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A Crise Global vista como um furacão que se aproxima:. uma análise das três frentes que convergem para sua formação. Versão em português de uma apresentação muito interessante de Paul Chefurka. http://www.paulchefurka.ca (janeiro, 2008) . Tradução: Enrique Ortega (março, 2008).
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A Crise Global vista como um furacão que se aproxima: uma análise das três frentes que convergem para sua formação. Versão em português de uma apresentação muito interessante de Paul Chefurka.http://www.paulchefurka.ca(janeiro, 2008). Tradução: Enrique Ortega (março, 2008).
Convergindo para a crise Ecologia, Energia, Economia
Em 1970, Jay W. Forrester do Grupo de Dinâmica de Sistemas do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT) apresentou em uma reunião um modelo de simulação do planeta que mostrava as interações entre seus principais componentes e explicou como a modelagem em computador permitiria prever o comportamento do sistema. Essa apresentação levou a realização do projeto “A Problemática da Humanidade”, desenvolvido pelo grupo de pesquisa do MIT, sob a direção de Dennis Meadows e o patrocínio do Clube de Roma.
O mesmo desenho usando a metodologia dos diagramas sistêmicos de fluxos de energia, materiais e informação de H. T. Odum (1994, 1996). http://www.unicamp.br/fea/ortega/creta/HTObooks.htm
O diagrama ilustra as complicadas inter-relações entre 19 elementos do modelo. Ainda que o modelo seja uma “simplificação do mundo” ele coloca “que os principais problemas globais tem raízes num conjunto simples de interações.” Os resultados foram publicados no livro Os Limites do Crescimento.
Nos encontramos aqui! Os gráficos obtidos nas simulações predizem o que iria a ocorrer se continuassem a crescer exponencialmente o uso de recursos naturais, a industria, a produção de alimentos por via química, a degradação do ambiente e a população.
O livro conclui dizendo que o crescimento por si mesmo causa problemas e que por tanto o desenvolvimento humano é limitado. Na raiz dos problemas humanos esta a crença (daqueles que estão no poder) de que “o crescimento é a solução”. De acordo com eles, tudo tem que crescersempre: infra-estrutura, energia, população, produção, exportações e consumo. Não haveria limites para o crescimento. Um conceito que contradiz a ciência (Ecologia).
A versão mais recente do livro foi publicada em 2004 com o título Limits to Growth: The 30-Year Update em português Limites do Crescimento: a atualização de 30 anos. Donnella Meadows, Jorgen Randers e Dennis Meadows após atualizar os dados e aprimorar a análise confirmaram os resultados já apontados na versão original. http://www.qualitymark.com.br/product.aspx?product_id=9788573037364
As soluções adotadas pela comunidade internacional que toma decisões (as elites dos países ocidentais do Hemisfério Norte) geraram os problemas globais, afetam toda a humanidade e as outras espécies. Como os sistemas se entrelaçam, ao tentar solucionar o problema de um grupo humano se afetam de forma indesejada outros grupos humanos e as espécies de outros sistemas.
O furacão que se aproxima tem três forças (ou frentes) principais convergindo: • O colapso ecológico, originado pela depleção dos recursos naturais e a mudança do clima global. • A falta de energia, devido ao esgotamento do petróleo e do gás. • A perda da estabilidade econômicaprovocada pela dívida norte-americana e um complexo e insustentável sistema financeiro internacional.
A seguir se examina a crise e se discute como os indivíduos e as comunidades podem responder.
O problema ecológico é causado pelo estilo de vida da civilização ocidental que se caracteriza pelo consumo excessivo de produtos industriais (produzidos a partir do petróleo) que geram uma imensa massa de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Um modelo de desenvolvimento se torna insustentável quando o ritmo das atividades humanas é tão rápido que os processos naturais não conseguem absorver o impacto produzido - por falta de área de ecossistemas preservados e tempo de recuperação.
E os sistema econômico global continua crescendo intensamente utilizando os recursos não renováveis como fonte principal de energia e materiais. Os processos dos ecossistemas naturais já sobrecarregados ainda têm que lidar com mais resíduos, tais como o CO2, os escorrimentos dos jazidas minerais e dos processos da mineração, os resíduos das industrias e dos aterros, etc.
Usamos o termo Ecologia em lugar de “Meio Ambiente” de forma proposital, pois em vez de pensar o entorno do ser humano, a visão ecológica o coloca como uma componente ativo da Biosfera: membro de uma rede de vida inter-dependente. Nossas ações têm conseqüências maiores do que imaginamos, longe de afetar apenas a qualidade do ar, da água e da terra que usamos estamos afetando outras espécies que fazem parte da rede de sustentação da vida no planeta. A extrapolação dessa tendência nociva pode colocar a vida humana em risco de extinção.
O aquecimento global era visto como uma ameaça de longo prazo, porém as pesquisas recentes indicam que o clima global pode mudar dramaticamente em uma ou duas décadas. O CO2 atmosférico já chegou a 394 ppm. Hoje a população mundial está ciente de que o caos climático é a ameaça mais importante ao ser humano.
Al Gore disse no Foro Econômico Mundial em Davos que o mais recente relatório do IPCC da ONU era excessivamente otimista. Ele informou que a taxa de mudança real é muito mais rápida do que as a maioria de projeções pessimistas previam. As mudanças climáticas se intensificarão e afetarão com maior força aos outros problemas globais que se tornarão mais difíceis de resolver.
O Ártico some! Esta acontecendo mas rápido do que o esperado
A Antártica está perdendo grandes volumes de gelo. O desgarramento de glaciares está aumentando dramaticamente devido a lubrificação pela água derretida. As geleiras das cordilheiras (fontes de água) estão entre os sistemas mais afetados. Por exemplo: o planalto tibetano e os Andes. Nos últimos dois anos a calota de gelo do Ártico perdeu uma área equivalente a duas vezes o tamanho da França. O Oceano Ártico pode ficar sem gelo no verão em 2015. Os cientistas climáticos esperavam que isto viesse a ocorrer em 2040 ou 2050.
O problema é sobre-pesca. Estamos comendo tudo o que se produz nos oceanos. E não se trata apenas de peixes: a morte dos recifes de coral no mundo inteiro indica que estamos destruindo os oceanos. E eles não se recuperarão se continuarmos a usá-los, ao mesmo tempo, como deposito de lixo e uma despensa que se usa sem mesura. Nos oceanos, desde 1950, o número de peixes caiu 90%. E 90% de todas as espécies de peixe poderão desaparecer antes de 2050. Os estoques de bacalhau do Norte do Canadá caíram 99% em 25 anos até a moratória de 1992 e não mostram sinais de recuperação após 15 anos.
A humanidade tem reduzido biodiversidade e causando extinções durante dezenas de milênios. Esse comportamento aumento muito depois do descobrimento da agricultura, e se acelerou com o advento de combustíveis fósseis. Nós estamos vivendo no meio de uma grande extinção. Os biólogos estão chamando a este fenômeno como a “Extinção da era geológica do Antropoceno”.
Nós estamos emitindo dióxido de carbono 10 vezes mais rápido que uma das maiores erupções vulcânicas conhecidas – que 65 milhões de anos atrás participaram do evento de extinção do Cretáceo - Terciário. As espécies estão agora se extinguindo mais rapidamente que durante as prévias cinco Grandes Extinções – a uma taxa 1000 vezes mais rápida que o esperado.
Vários livros, entre eles “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson, as notícias de jornal sobre chuvas ácidas, o derramamento de petróleo do barco cargueiro Exxon Valdez. • No caso do Canadá, o país enfrenta um problema de poluição crescente devido ao processamento do piche. • A visível poluição da água, assim como o lixo abundante jogado na terra e no mar (resíduos de plástico jogados em todas partes). O mundo está com um problema ecológico provocado pelo homem. Ficamos sabendo dos problemas ambientais através de várias fontes:
O mundo perde 150,000 quilômetros quadrados de área agrícola anualmente, em função da urbanização, desmatamento e desertificação. Esse valor corresponde a mais de 15,000,000 de quarteirões cada ano. Um bilhão das pessoas em 110 países são afetadas pela desertificação.
Desde o fim da segunda Guerra mundial, um terço da terra agrícola foi danificada pela ação dos produtos químicos tóxicos sobre a micro-biota e na estrutura do solo. A fertilidade do solo é a metade do que era cem anos atrás. Os aqüíferos estão sendo drenados 100 vezes mais rápido do que sua taxa de recarga por percolação pois os agricultores perfuram milhões de poços de água usando a tecnologia dos poços de petróleo.
O aumento da produção de biocombustíveis (etanol a partir de milho ou materiais celulósicos) acelerará o processo de falta de água e terra e a poluição do ar, do solo e da água. As Mudanças Climáticas aumentarão a magnitude e concentração dos fenômenos climáticos (secas e inundações variáveis). Já estamos observando esses fenômenos, os quais piorarão nos próximos anos.
Após uma etapa de maximização do rendimento na produção de grãos, a Mudança Climática está diminuendo a produtividade, e o uso de milho para etanol está reduzindo a disponibilidade desse grão para a alimentação humana e animal. Em 1986, os estoques mundiais de grão garantiam 30 dias de consumo, hoje somente 53 dias. A provisão de grãos per habitante no mundo caiu de 340 kg em 1984 a 300 kg hoje.
A realidade atual indica que Thomas Malthus tinha motivos suficientes para estar preocupado. As Nações Unidas, através da FAO, advertem sobre a falta de comida potencialmente catastrófica na África dentro de 15 anos.
O fenômeno de excesso de crescimento (“overshooting”) ocorre quando a população excede a capacidade de suporte. Uma situação deste tipo degrada o meio ambiente o que faz diminuir ainda mais a capacidade de suporte. A capacidade de suporte é a população que um ambiente pode sustentar sem degradar-se. Quando a população está abaixo desse patamar tende a aumentar; se a população estiver acima da capacidade de suporte é compelida a diminuir.
O fato da Mudança Climática estar sendo causada pelo CO2 mobilizado pelo homem é uma prova de que estamos em situação de excesso de crescimento (de 25% a 100%). Esse “overshoot” foi conseguido uso maciço do petróleo. Se nessa situação a população se mantém (ou cresce) ocorre erosão do meio e se reduz a capacidade de suporte. Um “overshoot” prolongado pode causar um colapso.
Ao crescer os sistemas aumentam sua produtividade, primeiro se expandindo, depois se tornando mais complexos, finalmente eliminando elementos redundantes (diversidade). Depois muitos colapsam. Como a resiliência é uma função de diversidade, quando os sistemas perdem a diversidade eles perdem também a capacidade de recuperação. Nesse caso, os impactos que sofrem causam quebras de funcionamento que se transmitem por todo o sistema (não são amortecidas no local de impacto). Resiliência = poder de recuperação = capacidade de absorver impactos.
Se por uma decisão econômica desaparece a biodiversidade e se estabelece a monocultura ocorre degradação e o sistema se torna frágil. Sem rotas alternativas, as transformações biológicas diminuem e os serviços ecossistêmicos se perdem. Processos indesejados como a criminalidade e o tráfico de drogas aparecem e a população emigra. Imagine um sistema com biodiversidade com vários mecanismos de ação atuando em paralelo, se um falha os outros o substituem. A diversidade gera robustez e flexibilidade. Os impactos são amortecidos por vários mecanismos. A civilização industrial é o maior, mais produtivo, mais dependente (insustentável) e mais complexo sistema já visto na Terra.
Como se perde a resiliência? Tudo aquilo considerado como uma qualidade na indústria constitui uma fragilidade ecológica, como: A agricultura feita em monocultura, Os procedimentos “on time”, A distribuição das manufaturas pelo mundo todo, O frenesi de atividades econômicas.
A noticia da primeira página é que o preço do barril de petróleo ultrapassou US $100. O que está atrás dessa manchete? Quais são as implicações para o futuro?
A energia é o que permite o crescimento da população e da atividade econômica. Usamos para crescer a energia mecânica, a térmica, a elétrica e também a energia da água e da comida (calórica, funcional e nutricional). As energias básicas da atual civilização são: petróleo, gás e eletricidade.
Hoje a energia renovável fornece menos de 1% do consumo de energia da civilização industrial.
Esse volume de energia de petróleo corresponde a: 300 hidroelétricas gigantes; 6,000 usinas termoelétricas; • 6,000,000 turbinas de vento, ou • 100,000,000,000 painéis solares. Um barril de petróleo contém energia equivalente a 20,000 horas de trabalho humano (dez anos de 250 dias de 8 horas de trabalho por dia). O consumo mundial anual de petróleo (85 milhões de barris) equivale ao trabalho de 200 bilhões de seres humanos! 30 vezes a população mundial!