFC Assinale o item que completa o texto de forma coesa e coerente. A dificuldade dos Latinos é adaptar seus bancos a um regime de inflação baixa e âncora cambial, que pode fragilizar bancos que não têm forte inserção internacional ou em negócios solidamente comprometidos com os fluxos do comércio exterior. Ao longo da Estabilização com âncora, ocorrem também processos de desnacionalização e dolarização das economias. Se as indústrias nesses países enfrentam uma concorrência externa crescente, • embora os bancos procurem se ajustar às transformações. • pode-se imaginar os bancos livres de qualquer exigência de transformação. • não há motivo para imaginar que os bancos possam ficar fora desse tipo de ajuste. • contanto que os bancos fiquem fora de todos os ajustes. • pode-se inferir que não é preciso que os bancos ajustem as transformações. Folha de São Paulo, 08-10-95, com adaptações.