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ARQUITETURA NEOCLÁSSICA Rio de Janeiro. Uma homenagem ao ano da França no Brasil que se festeja em 2009. Dedicado aos apaixonados pela história do Rio de Janeiro e aos estudantes de arquitetura. Série Arquitetura no Rio de Janeiro - I.
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ARQUITETURA NEOCLÁSSICA Rio de Janeiro Uma homenagem ao ano da França no Brasil que se festeja em 2009. Dedicado aos apaixonados pela história do Rio de Janeiro e aos estudantes de arquitetura. Série Arquitetura no Rio de Janeiro - I Texto básico, em itálico, do Prof. Mário Barata (1921-2007). Pesquisa de imagens, desenhos, formatação e complemento de texto: Cau Barata – 25.03.2009.
NEOCLÁSSICO “Este fenômeno ocorreu, mais cedo e intensamente, no próprio Rio de Janeiro, para não falar de São Paulo, que no século XIX era bem menor que a sede da Corte. O Rio, até setenta anos atrás – e isso é recente, do ponto de vista histórico – ainda possuía, no centro e em seus bairros antigos, muitos aspectos definidos pela herança do neoclassicismo, se bem que o ecletismo e outras tendências artísticas já estivessem presentes, como o ar de coisa nova.” “O Rio de Janeiro, como as outras cidades brasileiras do litoral, cobriu-se de belo manto neoclássico no decorrer do século XIX e foi esse o estilo que caracterizou a face dessa urbe durante o Império.“ “Hoje, a amplitude dessa predominância só nos é revelada pelas fotografias existentes, pois as sucessivas vagas de transformações urbanas no século XX, realizadas por superposição e não por extensão, acarretaram lastimável demolição em massa de casas e quarteirões nessas capitais litorâneas.” “Deixando de ser o estilo geral da cidade, ele ficou como o estilo de alguns prédios e de poucos conjuntos ou aglomerações de edifícios. Mas são construções que marcam significativamente a história e a aparência da cidade.” “O necolássicismo, sobretudo pelo uso de platibandas e pelo relacionamento de proporções dos vãos (portas e janelas) e dos retângulos das fachadas, se expandira muito. Hoje, quase só nos restam desse estilo os edifícios significativos que, pela grandeza ou pelas funções públicas, foram preservados da especulação imobiliária.” Arco Triunfal da Rua de S. Pedro. (Projeto Araújo Porto Alegre) DEMOLIDO Colégio Santo Inácio DEMOLIDO DEMOLIDO Palacete Oliveira Barbosa (Projeto Grandjean de Montigny) Teatro Francês, depois São Luiz. (Projeto Grandjean de Montigny) DEMOLIDO DEMOLIDO Hotel dos Estrangeiros
NEOCLÁSSICO Características formais do Neoclassicismo “Ao lado de uma propensão a utilizar, nas artes visuais, aspectos da antiguidade greco-romana, o neoclassicismo caracterizava-se formalmente pelo purismo e pela sobriedade. Essas características marcaram plasticamente a arquitetura e a escultura, e conduziram o desenho e a pintura a um linearismo e a uma simplificação de volumes e do relacionamento de áreas de cor, que constituíram a sua beleza.” Características formais do Neoclassicismo “A platibanda com apainelados geométricos ou lisa é mais freqüente que a de balaustres vasados. Nas platibandas podem surgir, em cima de estilóbatos que marcam os espaços, estátuas, freqüentemente de cerâmica, e vasos campaniformes.” “Havia sobretudo platibandas, mas também frontões, pilastras e às vezes colunas – estas em raros edifícios, mais ricos – com capitéis, nas edificações que se multiplicavam nesse estilo. A vibração da cor tendera a diminuir na pintura, havendo exceções nas obras que insinuam o romantismo.” Em meados do sec. XIX, foi autorizada a compra de um prédio, no largo da Lapa (rua do Passeio), por 125 apólices de contos de réis, para sede da Biblioteca Nacional. Prédio da segunda Praça do Comércio, na rua Primeiro de Março (antiga rua Direita), que foi reformado pelo arquiteto Grandjean de Montigny que lhe deu uma nova feição, acrescentando, à fachada, uma galeria coberta, em 1836. Começaram as reformas. Deixam de existir os dois terraços, alterando a configuração do corpo central que se ressaltava, transformando todo o prédio em um grande caixa. DEMOLIDO Em 04.08.1858, abriu-se ao público a nova casa. Edifício de três pavimentos, havendo, na frontaria, três corpos marcados por pilastras: o central, com três portas, três janelas nos dois últimos e frontão reto; os corpos laterais, com uma porta no pavimento térreo, duas janelas no segundo e, superiormente, um terraço com gradaria de ferro. As janelas têm sacadas de grades de ferro. No mesmo local, foi inaugurada, em 1922, a sede do Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música. Tinha, na frente, peristilo saliente com oito colunas dóricas, que sustentavam uma varanda ou terraço, orlado de grades de ferro presas a pilares. Uma gradaria de ferro, entre as colunas, fechava o vestíbulo, cujo pavimento era de mosaico de mármore. DEMOLIDO Teatro São Pedro de Alcântara (depois João Caetano) – Praça Tiradentes. DEMOLIDO Antes (1862) Depois (1922-2009)
NEOCLÁSSICO Caracetrísticas formais do Neoclassicismo “Entre os prédios representativos como padrão do neoclássico, estava o da Academia de Belas Artes, edifício projetado pelo arquiteto Grandjean de Montigny, demolido em 1938, deixando vazio até hoje o terreno que ele ocupava.” Academia Imperial de Belas Artes – Projeto original (1826). Academia Imperial de Belas Artes. Obras de acréscimo de novo pavimento (1882). Academia Imperial de Belas Artes – cerca de 1900. Alteração na fachada (dois pavimentos). Academia Imperial de Belas Artes (1905). Nova transformação (acréscimo de uma platibanda). Academia Imperial de Belas Artes. Nova transformação (três pavimentos). Academia Imperial de Belas Artes – des. Anônimo (1846). - ainda um pavimento - DEMOLIDO
NEOCLÁSSICO O tímpano recebeu uma composção alegórica, em alto relevo, de Zeferino Ferrez. Empena Frontão Cada um dos lados inclinados do frontão. Coroamento da fachada em forma triangular. Tímpano Cornija Parte superior do entablamento. Frontão com alto relevo no tímpano, uma composição alegórica de Zeferino Ferrez. Coluna Jônica Entablamento Conjunto de molduras que rematam e ornamentam a parte superior do prédio. Colunata Série de colunas dispostas enfileiradas e equidistantes. As seis colunas da ordem jônica, do segundo pavimento da Academia, com os pedestais sem as duas esculturas. Zeferino Ferrez foi o responsável pelo baixo relevo que ficava sobre a janela central do primeiro andar. Nesta imagem, mais antiga, constam as duas esculturas, Apolo e Minerva, de autoria de Marc Ferrez (I), hoje desaparecidas. Marc Ferrez (I) foi o responsável pelos baixos relevos em terra-cota da arquivolta, representando dois gênios das artes. Arco Pleno Novamente, as colunas do segundo pavimento, encimadas pelo frontão. Apolo Minerva “Adquirindo o seu pórtico já desmontado, das mãos dodemolidor, o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional levou-o para a aléa de palmeiras do Jardim Botânico. É pórtico de dois andares, havendo no de cima seis colunas encimadas pelo frontão, em cujo tímpano há alto relevo dos irmãos Ferrez, que também fizeram os relevos da enxutas do arco de entrada.” DEMOLIDO Pórtico da Academia Imperial de Belas Artes no Jardim Botânico Foto do livro “De Engenho a Jardim” (2008), de Cau Barata e Cláudia Gaspar.
NEOCLÁSSICO Mercado da Praça XV – 1840 (Bertichen). Em 1839, deu-se princípio a outra parte do mercado que recebeu, interiormente, nova proposta de arquitetura, não se colocando portas para o largo central. Em 1841, o mercado estava todo concluído. Configuração Urbana “Com a expansão do Rio de Janeiro, na época de D. João e do Império, durante a vigência crescente do estilo neoclássico na arquitetura e outras artes, realiza-se uma modernização da cidade.” “A inserção de edifícios do novo gosto na importante rua Direita e sobretudo na rua do Ouvidor, que se definiria com os seus prédios oitocentistas de dois a quatro andares, valorizavam-nas como grande eixo do centro da cidade, na época.” Banco do Brasil Nesse edifício, na esquina da rua da Alfândega com a da Candelária, funcionou o Banco do Brasil , de 10.04.1854 a 30.04.1926, data em que se transferiu para o atual prédio da Rua Primeiro de Março. Tem três pavimentos: a face principal, voltada para a rua da Alfândega, apresenta no primeiro pavimento, revestido de cantaria, seis janelas de peitoril com varões de ferro e um portão central. DEMOLIDO Mercado da Praça XV Em 1834, resolveu a Câmara Municipal construir uma praça de mercado, sendo encarregado do projeto do edifício o arquiteto Grandjean de Montigny. Em 1835, estava concluída a parte do edifício voltada para a então Praça Pedro II (hoje, Praça XV de Novembro). Mercado da Praça XV – 1850 (Pustkow). Abrem-se sete janelas nos dois pavimentos superiores: as do segundo, com uma sacada corrida e as do terceiro com grades de ferro no vão das portadas. Projeto do arquiteto Manuel de Araújo Porto Alegre. Coroa esta parte do edifício uma renque de medalhões sustentando o segundo pavimento que, com o terceiro, formam um só corpo, marcado pelas grandes pilastras caneladas, de ordem coríntia, que correm entre as janelas.
NEOCLÁSSICO Configuração Urbana Interiormente, o mercado é lajeado de cantaria, havendo quatro portões, um em cada lateral, que se comunicam por ruas, frente-a-frente, formando uma cruz com um largo central, onde se ergue um lindo chafariz todo de granito. O Prof. Teixeira da Rocha, sabedor da destruição, correu ao local, mas já era tarde; os vândalos não tinham em sua frente senão pedras britadas. O ouriço de bronze conseguiu salvar-se, porque o prof. Teixeira da Rocha levou-o para a sua residência, onde ainda se encontrava em 1930. Os golfinhos foram colocados no chafariz do Mestre Valentim, da Praça XV de Novembro, nas quatro bases da escadaria, porém foram retirados antes de 1930 e guardados na Diretoria de Obras ou no depósito das Matas e Jardim, e desapareceram. Desenho grafite, entre 1840-1858, de François-René Moreaux, com rara cena do pátio central, observando-se as quatro alamedas e o chafariz central, que tem por base um tanque arredondado, do qual nasce um corpo cilíndrico com quatro colunas salientes, que sustentam uma base quadrangular com quatro esferas na parte superior, sobre as quais ergue-se uma pirâmide. Ao fundo, uma das portas neoclássicas. No ápice da pirâmide do chafariz, havia um ouriço de bronze, cujos espinhos eram parafusados no corpo do mesmo, e, nas faces da base quadrangular, que servia de base da pirâmide, quatro golfinhos de bronze jorravam água no tanque (bacia). O Mercado foi demolido em 1911. Foi empreitada feita por Thomaz Newlande Jr. com o Ministério da Viação, ficando Newlande de posse de todo o material, inclusive o chafariz de Grandjean de Montgny. Newlande vendeu todo o material da demolição, deixando no local um monte de entulho. O chafariz desapareceu sob a marreta dos renovadores da cidade. Isso se deu na administração do prefeito Serzedello Corrêa. Planta do Mercado com suas quatro portas voltadas para as ruas do Mercado e do Ouvidor, Praça das Marinhas e Largo do Paço (Praça XV). No centro, o elegante chafariz de Grandjean. Mercado A Camara Municipal a mandou fazer em 1835 Chafariz do Valentim DESTRUÍDO A MARRETADAS Arco do Teles Paço Imperial Mercado da Praça XV – cerca 1909 (Postal) DEMOLIDO Lateralmente, há oito portas de arquivoltas no primeiro pavimento, as quais, assim com as das outras faces, eram fechadas com muro, até certa altura. Em 1871, abriram-se as portas dando mais elegância ao edifício. Há no segundo pavimento, oito janelas rasgadas de verga direita, tendo, entre os vãos, grades de ferro. São de igual arquitetura as alas voltadas para a rua do Mercado e praça das Marinhas. Portal do Mercado da Praia do Peixe – Desenho esquemático: Cau Barata. Mercado da Praça XV – cerca 1905 (Postal) Mercado da Praça XV – cerca 1870 (Marc Ferrez) Mercado da Praça XV (Marc Ferrez) Mercado da Praça XV – cerca 1895 (Marc Ferrez) E o chafariz ? Chafariz do Mercado do Peixe ou da Candelária. Desenho de Magalhães Corrêa. A face voltada para a praça XV apresenta um portão central coroado por um frontão reto, lendo-se no friso o dístico: - A Camara Municipal a mandou fazer em 1835. Portal lateral, neoclássico, voltado para o mar, com dois pavimentos. Mercado da Praça XV – 1860 (Stahl e Wanschaffe) Esta seria a última fotografia do mercado com um pavimento. Entre 1870 e 1871, levantou-se um segundo pavimento sobre todo o edifício. Com o segundo pavimento. Mercado da Praça XV – cerca 1865 (Vedani) Praça XV: à direita, o Paço Imperial, ao fundo, na esquerda, o chafariz do Valentim (com pirâmide) e, à esquerda, o mercado.
NEOCLÁSSICO Configuração Urbana “Espalhando-se pelos bairros, no decorrer do século, os solares de elegantes proporções e vãos, ora com arcos altos, ora com sobrevergas retas, e os sobrados de dois ou três andares surgem em zonas como a rua do Catete (está conservado o trecho em frente ao Palácio do Catete, antigo Largo do Valdetaro e a rua do Riachuelo (antiga Mata Cavalos).” Reconstituição da quase desconhe- cida e totalmente esquecida Capela do Arsenal de Guerra, de fachada bem equilibrada, nos moldes neoclássico, e que fica- va na Ponta do Calabouço. Capela – Desenho esquemático: Cau Barata. Capela do Arsenal de Guerra DEMOLIDA
NEOCLÁSSICO Configuração Urbana Tempos depois, passava à frente do Palacete uma linha de bonde, puxada a burros, da Companhia Vila Isabel, trazendo no letreiro Parque Imperial. Em 1893, já na República, o Cel. Médico José Porfírio de Melo Matos transferiu para este Palacete os doentes do Hospital Central do Exército, que ali funcionou até 14.10.1894. “A expansão com edifícios oficiais chega à praia da Saudade (Urca), de 1842 a 1908, em prédios dominados por um senso de horizontalidade, que ali fora iniciada pelo antigo Hospício.” Em 1900, no Palacete, funcionava a Diretoria Geral de Artilharia. De 1908 a 1911, funcionou o patrimônio do Orfanato Osório, que deu lugar à Escola Superior de Agricultura. Foi, depois, sede da Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Brás. Edificado ou remodelado, entre 1864 e 1866, foi concebido bem ao gosto neoclássico da época, com pilastras de ordens superpostas, dórica no primeiro pavimento e jônica no segundo, que dividem a fachada em três corpos: no central, sobre o entablamento, o clássico frontão reto. Grande platibanda cerca todo o edifício. O segundo pavimento, com sete janelas na face principal e quatro em cada face lateral, apresenta varanda corrida com gradil de ferro. “Por volta de 1880 aparecem as varandas de ferro sobre colunetas desse metal, marcando na cidade o início de aplicação da Revolução Industrial à arquitetura feita através de importações. Essas varandas circundavam os blocos edificados de sabor neoclássico. Elas também foram feitas em Belém do Pará, Recife e outras cidades brasileiras.” “Em Botafogo e na Tijuca, casas de chácaras ou palacetes mantinham a contribuição dos mestres de obras de origem lusa, e se somavam aos exemplos dos discípulos da Missão Francesa e, às vezes, com eles se fundiam harmoniosamente.” Palacete construído para o Duque de Saxe e sua esposa, a Princesa D. Leopoldina, no antigo Caminho do Parque Imperial, posteriormente Rua Duque de Saxe e, hoje, Rua General Canabarro no Engenho Velho. Parece ter sido uma reforma de outro antigo palacete. Texto da historiadora Mary Del Priore “Incrustado num lindo parque, de frente para quatro palmeiras, o imóvel nada tinha de espetaculoso. De estilo neoclássico, parecia uma das construções que os discípulos do arquiteto Grandjean de Montigny espalharam pelo Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. O frontispício, que ocupava dois andares, era dividido em sete janelas sisudas, mas elegantes. Uma escadaria, cortando o prédio ao meio, levava aovestíbulo de entrada. Em lugar de telhado, uma fileira de colunatas fazia as vezes da cimalha. O interior era decorado ao gosto da época, com pinturas cenográficas ou de naturezas-mortas. Nos tetos, o estuque trabalhado por artesãos recém-imigrados da Itália. Bairros como o Catumbi, Rio Comprido e Tijuca começavam a ser ocupados por mansões.” DEMOLIDO Palacete demolido e em seus terrenos acha-se hoje a Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca, inaugurada em 07.10.1944. Palacete Leopoldina - 1880 - Sthal & Wahnschaffe Clicar para continuar Solar do Conde da Estrela no Rio Comprido. Praia de Botafogo com diversos palacetes de características neoclássicas - 1885. DEMOLIDO TODOS DEMOLIDOS Palacete Leopoldina – Esquema (C.Barata) Palacete Leopoldina – 1866 (Klumb)
NEOCLÁSSICO O Neoclassicismo no Rio “A edificação do Teatro São João em 1813 é um dos exemplos da expansão gradual que o novo estilo, ligado ao racionalismo e à época das luzes, estava efetuando na arquitetura do Rio de Janeiro, como também na América de origem ibérica em geral.“ O corpo central apresenta três portas de arcada, que dão entrada no saguão, e três janelas de peitoril no segundo pavimento. Dos corpos laterais constam duas janelas de peitoril em cada pavimento. Um ático oculta o telhado do edifício. Em 19.05.1854, recebeu a denominação de Teatro Lírico Fluminense. Em 1865, foi indeferido pedido do engenheiro da Diretoria de Obras Municipais para a demolição do teatro. Foi finalmente demolido, em 1875, em vista de estar ameaçando ruir. DEMOLIDO O Teatro Provisório foi obra do construtor Vicente Rodrigues, cujo projeto foi escolhido entre 7 concorrentes. Inaugurado a 25.03.1852. A frontaria do edifício consta de três corpos, um central e dois laterais, marcados por grandes pilastras que rasgam os dois pavimentos até tocar o entablamento que sustenta o clássico frontão reto. No tímpano, uma lira. Teatro Provisório (Campo de Santana) - 1853 - José dos Reis Carvalho. Clicar para continuar
NEOCLÁSSICO O Neoclassicismo no Rio “Não ficamos circunscritos, nessa época, ao influxo direto de Portugal e da Espanha. Anota-se que a nossa antiga metrópole evoluiria curiosamente na arquitetura oficial para a junção do neoclassicismo de origem inglesa, e com o de influência continental chegado tardiamente a Lisboa, inclusive com obras do francês Pedro Pézerat. Essa série de circunstâncias fornece uma rica pluralidade aos aspectos do neoclassicismo nesta cidade, e isso a partir da contribuição da Missão Artística Francesa.” O elegante antigo Edifício do Tesouro foi levantado, pelo governo, na rua do Sacramento. Consta a fachada de um corpo central com três portas e duas janelas no pavimento inferior, e cinco janelas, com balaustres de mármore, nos dois últimos pavimentos. Frontão reto, com as armas imperiais no tímpano e estátuas de mármore sobre acrotérios. Os corpos laterais têm uma porta e seis janelas no primeiro pavimento e sete no segundo. O pavimento térreo é revestido de cantaria. Transformações: perda de destaque do corpo central com o acréscimo de um terceiro pavimento. Edifício do Tesouro – construído entre 1869 e 1875. DEMOLIDO Clicar para continuar À esquerda, a Igreja do Sacra-mento. À direita, o edifício do Tesouro. Rua do Sacramento (atual Av. Passos). Quadro atribuído a Victor Meireles. Rua do Sacramento (atual Av. Passos). Desenho esquemático: Cau Barata.
NEOCLÁSSICO O Neoclassicismo no Rio “À entrada, um vasto pátio no qual sobressaíam o mármore artisticamente cinzelado e genuínos azulejos. Pela ladeira de ingresso, corria bela balaustrada de cantaria e sobre a qual, simetricamente dispostos, estavam artísticos vasos de louça portuguesa. Esse e outros palacetes da velha São Sebastião guardavam, em linhas gerais, o aspecto nobre e o estilo arquitetônico portugueses do século XVIII, com as suas vidraças em guilhotina, os seus balcões em ferro, as bandeiras das portas e em outros arranjos das ornamentações.” (Restier Gonçalves) . A apalacetada residência colonial de Néri, tanto no seu exterior como interior, denotava o bom gosto do seu ilustre proprietário e morador. Quem a edificou pensou em solidez. O pavimento térreo abrigava armazéns e trapiches do Cel. Néri, abastado capitalista, negociante e político, que também era proprietário de uma bela chácara na Praia de Botafogo. Pouco depois do assassinato de seu proprietário, o Palacete Néri foi à praça pública, sendo arrematado, em 1844, pelo comendador Manuel Brito da Fonseca Teles, por dezesseis contos de réis. Nesse belo solar, funcionou, entre 1849 e 1867, a Academia de Marinha, posteriormente Escola de Marinha e depois Escola Naval, então números 1 e 2 da Rua da Saúde. Em meados de 1867, o palacete foi desocupado. Finda a grande reforma, foram os dois andares superiores alugados, em princípio de 1870, por seis contos de réis, por ano, ao Dr. Alfredo Guimarães, que nele instalou um serviço médico-hospitalar, conhecido por Casa de Saúde do Dr. Alfredo Guimarães. Finalmente, em 1883, foi o palacete adquirido pelo Liceu Literário Português, que o reinaugurou, solenemente, na noite de 11.06.1884, com a presença do Imperador D. Pedro II. Ali, permaneceu até 1929. Edifício de três pavimentos: no primeiro pavimento, todo revestido de cantaria, abrem-se nove grandes portas em arco; o segundo e o terceiro estão divididos, em três partes, por pilastras de ordens superpostas: dórica no segundo e jônica no terceiro pavimento. O segundo pavimento é formado por portas com sacadas de grade de ferro e o terceiro, por janelas. “O neoclassicismo, no Brasil, ficou sendo a arte da nova nação, empenhada em consolidar as suas recentes instituições. A continuidade dos projetos e trabalhos nos grandes prédios oficiais ou na arquitetura residencial, que repercutiu em casos epigonais como o da ampliação do prédio do Instituto João Alves Afonso, comprova que não estamos ante uma moda epidérmica ou um filão seco de criação arquitetônica, mas em face de algo de sério, que deu ao Rio de Janeiro um quadro arquitetural, do qual, entre outros, sobrevivem alguns ilustres monumentos.” Estando desocupado, com exceção do pavimento térreo onde permaneciam os estabelecimentos comerciais, submeteu-se o velho casarão a dois anos de grandes obras de reformas e recuperação, dando-lhe novas características arquitetônicas, originando-se, daí, alguns elementos do neoclassicismo, então dominantes na cidade. Grandjean projetou, em 1818, a “Praça do Curro”, um grande estádio, de forma elítica, e erguido, no Campo de Santana, para as festas do natalício do Príncipe D. Pedro. Havia 296 camarotes, numerosas ordens de bancadas e um palacete para a família Real. A entrada era formada por um Arco de Triunfo, encimado por um grupo escultórico, representando o Carro do Sol. “Essa Missão de 1816, com Grandjean de Montigny (1776-1850), Debret (1768-1848), os Taunay e, quase logo ao início, os irmãos Ferrez, tornou-se pois um fato importante na evolução estética do Brasil. Mais do que um simples episódio passageiro, a sua função foi assimilada, tornando-se duradoura, e nos deu as condições de uma nova inserção na dialética artística européia, desta vez no século XIX.” O Coronel Felipe Néri de Carvalho, vereador e negociante na praça do Rio de Janeiro, foi proprietário de uma das mais belas casas da cidade, em magnífica chácara, toda ajardinada, erguida no antigo largo da Prainha (Praça Mauá), canto da ladeira do João Homem, entre 1827, ano em que o então Capitão Néri morava na rua do Conde, e 1842, data do seu assassinato. Em 12.10.1818, iniciaram-se os festejos comemorativos do primeiro aniversário de D .Pedro, que compareceu, à Praça de Curro, com a Família Real, onde apreciaram os soberbos carros, as vistosas danças, e os valentes cavalheiros duelando com furiosos touros. Palacete Felipe Néri de Carvalho, no antigo Largo da Prainha, hoje Praça Mauá. O grande eixo que cruza a cidade até alcançar o Palacete representa a recém-aberta Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco. Em 1929, o palacete foi alienado, demolido e erguido, em seu lugar, o primeiro dos autênticos “arranha-céus” Sul-americanos, o edifício do jornal A Noite de 22 andares. Franz Fruhbek foi autor da gravura “O Campo de Santana no Rio de Janeiro”, na qual observa-se a Praça de Curro. Esse projeto, de Grandjean de Montigny, teve a direção do arquiteto Manuel da Costa e execução do mestre-de-obras José Felicano de Oliveira. DEMOLIDO Antes da tourada, houve desfile de carros alegóricos, entrando primeiro o Carro da América; em seguida, entrou o soberbo, e majestoso carro do Triumpho à Romana, que o Corpo do Comércio ofereceu: todo guarnecido de talha dourada; seguiu o terceiro carro, representando o Triunfo do Rio de Janeiro, que foi oferecido pelos oficiais de ourives de ouro e prata; veio o quarto carro, dos Marceneiros e outros oficiais análogos, considerado uma obra prima, DEMOLIDA Há frontões, triangulares e curvos, alternadamente, sobre as vergas dos vãos dos últimos pavimentos. No corpo central, sobre o entablamento, um frontão reto, ornado no tímpano, ladeado por ático (platibanda) - que oculta o telhado - com balaustrada, ornado de pináculos nos acrotérios. Praça de Touros – projeto de Grandjean de Montigny concebida pelo engenheiro Domingos Monteiro, autor de pré-dios neoclássicos na Cidade do Rio de Janeiro. Finalmente, entrou o quinto e último carro alegórico, dedicado pelos Ofícios de Sapatei-ros e Alfaiates, conduzindo portu-gueses e “Nymphas do Rio”. E que comecem as touradas.
NEOCLÁSSICO Ação de Grandjean e de Debret Entre 1891 e 1908, serviu de sede ao Pombal Militar e ao Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional. Foi, pouco a pouco, desfigurado. Finalmente, em 1908, foi totalmente reformado pelo Prefeito Souza Aguiar, perdendo por completo suas características da arquitetura neoclássica, transformando-se num estranho prédio em estilo eclético. Em terras adquiridas à família Araújo Roso, o comendador José Machado Coelho (1823-1882) fez construir sua casa de residência, na rua da Guanabara (hoje Pinheiro Machado), em Laranjeiras. Em 1865, o Governo Imperial comprou a propriedade de Machado Coelho, para servir de residência à Princesa Isabel. TOTALMENTE DESFIGURADO “As qualidades didáticas de Grandjean e de Debret deviam ser de primeira ordem, pela difusão que eles obtiveram do neoclassicismo de tipo francês, através de seus discípulos. O arquiteto era documentado e seguríssimo no conhecimento e no desenho profissionais.” Iníco da desfiguração. Retirada do telhado e da escada de acesso. Do Neoclássico ao Eclético. c c De Paço da Princesa Isabel para Palácio Guanabara Palacete da Princesa Isabel - Laranjeiras
NEOCLÁSSICO Ação de Grandjean e de Debret Miguel Calmon du Pin e Almeida, Marquês de Abrantes, Ministro e Senador, faleceu a 05.10.1865, no Rio de Janeiro. Entre 1854 (ano em que o Palacete Marquês de Abrantes, Ex-Solar Carlota Joaquina, aparece com o acréscimo do segundo pavimento) e 1865 (ano em que faleceu aquele titular), o velho Palacete aparece, finalmente, atingido pelo “vírus” do neoclássico que, avançando avassaladoramente sobre a estética da Cidade, transformou-o e adaptou-o a arquitetura oficial do período imperial. Palacete Visconde de Silva Solar Carlota Joaquina - Palacete Marquês de Abrantes – Palacete Visconde de Silva ATENÇÃO: Este solar não é neoclássico. Solar Carlota Joaquina - ainda não é neoclássico. Miguel Calmon du Pin e Almeida, então visconde de Abrantes (desde 1841), foi elevado ao título de Marquês de Abrantes em 1854. Nesse período, efetuou reformas no antigo Solar da Carlota Joaquina, agora Palacete Marquês de Abrantes, acrescentando-lhe um segundo pavimento, antes de 1850. “Entre seus alunos citemos José Maria Jacinto Rebelo, Araújo Porto Alegre e Joaquim Cândido Guillobel; este ultimo era de formação lusa, mas desejou aperfeiçoar-se com o mestre da Missão.” Com o falecimento da Marquesa, em 1880 – Paris -, a propriedade ficou em mãos de seu segundo marido, Visconde de Silva, que ali ainda residia em princípios do século XX. O Visconde reformou todo o velho palacete que pertencera à Carlota Joaquina, aderindo às novas ondas estilísticas que, no alvorecer da República, insistiam em desfigurar o neoclássico que, também, desfigurara o colonial. O Visconde de Silva faleceu, no Rio de Janeiro, em 1903. Porém, pouco antes de morrer, dividiu os terrenos de sua residência - antigo Solar da Carlota Joaquina e, depois, Palacete Marquês de Abrantes - em novas cinco propriedades, repassadas a Almeida & Irmão (80), Celso Bayma (82, 84), Joaquim Nunes Tássara (86) e Manuel Fernandes de Sá Antunes (88). Este magnífico solar pertenceu à Rainha Carlota Joaquina, edificado em terreno comprado por 200$ pelo marechal João Valentim de Faria Lobato, oficial-mór da Casa Imperial, para nele erguer o citado palacete e residência da Rainha. DEMOLIDO O que acontecerá com esse edifício mostra a influência que um estilo oficial exerce numa Cidade em constante transformação. Seus diversos proprietários, homens influentes na Corte e na República, não poderiam deixar de acompanhar os sucessivos modismos que chegavam à Cidade do Rio de Janeiro, principalmente aqueles que tinham uma conotação oficial, como é o caso do neoclássico. Assim, foi colonial e neoclássico, terminando seus dias como eclético. Estamos apreciando o Solar da Rainha Carlota Joaquina. O Rio de Janeiro não só viu surgir centenas de novos prédios, construídos ao gosto neoclássico, como foi testemunha de uma nova roupagem dada a cidade - belo manto neoclássico -, da zona Norte às zonas Sul e Oeste, transformando antigos palacetes, casas maiores e menores, na nova arquitetura neoclássica. Estamos diante de um típico solar senhorial, das grandes famílias cariocas do período colonial. O palacete herdado pelo Imperador D. Pedro I, após sua morte, em 1834, passou a seus herdeiros, conforme aparece atestado em 1836. A propriedade, entre os Caminhos Novo (rua Marquês de Abrantes) e Velho de Botafogo (rua Senador Vergueiro), foi avaliada em 40 contos, considerando apenas as casas contíguas, cocheira e algumas outras dependências. Os terrenos da chácara foram avaliados em 7 contos. Clicar para continuar Este magnífico solar, que vem do período dito colonial, situado na Praia de Botafogo, esquina com o antigo Caminho Novo de Botafogo (hoje rua Marquês de Abrantes), sofrerá todas as transformações ocorridas no curso de sua história. Justamente por ter sido uma Casa Real – permitam-me assim nomeá-la –sobreviverá por muitos anos à especulação imobiliária, mantendo-se de pé por quase cem anos, sem deixar de acompanhar, no entanto, as transformações estéticas de cada período em que sobreviveu. Clicar para continuar Do Neoclássico ao Eclético Clicar para continuar O palacete em 1836. Enseada de Botafogo e o solar em 1846 Interiores Tudo foi comprado da Família Imperial pelo Visconde de Abrantes, que aparece atestado, na residência, em 1842, onde residiu por alguns anos. Praia de Botafogo e o palacete já neoclássico - 1863. Palacete Marquês de Abrantes (ex-Carlota Joaquina), com o novo pavimento. Praia de Botafogo e o palacete já neoclássico - 1865. Em 1865, faleceu o Marquês de Abrantes, ficando a propriedade para a viúva Maria Carolina da Piedade Pereira Bahia (1826-1880), que casou, em segundas núpcias, com Joaquim Antônio de Araújo Silva, agraciado com os títulos de Barão do Catete (no Brasil), e Visconde de Silva (em Portugal). Imagem de 1816
NEOCLÁSSICO Ação de Grandjean e de Debret José Batista Martins de Souza, que acrescentou Castelões ao seu nome, por ser natural de São João Batista de Castelões, Braga-Portugal, faleceu, em 1878, no Rio de Janeiro. Era bisavô do famoso Tristão de Atayde (Alceu Amoroso Lima). A propriedade foi vendida para a família Carmo. Antonio José de Castro, nascido cerca de 1797, faleceu por volta de 1850, quando estas terras aparecem atestadas em nome da viúva, Leonarda Angélica, e da filha Guilhermina Angélica de Castro. O lote da antiga Capela, que recebeu o número E, foi vendido, em leilão, por dois contos de réis, ao Comendador José Batista Martins de Souza Castelões, onde ergueu sua bela residência neoclássica. Uma das raras fotografias em que a Casa do Conde da Barca ainda aparece com as características dos velhos sobrados coloniais. Enquanto viveu nessa casa, não houve tempo de torná-la neoclássica, morrendo nela, sem a oportunidade de ver a implantação dominante do novo estilo na cidade imperial. “Outros exemplos foram os franceses Pedro José Pézerat e Carlos Rivière. O primeiro trabalhou na década de 20 para D. Pedro I. Fez, como sustenta Debret, a primeira fachada e o complemento da Escola Militar, depois Politécnica e de Engenharia, no Largo de São Francisco.” A Pézerat é atribuiída a reforma e complemento da casa onde iria residir a Marquesa de Santos, e ele fez o pavilhão definidor de forma definitiva do Palácio Imperial da Quinta e projetos para o palácio de Santa Cruz, estes não ultimados.” Ainda no século XIX, funcionou neste solar a Academia Nacional de Medicina, o Pedagogium e a Academia Brasileira de Letras. Entre 1852 e 1897, o prédio foi todo reformado, ao gosto do neoclassicismo tardio, meio que avançando para o eclético. Colocou-se um ático (platibanda), escondendo o telhado. “Outros arquitetos neoclássicos, que não eram discípulos de Grandjean, também trabalharam no Rio de Janeiro. Entre eles, José Domingos Monteiro, que era oficial de engenheiro de origem portuguesa, nascido no Porto, e a quem se deve a conformação do primeiro bloco da nova Santa Casa da Misericórdia, inaugurada em 1852.” Com a retirada da Corte para Portugal, em 1821, a Família Real desfez-se de alguns dos seus bens no Rio de Janeiro. Os terrenos do Largo do Machado foram adquiridos por cinco compradores, dentre eles Antonio José de Castro, que, em 1835, adquiriu terras equivalentes a oito lotes com a capela da rainha. Alugava estas propriedades desde 1824. Na verdade, esta fotografia, de 1862, mostra três grandes construções na Rua do Passeio, uma delas já citada neste estudo: 1. Antiga Biblioteca Nacional, onde hoje está o prédio da Escola de Música; 2. Cassino Fluminense, prédio que ainda existe, onde funcionou por muitos anos o Automóvel Clube; e 3. o Solar do Conde da Barca. Capela privada da residência de Antonio José de Castro, construída, em 1720, no Largo do Machado. Foi reconstruída, em 1818, pela Rainha Carlota Joaquina, na rua das Laranjeiras n. º 9. Em 4 de abril de 1835, foi comprada pela quantia de 5:187$686, incluindo despesas de transmissão de propriedade. Este palacete, do chamado estilo colonial, serviu de residência ao Conde da Barca que chegou ao Rio de Janeiro acompanhando a Família Real em 1808. Localizado na rua do Passeio, aquele titular adquiriu-o, em 1811, do espólio de Maria Francisca Braga. Foi o maior responsável pela vinda da Missão Francesa, à qual se deve a implantação oficial do neoclassicismo em 1816. Enquanto isso, seu solar ainda permanece com características do período anterior. No ano seguinte à aquisição – 1812 -, já havia lojas no andar térreo e um Laboratório Químico no quintal. Ainda no andar térreo, instalou o maquinario tipográfico que trouxe de Lisboa, origem da Impressão Régia no Brasil. Antonio de Araújo de Souza de Azevedo, Conde da Barca, faleceu, a 21.06.1817, em sua residência, na rua do Passeio. Entre seus bens, figurava essa casa, cujos terrenos avançavam até a rua dos Barbonos (hoje rua Evaristo da Veiga). Após sua morte, o governo adquiriu, em leilão, o imóvel, onde foi instalado, em 1821, no pavimento superior, a Secretaria dos Negócios da Justiça, aí permanecendo até 1852. DEMOLIDO Clicar para continuar Este Solar ainda não é neoclássico. Largo do Machado em 1835. O casario, à esquerda, no princípio da rua das Laranjeiras, fica localizado em terras que também pertenceram à Rainha Carlota Joaquina. Vemos a antiga capelinha da rainha. A Capela da Rainha Carlota Joaquina, no Largo do Machado, em 1826. Outra imagem do casario do Largo do Machado em 1823, na qual também aparece a capelinha da Rainha. O palacete do Largo do Machado - cerca de 1850. Na entrada, há um mastro com a bandeira italiana. Mais adiante, a capela da Rainha Carlota Joaquina. Nem mesmo Serviço do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional (SPHAN), criado em 1937, salvou este palacete, demolido cerca de 1962. A simplicidade do primeiro pavimento sugere uma adaptação neoclássica ao edifício, e não uma construção neoclássica. Solar Conde da Barca – rua do Passeio.
NEOCLÁSSICO Hospital da Ordem 3.ª do Senhor Bom Jesus do Calvário e Via Sacra Hospital da Ordem 3.ª do Senhor Bom Jesus do Calvário e Via Sacra 1847 A frontaria é dividida em três corpos. No corpo central há três portas de arcada no primeiro pavimento, há três janelas, com uma grade de ferro corrida, no segundo pavimento, lendo-se, sobre a janela central, a data 1847. No friso do entablamento há o dístico, com letras douradas, “Hospital da Ordem 3.ª do Senhor Bom Jesus do Calvário e Via Sacra.” “Carlos Rivière, que trabalhou na Diretoria de Obras Públicas da Província do Rio de Janeiro e foi autor da Matriz de Niterói, fez, no Rio de Janeiro, com o engenheiro Julio Koeler, o projeto da igreja Matriz de N.S. da Glória, no atual Largo do Machado, cuja fachada tem colunas “à antiga” com frontão, e cuja torre central fez Germain Bazin pensar na igreja St. Martin de Londres.” O hospital foi erguido por decisão da mesa da Venerável Ordem Terceira do Senhor Bom Jesus do Calvário e Via Sacra, reunida em 20.06.1845. O hospital quatro faces: a principal voltada para a extinta rua do General Camara, a outra, mais extensa, voltada para a extinta travessa do Bom Jesus, a terceira, para a extinta rua de São Pedro, e a última, voltada para a rua da Uruguaiana. Coroa o corpo um frontão curvo, ornando o tímpano os emblemas da ordem. Um ático oculta todo o telhado do edifício, que foi construído pelos artistas Inácio Ferreira Pinto e Severiano Francisco Xavier (contra-mestre), que trabalhou, também, na reedificação da Igreja de Bom Jesus do Calvário ao lado do hospital. Cercado de gradil e ladrilhado de mosaico de mármore, o átrio é separado da igreja por uma grade de ferro. DEMOLIDO Os corpos laterais têm uma janela de peitoril no primeiro pavimento, uma de sacada no segundo, o entablamento e acrotérios sustentando duas estátuas. Não sendo o templo paralelo à rua, para dar-se ao hospital a mesma direção, tornou-se o átrio mais largo do lado da travessa do Bom Jesus. Ladrilhou-se o átrio, de mámore, de 1861 a 1862. Atropelado pela abertura da Avenida Presidente Vargas em 1943-44. Hospital de Bom Jesus do Calvário Clicar para continuar Hospital da Ordem 3.ª do Senhor Bom Jesus do Calvário e Via Sacra 1847
NEOCLÁSSICO Ação de Grandjean e de Debret Fim do texto (em itálico) do Prof. Mário Barata (1921-2007). Erguida em terras da grande chácara de André Nogueira Machado, um dos mais antigos proprietários que se tem notícia desse terreno, então com cem braças de testada para o largo do Catete (hoje praça José de Alencar) e duzentas de fundos, no século XVIII. André vendeu a propriedade, em 1778, para Manuel Ribeiro Guimarães. Foi herdada, em 1813, por Teresa do Nascimento, viúva de Guimarães, que a repassou, em 1815, para seu filho, o sargento-mór Manuel Antonio Ribeiro, falecido em 1857. A propriedade ficou em mãos da viúva Maria Amália de Bulhões Ribeiro, falecida em 1863. Seu filho Francisco Manuel de Bulhões Ribeiro, herdeiro, ainda detinha essa propriedade, em 1873, então número 4. Nessa época, a Chácara Bulhões Ribeiro reduzia-se a trinta braças de frente, para o largo do Catete, e poucos fundos, porque a maior porção foi vendida a Manuel Guedes Pinto, ainda no tempo de Teresa do Nascimento. No lote 5, a Pensão Faro ficava numa casa, erguida provavelmente na década de 80 do século XIX, num estilo que, saudosamente, resgatava a arquitetura neoclássica. Em 1925, a propriedade tinha o número 8 e pertencia ao Dr. Benjamim Emiliano Corrêa do Lago, também proprietário de farmácia na esquina da Rua Marquês de Abrantes. Benjamin, falecido em 1943, era tio-avô do bibliófilo e editor Pedro Aranha Corrêa do Lago. O prédio ainda existia em 1955. “O que sobrevive do neoclassicismo no Rio de Janeiro é em grande parte obra de discípulos de Grandjean, na arquitetura; de Debret, na pintura e dos Ferrez, na escultura e na medalhística.” Entre 1873 e 1876, a porção restante da antiga chácara 4, agora com o novo número 5, foi vendida ao negociante e capitalista Luiz Antonio Martins, Cavaleiro da Real Ordem Italiana de S. Maurício e S. Lázaro. A propriedade foi dividida em dois lotes, numerados 5 e 5A, e vendida a José Salgado Zenha, que também adquiriu os números 3A e 3B. Salgado Zenha, proprietário de casa de comissões, residia em Lisboa em 1889. DEMOLIDO Postal da Coleção Dom Beto (Luiz Alberto da Costa Fernandes ) PENSÃO FARO Pensão Faro – Praça José de Alencar
NOTA Não podiam ser poucos os prédios, já que o neoclássico é considerado um estilo oficial, estabelecido no Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro - a Corte no período Imperial. Lembro-me, no tempo da Faculdade de Arquitetura (FAU-UFRJ), dos diversos trabalhos que elaboramos sobre o barroco mineiro, sobre o art-nouveau em Belém do Pará, sobre as mansões da Avenida Paulista e sobre o neoclássico no Rio de Janeiro. Assim, logo no princípio da elaboração deste slideshow, optei pela mudança da proposta inicial, e resolvi coletar as poucas imagens que restam dos prédios perdidos, apelando para uma abordagem mais dramática no uso dos negativos. Muitas outras imagens consegui coletar, no entanto, pelo tamanho do arquivo (4,2 MB), e pelo uso excessivo, porém necessário, dos desenhos esquemáticos da arquitetura de alguns edifícios, achei que estava na hora de terminar. Quando comecei a preparar este slideshow, minha intenção era apresentar imagens dos belos edifícios remanescentes do neoclássico carioca, tais como: o Palácio Itamarati, a Casa da Moeda (Arquivo Nacional), a Santa Casa de Misericórdia, entre outros. No entanto, à medida que a idéia foi-se desenvolvendo, resolvi reler alguns antigos trabalhos sobre a arquitetura carioca, principalmente a do período imperial, quando houve domínio pleno do neoclassicismo. Foi nesse momento que deparei com algumas críticas sobre o descaso com nossa história e a consequente demolição de muitos dos nossos antigos prédios neoclássicos. Percebi, então, que nenhum dos artigos apontava esses prédios e, logo, perguntei-me: - o que se derrubou de neoclássico? Palácio Itamarati Casa da Moeda Santa Casa da Misericórdia * sobreviventes * Solar Grandjean (PUC) Casa França-Brasil Solar dos Abacaxis * A resistência * Automóvel Clube (antigo) Casa de Rui Barbosa Escola Politécnica (IFICS) O primeiro prédio, no Passeio Público, agoniza, e continua batalhando pela sobrevivência. Partíamos para o campo, a fim de estudar e conhecer melhor a obra dos antigos artistas, lamentando o que não mais existia, sem nos darmos conta da necessidade da elaboraração de um catálogo da obra perdida: talvez até já exista. Quem sabe, nos arquivos do Patrimônio Histórico? Fica para uma terceira parte a continuação deste catálogo virtual, já que pretendo, na segunda parte, apresentar um novo slideshow com as obras neoclássicas ainda existentes no Rio de Janeiro, entre elas as nove que foram estampadas no decorrer desta nota final. (Cau Barata) Dórica Jônica
FIM DA PRIMEIRA PARTE Série Arquitetura no Rio de Janeiro - I ARQUITETURA NEOCLÁSSICA Rio de Janeiro Uma homenagem ao ano da França no Brasil que se festeja em 2009. Dedicado aos apaixonados pela história do Rio de Janeiro e aos estudantes de arquitetura. Texto básico, em itálico, do Prof. Mário Barata (1921-2007). Pesquisa de imagens, desenhos, formatação e complemento de texto: Cau Barata 25.03.2009 – 28.04.2009. Agradecimentos ao amigo: cel. Carlos Alberto Paiva.