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Projeto ENEM 2009. Competência 5. Analisar, interpretar, e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. Habilidade 15.
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Competência 5 Analisar, interpretar, e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
Habilidade 15 • Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico e político.
O poema de Manoel de Barros será utilizado para resolver as questões. O apanhador de desperdícios Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios. (BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.)
Manoel de Barrospoeta das coisas simples tematiza o pantanal, representado através de sua natureza e do cotidiano adquirido pelas experiências pantaneiras e leituras de filósofos e artistas plásticos.
É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral, de menor importância no mundo moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização é expressa por meio da linguagem (A) denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade. (B) rebuscada de neologismos que depreciam elementos próprios do mundo moderno. (C) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes. (D) simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu-lírico poeta. (E) referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o pragmatismo da era da informação digital.
(UEL – 2002) Leia o poema abaixo e assinale a alternativa correta. A rosa de Hiroxima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada.
Poeta da segunda fase do Modernismo; A fase inicial: religiosidade e misticismo neo-simbolistas. Segunda fase: amor, dia-a-dia, valorização do momento. Vinicius de Moraes1913 - 1980
O eixo temático de sua obra se desloca para a intimidade dos afetos e para um sensualismo erótico, contrastivo com sua educação religiosa; o poeta está sempre hesitando entre os prazeres da carne e as angústias do pecador. Vinicius de Moraes1913 - 1980
O poema A rosa de Hiroxima, de Vinícius de Moraes, encontra-se no livro Nossa senhora de los Ángeles, escrito durante a permanência do poeta nos Estados Unidos (de 1946 a 1950), e traz uma reflexão política. Em que medida esses versos podem se correlacionar com o episódio dos atentados terroristas contra os Estados Unidos, em que se deu a queda das torres do World Trade Center e de parte do Pentágono, em 11 de setembro de 2001? a) O poema se correlaciona com esse fato porque antecipa o episódio ocorrido em 2001, uma vez que se refere à bomba atômica lançada sobre Hiroxima, pelos americanos, na época da Segunda Guerra Mundial. O poeta alerta para uma possível vingança por parte dos que sofreram a violência da guerra.
b) No poema há um contraste entre o mundo oriental e o mundo ocidental, que justifica o ataque atômico feito à cidade de Hiroxima.
c) O sujeito lírico é tomado por um espírito antiamericano que vai expressamente de encontro às posturas imperialistas adotadas pelos Estados Unidos. d) Não é possível estabelecer nenhuma correlação, pois o poema A rosa de Hiroxima é um texto lírico e, como tal, não fala de violência, enquanto os atentados ocorridos contra os Estados Unidos, em 2001, são fatos terroristas que trazem à tona a questão da violência.
e) O poema demonstra um sujeito lírico movido pelo sentimento antiviolência, que alerta para as conseqüências das ações bélicas praticadas durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, o poema é atual, uma vez que o mesmo sentimento pacifista ressurge em face dos atentados terroristas de 2001 e de seus desdobramentos.
(UEL – 2002 adaptado)Leia os poemas abaixo e aponte a alternativa correta.
Motivo Eu canto porque o instante existe E a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste, Sou poeta. Irmão das coisas fugidias, Não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico, Se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: • mais nada. (Cecília Meireles)
Mãos dadas Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Taciturno – sombrio, silencioso, tristonho
Não serei o cantor de uma mulher, de uma [história, Não direi os suspiros ao anoitecer, a [paisagem vista da janela, Não distribuirei entorpecentes ou cartas de [suicida, Não fugirei para as ilhas nem serei raptado [por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, [os homens presentes, a vida presente. (Carlos Drummond de Andrade)
Poetisa da segunda fase do Modernismo; Neo-simbolismo; Musicalidade; Temas: sonhos, fantasias, padecimento, tempo. Cecília Meireles1901 - 1964
Poeta da segunda geração modernista, Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica Carlos Drummond de Andrade1902 - 1987
a) Os dois poemas apresentam a mesma temática, que é a necessidade da criação poética. Porém, enquanto em Cecília Meireles há a fuga do tempo presente, em Drummond há a projeção de seus desejos para um tempo futuro.
b) A identificação entre os dois poemas ocorre pelo fato de os poetas se situarem na segunda fase da poesia modernista brasileira. Em vista disso, ambos tratam o tempo de uma mesma perspectiva lírica e apresentam um sentimento de tédio frente às tensões do mundo em que vivem.
c) A identificação entre os dois poemas ocorre pelo fato de os poetas pertencerem à fase heróica do modernismo brasileiro, os anos 20, o que evidencia a grande preocupação com o "fazer poético", como se pode ver pela importância dada por eles ao ritmo e à rima.
d) A identificação entre os dois poemas ocorre pelo fato de que os poetas não demonstram preocupação com os aspectos formais, como a linguagem bem cuidada e a melodia dos versos. Além disso, Drummond e Cecília se aproximam pela visão anti-romântica e têm consciência da brevidade da vida, pois sabem que vão se calar um dia.
e) Não há identificação plena entre os dois poemas, visto que os poetas tratam o tempo presente de uma perspectiva diferenciada. Enquanto Cecília Meireles enfoca a brevidade das coisas, Drummond enfatiza a necessidade de um engajamento social.
Habilidade 16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
(UEL – 2002 adaptado) O fragmento do poema abaixo pertence à segunda parte da obra Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo. Leia-o, analise as afirmativas que o seguem e assinale a alternativa correta.
Álvares de Azevedo, representante da segunda geração do Romantismo brasileiro.
É ela! É ela! É ela! É ela! É ela! É ela! – murmurei tremendo, E o eco ao longe murmurou – é ela! Eu a vi — minha fada aérea e pura – A minha lavadeira na janela! [...] Esta noite eu ousei mais atrevido Nas telhas que estalavam nos meus passos Ir espiar seu venturoso sono, Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
[...] Afastei a janela, entrei medroso: Palpitava-lhe o seio adormecido... Fui beijá-la... roubei do seio dela Um bilhete que estava ali metido... Oh! Decerto... (pensei) é doce página Onde a alma derramou gentis amores; São versos dela... que amanhã decerto Ela me enviará cheios de flores...
[...] É ela! é ela! – repeti tremendo; Mas cantou nesse instante uma coruja... Abri cioso a página secreta... Oh! Meu Deus! era um rol de roupa suja!
a) O tema da mulher idealizada é constante na obra de Álvares de Azevedo. No poema em questão, a imagem da virgem sonhadora é simbolizada pela lavadeira, uma forma de denunciar os problemas sociais e, ao mesmo tempo, reportar a imagem feminina ao modelo materno.
b) No poema "É ela! É ela! É ela! É ela!", a musa eleita é uma lavadeira. Dizendo-se apaixonado, o eu-lírico a observa enquanto dorme e retira do seio da amada uma lista de roupa, que imaginara ser um bilhete de amor. Trata-se de uma forma melancólica de expressar a grandeza das relações humanas e representar a concretização do amor.
c) O poema, no conjunto das estrofes acima transcritas, revela tédio e melancolia. Esses sentimentos são reforçados pelo murmúrio do eu-lírico, "É ela! É ela!", ao visualizar sua amada.
d) A figura da lavadeira no poema é a de uma mulher que não se pode possuir. Dessa maneira, o poema afasta a possibilidade de concretização do ato sexual, confirmando a idealização da mulher no período romântico.
e) O emprego de termos elevados em referência à lavadeira, tais como "fada aérea e pura", é um fator que reforça o riso por associar a lavadeira a uma musa inspiradora e exaltadora da paixão. Trata-se, portanto, de um poema de linha irônica e prosaica, que revela os valores morais daquela época.
Pronto pra outra gravei seu olhar seu [andar sua voz seu sorriso. você foi embora e eu vou na papelaria comprar uma borracha. (CHACAL. "Drops de abril". 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 87.) Happy End o meu amor e eu nascemos um para o [outro agora só falta quem [nos apresente (CACASO. "Beijo na boca". Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000. p.13.) (UEL – 2001 adaptado) Leia os poemas abaixo:
Sobre os poemas, é correto afirmar: a) Ambos redimensionam a desilusão amorosa tanto através da elevação espiritual quanto do recurso a elementos prosaicos.
b) Ambos focalizam a temática amorosa, despertando as atenções para o eu-lírico, que sofre transformações decisivas do passado para o futuro.
c) Ambos ignoram a temática amorosa, preferindo dar ênfase aos assuntos cotidianos, como na poesia marginal em geral.
d) Ambos ridicularizam a desilusão amorosa, embora continuem professando a fé no amor definitivo que não será superado sequer pela morte.
e) Ambos enfocam a temática amorosa, através da ironia que minimiza diferenças entre passado, presente e futuro.
Habilidade 17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
O poema de Manoel de Barros será utilizado para resolver as questões. O apanhador de desperdícios Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios. (BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.)