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Redação Criativa

Redação Criativa. Prof. Dr. Celso Falaschi Academia Brasileira de Educação e Jornalismo Literário – ABJL. Criatividade . Ato ou efeito de dar a forma a um pensamento. Criação da imaginação, inovação, ineditismo. Em Jornalismo, redação criativa:

Gabriel
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Presentation Transcript


  1. RedaçãoCriativa Prof. Dr. Celso Falaschi Academia Brasileira de Educação e Jornalismo Literário – ABJL

  2. Criatividade Ato ou efeito de dar a forma a um pensamento. Criação da imaginação, inovação, ineditismo. Em Jornalismo, redação criativa: Texto artístico, com elementos da literatura, mas retrato do real, capaz de seduzir, apaixonar, de levar o leitor à fruição do belo, a trabalhar suas razões e emoções. Torná-lo apto a refletir, decidir, transformar-se.

  3. Conceitos Ficção Ato ou efeito de fingir.Simulação.Criação da imaginação, invenção fabulosa.Literatura de ficção, em diferentes gêneros.Ficção científica, narrativa inspirada pelo progresso da ciência e da tecnologia, e cujos lances, situados em geral no futuro, pretendem antecipar-se (e às vezes se antecipam) a novas descobertas científicas.

  4. Classificações para Jornalismo Jornalismo Informativo Jornalismo Opinativo Jornalismo Interpretativo Jornalismo Diversional (Literário) Jornalismo Investigativo

  5. Então: Jornalismo Informativo - Apenas informa sobre o que acontece, de maneira objetiva, clara, concisa e, sempre que possível, isenta de opiniões. - O bom Jornalismo Informativo garante ao leitor: O QUE ACONTECE, COM QUEM, ONDE, COMO, QUANDO E PORQUE. - E ainda procura colocar as visões das diferentes correntes envolvidas no acontecimento.

  6. Continuando... Jornalismo Interpretativo: - Vai além da informação. - Interpreta, sob a visão de especialistas e do próprio jornalista, acontecimentos que tratam de assuntos inéditos, diferentes, científicos, por exemplo. - Mas o jornalista é treinado a não emitir sua própria opinião neste gênero.

  7. Jornalismo Investigativo • Não trata exclusivamente de investigações feitas pelos diversos organismos da Justiça. • Trata, sim, de investigações, sobre variados assuntos, empreendidas pelo próprio jornalista, para veiculação periódica ou não.

  8. Conceito de JI Prática de reportagem especializada em desvendar mistérios e fatos ocultos do conhecimento público, especialmente crimes e casos de corrupção que podem eventualmente virar notícia (...) distingue-se por divulgar informações sobre más condutas que afetam o interesse público, reconstruir acontecimentos importantes, expor injustiças, desmascarar fraudes, divulgar o que os poderes públicos querem ocultar e mostrar como funcionam esses órgãos públicos. (www.wordpress.com)

  9. Jornalismo Opinativo Espaço reservado à emissão de opinião do próprio jornal, de seus jornalistas e colaboradores: • Editorial • Artigo • Crônica • Coluna de comentários • Crítica de Artes e Espetáculos • Caricatura / Charge • Crítica literária

  10. Jornalismo Literário • Jornalismo Narrativo (conforme definição da Nieman Foundation – Harvard University). • Emprega recursos da Literatura para tratar de assuntos da vida real, isto é, aqueles assuntos que devem estar nos meios de comunicação. • Não tem nada a ver com narrativas de ficção, comuns na Literatura.

  11. O que temos? • Diferentes gêneros do Jornalismo, pelo menos no Brasil, ficam restritos ao estilo convencional, “piramidal” • Lide integral (3Q – COP) • Da informação + importante para a – • Frases curtas, telegráficas • Parágrafos curtos, concisos • Isenção (imparcialidade?)

  12. Diferenças entre JL e outras modalidades de Jornalismo • Imersão do repórter na realidade • Criatividade no ato de escrever • Digressão (sentido de contextualização) • Humanização (sempre falamos de pessoas) • Estilo • Aprofundamento • Projeções • Figuras de linguagem (metáforas, onomatopéias etc) • Voz autoral (fluxos de consciência, monólogos interiores)

  13. Outros cuidados estilísticos • Se é um Jornalismo Narrativo inclui: • Narração • Exposição • Cenários • Perfis psicológicos e físicos • Diálogos e não apenas declarações textuais • Eventualmente suspense e/ou humor • Flash-Backs / Flash-Forwards

  14. Diferentes produtos para diferentes públicos • Será que o leitor brasileiro prefere o estilo conciso de texto jornalístico? • Há espaço para narrativas mais elaboradas? • Se há esse espaço, onde? Jornais diários? Revistas semanais ou segmentadas? Livros? Internet? Nas universidades?

  15. Pesquisas nos Estados Unidos - 1 • O artigo “The Value of Feature-style Writing”, elaborado para o Readership Institute avaliou • 100 jornais diários com tiragem individual de 10 mil exemplares • 74 mil matérias e 37 mil leitores nos Estados Unidos e Canadá: O estilo narrativo aumenta a satisfação do leitor na cobertura de uma variedade enorme de áreas, incluindo-se entre elas a política, os esportes, a ciência, a saúde, o lazer e a gastronomia. Além disso, uma boa quantidade de matérias no estilo narrativo melhora a percepção da marca por parte do consumidor, tornando o jornal mais fácil de ler.

  16. Pesquisas nos Estados Unidos - 2 • Narrativas despertam o interesse do leitor – e ajudam a vender jornais. • Narrativas possibilitam contar histórias complicadas, permitindo aos leitores descobrirem os sentidos de suas vidas. • Narrativas têm um profundo e positivo efeito sobre a motivação nas redações. (Warren Watson - American Society of Newspaper Editors)

  17. Lampejos de Criatividadena ImprensaBrasileira

  18. Pesquisas Acadêmicas no Brasil 1) – Grandes Jornais – 2005 (Celso Falaschi) - Zero Hora - Correio Braziliense 2) – Donas de Casas em Bauru - 2006 (Juliana Maringoni) 3) – Presidiários em Bauru - 2006 (Kátia Perches)

  19. Exemplos de Textos Criativos Sim, existem outros exemplos de narrativas criativas na Imprensa Brasileira: Revistas semanais Revistas segmentadas Internet Mercado Editorial

  20. Parques e praças viram pomar de paulistanos A primavera, que oficialmente começou ontem, chegou a São Paulo trazendo mais do que flores: em vários parques, árvores carregadas de frutas colorem a nova estação. A novidade não passou despercebida a usuários da praça Buenos Aires, em Higienópolis (centro), que têm aproveitado as amoreiras carregadas. “Sempre pego umas na árvore. Numa cidade como São Paulo, quando a gente tem a chance de pegar uma fruta direto do galho, dá mais prazer”. Afirma o cozinheiro Eder Meira de Santana, 20. (Amarilis Lage - FSP – 23/09/2004)

  21. Aberta a temporada de caça às amoras Os três marcham, decididos em direção ao pé da amora. Jaqueline, de 10 anos, o irmão, Rafael, e o primo, Felipe, de 7, acabaram de sair da escola municipal Olavo Pezzoti, na Vila Madalena, e estão prestes a viver o momento mais gostoso do dia desde que entrou setembro e, citando Beto Guedes, a boa nova se espalhou nos campos. Penduram as mochilas em um galho da árvore, esgueiram-se pelo tronco e logo têm os frutinhos ao alcance da mão e da boca. “Ai, comi uma azeda!”, diz Rafael, o de óculos, franzindo a cara. (Rosa Bastos - OESP – 23/09/2004)

  22. O Rumo de Rosa na Rota de Zito Passo rápido, curtinho, lesto, acordado com a freqüência da prontidão ansiosa. Os pés chocam-se ao chão precisos, do calcanhar às pontas dos dedos. A sola, decidida, bate inteira, sem oscilação, no espaço delimitado com rigor, na terra fofa que a cada pisada explode em centelhas de grãos de areia sobre o sapato. O andar acompanha o compasso pendular das pernas esticadas, que se movimentam intrépidas, sem o costume dos joelhos flexionados. No ritmo do ‘lá, cá já está’, parecendo que uma quer tomar o lugar da outra, roubá-la o intento...

  23. O Rumo de Rosa na Rota de Zito À porteira esbarram as pernas. Dão lugar à mão esquerda no controle da situação, no contato com o caibro aprumado por um arame azinhavrado que sai da cerca e o envolve. Mão habilidosa na necessidade, na urgência do trato e na resposta do tato que a mão direita não fornece, pois capenga, como seqüela de um derrame cerebral. Está adormecida no balanço do corpo, sem volume, nem peso, sem se incomodar. Deixa-se levar por qualquer desejo de deslocamento, menos no próprio, no pensamento e no sentimento. A canhota, esta não, ainda na força do hábito, continua grossa, sobressalentes os calos, às vezes esfalfada ante uma ajuda que carece da outra. (Tanael Cotrim – Puc-Campinas)

  24. Eu, o Velho Chico Já me chamaram "rio sem história", depois reconheceram que sou importante na unidade e na integração nacional. Coisas da civilização moderna, porque desde tempos não registrados, sou o caminho das águas para os andarilhos de terras de Santa Cruz. Ficaram para sempre aqui, no meu primeiro trecho navegável, as marcas dos índios que habitaram nas minhas margens: Pirapora, de origem tupi, conjuga pira (peixe) e poré (salto). A cachoeira onde o peixe salta. Isso me faz lembrar guerras antigas. Os índios cariris, aqui abrigados das lutas na costa atlântica, atacaram os bandeirantes em 1687. A bandeira de Fernão Dias Paes Leme desceu o Rio das Velhas e, na batalha que se travou na altura das cachoeiras de Pirapora, os nativos venceram os invasores. (Cremilda Medina – Jornal da Usp – 2003)

  25. O outono de Fernanda Mas que raios uma paciente com uma cirurgia pela frente está fazendo fora da cama? Como assim? Se fosse ainda qualquer coisinha, tipo umas pintas no pescoço, ou belo par de novos seios, ou uma redução de estômago, um transplante que fosse... Sei lá. Não está andando pelo quarto, nervosa, nem fazendo algum exame pré-cirúrgico. “Ela deve estar por aí, deve voltar já”, responde alguém.

  26. O outono de Fernanda A radiação emitida pelo aparelho atravessa o corpo e carrega detalhes do que está escondido. Computadores conseguem interpretar os sinais coletados e montar uma imagem, um mapa que, longe de ser mágico, imita aquilo que é invisível. As fatias dos “cortes” do cérebro mostram ao especialista o que não se podia saber: Fernanda tem um tumor no cérebro! (Felipe Modenese – Jornalistas Literários – 2007)

  27. Ooops... Jornalismo Investigativo!

  28. Jejuka, a vida dos índios que escolhem a morte Uma das causas apontadas para explicar o suicídio dos Guarani e Kaiowá é a grande pressão cultural entre a aldeia e a cidade, principalmente entre os mais jovens. O primeiro contato é com o idioma do branco. Até os 6 ou 7 anos, as crianças guarani e kaiowá falam somente o Guarani. Nessa idade, elas começam a freqüentar as escolas da aldeia, onde apesar de já existirem professores índios, ainda atuam alguns brancos que não possuem conhecimento da língua. As crianças se vêem então pressionadas a entender o português. O resultado disso é um alto índice de repetência, que colabora ainda mais para aumentar o sentimento de inferioridade. Além disso, a alfabetização dentro da aldeia, com professores índios ou brancos, é feita também no idioma branco. Assim, a maioria das crianças não aprende a escrever em sua língua (...) José chegou ao fundo do Bororó ofegante, após correr alguns metros com sua maleta de enfermeiro. ‘Onde está a criança?’, perguntou ao agente de plantão no feriado. Ele apontou uma maloca, semidestruida, onde um grupo de índios curiosos fazia um círculo. ‘Não chegamos a tempo’, respondeu o agente, abaixando a cabeça e completando, ‘veja o que esta mulher fez com o filho’. José avançou, receoso do que encontraria no meio daquela fumaça. Outros funcionários o seguiram.

  29. À medida que se aproximavam, os índios iam se dispersando. Quando José chegou ao centro, o burburinho cessara, todos se foram de repente, deixando-o sozinho com uma visão que parecia ter saltado dos mais obscuros livros de terror. ‘Se o inferno existe, é aqui’, pensou analisando o que conseguia enxergar no meio da fumaça. Uma onda de mal estar fez com ele quase desmaiasse. O calor ainda era latente. A fogueira, no centro do que poderia ser chamado ‘quintal’ da casa ainda tinha uma coloração alaranjada e consumia os poucos restos de lenha. Um enfermeiro segurou-o e ele recobrou os sentidos. Zonzo, pegou um balde velho de plástico vermelho sobre o poço, encheu de água e jogou na fogueira até apagá-la por completo. Ao lado jazia o corpo queimado, seco e esturricado do bebê, sobre um leito feito com um lençol improvisado. A equipe médica havia retirado a criança de dentro da fogueira com uma pá. ‘Uma pá’, pensou consternado. ‘Como um bebê pode caber em uma pá?’ (Mariana Tamashiro, Talita Ribeiro e Timóteo Camargo - Puc-Campinas, 2004)

  30. Vamos falar de Grande Reportagem Narrativa especial sobre tema contemporâneo envolvendo personagens que vivenciam ou vivenciaram a situação em foco. Produzida para “periódicos”, com estrutura narrativa e linguagem literária.

  31. Grande Reportagem - Ingredientes • É construída em função de (por causa de) protagonistas e coadjuvantes: “gente que faz” • Brota de dentro para fora: não depende (quimicamente) de agenda preestabelecida, efeméride, “gancho”, estatísticas, releases, abstrações. • Fatos + tendências + percepções do autor/equipe • Escrita com transparência • Pode ser seriada, conforme o foco/tema/viés

  32. Ao pensar na Grande Reportagem • Qual o foco? • Qual o tema? • Qual o viés? • Quem são os protagonistas e por quê? • Quem são os coadjuvantes e por quê? • Quais as pesquisas necessárias? • Os personagens estão descritos (física e psicologicamente)?

  33. Entenda que: • Foco: é a pauta em si. A essência do projeto narrativo. • Tema: o campo de conhecimento (nível macro) ao qual o foco está ligado. • Viés: o eixo de abordagem (subtema) escolhido. • Fio condutor: aquilo que cria expectativas de continuidade da leitura (deve ser definido após a conclusão do trabalho de campo).

  34. Capte informações pensando no que vai escrever • Cenários/ambientes, climas, trejeitos. • Em como as pessoas relatam suas experiências, e não apenas no “que” elas relatam. • Estude/pesquise os temas correlatos. • Dedique um tempo à observação dos protagonistas e coadjuvantes e seus ambientes. • Permita-se momentos de silêncio e introspecção.

  35. E mais ainda: • Descrições detalhadas de feições, lugares, objetos, temperamentos, atmosferas, estilo/status de vida. • Diálogos • Digressões (do autor) • Múltiplas vozes (quem narra) • Metáforas • Construção cena a cena • Fluxos de consciência (dos personagens)

  36. Conto x Reportagem Conto: centelha de um momento, fatia atemporal de personagem. Grande Reportagem: cobertura ampliada de um fato, assunto ou personalidade. PORÉM Dotada de intensidade, sem a brevidade do gênero notícia.

  37. Conto • Anton Tchekhov, contista e jornalista russo, dizia que um conto deve ter: • Força • Clareza • Condensação • Novidade • Edgard Allan Poe ampliou o conceito, acrescentando: • Unidade de efeito e suspense

  38. Reportagem • Os preceitos básicos do Jornalismo apontam que a reportagem deve ter: • Força • Clareza • Condensação • Tensão • Novidade • Além de todos aqueles elementos...

  39. Força • A narrativa da vida real deve envolver o leitor. • O clima do texto deve levá-lo da primeira à última linha, sem sobressaltos e interrupções. • Espera-se que o leitor dedique-se intensamente a esse fazer/deleite/fruição do belo.

  40. Como imprimir FORÇA ao texto? Cative o leitor. Pegue-o. Prenda-o: Pela razão (Hemisfério Esquerdo) ou Pela emoção (Hemisfério Direito) ou ainda Pela razão e emoção / emoção e razão

  41. Clareza Mesmo na Grande Reportagem não se deve perder de vista que um jornalista, na maioria das vezes, se comunica com um público heterogêneo. Portanto, use: - Linguagem simples (LF x LC) - Objetividade Narrativa - Seqüência tensional dos elementos: exposição descrição (cena a cena) diálogos fluxos de consciência figuras de linguagem

  42. Condensação O sentido deste elemento não é o de síntese ou economia semântica. Mas... - Concentração de recursos narrativos. Para... - Criar aproximação de elementos em determinados segmentos narrativos, incluindo a eventual supressão de elementos supérfluos.

  43. Tensão Dosagem seqüencial pensada, elaborada, dos elementos narrativos (quais mesmo?) Intenção: encaminhar o leitor ao ponto culminante da narrativa. Como: provocando suspense!

  44. Novidade Não apenas ineditismo, já que isso é mais do âmbito do gênero notícia. Pode ser, sim, um acontecimento inédito, um furo de reportagem. Mas também: . Percepção diferenciada, complementar, de qualquer assunto. . Ângulo não explorado de determinado acontecimento ou personagem. . Resgate de assunto do passado, com novas informações e interpretações, para uma nova compreensão que o distanciamento de tempo permite (contemporaneidade).

  45. Grande Reportagem é, portanto: • Uma soma de gêneros (notícia, perfil, interpretação) • Tem interesse atemporal • Requer investigação • Situa acontecimentos em um contexto social mais amplo • E o texto pode e deve ser criativo para que haja o processo de fruição no momento da leitura.

  46. Nada de fórmulas rígidas na GR • O repórter precisa exercer sua criatividade ao máximo. • Para gerar idéias inovadoras o repórter precisa ler muito, principalmente publicações incomuns. • O repórter deve investir em fontes alternativas de informações: outras falas, outras visões de mundo.

  47. E para finalizar... • Leia • Escreva • Leia • Escreva • Escreva • Escreva • Escreva • Escreva... • Escreva • Escreva

  48. www.abjl.org.br www.textovivo.com.br celso@abjl.org.com.br

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