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CIFOR Presentation: Procitropicos 2004. Center for International Forestry Research. Pecu á ria e desmatamento na Amaz ô nia brasileira. Pablo Pacheco, Beno î t Mertens, Sven Wunder Centro Internacional de Pesquisa Florestal (CIFOR) Belém, 24 de novembro, 2004. Estrutura.
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Pecuária e desmatamento na Amazônia brasileira Pablo Pacheco, Benoît Mertens, Sven Wunder Centro Internacional de Pesquisa Florestal (CIFOR) Belém, 24 de novembro, 2004
Estrutura • Estudos de gado e desmatamento do CIFOR • Tendências da pecuária • Pecuária e desmatamento • Análises econômicas da pecuária • Estudo de caso: Uruará • Conclusões e perspectivas
Estudos regionais sobre desmatamento no Pará (São Félix do Xingú, Uruará e Redenção) – Benoît Mertens, Pablo Pacheco e parceiros (IPAM, CIRAD, Embrapa, etc.). * Dados primários (remote sensing + questionários sócio-econômicos) • Estudo sobre desenvolvimento econômico e desmatamento na macro-região amazônica Sven Wunder com parceiros (IPEA, London School of Economics, etc.) * Análise de dados secundários (IBGE, INPE, FGV, etc.)
Alguns resultados: 1. Muitas vezes existe realmente um modelo de “desmatamento com progresso econômico”… 2. …mas que possui uma alta variação de cenários, no espaço e no tempo. 3. As estradas causam desmatamento. Regiões: ex fase de ocupação; Macro: transição demográfica no Brasil. Projeções mecânicas do passado (ex Laurance et al.) podem ser problemáticas.
…alguns resultados: (cont.) • Segurança na posse da terra (titulação) pode acelerar o desmatamento – incentiva um maior investimento nas converções do solo, muitas vezes para pastagem. • Há processos de mudanças de cultivos para a pecuária (ex Uruará) – por causa do menor risco e uma maior estabilidade do mercado.
II. Tendências da pecuária
Algumas macro tendências Variação no rebanho bovino 1990-2002 • - Crecimento do rebanho, mas quase só na Amazônia: 1998-2000: +29% Amazônia; só +3% resto do pais • - Produção historicamente orientada ao mercado interno • - Modernização parcial mas ainda pouca intensificação Crecimento do rebanho, 1990-2002
Consumo anual de carne per capita (kg/ano): 1971 1997 Brasil 29.7 71.0 Mundo 27.7 32.7 (Fonte: FAOSTAT) - A cultura churrasqueira em América Latina se relaciona com maior renda e com maior urbanização
Mudanças no mercado interno • Supermarketização da produção de carne • Maiores investimentos em frigoríficos • Crescentes exigências de qualidade • Maior controle sanitário • Produtores chegam a mercados mais distantes
Exportacoes de carne (mill TM eq.carc.) Aumento forte nas exportações de carne • Controle da febre aftosa - certificação • Desvalorização do Real (R$) • Problemas da vaca loca no exterior
A “conexão hamburguer” na Amazônia • Forte crescimento das exportações de carne • Isso produz um déficit na oferta interna de carne • Extensificação de pastagens predomina na Amazônia • Intensificação predomina nas outras regiões produtoras Numero de animais abatidos por mes % Amazonia Legal / Brasil
A taxa de desmatamento no Brasil flutua. • Está numa tendência de aumento depois de 1997 • O arco de desmatamento em muitos lugares coincide espacialmente com o aumento do rebanho de gado Desmatamento acumulado na Amazônia, 2002
DINHEIRO – Quem é a concorrência?MORAES – São, por exemplo, os sindicatos de trabalhadores agrícolas europeus. Ou então os americanos. Eles falam que criamos boi na floresta amazônica. Não é verdade… A concorrência estimula a confusão entre floresta amazônica e Amazônia Legal. No cerrado do Centro-Oeste, plantamos soja e criamos gado. Aquilo é Amazônia Legal, não floresta amazônica. MARCUS PRATINI DE MORAESAs exportações estão ameaçadas ISTOE Nº355 - 22/06/04 Zonas de % do rebanho Crecim. Vegetação 1990 2002 1990-2002 Floresta 53.89 61.74 68.03 Transição 20.22 19.64 19.18 Cerrado 25.90 18.62 12.79 Expansão da pecuária na Amazônia – a custo do cerrado ou da floresta? => A mayor parte da expansão pecuária no Brasil acontece na Amazônia equatorial, na maioria dos casos convertindo floresta Distribuição do rebanho da Amazônia Legal
Pastagem em 1995 1995/96 1970-95/96 Mill ha % Mill ha % Area aberta total48.6 100 33.5100 Agricultura 5.6 123.9 11 Pastagem plantado 33.6 69 30.3 88 Bosques plantados 0.3 10.3 1 Areas em descanso 9.0 19 (1.0) neg Uso do solo BLA 9.7 29.4 60.9 Pequenos Medios Grandes IBGE, Censos Agropecuarios Gado e desmatamento na Amazônia • A maior parte das áreas deflorestadas se converte em pastagem para gado (mais do 80%) • Um saldo desconhecido de pastagem está degradado • Um saldo desconhecido foi convertido com fins de assegurar posse de terra, sendo sob-utilizado para a produção
Aumento no desmatamento bruto 1990-2001 e aumento no rebanho de gado 1990-2002, ao nível estadual… Fontes: INPE, IBGE Ao nível de Estados Federais, tem uma releção quase linear …e ao nivel municipal… • Ao nível municipal a relação também existe, mas ela é menos significativa (pouco sorpresivo)
IV. Análises econômicas da pecuária
A visão tradicional sobre a pecuária na Amazônia • A pecuária amazônica tem baixo retorno... • ...e está muito limitada por fatores climáticos • A expansão de pastagens foi causada pelos incentivos fiscais... • ...e como seguro financeiro contra a inflação => A expansão pecuária na Amazônia é um processo especulativo, com danos ecológicos e sem retorno econômico para a sociedade, aproveitando incentivos “perversos”.
Áreas sob uso agrícola em relação à pluviosidade Mais de 25 km da estrada Schneider et al. (2000: 12)
Retornos econômicos da pecuária • Os estimativos de rentabilidade variam muito segundo os parâmetros assumidos • É preciso separar a atividade produtiva dos benefícios imobiliários • A pecuária extensiva pode ser rentável com condições abundantes da terra e um manejo apropiado de rebanho e pastagens
Uma nova visão sobre a pecuária na Amazônia • Mesmo sem subsídios fiscais e inflação, a pecuária tem um bom retorno – para grandes e pequenos produtores • A maior vantagem comparativa da pecuária amazônica é a abundância de terras • O padrão da primeira ocupação só nas áreas secas não é uma “lei de ferro” – a pecuária se está adaptando “aprendendo fazendo” • Com melhor infraestrutura na região, a pecuária vai poder crescer muito ainda
Renda líquida da pecuária amazônica (R$ por ha/ano) Source: Margulis (2002:40)
Uruará: fronteira antiga na Transamazônica Extracao madeira Expansao Comenco Crise Recuperacao Fazendeiros Ciclos econômicos principais, 1970 - 2003 Pecuaristas peq. Expansion Crise Recuperacao Comenco Expansao Colonizacao Comenco Assentamentos 2000 1970 1980 1990 250 200 150 100 50 - Desmatamento total (000 ha) 1986 1991 1997 1999 Desmatamento anual 1986-91 1991-97 1997-99 Fazendeiros 958 2,053 2,894 Colonos 3,257 8,927 11,807 Indigenas 109 399 1,056 Nao identif. 64 285 545 Total 4,388 11,664 16,302 Taxa % [da floresta que resta para cada grupo] Fazendeiros 0.89 2.00 3.21 Colonos 0.69 1.95 2.93 Indigenas 0.07 0.26 0.71
Renda anual por grupos de produtores (US$) Perenes Anuais Pecuaria Outros Total 1. Sobrevivência39 16 323 - 378 2. Subsistência280 35 68 249 633 3. Diversificação incipiente 418 76 475 457 1,425 4. Diversificação – mercado 1,139 85 1,671 408 3,303 5. Pecuaristas – mercado 139 - 3,338 943 4,421 6. Perenes – mercado 2,356 47 430 420 3,253 7. Diversificado – alta renda 3,153 396 3,970 725 8,243 Promedio total 838 80 1,268 460 2,646 Atores e seus perfis de uso da terra % Perennial DistanceCattle headsTemporalTotal crops [No.][km][No.]crops [ha]area [ha] 1. Renda muita baixa - sobrevivencia 10 111 41 3 2.9 100 2. Baixa renda – subsistencia dominante 16 2,156 24 8 2.4 100 3. Diversificacao incipiente 31 3,497 2028 3.1 137 4. Renda media – diversificado – mercado 16 7,813 15 83 2.8 148 5. Renda media – especializado pecuaria – mercado 13 1,278 19 181 5.0 253 6. Renda media – especializado perenes – mercado 9 15,611 19 15 3.5155 7. Renda alta – diversificado - mercado 8 21,039 9183 5.2 398 Tipologia de agricultores
100% 80% 60% 40% 20% 0% Type 1 Type 2 Type 3 Type 4 Type 5 Type 6 Type 7 Floesta Anuais Perenes Pastagem Capoeira Uruará: Uso da terra por grupos de produtores (2002)
100% Burned areas 80% Crops Clouds 60% Regrowth Juquira 40% Pasture Bare soils 20% Forest 0% Water 1986 1991 1997 1999 Câmbios de uso de solo no tempo 1986-99 Ex: Pecuaristas especializados (tipo 5)
Comparando trajetórias Desmatamento (1986-91, 91-97, 97-99) Padrões gerais: • Mais pastagens • Menos floresta secundária/ capoeira • Menos cultivos anuais • Muita variação no ritmo do câmbio 4.Diversificado [promed.=148 ha] 5.Pecuaristas especializ. [promed. = 253 ha] 6.Produtores de perenes [promed. = 155 ha]
VI. Conclusões e perspectivas
Quem ganha com a expansão pecuária? • Tem “fronteiras populares” e “fronteiras corporativas” de colonização – mas parece a maioria dos produtores, grandes e pequenos, se beneficia da expansão da pecuária • Para pequenos produtores, a pecuária é uma forma de assegurar a econômia familiar – e para alguns uma fonte de acumulação de capital • A maioria deles integra o gado em sistemas diversificados de produção, outros especializam-se na pecuária – mas quase todos expandem as pastagens
A expansão pecuária é “sustentável”? • A resposta depende totalmente do que se quer “sustentar”: • Se o objetivo é sustentar e aumentar a renda dos produtores e a entrada de divisas no País, na maioria dos casos a pecuária vai ser sustentável. • Se o objetivo é sustentar os serviços ambientais da Amazônia (biodiversidade, estoques de carbono, proteção hídrica, etc.), na maioria dos casos a pecuária não é sustentável. • Por quê? Porque a conversão de floresta para pastagem éclaramente a fonte predominante de desmatamento no Brasil.
O qué se poderia fazer para reduzir conflitos entre economia pecuária e meio ambiente? • Fechar fronteiras de expansão: controlar a ocupação ilegal do espaço, melhorar sistema de titulação. • Planificação zoneamento participativo (?). • Criar incentivos diretos para conservar florestas (pagamentos por serviços ambientais). • Criar incentivos diretos para intensificação (tipo Proambiente). • Eliminar incentivos “perversos” de colonização. • Certificação de produtores legais respeitando a Reserva Legal e outras regras ambientais. • “Direitos comerciáveis de desenvolvimento” (TDR) – fazer as regras de Reserva Legal mais flexíveis (?)