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Pressupostos da ética. A dupla dimensão humana: individual e social O desejo de reconhecimento (Hegel) Le soin de soi même / le soin des autres
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Pressupostos da ética • A dupla dimensão humana: individual e social • O desejo de reconhecimento (Hegel) • Le soin de soi même / le soin des autres “A dimensão ética começa quando entra em cena o outro. Toda lei, moral ou jurídica, regula relações interpessoais. É uma condição fundadora. É o outro, é o seu olhar, que nos define e nos forma.” Umberto Eco: in: Quando o outro entra em cena, nasce a ética.
Pressupostos da ética A palavra : Ethos (grego) - Propriedades do caráter. Mores (latim) - Usos e Costumes. 1. Sociabilidade: A vida ética diz respeito ao sujeito como ser-em-relação. 2. Objeto Último : Afastar a dor e alcançar a felicidade. obter a aprovação de si mesmo e dos outros. 3. Racionalidade : Formulação de conceitos abstratos. Conhecimento de causa e consequencias 4. Liberdade: Plena capacidade de discernimento. Ausência de coerção. Educabilidade.
Pressupostos da ética Distinção entre: • Princípios éticos: são universais (humanidade) • Normas morais: são culturais, diferentes de uma cultura para outra (comunidade social) • Atos morais individuais: são diferentes de um individuo para outro (pessoa) a) singular: circunscrito a uma só pessoa b) plural: envolve outras pessoas
Pressupostos da ética Distinção entre: • Verdade científica: exige adesão / permite a neutralidade • Normas jurídicas: impõe aceitação / obriga, sanciona / pede neutralidade • Valores éticos: supõe escolha / advém da vontade / não demanda neutralidade / está além da sanção.
Objeto da Ética A ética se refere ao agir humano Se refere ao homem que pode de agir assim ou de outro modo. Na sua vida pessoal e social. • O ato moral se forja na consciência, não na lei. • Sem coersão, sem obrigação externa • Emite juízos de valor • Escolhe livremente • Assume conseqüência • Busca o bem comum.
A origem – os gregos • A origem dos conceitos morais no Ocidente: • A moral dos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles Contexto histórico bem definido: • Democracia escravista • Vida pública intensa • Fim (objetivo) do homem é a felicidade (eudemon) • Só se alcança a felicidade pelas virtudes. • Conhecer e praticar o bem • A virtude está entre o excesso e a falta : meio termo.
Moral grega Uma herança simultaneamente boa e ruim: os sofistas. • Influir na vida pública, no governo da polis. • preocupação bom governo, o que for melhor para a sociedade não para o o indivíduo. Bom é o que útil para a sociedade. • A República – os reis sábios e virtuosos
Moral grega AFECÇÃO VIRTUDE FUNÇÃO Razão prudência governantes Vontade fortaleza guerreiros Apetites temperança artesãos Entre prodigalidade e avareza Entre temeridade e covardia
Idade Média – o cristianismo Base teocênctrica Virtude é alcançada seguindo os mandamentos de Deus Obediência e contemplação Temor do castigo Negocia a boa sorte com Deus Virtudes teologais (fundantes) A perfeição pode ser alcançada no outro mundo O poder temporal é conferido por Deus
Ética na Idade Moderna Base Antropocêntrica - O Homem está no centro. Homem como centro do conhecimento e da moral. Homem dá sentido ao mundo, ou é ele mesmo o sentido do mundo. A natureza pode ser entendida e transformada Ciência a serviço das necessidades do homem Propício às grandes utopias – projetos de sociedade perfeita. Pleno uso da razão – as Luzes
Iluminismo Busca de um fundamento secular para a moral, tomando o indivíduo como célula elementar da sociedade, com direito à auto-realização, à felicidade. Apoia-se na idéia de que existe uma natureza humana universal, e um núcleo de normas também universais.
Ética na Idade Moderna Noção de igualdade, de universalidade. Universalidade das normas morais não implica em legislador supremo. Significa que são alcançados por qualquer um, e valem por si. Rousseau: razão natural universal - jusnaturalismo Kant: imperativo categórico. Proíbe os atos que não podem ser universalizados. Não concebe de benefícios em favor de ninguém.
Moral Kantiana Universalidade “Duas coisas me enchem a alma de admiração e espanto, quanto mais a razão delas se ocupa: o céu estrelado sobre minha cabeça e a Lei moral dentro de mim” Imperativo Categórico: “Age em conformidade com a máxima que possas querer que se torne uma Lei Universal “.
Ética Contemporânea Tentativa de apagar as Luzes Desconstrução do idealismo Existencialismo: homem indivíduo - Sartre Marxismo: homem social - Marx Psicanálise: homem irracional – Freud Pessimismo: Nietzsche / Benjamin Fil. Analítica: homem discursivo – Habermas
A ética discursiva - Habermas qualidades do discurso teórico e prático: justeza e veracidade Condições ideais de fala Consenso qualificado Teoria do agir comunicativo Moral: prática contínua de julgar e ajustar nosso julgamento.
Tempos de descrença Descrenças: Na ciência / na política / na democracia / na bondade humana / vazio ideológico. Neo – individualismo: agregado de indivíduos Perda do sentido de coletividade Racionalidade técnica – Tecnociência Competição e consumo Surgimento de uma nova classe: marginais, sem pátria, imigrantes, fora da idade, fora da competição, os inúteis...
Atenção – Perigo O egoísmo como força motriz. “O altruísmo é um empecilho ao desenvolvimento pleno do indivíduo” (Ayn Rand em A Nascente). Conceito que camufla e distrai a ética: família. Reduto da vida privatizada, ausente do público. “quando os filhos se tornam o único ideal de seus pais estes não tem nada a lhes transmitir” Maria Rita Kehl( Folha São Paulo 12/03/09)
Atenção – Perigo Pessimismo melancólico Decorre da falta de sentido, da ausência ou decadência de valores referenciais. Instalação numa suposta neutralidade, (as vezes confundida com a neutralidade do justo) ou na subserviência. Desistem saem de cena, vão embora. Ou ficam para se juntar ao vencedor, por resignação e indolência. Se recusam a agir. A passividade do perdedor é o ressentimento.
Atenção – Perigo Aindiferença. Pode ser distanciamento do observador, mas pode ser um vício silencioso. A indiferença, enquanto esvaziamento de nexos externos, da ligação com os outros, expressão do individualismo, pode segregar a crueldade. (Montainge: “ensaio sobre a crueldade”)
Há esperança, ainda Acredito firmemente que existe uma forma de religiosidade laica, de sentido do sagrado, do limite, da interrogação e da espera, da comunhão com algo que nos supera, mesmo na ausência da fé em uma divindade pessoal e providente.” Eugenio Scalfari, in:Para agir moralmente
Moral laica Existem não poucas pessoas que agem com retidão, sem fazer referência a um fundamento religioso da existência humana. Sei igualmente que existem pessoas que mesmo sem acreditar em um Deus pessoal, chegam a dar a própria vida para não se desviarem de suas convicções morais. Mas não consigo compreender que justificativa última dão ao seu agir” Cardeal Carlo Maria Martini , in: Onde o leigo encontra a luz do bem?
Reacender as luzes Deixemos de lado as transcendências, se quisermos reconstruir juntos uma moral perdida; reconheçamos juntos o valor moral do bem comum e da caridade no sentido mais alto do termo; pratiquemo-lo profundamente não para merecer prêmios ou escapar de castigos, mas simplesmente para seguir o instinto que provém da raiz humana comum que está escrito no corpo e no código genético de cada um de nós. Eugenio Scalfari, in:Para agir moralmente.