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A Bela Infanta. Maria da Conceição Sousa Vicente. Durante vários séculos, desde 1096 , cristãos e muçulmanos envolveram-se em lutas pela defesa e expansão da fé que cada um destes povos professava. Cavaleiros cristãos partiram do Norte da Europa para Jerusalém, na Terra
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A Bela Infanta Maria da Conceição Sousa Vicente
Durante vários séculos, desde 1096, cristãos e muçulmanos envolveram-se em lutas pela defesa e expansão da fé que cada um destes povos professava.
Cavaleiros cristãos partiram do Norte da Europa para Jerusalém, na Terra Santa, a fim de libertarem o túmulo De Cristo (o Santo Sepulcro), que se encontrava na posse dos Muçulmanos.
Esses cavaleiros chamavam-se CRUZADOS porque tinham a cruz de Cristo nas vestes que envergavam
Às expedições que partiram para lutar na Terra Santa chamaram-se CRUZADAS
A caminho da Terra Santa, os Cruzados iam ajudando as nações cristãs que combatiam a expansão árabe na EUROPA.
Os Cruzados ajudaram D. Afonso Henriques a conquistar Lisboa aos Mouros.
Ainda no séc. XVI, os Portugueses combateram em Alcácer-Quibir com o espírito de cruzada, isto é, conscientes da defesa e expansão do Cristianismo face ao Islamismo, a religião dos Muçulmanos.
Foi assim que muitos cavaleiros partiram para lutar em terras distantes, deixando para trás a pátria e a família.
Quando regressavam, os que regressavam… apareciam de tal modo desfigurados pela idade e pelo sofrimento que não eram reconhecidos nem pelos familiares mais próximos.
Normalmente havia um sinal que permitia o RECONHECIMENTO Foi assim com….
ULISSES Herói grego que, depois de ter participado na guerra de Tróia, se perdeu no mar em atribuladas aventuras e só regressou a Ítaca passados dez anos. É reconhecido pelo seu cão Argo. A única pessoa que o reconhece imediatamente é a sua velha ama, Euricleia, por uma CICATRIZ Lê Ulisses, de M.ª Alberta Menéres
D. João de Portugal personagem da obra Frei Luís de Sousa Depois de ter combatido em Alcácer-Quibir, regressa a casa envelhecido e desfigurado pelo sofrimento. É um retrato que permite o seu reconhecimento. Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é uma obra que estudarás no 10.º ano
A Bela Infanta O marido da Bela Infanta regressa da guerra depois de muitos anos de ausência. O reconhecimento é feito pelo anel de sete pedras O romance popular A Bela Infanta está incluído no Romanceiro, de Almeida Garrett
O tema da viagem, ou da partida para a guerra, e do regresso da personagem tornada irreconhecível pelo tempo e pelo sofrimento deu origem a belas obras literárias em toda a literatura europeia. O tema de A Bela Infanta é também o regresso de um cavaleiro à pátria e ao lar.
A Bela Infanta É um romance popular: cantado texto que nasceu para ser comunicação oral. e se propagou através da Por isso, dele conhecemos várias versões espalhadas por todo o universo da Língua Portuguesa: do continente à Madeira e até ao sertão brasileiro. A versão atrás apresentada foi recolhida por Almeida Garrett, um dos nossos maiores escritores, que viveu no séc. XIX. É um dos poemas recolhidos no Romanceiro, um livro onde o escritor registou muitos dos poemas da tradição oral portuguesa.
Estava a Bela Infanta No seu jardim assentada, Com um pente de ouro fino Seus cabelos penteava. Deitou os olhos ao mar Viu vir uma grande armada; Capitão que nela vinha Muito bem a governava.
__ “Dizei-me vós, capitão, Dessa tão formosa armada, Se vistes o meu marido Na terra que Deus pisava.” __”Anda tanto cavaleiro Naquela terra sagrada… Mas dizei-me vós, senhora, Os sinais que ele levava.”
__”Levava cavalo branco, Selim de prata dourada; Na ponta da sua lança A cruz de Cristo levava.” __”Pelos sinais que me destes Tal cavaleiro não vi Mas quanto déreis, senhora, A quem o trouxera aqui?”
__”Daria tanto dinheiro Que não tem conto nem fim E as telhas do meu telhado Que são de ouro e marfim.” __”Guardai o vosso dinheiro, Não o quero para mim. Que daríeis mais, senhora, A quem o trouxera aqui?”
__”Das três filhinhas que tenho Todas tas daria a ti, A mais formosa de todas Para contigo dormir.” __”As vossas filhas, infanta, Não são damas para mim. Que daríeis mais, senhora, A quem o trouxera aqui?”
__”Não tenho mais que te dar, Nem tu mais que me pedir.” __”Dá-me outra coisa, senhora, Se queres que o traga aqui.”
__”Este anel de sete pedras Que eu contigo reparti… Que é dela a outra metade? Pois a minha, vê-la aqui!” __”Tantos anos que chorei, Tantos sustos que tremi!... Que Deus te perdoe, marido, Que me ias matando a mi.”