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Assistência Pré-natal Prof. Jorge Buchabqui Departamento de Ginecologia e Obstetrícia UFRGS - HCPA
Diagnóstico Precoce da Gravidez • 11% a 42% das idades gestacionais estimadas pela data da última menstruação - DUM, são incorretas. • exame ultra-sonográfico deve ser realizado entre 10 e 13 semanas (CCN) (A). • ßhCG pode ser detectado no sangue entre 8 a 11 dias após a concepção.
História atraso menstrual, náuseas, vômitos, salivação excessiva, mudança de apetite, aumento na freqüência urinária Exame físico aumento das mamas, presença de colostro, coloração violácea vulvar, cianose vaginal e cervical, aumento do volume uterino com amolecimento da cérvice e segmento inferior Exames laboratoriais HCG + Diagnóstico de Gestação
Objetivos • Diagnosticar ou confirmar a gravidez quando ainda existem dúvidas • Diagnosticar ou confirmar doenças maternas preexistentes e tratar ou reduzir seu impacto na evolução da prenhez Encaminhar casos alto de risco para centros terciários • Orientar a gestante quanto a hábitos de vida, dieta e atividade física • Ampará-la e educá-la para o parto, aleitamento e noções de puericultura
Início e Seguimento No Brasil, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) estabelece que o número mínimo de consultas de pré-natal deverá ser de seis consultas: uma no 1º. trimestre,duas no 2º. e três no último. A redução no número tradicional de consultas de pré-natal não se associou a resultados adversos maternos ou perinatais, como préeclâmpsia, infecção do trato urinário, mortalidade materna ou baixo peso ao nascer.
Início e Seguimento MAS: associou-se com insatisfação da gestante em relação aos cuidados pré-natais. À avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre: trabalho de parto prematuro, préeclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal.
Medidas Pré-concepcionais • I - Ácido Fólico • A suplementação pré-concepcional com folato (ácido fólico) demonstrou forte efeito protetor contra os defeitos do tubo neural • Mulheres cujos fetos ou RNs apresentam defeitos do tubo neural devem ser orientadas quanto ao risco de recorrência em novas gestações, devendo • manter suplementação contínua com ácido fólico pré-concepcional, diariamente, • até a 12ª semana da gestação subseqüente
Medidas Pré-concepcionais I I – Prevenção Da Rubéola A gestante deve ser rastreada quanto à sua imunidade contra rubéola, se ainda não o foi antes da gravidez. As mulheres susceptíveis devem ser aconselhadas sobre os riscos da infecção durante a gravidez e devem ser orientadas a se vacinarem no puerpério. O Ministério da Saúde do Brasil não estabelece o rastreamento de rotina para a rubéola na gravidez .
Anamnese na Gestação • Nome • Relação médico paciente • Idade • Maior ou menor incidência de certas doenças • Primigesta jovem: < 17 anos • Primigesta idosa: > 30 anos • > 35 anos: orientar doenças genéticas • Cor • Negra • > incidência anemia falciforme, miomatose uterina • + bacia andróide
Anamnese na Gestação • Profissão • Longos períodos posição supina • Aumento pressão membros inferiores • Fenômenos tromboembólicos • Esforço físico intenso • Agentes químicos e físicos • Estresse • Estado civil • Apoio econômico e psicológico do companheiro • Influencias no desenvolvimento da gravidez • Procedência • Interferência de determinadas endemias • Escolaridade • Passar informações de acordo com seu grau de compreensão
História Familiar • Doenças familiares interrogadas • Cardiopatias • Diabetes • HAS • Epilepsia • Neoplasias • Alterações psíquicas • Infecciosas • Tuberculose • Hepatites B e C • HIV • Sífilis
Hipertensão Cardiopatia Nefropatia Diabetes Doenças auto-imunes Distúrbios mentais Epilepsia Doenças infecto-contagiosas Distúrbios tireoidianos Uso de medicamentos Atos operatórios prévios Acidentes Transfusões sanguíneas Transmissão moléstias infecciosas Sensibilização materna ao fator Rh História Pregressa
Uso de Drogas Ilicitas e Tabagismo Gestantes com problemas de uso de drogas ilícitas Não existem evidências sobre as vantagens da visitação domiciliar de equipe multidisciplinar Cocaína na gestação aumenta significativamente o risco de descolamento prematuro da placenta e de rotura prematura das membranas Gestantes tabagistas, são efetivas as intervenções com o objetivo de suspensão do uso de cigarro
Exercícios Físicos Exercício aeróbico regular Parece melhorar ou manter a capacidade física falta esclarecer os riscos e benefícios para a mãe e o RN. Avaliar antes de iniciar atividade física Recreativas são seguras durante a gravidez. Evitar exercícios com risco de quedas ou trauma abdominal. Exercícios aquáticos a partir de 20 semanas de gestação, reduzem significativamente a lombalgia e o absenteísmo .
Trabalho • gestantes sem história prévia de abortamento • não foi encontrado risco associado à atividade física • história prévia de dois ou mais abortamentos • Evitar muitas horas de pé ou caminhando • mais de sete horas de pé • > probabilidade maior de abortamento espontâneo
Atividade Sexual • atividade sexual durante o 3º. trimestre da gravidez • sem associação com > mortalidade perinatal • sem asociação com aumento da prematuridade • independente da presença de vaginose bacteriana ou tricomoníase
Cuidado com as Prescrições na Gestação • Poucos confirmaram com segurança na gestação • Particularmente durante o 1º. trimestre • Ver necessidade da paciente, benefícios maternos e riscos fetais • Antieméticos reduzem a freqüência de náuseas no início da gravidez • Nenhum tratamento para a hiperemese gravídica demonstrou benefício evidente.
História Ginecológica • Menarca e regularidade do ciclo menstrual, freqüência e quantidade do fluxo • Confiabilidade da DUM e DPP • Cirurgias ginecológicas pregressas • Miomectomia • risco rotura uterina • Uretrocistopexia • cesariana • Amputação / conização colo uterino • Compromete competência cervical • Acompanhamento pré-natal criterioso • Cerclagem • Início atividade sexual, freqüência e nº parceiros • DST – dano feto
História Obstétrica Pregressa • Evolução dos partos anteriores • Cesariana prévia? • Porque? dcp / Macrossomia • Quantas? Iteratividade • Parto vaginal prévio? • Boa evolução? • Ectópica, natimorto, malformado? • Prematuridade?
História Obstétrica Pregressa • Abortamentos? • Espontâneo ou induzido • Qual idade gestacional • Alguma complicação • Perdas de repetição • RN de partos anteriores • Peso • Condições após nascimento • Intercorrências neonatais
História Obstétrica Atual • Paridade • (Gesta/Para/Aborto) • Ex: G2P1A0 G4P2A1 G1P0A0 • DUM: • Nem sempre informa com fidelidade • Às vezes ignorada
DPP Regra de Naegele Prevê duração 280 dias Necessário conhecer DUM Soma-se sete dias ao primeiro dia da última menstruação e subtraem-se três do mês. Cálculo DPP História Obstétrica Atual dia / mês / ano +7 / -3 / ano OBS: se mudar de mês, subtrair dois em vez de três Exemplo 1: DUM: 13/09/2009 DPP: +7/-3 --------------- 20/06/2010 Exemplo 2: DUM: 27/06/2009 DPP: +7/-2 --------------- 04/04/2010
Idade gestacional Calendário História Obstétrica Atual IG: Abril: 10 dias Maio: 31 dias Junho: 30 dias Julho: 05 dias 75 dias Exemplo: DUM: 20.04.2009 Data atual: 05.07.2010 75 7 10 5 IG 10 semanas e 5 dias
Idade gestacional Ultrassonografia Precoce! História Obstétrica Atual maio : 11 junho: 30 julho : 05 46 7 6 4 06 sem + 4 dia 13s + 4 dias (US) 20s 1d Exemplo: DUM: ??? US: 20/04/2010 13s4d Data atual: 05.07.10
Data Provável do Parto - DPP Regra de Naegele Cálculo História Obstétrica Atual Exemplo 3: DUM: 12/10/2009 DPP: +7/-3 --------------- 19/07/2010 Exemplo 4: DUM: 15/07/2009 DPP: +7/-3 --------------- 22/04/2000
Exame Físico • Mucosas - Anemia • Peso - 10 – 12kg • PA • Temperatura - Processos infecciosos • Tireóide • Ausculta Cardíaca - Sopros funcionais • Mamas • Abdome
Altura uterina Fita métrica Bexiga vazia 4cm / mês 40sem 34cm Queda duas semanas antes parto insinuação Correlação entre IG e AU: 18 – 32 semanas Maior Erro DUM Poliidrâmnio Gestação múltipla Macrossomia fetal Diabetes Moléstia trofoblástica Menor Erro DUM Fetos pequenos CIUR Exame Físico
Exame Físico Palpação Uterina Extremo valor e obrigatório para Dx situação, posição e apresentação fetal, com a paciente em decúbito dorsal • Manobras de Leopold: • 1ª. manobra: • altura do fundo uterino e relação com: sínfise púbica, cicatriz umbilical, apêndice xifóide e rebordos costais • 2ª. manobra: • situação (longitudinal, transversa ou oblíqua) e a posição fetal.
Palpação Fetal • 3ª. manobra: • identificar a apresentação fetal e sua altura. • 4ª. manobra: • Identificar o dorso e as partes fetais
Exame Físico • Ausculta fetal • Sonar 10-12 semanas • 120 – 160 bpm • mais próximo da cabeça fetal e do lado do dorso
Exames Laboratoriais • Hemograma* • Tipagem sangüínea* • Glicemia Jejum* • Exame de Urina (tipo 1)* • VDRL (Sorologia Sífilis)* • Sorologia HIV (Elisa)* • Sorologia Toxoplasmose • Sorologia Hepatite B * Preconizados pelo Manual Técnico de Assistência Pré-Natal, Ministério da Saúde, 2006.
Hemograma – Ferro A suplementação rotineira de ferro e folato, previne contra baixos níveis de Hg n< 10,0g/dl, mantendo ou elevando os níveis séricos de ferritina, ferro e ácido fólico Associar Vit C (suco de laranja/limão) para melhor absorver
A determinação do GS E Rh: • Gestante Rh negativa e parceiro Rh positivo e/ou desconhecido: • solicitar o teste de Coombs indireto: se (-) repetir mensalmente a partir da 24ª.sem.; se (+): encaminhar a paciente ao pré-natal de alto risco. • Gestantes Rh (-) não sensibilizadas devem receber imunoglobulina anti-D Imunoglobulina anti-D administrada até 72 horas após o parto reduz o risco de isoimunização em mulheres Rh negativo que deram a luz a RN Rh + • em gestação subseqüente. • E após abortamento ou gravidez ectópica (120mcg antes de 12 semanas e 300mcg após essa idade gestacional), mola hidatiforme, biópsia de vilo • Corial, de versão externa ou a ocorrência de trauma abdominal, em situações de sangramento do segundo e terceiro trimestres (120mcg antes de 12 semanas e 300mcg após essa idade gestacional), amniocentese e cordocentese (300mcg), • ). • GS e Fator Rh • Gestante Rh (-) e parceiro Rh (+) ou Rh desconhecido: • Teste de Coombs Indireto • Se (- ) repetir mensalmente a partir da 24ª.sem. • Se (+) ao pré-natal de alto risco. • Gestantes Rh (-) não sensibilizadas • imunoglobulina anti-D Imunoglobulina anti-D até 72 horas • Após abortamento ou gravidez ectópica • 120mcg antes de 12 semanas • 300mcg após: 12 semanas • mola hidatiforme • biópsia de vilo Corial • versão externa ou trauma abdominal • sangramento do 2º./3º.trimestres • amniocentese e cordocentese
Equ - Bacteriúria Assintomática • Exame de urina e urocultura • entre 12 e 16 semanas, para rastreamento • antibiótico é efetivo na redução de pielonefrite aguda • se associa à redução na incidência de TPP – Trabalho de Parto Prematuro, e/ou baixo peso ao nascer
Sífilis Mulheres com risco aumentado: devem se submeter a nova sorologia com 28 semanas de gravidez e, novamente, quando da internação para o parto (recomendação do Ministério da Saúde /Brasil) a
Glicemia - Diabetes Gestacional • dosagem da glicemia de jejum como 1º. Teste na 1ª. Consulta, como teste de rastreamento para o diabetes mellitus gestacional (DMG), independentemente da presença de fatores de risco. • a glicemia de jejum auxilia a detectar alterações prévias da tolerância à glicose. • Ministério da Saúde do Brasil recomenda, para o diagnóstico do DMG, o teste de tolerância com 75g de glicose – TTG75 – • ingestão de 75g de glicose e 2hs após nova dosagem da glicemia
HIV realização de teste anti-HIV com aconselhamento e com consentimento , na primeira consulta prénatal. (Ministério da Saúde do Brasil) Repetir a sorologia para HIV ao longo da gestação ou na admissão para parto, em situações de exposição constante ou quando se encontra no período de janela imunológica
O rastreamento da hepatite B O rastreamento da hepatite B com o antígeno de superfície (HBsAg) deve ser realizado na 1ª. consulta para redução da transmissão vertical mulheres com risco aumentado: podem ser vacinadas com segurança durante a gravidez e devem ser rastreadas novamente antes do parto ou no momento do parto.
O rastreamento da hepatite C O rastreamento da hepatite C deve ser oferecido às gestantes : presidiárias usuárias de drogas injetáveis gestantes HIV-positivo mulheres expostas a derivados de sangue ou submetidas a transfusão com hemoderivados parceiras de homens HIVpositivo mulheres com alteração da função hepática com múltiplos parceiros ou tatuadas)
Vaginose Bacteriana • apesar do tratamento com antibióticos erradicar a vaginose bacteriana na gestação • não é recomendado o rastreamento de rotina de todas as gestantes assintomáticas (não apresentou redução significante do parto pré-termo ou o risco de rotura prematura de membranas) • deve-se considerar o rastreamento em mulheres com história prévia de parto pré-termo.
Estreptococos Do Grupo B • toda gestante deve ser submetida à coleta de material vaginal e retal para rastreamento do estreptococo do grupo B entre 35 e 37 semanas. • culturas (+) • antibiótico venoso (penicilina ou clindamicina) durante o trabalho de parto e nos casos de rotura das membranas. • mulheres com infecção urinária por estreptococo do grupo B ou RN prévio com septicemia pelo estreptococo do grupo B, receber antibióticos intraparto, sem necessidade de se submeterem a coleta. • Nos casos de cesariana (sem trabalho de parto ou rotura das membranas), mesmo com cultura positiva, não está indicada a antibioticoprofilaxia .