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Fotos do fim do mundo. Milton José de Almeida. Milton José de Almeida.
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Fotos do fim do mundo Milton José de Almeida
Milton José de Almeida O mundo acaba todos os dias. O fotógrafo registrou um desses dias. Há mundos que acabam todos os dias, e mundos que nascem todos os dias. Juntos. Às vezes nascem ou acabam juntos, no mesmo momento. Às vezes, em momentos diferentes. Você está sempre em alguns deles ao mesmo tempo: morre e nasce. A regra é que nada renasce pois nada remorre. Acaba e surge, some e aparece. Tudo está sempre por aí, entre mundos. O fotógrafo grava um desses momentos antes do depois.
A terra fica sem forma e vaziaum vento sopra sobre ruínas.O fotógrafo viu e tapou os olhos.
Satã viu e sorriu para a terra.O fotógrafo viu que era assim
Os homens, as mulheres, as crianças, os animais deslizaram entre os escombros e fugiram.
Depois que os filhos aprisionaram os pais;Misturaram-se com as feras e os répteis e rastejam no solo.
O fotógrafo registra a árvore do roubo a árvore do estupro a árvore da política a árvore do assassínio a árvore da cobiça a árvore do lucro.
O fotógrafo fatigado resolveu sentar e ver de longe aqueles lugares.