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REDAÇÃO ENEM. Justiça x Vingança: como não confundir as coisas?.
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Justiça x Vingança: como não confundir as coisas? Grande comemoração ocorreu nos Estados Unidos, quando o presidente, Barack Obama, anunciou o sucesso da ação militar que resultou na morte de Bin Laden. Esse episódio, porém, gerou críticas pelo mundo: o objetivo da operação era prender ou executar o inimigo? Os americanos buscavam justiça ou vingança? A vingança é uma prática que acompanha a história da humanidade, mas é diferentemente interpretada: alguns a defendem como necessária à constituição da justiça; outros a consideram um ato irracional. Ela pode provocar um círculo vicioso, como provam os atentados terroristas que geraram a caçada a Bin Laden, que já gerou novos ataques terroristas. Vingança e justiça são coisas distintas. A lei brasileira preza a separação desses conceitos, recriminando o ato vingativo. Com base nisso e nos textos da coletânea, exponha seu ponto de vista em uma dissertação argumentativa sobre o tema: o que deve ser feito para a busca por justiça não ser confundida com a prática da vingança? Elabore uma dissertação considerando as ideias a seguir:Justiça e vingança na Constituição brasileira“
A ideia de justiça está presente no preâmbulo da Constituição Federal brasileira, que diz Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil. [...] A República Federativa do Brasil se fundamenta, também, na ideia de não discriminação, na ideia de solidariedade e, sobretudo na ideia de justiça social. [...] Os constitucionalistas, século XVIII e XIX, e as constituições do pós-guerra procuraram evitar a ideia de vingança. Vingança que já havia sido proibida até mesmo em Roma! A vingança passou a não ser mais tolerada e foi substituída pelas cláusulas do devido processo legal. [...] Então, quando se fere alguém, resultando em morte, lesão corporal, etc., a resposta da sociedade se faz pela aplicação desta cláusula do devido processo, que não significa vingança, significa que a sociedade reage contra o mal. Por isso que a vingança foi mesmo sepultada e em seu lugar foi implantada a democracia do processo." [Blog Justiça e Vingança]
Impotência, ressentimento e desespero.O que Nietzsche chama espírito de vingança é a manifestação concentrada do sentimento de impotência, ressentimento e desespero que tantas vezes se apodera daqueles a quem a própria vida é negada. [...] A vingança leva apenas à negação e à destruição. Em nossa sociedade, a forma mais concentrada e caricatural da vingança é o terrorismo. Qual o resultado do terrorismo? A exacerbação da própria violência contra o qual o terrorismo pretende se voltar e a formação de um círculo vicioso que, caso não seja rompido, pode levar a humanidade à autodestruição. [Rodrigo Dantas, doutor em Filosofia pela UFRJ, em entrevista à Revista do Instituto Humanitas Unisinos] ObservaçõesSeu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa; Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa; Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração; A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas; Não deixe de dar um titulo à sua redação. Elaboração da propostaSueli de Britto Salles Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A derrota de um inimigo. A violência é um conceito de atitudes agressivas, que só provocam mortes entre ás [as] pessoas, a morte de Osama Bin Laden os americanos buscavam justiça, mas o comportamento deles mudaram [mudou] e levou a [à] morte de Bin Laden. A maioria dos brasileiros celebram [celebra] a morte de Bin Laden, por que dizem [porque diz] que ele era um terrorista, e outros ficaram incomodados, não com a morte mas sim com a celebração. Uma parte das pessoas não concordam [concorda] com a justiça feita as [feita com as próprias] mãos e outras acham que com as [próprias] mãos se resolve tudo. Por outro lado há aqueles que aprovam justiça com as mãos e se vingando pelo mal que fez mas a justiça poderia ser aplica [aplicada] mas de um modo moderado [em] que não haja violência. Mas as pessoas deveriam ficar seguras e não entrarem na violência.
Comentário geral:Texto muito fraco que revela a falta de domínio da linguagem escrita, bem como da capacidade de raciocinar. Os raciocínios que se podem depreender do que foi escrito são embrionários, pois o autor não tem a técnica necessária a dar-lhes desenvolvimento. Isso acontece no nível tanto das frases quanto do texto como um todo. Os vários erros apontados são graves e inadmissíveis a um estudante no final do ensino médio. Aspectos pontuais 1) O primeiro parágrafo começa com uma frase truncada pela inadequação vocabular (um conceito, não sendo um ser vivo, não pode ter atitudes). A falta de pontuação adequada, separando as frases, isto é, as declarações que o autor faz, prejudica ainda mais a clareza do parágrafo, que se ressente também de erros de concordância e regência. 2) Terceiro e quarto parágrafos: a expressão justiça com as mãos nada significa. Quando se coloca nela o termo próprias, a coisa melhora, mas não o suficiente para que as declarações do autor tenham substância. Do jeito que está são apenas opiniões sem justificativa e muito mal expressas. O autor se limita a dizer, a quem seja a favor e contra fazer justiça com as próprias mãos. Não é essa a questão que a proposta põe em discussão.
3) O último parágrafo, em sua singeleza, não é uma conclusão, mas outra opinião avulsa e incompleta que o autor expressa. Competências avaliadas. Competência Nota 1. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 0,5 2. Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 0,0 3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 0,0 4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 0,5 5. Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 0,0 • TOTAL: 1,0
Justiça e vingança não se misturam Não é preciso ser um especialista em assuntos sociais para concordar que confundir propositalmente, justiça com vingança, [propositalmente justiça com vingança] gera conflitos de grandes proporções, [proporções] e é um perigo a [à] segurança e a [à] paz mundial. Os EUA, ao executar seu inimigo número um, Osama Bin Laden, demonstraram um grande desrespeito aos valores fundamentais do homem. A noção de justiça deve ser sempre uma noção de ética fundamental a todos os países, com o objetivo de preservar e regulamentar as relações humanas. Sempre que o homem encontrou na vingança um meio de buscar justiça, a humanidade pagou um preço muito alto. Em 1945, mesmo com o fim da segunda guerra mundial já em andamento, os EUA jogaram duas bombas atômicas sobre duas cidades do Japão, milhões de seres humanos morreram neste ataque, que foi mais uma demonstração de vingança, já que o Japão provocou a entrada dos EUA na guerra, bombardeando sua frota militar no Havaí, fato este que também dizimou milhares vidas. A vingança é uma triste retaliação com objetivos unicamente destrutivos, a qual [pois] reflete um senso primitivo do que seja justo. Com a vingança [vingança,] o ser humano não busca acordos ou reconciliações, mas sim fazer com que o outro experimente um dano maior do que causou.
Portanto, separar justiça da vingança, [vingança] é algo fundamental na busca por uma sociedade mundial, justa, pacifica e desenvolvida. A escola e a família são importantes condutores desse processo. Comentário geral: O autor faz uma análise interessante, usa bem o exemplo histórico, cumprindo o propósito central do tema. Poderia ter explorado mais o papel da escola e da família, citadas na conclusão. Aspectos pontuais1) Primeiro parágrafo: atenção às vírgulas indevidas e às ocorrências de crase. 2) Segundo parágrafo: a) evite a hipérbole, pois prejudica a veracidade da informação: não se pode falar que morreram milhões, pois o total de mortos nem se aproximou de um milhão; b) frase longa demais, prejudicando o ritmo argumentativo. 3) Terceiro parágrafo: como a escola e a família podem interferir? Faltou explicar isso. • NOTA : 7,0
[Sem título] Proponho uma reflexão a respeito das delicadas fronteiras entre a Justiça e a Vingança, que podem até ser coisas parecidas, mas não são. Em momentos que mexem com nossas emoções, devemos fazer um esforço pra [para] não confundir justiça com vingança, pois a justiça é um valor universal, estando ao lado de outros valores tais como a liberdade, solidariedade, a dignidade, a democracia? Esses são valores sob os quais está edificado [edificada] a civilização em que vivemos. A Justiça tem normas, protocolos, tem fundamentos vinculados a direitos e, quando ela é acionada [acionada] , ela se defronta com o princípio [os princípios] do contraditório, da legalidade, da humanidade, da culpabilidade, dentre outros que devem ser respeitados. Em que de um lado [De um dos seus lados] estão os direitos individuais ou coletivos supostamente violados, e de outro os direitos humanos dos acusados. Nas democracias, essas normas, esses rituais, fundamentos e princípios, expressam a vontade e as escolhas da coletividade.
A noção de justiça é, portanto, uma noção ética fundamental, sendo que por meio dela as relações humanas são regulamentadas, sendo que ela objetiva a preservação da Vida. E para simplificar um pouco, pode-se dizer que a Justiça visa o [ao] Bem, mesmo quando ela se manifesta em forma de punição. Todavia a vingança visa o [ao] Mal, mesmo quando essa usa do sistema judiciário para se satisfazer. Ela é inspirada pela argumentação do olho por olho, toma-lá-dá-cá, aqui se fez aqui se paga, que é frequentemente nutrida por impulsos de ódio, rancor e mágoa provocada por um dano que se julga injusto. Devemos resistir a vontade de vingar-nos [vingança] e devemos expressar amor, não se [nos] alegrando quando o seu [nosso] inimigo fracassa. Afinal a Bíblia também diz em Provérbios 24:17-18 ?Quando cair o teu inimigo, não te alegres, e quando tropeçar, não se regozije o teu coração; para que o Senhor não o veja, e isso seja mau aos seus olhos, e desvie dele, a sua ira?.
Comentário geral: Texto muito bom, em que os erros gramaticais não chegam a prejudicar o entendimento. Pelo contrario, o autor expressa com grande clareza seus pontos de vista, sabe fundamentar o conceito de justiça e contrapô-lo adequadamente ao de vingança. Aspectos pontuais 1) Segundo parágrafo: a rigor, não há erro nos dois primeiros elementos assinalados em vermelho. As indicações em verde visam somente a melhorar as frases, cortando um pronome e um verbo desnecessários e redundantes e acrescentando a marca de plural, já que se enumeram vários princípios. Já o terceiro elemento em vermelho é mais complicado. O conectivo Em que não pode iniciar uma nova oração, pois sua função é subordinar a que vem depois dela à anterior. Ainda assim, em que, que significa no qual é um pronome relativo que só funciona corretamente se referir-se ao termo que vem imediatamente antes dele. Não sendo essa construção possível, é melhor optar por outra forma, como a que sugerimos em verde. 2) Quinto parágrafo: a forma correta do verbo a ser utilizada no caso seria vingarmo-nos ou nos vingarmos, mas usar o substantivo vingança dá maior clareza e elegância à frase. NOTA: 9,5
O PESO DAS DÚVIDAS • O que caracteriza uma redação NOTA 10? • BERNARDETE ABAURRE- Toda redação é concebida como um desafio: diante de uma situação problema, como respondo a ela. É muito mais do que exercício para avaliar correção gramatical. • MARIA THEREZA FRAGA ROCCO – Não há uma característica, pois há vários critérios. É preciso mostrar reflexão, capacidade crítica, de análise. • JOSÉ GASTON HILGERD – Um texto não é um amontoado de frases. É um todo organizado, desdobrado consequentemente. Nota 10 é uma redação que se apresenta como texto inteiro, cada argumento solidário com o consequente. Testa-se a capacidade de se escrever bem um texto com estrutura (começo, meio e fim), elaborado na hora. A redação testa a organização do pensamento, sua capacidade de adequar-se ao gênero.
O que pesa mais, a lógica do raciocínio ou o estilo? • MARIA THEREZA – Não há como separar. Quem argumenta bem e vai a fundo na discussão dificilmente vai escrever mal, do ponto de vista formal. • BERNADETE – Tudo isso pesa. Porque não se tem nota holística, uma nota só. Os corretores separam o desenvolvimento do tema e a maneira como o candidato entendeu o conjunto de textos que apresentamos para ele (coletânea). • GASTON – Pesa a lógica do raciocínio, a capacidade de desdobrar o pensamento. Entre um texto em estilo leve, mas inconsistente, e outro não tão fluente, com estilo duro, mas que desenvolva o assunto de forma argumentativa, tende-se a dar mais valor ao segundo.
O que anula a redação? • MARIA THEREZA – A falta de correspondência entre tema e texto. É a espinha dorsal da redação. Se o tema é a bomba de Hiroxima e o candidato fala das enchentes de sua cidade, o nexo é o mínimo. Mostra que a pessoa não escreve sobre o tema solicitado, traz um texto pré-moldado ou o que não corresponde ao gênero do discurso. Ela ganha o que chamo de zero sofisticado. Nenhuma banca pede um texto literário, mas com começo, meio e fim, com reflexões e que trate do que foi proposto. • GASTON – Os vestibulares têm práticas discriminadas sobre o que acontece com quem foge da proposta. Fora isso, o que diminui ou anula a redação são os estereótipos. A sequência de frases prontas, pré-fabricadas, que se ouve a toda hora nos jornais e na TV.A marca do candidato que desvia do assunto é apresentar uma sequencia frouxa e a falta de coerência é um dos indícios do desvio.
Qual o peso do erro de português? • GASTON - O problema gramatical é irrelevante quando há um outro erro numa redação consequente. Mas é relevante quando a marca do texto é o desconhecimento do assunto ou da correção gramatical. • MARIA THEREZA – As normas gramaticais, os acento são levados em consideração quando influem na compreensão do texto. Quem faz boa redaçao geralmente não escreve com problemas de ortografia. Um ou dois, não interessa.
Como evitar o lugar-comum? • “As pessoas saem de casa sem saber se vão voltar.” SUGESTÃO: “Inseguras, as pessoas sentem medo do que lhes possa acontecer até mesmo quando se dirigem ao trabalho ou à escola.” • “ A juventude é o futuro do país.” SUGESTÃO: “É nos jovens que o país deposita a esperança de mudanças significativas, sobretudo no cenário político.” • “É preciso lembrar que dinheiro não traz felicidade.” Expressões como esta, devem ser evitadas por representarem um pensamento comum, e até mesmo por parecerem demagógicas.
“Se cada um fizer a sua parte, certamente viveremos num mundo melhor.” SUGESTÃO: “É preciso que tanto os cidadãos quanto as autoridades e demais instituições se empenhem no cumprimento de suas responsabilidades, a fim de que se promova maior estabilidade social.” • “Já não se fazem mais pais como antigamente” SUGESTÃO: “O conceito de paternidade sofreu diversas alterações no último século.” • “Apesar de tudo, ainda há uma luz no fim do túnel. Basta acreditar.” SUGESTÃO: “A despeito dos obstáculos, ainda existe a possibilidade de se reverter o quadro de corrupção que assola o Congresso. Para isso, precisamos propagar a importância da participação nas eleições por meio do voto.”
“É conveniente para o governo que a população permaneça sem instrução porque assim é mais fácil manipulá-la,” SUGESTÃO: “Não se nota empenho, por parte das autoridades, em investir na qualidade da educação, o que pode manter a população na ignorância, como refém das promessas eleitorais”. • “O efeito estufa nada mais é do que a vingança da mãe-natureza.’ SUGESTÃO: “ O efeito estufa decorre da concentração, na atmosfera, de gases que retêm a radiação solar na superfície terrestre, gerando assim o aquecimento global.”